Durex alerta: proteja-se… da paternidade

Ao som de Moonlight Sonata, de Beethoven, a Durex apresenta uma compilação de alguns dos piores momentos que a paternidade oferece no filme Protect Yourself. Em vez de falar sobre a prevenção às doenças sexualmente transmissíveis, ou mostrar produtos que contribuam com o prazer do consumidor, a marca de camisinha parte da premissa que um preservativo é capaz de evitar algumas das situações imaginadas pelo diretor Paul Santana e a produtora Supply and Demand.

Talvez mais convincente que a bagunça das crianças seja o fato de que os pais sempre acabam atingidos no saco pelas travessuras dos pestinhas.

No final das contas, é uma visão infernal da paternidade, que nem sempre corresponde à realidade. Afinal, as crianças são reflexo de seus pais. Mas que o argumento pode convencer muitos, ah, isso com certeza pode.

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O perigo dos clipes de papel

Talvez você não saiba, mas clipes de papel podem ser extremamente perigosos. Pelo menos é o que mostra a animação que a Monkeystack criou para a Cruz Vermelha australiana. A ideia é mostrar a importância de se prevenir maiores consequências em acidentes de trabalho aprendendo primeiros-socorros.

Na animação, um funcionário aparece com um clipe enganchado no olho, e pede ajuda para um colega. O problema é que, conforme as pessoas tentam resolver o problema, ele só aumenta, até resultar em uma verdadeira catástrofe mundial.

Apesar de simpático e até divertido, é impossível não lembrar de uma certa animação australiana que aposta no humor negro para falar de segurança – aquela, que se consagrou em Cannes recentemente. Imagino até que o briefing do cliente tenha sido algo do tipo: “Quero uma versão SIPAT para Dumb Ways to Die“. Enfim, o importante é que a mensagem foi passada.

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Football X Soccer – Um técnico americano em Londres

A velha discussão “Football x Soccer” é o tema da campanha da NBC Sports neste divertido vídeo que promove nos Estados Unidos a transmissão da temporada de futebol inglês, a Premier League.

Na propaganda de 4 minutos divulgada no Youtube, o técnico fictício de futebol americano Ted Lasso (Jason Sudeikis) chega em Londres para ser o novo treinador do time de futebol (futebol futebol) Tottenham Hotspur, os “Spurs”. O vídeo conta diversas diferenças entre os esportes americanos e o futebol, como o fato de nunca existir empate no futebol americano, e também brinca com sotaques e expressões americanas e inglesas. Por exemplo: “Coach” (técnico nos Estados Unidos) e “Manager” (técnico na Inglaterra). Ainda tira uma casquinha dos clubes ingleses 🙂

Se você entende inglês e gosta de futebol, assista agora, é genial!
Caso contrário, prometo que atualizarei o post assim que surgir uma versão legendada no Youtube. Se alguém conhecer uma, me mande aqui nos comentários 🙂

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Parametric Expression

Parametric Expression é o nome da animação 3D criada pelo artista interativo Mike Pelletier, de Amsterdã. Nela, a tecnologia é utilizada para explorar e monitorar as emoções humanas, mais ou menos como faz um programa de reconhecimento facial. Ou, como Pelletier prefere definir, é um “estudo de emoções quantificadas”.

O interessante, aqui, é que vemos essas emoções personificadas além das expressões, de uma maneira surpreendente e até mesmo assustadora em alguns momentos.

O começo é meio devagar, mas o projeto é bem legal.

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Um “Super Mario” moderno, segunda fase

Há pouco mais de ano, Blumasters mostrou como seria uma versão moderna de “Super Mario” sem deixar de lado o charme dos gráficos 8-bit.

Agora, ele lançou a segunda fase do game seguindo o mesmo princípio. Os mesmos sprites, mas com efeitos sonoros e visuais atuais.

À época eu disse que era melhor que tudo que a Nintendo estava fazendo. Um ano depois, acho que a afirmação faz ainda mais sentido.

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Campanha do Rdio apresenta novos artistas com animações originais

Apesar de a era do videoclipe ter acabado há algum tempo, o Rdio resolveu apostar em animações originais para chamar a atenção para novos artistas e seus discos na campanha New Music Weekly. Idealizada pela produtora Blacklist, a ação apresentará um vídeo por semana, que será inspirado por uma faixa do álbum que está sendo lançado.

