Você até pode ter milhares de amigos…

Quantos amigos você tem no seu Facebook? Quantos seguidores no Twitter, Instagram, Pinterest ou em qualquer outra rede social da qual você faz parte? Quantos contatos estão listados em sua agenda ou integram seu network no LinkedIn? É muito capaz que, somando tudo, você perceba que são centenas, até milhares de pessoas. Agora responda: quantas delas você conhece bem de verdade, tem um contato frequente – de preferência pessoalmente -, e pode dizer que realmente são próximas a você?

Se você já terminou de fazer as contas, há grandes chances deste número ter caído drasticamente, com poucos casos em que ele ultrapasse uma ou duas dezenas. É neste momento que percebemos um dos grandes paradoxos da nossa época: temos milhares de “amigos”, mas nunca estivemos tão solitários.

A forma como a tecnologia está presente em nossas vidas não chega a ser um assunto novo – aqui mesmo no B9, ele aparece com certa constância, especialmente no Braincast -, mas será que realmente há razões para a gente se preocupar?

A ideia deste texto não é falar mal da internet, tecnologia e afins, nem tampouco criar um mi-mi-mi saudosista

Não tem muito tempo que começamos um papo sobre o que a internet está fazendo com os nossos cérebros, influenciando a maneira como criamos, aprendemos e raciocinamos. Mas se você parar para pensar um pouco, irá notar como a tecnologia de uma forma geral também está transformando a maneira como nos relacionamos uns com os outros.

Antes de mais nada, o nosso tradicional aviso: a ideia deste texto não é falar mal da internet, tecnologia e afins, nem tampouco criar um mi-mi-mi saudosista para dizer que antigamente as coisas eram melhores. É mais uma proposta de reflexão sobre como utilizamos essas coisas em nosso dia a dia e quais os efeitos colaterais envolvidos neste processo.

Recentemente, o designer Shimi Cohen, de Tel Aviv, resolveu combinar as informações do livro Alone Together: Why We Expect More from Technology and Less from Each Other, de Sherry Turkle, e do artigo The Invention of Being Lonely, de Yair Amichai-Hamburger, em seu projeto de conclusão de curso na Shenkar College of Engineering and Design. O vídeo The Innovation of Loneliness mostra como a tecnologia está influenciando a maneira como as pessoas se relacionam umas com as outras e com elas mesmas, os reflexos psicológicos disso e porque precisamos ficar atentos.

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Social por natureza, o ser humano pode até ir à loucura por conta da solidão. Por outro lado, passamos tanto tempo focados na carreira, em ganhar dinheiro, consumir e criar uma auto-imagem, que as redes sociais parecem ser a solução perfeita para “gerenciarmos” nossos relacionamentos de uma maneira muito mais eficiente.

É claro que a primeira coisa que a gente pensa é: mas afinal, o que há de errado com a eficiência? Todo mundo tem aqueles amigos que não vê com tanta frequência, parentes distantes, etc, mas ao menos pelas redes sociais consegue saber como é que estão, mandar uma mensagem no aniversário (que se não fosse pelo Facebook, ia acabar passando em branco), saber quem está solteiro, casado, separado…Mas será que isso é real ou estamos apenas substituindo relações por conexões?

“Estamos colecionando amigos como se fossem selos, não distinguindo a quantidade da qualidade, convertendo o significado profundo e a intimidade da amizade em trocas de fotos e conversas em chats”.

Enquanto uma conversa que acontece cara a cara e em tempo real é regida pelo inesperado, quando muitas vezes você acaba falando demais e sem pensar, um chat, e-mail, post ou SMS cria uma falsa sensação de segurança, de que estamos no controle da situação e podemos nos apresentar como queremos ser, em vez de como realmente somos.

É a história da auto-promoção, com pessoas cada vez mais obcecadas com a edição de perfis, escolha de fotos perfeitas e a obrigação de parecerem felizes o tempo inteiro, como se de fato isso fosse possível. “As redes sociais não estão mudando apenas o que fazemos, mas também quem somos”, destaca a narração de Cohen no vídeo.

As redes sociais não estão mudando apenas o que fazemos, mas também quem somos

Só que, ao meu ver, faltou dizer algo muito importante aí: que não importa o quanto alguém tente controlar ou editar uma ideia por meio de um post ou SMS, é impossível controlar o que o outro vai entender daquilo. Qualquer tipo de comunicação está sujeita à interpretações, que estão diretamente ligadas à formação e experiências do interlocutor. Isso tudo sem contar a possibilidade de ruídos. Em resumo, ninguém está realmente livre de confusões.

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Fantasias gratificantes

Segundo The Innovation of Loneliness, as redes sociais nos oferecem três fantasias gratificantes: que podemos desviar a atenção para onde quiseremos, que sempre seremos ouvidos, e que nunca teremos de ficar sozinhos. É exatamente esta última que está formatando uma nova forma de ser, descrita como:

“Eu compartilho, logo existo.”

A tecnologia passa a ser uma ferramenta essencial para definir quem nós somos. E nós só podemos ser alguém se compartilhamos nossas ideias e sentimentos exatamente no momento em que os elaboramos. Isso significa que se eu não der um check-in naquele lugar incrível, postar uma foto daquela comida deliciosa ou tuítar o que achei do último filme do Woody Allen, é como se nenhuma daquelas experiências realmente tivessem existido.

Tudo isso me fez pensar em uma das experiências mais incríveis que já tive. Em uma peregrinação à Terra Santa – no meu caso, Liverpool – tive a oportunidade de fazer um tour que permite que os participantes entrem nas casas onde John Lennon e Paul McCartney passaram a infância. Só que, por questões de direitos de uso de imagem, é proibido fotografar o interior delas. Para garantir que ninguém vai tentar burlar a regra, temos de entregar máquinas fotográficas e celulares na entrada, que são trancados em um quartinho. Feito isso, você fica livre para circular pelos ambientes, por alguns minutos.

Talvez se ainda estivesse vivo nos dias de hoje, Lennon diria que a vida é o que acontece enquanto estamos ocupados compartilhando

Agora, imagine você andar livremente pelas casas onde viveram seus ídolos, sem se preocupar em dar check-in, fotografar ou tuítar (que é claro que eu fiz tudo isso, só que do lado de fora), e poder simplesmente curtir o momento. Ouvir histórias, descobrir algo que você não sabia, absorver detalhes e vivenciar uma experiência que vai te marcar pela vida, mas que ficará apenas na sua memória.

Isso me fez refletir sobre como sentimos uma urgência em registrar tudo artificialmente, como se nossas lembranças não fossem o suficiente, como se uma fotografia fosse capaz de realmente captar a emoção de um momento e olhar para ela fizesse a gente revivê-lo. Mas, qual a emoção que você cultiva quando você está distraído demais fazendo uma foto, dando uma check-in ou postando algo?

Em Beautiful Boy, música que John Lennon compôs para o filho Sean, há um verso em que ele diz que a “vida é o que acontece enquanto você está ocupado fazendo outros planos”. Talvez se ainda estivesse vivo nos dias de hoje, Lennon diria que a vida é o que acontece enquanto estamos ocupados compartilhando. Pois é, a existência é feita de muito mais coisas do que somente aquilo que podemos compartilhar online.

Ainda assim, há até quem finja experiências apenas para ter o que compartilhar e, desta forma, se sentir vivo. E tem vários “serviços” que exploram isso, como um site que “aluga” namoradas, ficantes e afins para o seu perfil no Facebook. Tem, também, o caso do fotógrafo japonês Keisuke Jinushi, que ensina como criar uma namorada fake em fotos para as redes sociais.

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Caso você esteja curioso, um texto no site Oddity Central descreve o passo a passo de Keisuke para conseguir o efeito desejado nas imagens. A começar pela maquiagem: ele aplica bastante base clara na mão direita e esmalte vermelho nas unhas, para conseguir um look mais feminino. Para evitar confusões, ele também coloca um elástico para cabelos no pulso. A “mágica” fica completa com um filtro retrô no Instagram – para o genuíno efeito “girlfriend photo” – e um sorriso bobo, elementos que ajudam a tornar a foto mais verossímil. Nos anos 1980, o filme Namorada de Aluguel mostrou uma ideia parecida, de um cara que queria conquistar o respeito dos colegas e se tornar popular com a ajuda de uma namorada falsa. A diferença é que, pelo menos naquela época, a garota era de verdade.