Para a tarefa, a Blacklist está convidando estúdios e diretores conhecidos, como I Love Dust, Holbrooks e Tendril. Cada vídeo terá no máximo 15 segundos e poderá ser conferido no canal do Rdio no YouTube. As atualizações deverão ocorrer sempre às terças-feiras.

Por enquanto já são 3 as animações lançadas no projeto. A última delas, acima, leva a assinatura dos canadenses do estúdio Tendril e acompanha de forma psicodélica o som de Michael Franti.

Ao que parece, a palavra de ordem deste projeto é ecletismo, tanto nos estilos musicais quanto os artísticos. Isso pode ser comprovado, por exemplo, nos trabalhos do I Love Dust para a banda Gauntlet Hair e da dupla Holbrooks para o grupo Gogol Bordello. Imperdível.

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Usain Bolt aprende a falar russo em novo filme da Puma

Duas características são inegáveis em se tratando de Usain Bolt: sua incrível velocidade e o senso de humor apurado. E são estes dois elementos que a Puma explora em um novo filme, que mostra o atleta se preparando para o Campeonato Mundial, que rola agora em agosto, em Moscou. Além dos treinos, ele também esta praticando algumas frases em russo, que certamente serão úteis. Entre elas:

“Meu nome é Usain”

“Sou da Jamaica”

“Minha cor favorita é ouro”

“Você poderia segurar minhas medalhas por um momento, por favor?”

“Os outros caras já cruzaram a linha de chegada?”

O filme em si é super simples, com Bolt ouvindo uma fita cassete (mais old school, impossível, mas também evita associar o atleta a outras marcas e gadgets), enquanto se troca no vestiário. Vale a diversão.

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Beach Boys como você nunca viu

Graças ao Alexander Chen, Diretor Criativo do Google Creative Lab em Nova York, é possível apreciar de uma nova forma a genialidade de Brian Wilson enquanto líder dos Beach Boys, marcado pelo apurado ouvido ao criar melodias que sempre que escutadas, algo de novo é percebido.

Chen criou uma visualização dos sons com as famosas harmonias gravadas pela banda. Baseando-se no conceito de sinos, em que seu tamanho corresponde ao tom da nota que produz, Chen usou uma série de círculos para representar as notas de cada parte da música.

Uma relação matemática entre circunferência e tom, onde cada nota é um círculo e o seu tamanho varia de acordo com o tom.

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“Eu me pergunto se visualizar as diferentes camadas de música ajuda a ensinar nossos ouvidos a serem capazes de identificar as peças que a compõe de forma individual para, quem sabe, se tornar um melhor ouvinte.” – Chen

Escolhendo a música “You Still Believe in Me” como teste, por ter sido inspirada em coro de igreja, os vocais foram isolados e as harmonias foram meticulasamente transcritas, nota por nota, para posteriormente serem renderizadas e tocadas usando o software open source Processing.

Diferente daquelas animações que saltam na tela de forma descoordenada, o resultado do experimento mostra de fato o que você está ouvindo, e somente o que você está ouvindo, nota por nota.

Especialmente no final desta música, múltiplas camadas de harmonias entram em ação e vemos coisas que nem sequer nos damos conta de que estamos ouvindo – como todas aquelas vozes distintas se fundindo em uma só no final.

Em uma era obcecada por dados, este é um dos projetos que melhor cuida para relacionar o campo da visualização com a música, em uma busca por traduzi-la visual e fisicamente, oferecendo novos olhares sobre cada nota.

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Electrolux desafia orquestra a fazer menos barulho que seu aspirador

A execução do overture de Carmen, de Bizet, costuma atingir facilmente os 90 decibéis. A Electrolux, entretanto, lançou um desafio a Waseda Simphony Orchestra de Tóquio: será que eles conseguiriam apresentar a composição ao vivo, sem ultrapassar os 43 decibéis – volume máximo atingido pelo aspirador de pó Ergothree?

A resposta veio em um dos concertos do centenário da orquestra, o 43db Simphony, dentro do Ergothree Music Project. Foi instalado um decibelímetro no palco, para medir os decibéis produzidos pelos músicos.

Na primeira tentativa, somos levados a acreditar que a tarefa é impossível. Mas, em seguida, a música começa a ser executada em um tom quase que inaudível, sob o olhar atento do maestro.

Foi uma maneira bem interessante de comprovar a eficiência do produto no que se refere à sua capacidade de fazer pouco barulho. Ainda assim, foi também um risco comparar os sons da música clássica ao de um aspirador de pó, duas coisas que não têm praticamente nada em comum.

A criação é da TBWA Hakuhodo.