Da conexão ao isolamento

Sherry Turkle é psicóloga clínica, pesquisadora e professora de estudos sociais da ciência e tecnologia do MIT. Em meados da década de 1990, ela ficou bastante conhecida por defender as oportunidades que a internet oferecia para que as pessoas pudessem explorar suas identidades no livro Life on Screen. A continuidade de suas pesquisas, entretanto, a levou a perceber que as novas tecnologias – emails, redes sociais, Skype e robôs sociáveis – tornaram o controle e a conveniência prioridades, enquanto as expectativas que temos em relação a outros seres humanos – e até com nós mesmos – está cada vez menor.

Em uma palestra no TED, na época do lançamento de Alone Together, Sherry explica que a forma como nos comunicamos hoje em dia, com posts, SMS e afins, servem sim para nos conectar uns aos outros, mas apenas superficialmente. Este tipo de interação é falha se o objetivo é conhecer melhor e entender o outro e, por consequência, compreender a nós mesmos. (clique aqui para assistir à versão com legendas)

Mas como a conexão pode nos levar ao isolamento? Enquanto eu pesquisava e escrevia este texto, passei a prestar muito mais atenção tanto no meu comportamento, quanto nos hábitos das pessoas que convivem comigo. E o que eu percebi me incomodou bastante: eu realmente tenho o costume de sacar o meu celular do bolso mais vezes do que eu gostaria ou deveria. Mais para tentar acompanhar o que está acontecendo pelo mundo – aquele desejo de absorver o máximo de conteúdo possível – do que para compartilhar alguma coisa.

Estamos tão acostumados com isso que dar uma olhadinha, por mais rápida ou demorada que seja, é algo que fazemos automaticamente. Em uma roda de amigos, não sou a única. Há momentos em que, por mais interessados que estejamos em uma conversa, acabamos nos distanciando em algum momento com o celular. O que antes era exceção, há muito já se tornou a regra, como mostra o curta I Forgot My Phone.

Não importa se é por uma questão de segundos ou se por algumas horas, se estamos sozinhos ou acompanhados, mas aquele momento em que nos conectamos virtualmente é também o momento em que nos isolamos e paramos de prestar atenção no que acontece no mundo real.

No raciocínio de Sherry, as pessoas se isolam quando não cultivam a habilidade de estar sozinhas e passam a encarar isso como um problema a ser resolvido, preenchendo o vazio com conexões que amenizem sua ansiedade.

A tecnologia, então, mira onde somos mais vulneráveis: na solidão. Essa incapacidade que muitos seres humanos têm de ficar sozinhos, combinada à necessidade de intimidade, é solucionada graças às plataformas capazes de fazer com que a gente se sinta automaticamente ouvidos. Dispositivos que nos dão a ilusão de que temos alguém, mas sem as exigências de um relacionamento real.

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Nessa história toda, o que eu percebo é que vale a pena ouvir todos os argumentos e refletir a respeito. Cada pessoa certamente chegará à uma conclusão diferente. A minha é que o problema não está na tecnologia, mas na forma como a utilizamos. E vou um pouco além: o que pode ser ruim para alguns, também pode ser bom para outros.

Eu sou da geração pré-internet, sim, e realmente há momentos em que me sinto incomodada com os excessos cometidos graças aos avanços tecnológicos e a internet. Mas quem comete os excessos são as pessoas. Celulares e computadores são apenas ferramentas operadas por seres humanos com diferentes referências ou níveis de filtro – e isso não tem nada a ver com o Earlybird ou afins.

Nessa história toda, o que eu percebo é que vale a pena ouvir todos os argumentos e refletir a respeito. Cada pessoa certamente chegará à uma conclusão diferente

Não posso falar, por exemplo, pela geração pós-internet. Seus cérebros estão preparados para lidar com a tecnologia de hoje, pois desconhecem o mundo sem ela. O ser humano está em constante processo evolutivo, e por mais que às vezes custe aceitar isso, as referências e até mesmo as necessidades são outras. Será que daqui a alguns anos as pessoas realmente vão sentir falta das conversas olho no olho ou nem mais se lembrarão disso?

Por outro lado, não há nada que impeça as tais conexões virtuais de também evoluírem, mas para um relacionamento real, como também já vi acontecer diversas vezes.

A tecnologia faz parte das nossas vidas, e vai continuar fazendo. Por enquanto, tudo o que podemos fazer é tentar nos relacionarmos com ela de uma maneira mais consciente, sabendo diferenciar conexões de relacionamentos e qual a importância de cada um deles em nossas vidas.

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Fazendo música com relíquias da tecnologia

Dirigido por James Houston e produzido por Bold Yin, o novo vídeoclipe do músico Julian Corrie é totalmente construído ao redor da boa e velha tecnologia.

No lugar do baixo, percursão e bateria, em “Polybius”Julian Corrie faz música ao tocar um Atari, um SEGA Mega Drive, um Commodore 64 e muitas outras relíquias como televisores de tubo, CDs e disquetes.

Uma homenagem nostálgica aos “amigos esquecidos.” – James Houston

No vídeo, o músico dá novos sentidos à tecnologia que costumava nos fazer companhia e hoje são vistas em cantos esquecidos e lixeiras.

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Uma música feita de carne, osso e artefatos mundanos.

O diretor James Houston ficou conhecido quando lançou o projeto “Big Ideas (don’t get any), uma performance sua tocando “Nude”, de Radiohead, usando impressoras de rolo, máquinas de escrever, rádios antigos, entre outros tesouros.

Sem negar que os objetos tecnológicos se tornaram cada vez mais descartáveis, isso não se explica somente pela obsolescência precoce de tanto avanço, mas sobretudo porque não há quem herde o sentido emocional que eles um dia materializaram.

Em “Polybius”, Houston faz da música um exercício de coleta de histórias e épocas, construindo uma melodia que funciona como colcha de retalhos do tempo e suas mudanças.

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Converse pinta murais em Berlim com máquina que atira balas de tinta

A Converse saiu colorindo as ruas de Berlim com desenhos de seu icônico tênis, feitos com uma máquina que dispara balas de tinta.

Chamado de Facadeprinter, o dispositivo foi desenvolvido pelo estúdio alemão Sonice Development, composto por artistas e inventores que focam em criar “robôs-desenhistas” e instalações interativas que borram as barreiras entre arte e tecnologia, e físico e virtual.

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Ao disparar as balas de tinta, a máquina desenha ponto por ponto na parede, criando uma enorme obra de arte. Integrada à um computador, ela lê os gráficos virtuais da composição e consegue corrigir perspectiva e distorções balísticas em tempo real.

Assim, o desenho consegue ser adaptado para cada situação arquitetônica em que será pintado.

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A Facadeprinter funciona como extensão e reprodução do processo criativo e também do próprio artista.

As novas tecnologias ampliaram significativamente as formas de expressão dos artistas contemporâneos, publicitários e criativos, assim como nossa percepção da realidade. Um painel gerado por algoritmos e comandos eletrônicos que dispara balas de tinta extrapola a arte enquanto resultado final, existindo enquanto processo e reprodução. E, ao se “moldar” a cada superfície que pinta, a máquina toma emprestado do artista as características de imprevisibilidade e tempo real.

A ação faz parte da campanha Just Add Color, que mistura guerrilha, graffiti e tecnologia com o objetivo de colorir as ruas com arte, e não anúncios. Seria interessante se o desenho de extendesse para além do simbólico tênis.

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Our Night apresenta linha 2014 da Harley-Davidson

Comemorando 110 anos de atividades, a Harley-Davidson resolveu investir em algumas mudanças na sua linha touring 2014, chamada de Projeto Rushmore. As novidades chegam por todos os lados: novo motor, design e tecnologia que inclui um sistema multimídia com rádio, GPS e bluetooth com tela touchscreen e até reconhecimento de voz. Para divulgar o lançamento, a VSA Partners criou Our Night um filme que à primeira vista é bastante simples, mas tem uma história interessante por trás.

Sob o tema United by Independents, a VSA resolveu contar com pessoas que realmente amam a marca para criar um filme que mostrasse seu espírito, que apesar de estar dando um grande passo rumo a modernidade, continua valorizando suas raízes. Isso se traduz, por exemplo, nos motociclistas que aparecem no filme, todos eles verdadeiros “riders”. Aliás, fãs e funcionários da marca aparecem em uma montagem no final, em fotos captadas em redes sociais.