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Sexo nos filmes pornô x Sexo de verdade

Se você parar para pensar um pouco, a comparação entre sexo e comida é frequentemente usada por muitas pessoas. Então, é bastante natural que alguém tenha resolvido usar frutas, legumes e outros alimentos para explicar as diferenças entre o sexo nos filmes pornô e o sexo de verdade. A tarefa coube ao KB Creative Lab, que fez isso de uma maneira criativa e bem-humorada no vídeo acima.

Para os criadores de Porn Sex x Real Sex, qualquer pessoa que já tenha assistido a filmes pornô e feito sexo pode dizer algumas das diferenças entre a ficção e a realidade, mas eles queriam ir além, mostrando alguns dados mais específicos. O que vemos, então, é uma espécie de infográfico animado, com uma abordagem leve e interessante, que trabalha mais com a imaginação do espectador, em vez de ser explícito.

Vale o play, mas com uma advertência: você nunca mais vai olhar para a comida da mesma maneira. Especialmente aquele pote de Nutella.

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As brigas internas que deixam o seu YouTube lento

Você abre um vídeo no YouTube e passa longos minutos assistindo ad æternum a imagem acima. A primeira reação é reclamar do seu provedor, certo? “Maldita telecom!” Depois você pensa que o YouTube pode estar com problemas, seu browser travou, a conexão caiu, o mundo acabou, e toda sorte de lamentos, menos que talvez estejam fazendo isso de propósito.

Artigo do Ars Technica detalha as brigas internas e negociações dos provedores de acesso à internet (ISP) com os serviços de vídeo, como YouTube e Netflix, que limitam sua banda e a velocidade com a qual o conteúdo chega até você.

As telecoms cobram mais dinheiro dos serviços para melhorar infraestrutura e cachear os conteúdos em vídeo. Se não recebem, enforcam a conexão e deliberadamente tornam sua internet mais lenta.

É um jogo de interesses que prejudica a ponta do funil, os usuários, e atrapalha o desenvolvimento de novas ferramentas. Afinal, em um mercado em que todo mundo enxerga o outro como concorrente, existe tudo, menos neutralidade. Leia mais (em inglês).

Buffering

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Documentário debate satisfação criativa x financeira

Existe uma frase de Confúcio bastante citada que diz:

“Escolha um trabalho que você ame e não terás que trabalhar um único dia em sua vida.”

Na prática, a gente sabe que não é bem assim. Trabalhar com algo que amamos não é uma tarefa fácil, porque muitas vezes seremos obrigados a tomar decisões que podem comprometer esse amor, especialmente quando lidamos com questões que fogem ao nosso controle. Como muitos outros profissionais da indústria criativa, a galera do estúdio Eskimo tem seus próprios momentos de dúvidas, e a busca por algumas respostas resultou em um documentário, Wonderland.

Com depoimentos de Eliot Rausch, David Lewandowski, Orion Tait (Buck), Jon Contino, Shane Ford (The Work), AG Rojas, Peter Kote (Conscious Minds), Jose Gomez (Shilo), Wilson Brown e Sean McGovern (Antfood),  Gabe Imlay e Juliet Rios (The Wilderness) e Steve Mottershead (Artjail), a pauta gira em torno da criatividade, relacionamentos, lucro financeiro e as direções que tomamos intecionalmente ou não para responder à seguinte pergunta: será que é possível fazer o que amamos e obter satisfação criativa e financeira ao mesmo tempo?

Para alguns dos participantes, uma das primeiras coisas que se deve ter em mente é que, quando estamos a serviço de uma marca, o trabalho pertence à ela. Muitas vezes isso significa que o cliente é que vai tomar a decisão final, que pode não estar de acordo com a sua. E é exatamente por isso que é tão importante termos nossos projetos pessoais, aqueles que podemos ter o controle criativo e que são capazes de preencher nossas ambições criativas.

É um material bem bacana, que ajuda a refletir sobre muitas coisas, independentemente de se concordar ou não com as opiniões dos entrevistados. Infelizmente não tem legendas em português.

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Mirror City: Timelapse transforma paisagem urbana em caleidoscópio

Uma das coisas mais fascinantes de timelapses é como eles conseguem trazer um novo ponto de vista sobre determinada paisagem, uma nova forma de olhar algo que já faz parte do cotidiano. E ainda assim, há aqueles que conseguem ir ainda mais além, como Michael Shainblum e o seu Mirror City. Ao longo de pouco mais de 4 minutos, vemos a paisagem urbana de Chicago, San Francisco, San Diego, Las Vegas e Los Angeles se transformarem em uma espécie de caleidoscópio digital. O resultado é fascinante.