Mas um dos grandes destaques de Our Night, que retrata um passeio noturno prestes a ser interrompido é claro, por um chefe, é a trilha sonora. Diversas bandas foram convidadas para mostrar sua interpretação de Come Together, dos Beatles, mas quem acabou levando foi a irlandesa The Strypes, que mandou muito bem neste cover.

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Uma volta pelo vale da estranheza

A teoria do vale da estranheza, formulada na década de 1970 pelo professor de robótica Masahiro Mori, discorre sobre o gap de sentimentos entre o que o Wall-E e um robô industrial nos proporciona: o nível de humanização de um robô é proporcional ao tamanho de carisma que se sente pelo ser. A criaturinha criada pela Pixar demonstra curiosidade, carinho por outros personagens e noções morais, mas uma prensa não desperta nada aos observadores, em comparação.

O vale da estranheza afeta os robôs que possuem grande semelhança com humanos, mas com alguma característica fora de lugar. A aparência do ser robótico se torna desconfortante e, em alguns casos, revoltante. Quando essas falhas são ajustadas e a aparência do robô se afina ainda mais com as características humanas, o carisma do ser volta a aumentar e sai de vez do tal vale. O gráfico abaixo, retirado da página da Wikipédia sobre o assunto, demonstra a teoria:

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Zumbis agem de maneira inquietante para grande parte dos humanos – o que desperta um senso de perigo quase automático

Em um lado da imagem mora o fotorrealismo ou uma réplica perfeita de um humano real, sendo que as estilizações residem no meio. O gráfico explica, por exemplo, a popularidade dos mortos-vivos como inimigos nos filmes, séries e videogames. Na teoria, os zumbis se enquadram no ponto mais baixo possível da escala, agindo de maneira inquietante para grande parte dos humanos – o que desperta um senso de perigo quase automático. Algum dos maiores símbolos dos jogos, como Mario, Sonic e Kratos, também se encontram logo antes da transição de cartunesco para desconcertante – e, por mais que tanto Mario quanto Kratos sejam figuras humanas, é impossível confundir algum dos dois com humanos reais. A estilização não deixa espaço para a confusão.

Por outro lado, temos “L.A. Noire”, da Team Bondi. A obra recria uma Hollywood da década de 40, protagonizada por um detetive iniciante, e, na corrida para tirar o atraso antes do início da geração que vem, decidi dar uma chance ao título publicado pela Rockstar. Todo o conceito do jogo se baseia no julgamento de diversas testemunhas – expressões faciais, cacoetes e reações corporais entregam os culpados, assim como lágrimas sinceras e uma voz embargada livra a cara dos que não estão envolvidos. Intitulada MotionScan, a tecnologia do estúdio australiano Depth Analysis que dá vida aos exageradamente expressivos personagens de “L.A. Noire” é uma combinação de scaneamento facial e algoritmos que capturam a face dos atores, convertendo as imagens para modelos 3D.

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Cruzar o vale não é fácil e “L.A. Noire” é quase a maior prova de que a tecnologia que temos atualmente não é exatamente o bastante. Aliada ao uso do MotionScan no jogo está a atuação de gente como Aaron Staton, responsável pelo papel do protagonista Cole Phelps, que gastou cerca de 80 horas nas salas do estúdio, segundo a equipe do Team Bondi em entrevista para o Gizmodo.

Existe apenas um espaço bem pequeno para os desenvolvedores errarem na mão na hora de recriar um humano real

Assistir os personagens moverem seus lábios, suas rugas, seu olhos e ganharem traços de expressões ao ficarem nervosos desperta uma sensação curiosa – o excesso de detalhes perturba. Ver um modelo 3D tendo reações tão críveis, ao mesmo tempo em que seus movimentos possuem certa rigidez, é algo mais impressionante do que o enredo da história cheia de sangue da Hollywood decadente que dá pano de fundo a obra.