“Senti que já era hora de combinar a fotografia timelapse e a simplicidade de um caleidoscópio.”

Há cinco anos trabalhando com fotos e vídeos espelhados, Michael levou quatro meses para chegar ao resultado que vemos acima. No começo são apenas paisagens espelhadas simples, que revelam a arquitetura característica de cada uma das cidades. Conforme o vídeo segue, os efeitos começam a surgir, criando um resultado mais abstrato e trazendo uma visão única do cotidiano de algumas das principais cidades dos Estados Unidos.

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Para quem curte este tipo de projeto, Michael Shainblum iniciou há alguns meses a série Behind the Lapse, que vai mostrar os bastidores da arte e criação de um timelapse. Aqui está o primeiro episódio:

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The Pixel Painter

Hal Lasko, apaixonado por design, trabalhava como tipógrafo. Muitos anos depois de ter se aposentado, sua família lhe apresentou o computador, com Microsoft Paint. Hoje com 97 anos, Lasko cria impressionantes trabalhos misturando pontilhismo e pixel art, driblando problemas de visão com o arcaico software.

Mas o curta-documentário acima, de quase 9 minutos, não é só sobre isso. É sobre paixão, trata sobre manter nossa identidade mesmo em idade avançada, sem ficar reclamando pelos cantos.

Vale o play. Não tem legendas em português.

The Pixel Painter

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Netflix e o fim da TV como conhecemos

Há alguns meses, enquanto assistia “House of Cards”, me perguntei em determinado momento se a excelente série seria passível de indicação a prêmios e celebração pela indústria de televisão. Afinal, não era precisamente TV, na forma que estávamos acostumados, e sim conteúdo de um serviço online que tem seus detratores e é visto como ameaça por grande parcela do mercado. Mas como ignorar uma produção em alto nível, com nomes como David Fincher e Kevin Spacey envolvidos?

A resposta veio na sexta-feira passada, no anúncio da Academia Nacional de Artes & Ciências Televisivas, com “House of Cards” acumulando nove indicações – mais três para “Arrested Development”, e duas para “Hemlock Grove” – ao Emmy 2013. Isso é histórico. São 14 indicações no total para a Netflix, que agora compete de igual pra igual com todas as outras tradicionais emissoras de televisão, na panelinha que dominavam, incluindo a toda-poderosa HBO e sua mastodôntica “Game of Thrones”.

Esse reconhecimento reacendeu os discursos de revolução no consumo da mídia, 15 anos após “The Sopranos” ter sido a primeira produção de TV paga reconhecida pelo mesmo Emmy. Não precisa ser nenhum entusiasta – ou cair na batida discussão velhas mídias contra novas mídias – para perceber que estamos testemunhando uma reviravolta na indústria e, principalmente, a concretização de uma ideia que tinha tudo para falhar. E ainda tem.

Reed Hastings, CEO

Reed Hastings, CEO

O sonho digital

Reed Hastings sempre foi considerado um empreendedor silencioso, um caso raro de faz primeiro para depois falar (e mandar press release), ciente de seu lugar frente aos gigantes conglomerados que dominam um negócio bilionário há décadas. Hastings nunca comprou brigas públicas ou fez discursos inflamados. Desde que fundou a Netflix em 1997, entregando DVD via correio, foi chamado inúmeras vezes de gênio, mas também de lunático idealista.

Com 30 milhões de assinantes, a Netflix é responsável por 1/3 do consumo de toda a banda na América do Norte nos fins de semana

Em 2011, já considerado “culpado” pelo fim da Blockbuster e acumulando 15 milhões de assinantes que “alugavam” DVD’s, Hastings decidiu separar seus modelos de negócio. Criou o Qwikster para lidar com os discos de plástico, deixando a Netflix exclusiva como serviço de streaming online, fazendo jus, finalmente, ao seu nome: Netflix, e não “DVD em casa”.

A reação foi a pior possível, tanto por parte dos consumidores, que debandaram em número alarmante (mais de 800 mil), como de Wall Street. As ações da empresa despencaram 60%, o que fez Hastings pedir desculpas e voltar atrás na decisão. Visto como um jogador de xadrez paciente até então, o CEO admitia que estava indo rápido demais em busca do sonho 100% digital.