Ainda dentro da teoria de Mori, “L.A. Noire” pode ser usado pra demonstrar novamente as reações críveis, mas de maneira bem mais extrema. O vídeo abaixo, lançado pela Team Bondi, traz alguns erros de gravação da equipe de atores do jogo, que, em alguns momentos, praticam movimentos totalmente naturais e fora do script, como ataques de risada e falhas na dicção. O contraste entre a movimentação e a rigidez dos modelo é perturbadora:

A aposta da Team Bondi para encontrar a saída do vale foi tentar se aproximar ao extremo da animação de uma pessoa real – o que também parece ser o objetivo dos jogos de esporte, guerra e outras megaproduções, como “Heavy Rain” e o novo projeto da Quantic Dream, “Beyond: Two Souls”, que traz nomes como Ellen Page e Willem Dafoe em seu elenco.

Na falta de dinheiro para desenvolver e usar tecnologias de ponta, muito jogos optam pela estilização

O que a teoria prova é que existe apenas um espaço bem pequeno para os desenvolvedores errarem na mão na hora de recriar um humano real, caso o objetivo seja o fotorrealismo. A movimentação também é igualmente importante, já que não basta um personagem agir como humano ou fazer coisas de maneira parecida com humanos, o necessário é que as animações sejam suaves e realistas.

Na falta de dinheiro para desenvolver e usar tecnologias de ponta, alguns jogos como “Dishonored”, com seus personagens distorcidos o bastante para ficarem carismáticos, mas não o bastante para caírem no total cartunesco, e até o recente “BioShock Infinite”, se enquadram nos padrões de estilizações.

A estilização é uma tendência que diversos desenvolvedores independentes seguem. “Journey”, lançado para PlayStation 3 em 2012, foi aclamado por premiações importantes e não tenta, em momento algum, te transportar para um deserto realista e pacífico – a thatgamecompany foi pelo caminho exatamente oposto, criando um universo totalmente estilizado, colorido, saturado e emocionante, mesmo sem uma tecnologia pesada por trás.

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Aplicativo da Adidas ajuda a melhorar a performance no futebol

Se você já se perguntou a qual velocidade você consegue chutar uma bola no futebol semanal com seus amigos, talvez agora você consiga uma boa resposta. A Adidas acabou de disponibilizar o aplicativo Snapshot, que promete ajudar a melhorar a performance dos usuários analisando a velocidade, ângulo e distância dos chutes.

O funcionamento é simples: basta pedir para alguém gravar o lance e pronto, o aplicativo faz todo o trabalho. Além de oferecer as informações técnicas, o aplicativo permite rever a jogada em câmera lenta, adicionar alguns efeitos visuais e compartilhar em redes sociais, como YouTube, Facebook e Twitter. Os usuários podem comparar suas performances com os amigos e também com grandes jogadores, como Gareth Bale, Riccardo Montolivo ou Martin Montoya, que conseguem fazer a bola atingir até 125 km por hora.

A boa notícia é que o aplicativo é gratuito e funciona em vários idiomas, inclusive o português. A má notícia é que, por enquanto, só está disponível para iOS e não há previsão do lançamento para Android.

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Mark Crummett fotografa miniaturas como humanos que habitam máquinas

O fotógrafo Mark Crummett enxerga beleza na tecnologia moderna. Para ele, as máquinas e dispositivos que usamos todos os dias não são apenas funcionais, mas carregam uma estética atraente. Especialmente o seu interior.

Crummett tenta destacar essa beleza na série de fotografias Ghosts in the Machine, onde coloca bonecos dentro de partes de computadores antigos, fazendo com que os processadores, cabos e placas formem uma espécie de paisagem urbana de outro mundo.

Ventiladores do computador se tornam ícones da arquitetura pós-moderna e placas-mãe novos ecossistemas.

Os bonecos das fotos são modelos em miniaturas, usados em maquetes de construções de linhas de trem. Eles foram escolhidos por serem de um tamanho adequado, por estarem em posições de trabalho braçal e por usarem roupas que os fazem parecer dos anos 40. Colocados no meio de partes de computadores, os bonecos se passam por viajantes do tempo.

“Somos tão cercados por tecnologia que ela se tornou nosso ambiente, nossa segunda natureza.” – Crummett

Outros personagens que se distinguem destes bonecos trabalhadores, como os coelhos, idosos e crianças, funcionam como metáforas de vírus.

Todas as fotos foram montadas em seu estúdio, após meses recolhendo todos os materiais necessários, criando e recriando cenas, para que o instante da foto contasse, de fato, uma história.