Posso estar sendo romântico demais, mas é justamente esse idealismo que vejo como fundamental na estratégia vencedora da Netflix. Reed Hastings permaneceu estoico, sempre apostando na mudança do consumo de TV, com vídeo na nuvem, sendo distríbuido online sob demanda em qualquer dispostivo. Poucos tem estômago para arriscar sistematicamente, ainda mais depois de um fiasco como o Qwikster, e é nesse momento que vemos muitas startups alterarem sua filosofia para se encaixarem numa imposição de mercado. Falar em revolução depois que ela já está em curso é fácil.

A justificativa do CEO para dividir a companhia em duas era a necessidade de dar foco ao streaming online, imaginando o futuro não tão distante no qual acreditava. Atualmente com 30 milhões de assinantes, a Netflix é responsável por 1/3 do consumo de toda a banda na América do Norte nos fins de semana, superando YouTube, Hulu, Amazon, HBO Go, iTunes, e BitTorrent combinados. É, acho que ele tinha alguma razão.

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Com ajuda do YouTube e Xbox

Em 2000, uma equipe de engenheiros da Netflix criou o primeiro sistema próprio de streaming. Eram necessárias 16 horas para fazer download de um filme. Inviável, óbvio. Em 2003, Reed Hastings insistiu, dessa vez montando um PC com Linux de 300 dólares, que levava duas horas para baixar um filme.

Esse tipo de equipamento, aliás, foi a origem de centrais multimídia como Roku, Boxee, e similares, mas na Netflix o projeto foi engavetado até 2006. Foram os três anos necessários para o mundo digital já estar diferente. A banda larga tinha atingido velocidade e alcance bem maior, e algo recente começava a mudar o comportamento das pessoas: o YouTube.

O YouTube mudou a maneira como nos relacionamos com vídeos. Não precisamos mais ser donos de discos ou arquivos.

Hoje notoriamente a maior plataforma de vídeos do mundo, o YouTube foi o grande responsável por perdermos a noção de que precisamos ser donos dos vídeos. Você entra no site, busca e assiste o que procura, em vez de comprar discos prateados ou baixar arquivos para guardar no computador.

Já existia streaming bem antes do YouTube, claro – quem não se lembra do nada saudoso RealPlayer? – mas jamais na qualidade e velocidade apresentadas pela tecnologia criada por Chad Hurley e Steve Chen em 2005. O YouTube alterou nossa relação com vídeo online, abrindo caminho também para o tão desejado plano da Netflix.

Outra mudança essencial na história da empresa foi a decisão de Hastings de que não estavam no negócio de hardware, e sim no de prestação de serviço. A Netflix deveria estar presente nos dispositivos que as pessoas já tinham. TV’s, PC’s, consoles, player’s de DVD/Blu-ray, iPod’s, smartphones, tablet’s, e no que mais fosse possível instalar um aplicativo. Números do primeiro trimestre de 2013 indicam que mais de 4 bilhões de horas de vídeo foram assistidas em cerca de 1000 modelos diferentes de eletrônicos.

Netflix

O acordo com a Microsoft para incluir o app de Netflix no Xbox foi crucial, num momento, aliás, em que a gigante de Redmond já planejava transformar seu console em mais do que um videogame. Atualmente é comum falar no Xbox ou PlayStation como centros de entretenimento na sala de estar, mas até então eram vistos apenas como equipamentos relegados ao quarto da criança/adolescente, ou do pai que domina a sala para jogar FPS nas horas vagas (ou não).

Em três meses disponível na Xbox Live, a Netflix conquistou 1 milhão de novos assinantes. Grande parte desse público jamais tinha tocado num videogame antes: as mulheres. Mais tarde, acordos com Samsung e Sony ampliaram a oferta de eletrônicos com o aplicativo pré-instalado. As chamadas Smart TV’s e players DVD/Blu-ray saem de fábrica com Netflix em destaque.

Hackeando Hollywood

Após garantir presença no dia a dia das pessoas, a Netflix precisava de mais do que filmes antigos e velhos seriados para atrair a atenção de novos assinantes. Reed Hastings queria os blockbusters, e assim enfrentaria suas duas maiores barreiras: Hollywood e as emissoras de TV.

O pulo do gato da Netflix foi explorar uma brecha contratual, que colocou o serviço online no mesmo patamar das emissoras de TV a cabo

Comprar e alugar DVD’s era um negócio que não exigia nenhuma barganha, e alterar o sistema “tudo o que você puder consumir por um preço fixo” no streaming – se transformando num pay-per-view comum – também não estava nos planos da empresa. Ou seja, as negociações à lá Steve Jobs com as gravadoras, que fizeram a iTunes Store ser possível, não serviriam.