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As vantagens da tecnologia no ensino das crianças

Você já deve ter percebido que lousa, giz, caderno e lápis não são mais os únicos materiais utilizados no ensino hoje em dia. As Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) – internet, notebooks, smartphones, cameras digitais, tablets etc – já fazem parte do cotidiano dos alunos e das escolas.

Essas diferentes tecnologias digitais permitem aos alunos o contato com novas linguagens, e aproximam o conteúdo de ensino às novas gerações, os nativos digitais, que desde pequenos tem naturalidade e domínio sobre os recursos tecnológicos. Mas quais são, efetivamente, as vantagens e resultados desses gadgets no ensino?

Um projeto realizado pelo núcleo de ensino da Unesp (Universidade Estadual Paulista) mostrou que o uso da tecnologia na educação melhora em 32% o rendimento dos alunos em matemática e física, em comparação aos conteúdos trabalhados de forma expositiva em sala de aula.

Animações, simulações e jogos, que ensinavam análise combinatória por exemplo, foram incluídos no currículo escolar de 400 crianças na cidade de Araraquara, interior de São Paulo,  e mostraram que 51% dos alunos que tinham dificuldades na aprendizagem melhoraram seu rendimento a partir do uso dessas novas ferramentas.

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A doutora em educação pela UNICAMP, Cristina Tempesta, acredita que o uso das TICs contribuem em todas as áreas de estudo. “É só pensar em uma aula de artes com uma visita virtual ao Louvre com ajuda do Google Art Project, ou uma aula de Biologia utilizando imagens reais do Pantanal e . As TICs vieram para facilitar o ensino e trazer qualidade e mobilidade para os conteúdos”.

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A aula depende muito do professor, e antigamente ele era o único detentor de conhecimento. Hoje, ensinar para alunos que antes de serem alfabetizados já tem contato com tecnologia digital é um desafio para o profissional. Ele tem que aliar as bagagens de informações – o acesso e a facilidade digital do aluno com conteúdos e experiências que só ele possui – para que o aproveitamento da aula seja muito maior.

“Do ponto de vista do aprendizado, essas ferramentas devem colaborar para trabalhar conteúdos que muitas vezes nem poderiam ser ensinados sem elas, portanto não significa que apresentações de Power Point vão agregar conteúdo. Deve existir todo um planejamento, uma integração e uma interação dos profissionais para o uso dessas ferramentas digitais. Assim como não faz sentindo ver o crescimento de uma semente em uma animação se podemos fazer experimentos reais. A tecnologia só vai atrapalhar quem não souber fazer bom uso dela”, lembra Cristina.

Como não é possível que cada aluno tenha um iPad ou que cada carteira seja um computador, é interessante notar que com pequenos exemplos de utilização de novas tecnologias a dinâmica das aulas pode mudar. Sites, programas e aplicativos , como Geogebra – que reúne recursos de álgebra, geometria, gráficos e tabelas – e o Músculos Anatomia – onde é possível acessar imagens e descrições detalhadas sobre toda a anatomia humana – já estão sendo incluídos no currículo e no dia a dia dos professore e alunos. Já o Stellarium permite mostrar planetas e constelações em 3D, e o Tríade – faz uma viagem ilustrada ao século XVII pela história da revolução francesa.

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O desafio de integrar ensino e tecnologia pode ser feito de forma bem simples e fácil. O uso de celulares, ferramenta democrática e em grande número nos dias de hoje, pode iniciar uma revolução no modo de ensino e suprir a falta de muitos matérias digitais nas escolas. A partir de facção de documentários, videos, fotos e textos sobre assuntos estudados e até mesmo projetos de campo, os alunos poderão compartilhar com os outros suas ideias pessoais e em conjunto e iniciar debates e troca de informações. Além de contribuir, também, imensamente com as crianças portadoras de necessidades especiais que com a ajuda de ferramentas sonoras, visuais e com recursos de escrita podem ilimitar seu conhecimento e conseguir desenvolver-se, interagindo com os outros alunos através das mesmas ferramentas.

51% dos alunos com dificuldades de aprendizado melhoraram o rendimento com auxílio da tecnologia

A mera presença de gadgets em sala de aula não significa necessariamente inovação e aprendizado. Os professores têm que se formar adequadamente para a cultura digital e fazer valer o ensino munido da tecnologia digital. A aluna Taymara Moro conta “sem a disponibilidade de um tablet ou um computador por aluno a preparação dos professores foi fundamental no meu ensino. Através de aulas pensadas para serem complementadas com videos, aplicativos e imagens reais pude compreender melhor muitos dos conteúdos das matérias”.