Primeiro a Netflix utilizou o que é hoje seu maior ativo – as estatísticas de consumo dos usuários – para mostrar aos estúdios de Hollywood que seria capaz de transformar filmes menores e obscuros em sucessos no streaming. Os acordos com canais de TV tradicionais, que compram em pacotes, exigem o comprometimento dos estúdios por uma determinada quantidade de blockbusters, com atores famosos incluídos, já o serviço sob demanda trabalharia com o conceito de cauda longa.

Em segundo lugar, a companhia encontrou uma maneira de hackear o velho sistema de janela da indústria de filmes. Para quem não está familiarizado, explico: a janela é uma engrenagem que há muito tempo regula o lançamento de um filme, em diferentes meios e formatos, através de intervalos de tempo.

Depois que a produção é exibida nos cinemas, leva alguns meses para ser lançada em home video e pay-per-view. Mais algum tempo depois, canais premium de TV paga – com contratos de exclusividade que podem somar 2 bilhões de dólares ao ano – ganham o direito de exibir o título. Depois de mais alguns meses, é que o filme chega em outras emissoras de TV a cabo, e leva anos para ser exibido em TV aberta.

David Fincher, Kevin Spacey e Kate Mara no set

Fincher, Spacey e Kate Mara no set

O sistema de janela pode “prender” um filme por quase uma década. É verdade que os intervalos tem sido cada vez menores, muito para aproveitar as milionárias campanhas de marketing, mas ainda assim as exclusividades de lançamento são para as redes que conseguem barganhar o melhor acordo. Filmes da Warner Bros, por exemplo, estreiam primeiro na HBO.

O pulo do gato da Netflix foi explorar uma brecha contratual, que colocou o serviço online no mesmo patamar das emissoras de TV a cabo. Em 2008, uma negociação com o canal premium Starz adicionou de imediato 2500 novos títulos na biblioteca do serviço de streaming. É óbvio que viria pressão de Hollywood e das provedoras de TV, desencorajando a iniciativa, mas com mais filmes vieram mais assinantes, e quanto mais assinantes, mais dinheiro. Como disse Hastings em entrevista:

“Se gerarmos dinheiro suficiente para os estúdios, poderemos conseguir o conteúdo que quisermos.”

Dessa forma, a Netflix passou a costurar seus contratos diretamente com os estúdios, aumentando a oferta de conteúdo na nuvem e com presença maciça nos dispositivos mais populares em diversos países. Existe uma previsão de que a empresa vá gastar pelo menos 5 bilhões de dólares nos próximos anos em licenciamento de filmes e séries.

Big Data

Netflix

O surgimento de concorrentes é constante, seja das próprias emissoras, provedoras de TV ou até de estúdios, sem contar a iminente entrada da Amazon, Google e Apple no mesmo modelo de negócio, mas a Netflix parece ciente do seu verdadeiro trunfo.

Reed Hastings e sua equipe – hoje com mais de 2000 funcionários – aperfeiçoaram o que hoje é moda chamar de big data com seu sistema de recomendação. O grande segredo da Netflix é seu algoritmo, que busca adivinhar o que as pessoas querem assistir a seguir. A empresa acredita que quando um assinante gosta de um filme que viu através do serviço, mais ele estará conectado emocionalmente com a marca.

Em média, a cada três filmes assistidos, o usuário gosta realmente de um. Se a proporção aumentar de dois pra três, mais a Netflix será relevante na vida do consumidor. Sendo assim, existe um grande investimento para melhorar a taxa de acertos do sistema. Isso é feito não apenas com os ratings registrados pelos usuários, mas também com as informações de quando o espectador pausa, avança ou retrocede um vídeo, bem como dias e horários preferidos de cada um. Toda essa massa de dados reunidos rege os próximos negócios do serviço.

As estatísticas servem, inclusive, para melhorar a performance dos 20 mil servidores Amazon com 3.14 petabytes de vídeo que a Netflix faz uso. Toda noite, uma análise gera um relatório que mostra os filmes e séries mais vistos do dia. Se determinado título se populariza em uma cidade, ele é automaticamente transferido para memórias flash de alta velocidade, garantindo o streaming mais rápido naquela região. O mesmo é feito com os diferentes formatos de arquivo, com o sistema buscando rapidamente o vídeo compatível para o gadget do usuário.

Conteúdo original

Netflix

Com investimento em produções próprias, a Netflix derrubou o último bastião que a separava de ser tratada como um canal de TV. E nesse quesito podemos considerar duas grandes revoluções de abordagem.

A primeira é com os próprios criadores. Muitos se perguntam como a Netflix conseguiu atrair David Fincher e Kevin Spacey para “House of Cards”, e a resposta é bem simples: liberdade. Diferentemente das imposições dos canais de TV na obsessiva busca por mais audiência, a Netflix deu carta branca aos produtores e roteiristas da série. É assim que você, sem verba ilimitada, faz um dos diretores mais requisitados de Hollywood apostar na sua ideia

Depois vem a mudança na relação com os próprios espectadores. Não mais um episódio por semana, que é o modelo que a televisão usa para maximizar os lucros com muita publicidade no meio, e sim todo o pacote entregue de uma vez. A Netflix lança todos os episódios das suas séries originais ao mesmo tempo, apostando no chamado “binge view”, a maratona em frente a TV.

A decisão foi condenada por diversos especialistas do mercado, mas Reed Hastings continua acreditando na mesma filosofia desde o início: tudo o que você puder consumir, quando e onde quiser.

Quando conversei com Gabriel Rodrigues-Nava, Community Manager da Netflix na América Latina, perguntei se existiam planos de inserir publicidade antes, durante ou depois dos episódios, e a resposta foi taxativa: “Fora de questão”. Isso não impede, claro, a propaganda através de product placement. PlayStation e Pizza Hut são duas das marcas que aparecem inseridas na trama de “House of Cards”, por exemplo.

Netflix

Novas regras (ou o fim delas)

A conta da Netflix ainda não fecha como Wall Street gostaria. Do 1 bilhão de dólares em receita, foram 57 milhões de lucro. A pequena margem é explicada pelos caros contratos de licenciamento, cada vez mais excruciantes, e pelo inédito investimento em produções originais. Os 13 episódios de “House of Cards” custaram aproximadamente 100 milhões de dólares.

Netflix

Analistas dizem que, para ser sustentável, a Netflix deveria manter uma base de 40 milhões de assinantes somente nos EUA. Mas Reed Hastings sonha mais alto. Ele quer 90 milhões de usuários americanos, considerando até que esses desistam de pagar TV a cabo, 90 dólares/mensais em média.

A empresa não revela números no Brasil, mas diz que continua crescendo sua base mesmo com o recente aumento no valor da mensalidade, de R$ 14,90 para R$ 16,90. De qualquer maneira, por aqui já incomoda faz tempo, até com propostas da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA) de regulamentar (leia-se, blindar) o segmento.

As probabilidades de tudo dar errado ainda existem. O investimento em conteúdo original pode fazer os estúdios, com os quais existe acordo, enxergarem a Netflix como concorrente. A dependência dos servidores Amazon, em vez de possuir infraestrutura própria, também é vista como ameaça. A entrada da Apple e da própria Amazon no negócio pode alterar completamente o panorama atual. Sem contar o catálogo ainda fraco em diversos países, incluindo o Brasil.

Porém, como eu disse no começo, correndo o risco de ser leviano, afinal, “money talks”, as suposições e os números da Netflix são detalhe – pelo menos nesse momento – perto do impacto incalculável que a empresa está causando na indústria de entretenimento. É um pioneirismo que mudou o mercado, que corre para se adaptar, e que mudou nossa relação com a televisão. É só experimentar Netflix por algum tempo, ou algum concorrente que seja – nacionais temos o NET NOW, Telecine On e Vivo Play, por exemplo – para perceber como a tal “grade de programação” é arcaica, e como é cada vez mais ridículo precisar marcar hora para assistir algo na TV convencional. É também questão de tempo para as transmissões ao vivo se democratizarem para outras telas e formatos.

Em carta aberta publicada em abril passado, Reed Hastings cita Francis Underwood de “House of Cards” e revela sua visão para o futuro da TV. A internet vai substituir a programação linear, aplicativos substituirão canais, controles remotos irão desaparecer, e telas irão proliferar.

Isso deixa claro como a internet nunca vai matar a televisão, como um dia se afirmou, mas vai alterando completamente, em um ritmo mais acelerado do que os conservadores gostariam, o seu modo de existir e se relacionar com os espectadores. E lembre-se, ainda nem estamos considerando a força e infinidade do conteúdo em vídeo gerado diariamente pelas pessoas na web. Não deve demorar mais 15 anos até uma websérie no YouTube ser indicada ao Emmy.

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Liberte o exibicionista que existe em você

A agência russa Red Pepper encontrou uma maneira divertida de divulgar o programa de emagrecimento 10FIT, que promete deixar as roupas dos participantes largas em apenas 10 semanas. Voltado para o público masculino, o filme apimenta uma situação comum para quem perde peso, que querendo ou não se torna um verdadeiro exibicionista.

O apelo bem-humorado funciona muito bem aqui, já que vai além dos tradicionais argumentos de saúde e bem-estar para acrescentar o elemento da auto-estima. O único porém é que você só entende sobre o que é o filme no final, o que pode acabar desagradando algumas pessoas.

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Como seria o mundo sem tecnologia mobile

Imaginar como seria a versão analógica de ferramentas e serviços digitais não chega a ser uma novidade no universo publicitário, mas ainda assim pode render boas risadas. O Google fez isso no ano passado com o Analytics e agora é a vez da Qualcomm usar essa fórmula para mostrar como seria o mundo sem a tecnologia mobile.

Sem smartphones e tablets, como faríamos para acessar o email, Twitter, Facebook, jogar Angry Birds, ouvir música ou assistir a um vídeo? Provavelmente seria uma realidade bizarra como a retratada neste vídeo dirigido por Michael Sugarman, em que um carteiro aparece a toda hora para entregar sua correspondência, você não presta atenção em nada porque tem uma tela na sua frente (neste caso, com celulares também é assim), ou ainda tem de fazer um enorme esforço físico para atualizar seu status de relacionamento…

A ideia toda é convencer o consumidor de que a vida seria muito mais complicada sem a tecnologia mobile. Mas, será mesmo? Afinal, a humanidade sobreviveu um bom tempo sem ela… A criação é da The Viral Factory.

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Os super-humanos estão de volta

Um dos filmes mais emocionantes do ano passado – e que exatamente por isso mesmo ficou com o GP de Film Craft em Cannes -, Meet the Superhumans acabou de ganhar uma sequência, The Return of the Superhumans. A volta acontece para divulgar o Sainsbury’s Anniversary Games, jogos que marcam o primeiro aniversário da Olimpíada de Londres.

Apesar de seguir o mesmo conceito do primeiro filme, The Return of the Superhumans não causa o mesmo impacto, provavelmente por conta da expectativa criada pelo antecessor. A fotografia em preto e branco, entretanto, cria a tensão necessária para lembrar que outros recordes podem ser estabelecidos, e que os super-heróis paralímpicos estão sempre dispostos a superar obstáculos e enfrentar novos desafios.

Mais uma vez, a assinatura é da 4Creative para o Channel 4.

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Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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The Guitar Poster

Em tempos em que tudo parece ser produzido em massa, chega a ser inspirador ver gente que ainda se dedica à produção artesanal e personalizada das coisas. Um exemplo deste tipo de trabalho é a luthearia, a arte de criar instrumentos musicais de corda praticada pela mineira Kian Guitars. Para traduzir este conceito de produto personalizado, a RC Comunicação desenvolveu o The Guitar Poster, um poster de madeira de reflorestamento que funciona como uma guitarra de verdade.

A manufatura do The Guitar Poster foi registrada em um belíssimo vídeo, que apesar de lembrar alguns filmes da Jack Daniels, como The Whiskey Drumtem sua própria personalidade.

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Je T’Aime Mon Buss

No final dos anos 1960, Serge Gainsbourg e Jane Birkin deixaram muita gente corada com sua interpretação (ou seria “gemeção”) de Je T’Aime Moi Non Plus. A música que chegou a ser banida em diversos países agora inspira Je T’Aime Mon Buss, filme que apresenta os novos ônibus da Karlstadsbuss na Suécia.

Quase tão legal quanto aquele filme da Midttrafiko comercial mostra o flerte de um casal em um ônibus vazio e, apesar da trilha sonora, deixa bastante espaço para a imaginação. Cheio de referências cinematográficas – as pessoas fora do ônibus são um destaque à parte, o filme consegue ser divertido sem ser óbvio.

Enquanto no Brasil a briga por um transporte público decente está só começando, o comercial acima serve para informar os suecos que os novos veículos da Karlstadsbuss têm 30% a mais de assentos, ar-condicionado, wifi gratuito e TV. Depois dessa, é sentar no chão e chorar.

A criação é da agência sueca Bulldozer.

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