Lena Cypriano, mãe de duas crianças que estudam com a ajuda de ferramentas digitais acredita que expor os alunos ao contato com elas e desenvolver novas formas de linguagem e metodos é prepara-las para as mudanças que estão acontecendo hoje em dia. “Os alunos que transitam pelos diversos espaços e sabem utilizar os diferentes recursos tem mais preparo para estar nas situações diversas da demanda atual. É positivo que conheçam e saibam utilizem os recursos. A escola prepara os alunos para a vida além dela, portanto, saber usar as ferramentas é saber lidar com o mundo. Considero importante também que a escola trabalhe com equilíbrio em todos os aspectos, pois quaisquer ferramentas utilizadas em demasia nem sempre abrem espaço para outros aprendizados”.

A série Diálogos, promovida pela Fundação Telefonica, Porvir e Inspirare, discutiu as tendências, desafios e oportunidades de uso das tecnologias na educação e é um bom caminho para quem quer começar a conversar sobre o assunto. É necessário cada vez mais discutir as dificuldades e facilidades do ensino integrado da tecnologia digital no dia a dia dos alunos. Já é comprovado que ele é um vantajoso método de melhorar o desempenho dos alunos. Resta agora a democratização, ampliação e o treinamento cada vez maior dos profissionais para que esses casos aumentem.

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Adidas lança bola que mede estatísticas de desempenho dos jogadores

A Adidas desenvolveu uma bola de futebol, a Smart Ball, que gera feedbacks em tempo real sobre o desempenho dos jogadores, através de um sensor embutido na bola que envia informações para um aplicativo mobile.

“A Smart Ball foi criado para todos os fãs de futebol. Poucas crianças aprendem a chutar uma bola corretamente e nós queremos dar às pessoas a oportunidade de aprender e se divertir ao mesmo tempo.” – Christian DiBenedetto, Diretor de Inovação da Adidas, para SBNation 

O sensor é do tamanho de uma bola de golfe, suspendido no centro de borracha do produto. Flexível, consegue se manter no lugar para medir a velocidade da bola, a velocidade de rotação, o eixo de rotação, a trajetória, a localização do contato e suas curvas depois que a bola entra em contato com o pé.

Estas variáveis são enviadas ao aplicativo para iPhone integrado à bola via Bluetooth, resultando em uma análise instantânea sobre o jogo e seus jogadores.

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Unindo este lançamento à chuteira de campo adizero F50 soccer cleat, que possui inteligência similar em seu sensor e integração com aplicativo miCoach Elite, a Adidas espera melhorar o desempenho dos jogadores através de dados em tempo real, análise de desempenho e feedback construtivo e certeiro, para que tanto jogadores como treinadores trabalhem suas habilidades no instante e local da partida.

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The Inbox traz golpes da internet para o mundo real

Imaginar como seria na vida real algumas coisas que são comuns no universo digital é uma prática comum e tem rendido resultados bem divertidos, como o Google Analytics aplicado ao mundo analógico. Mas e os vírus, os spams e os golpes que, acredite, ainda convencem muita gente por aí? Sean Parker e Austin Hillebrecht, a dupla criativa por trás da Hapstance Films, assina The Inbox, um webvídeo que responde a esta questão de uma maneira muito bem-humorada ao quase enlouquecer um internauta, que vê sua casa invadida por versões personificadas do lixo virtual.

E são personagens que todo mundo com acesso a internet já conhece bem: aquele email dizendo que você ganhou um grande prêmio, aquele, que você nem sabia que estava concorrendo. Depois, aquela proposta (indecorosa) de ajudar na transferência de dinheiro, colaborando com o governo de algum país por aí. Levante a mão quem nunca abriu um email quando viu que o remetente era alguém conhecido, mas na verdade a conta do seu amigo foi hackeada… E os popups de serviços que você não quer, mas que não consegue fechar…

The Inbox também tem uma moralzinha básica no final: em algum momento, nossos cliques vão acabar nos traindo. Ah, a internet…

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Coisas que as crianças dizem

Todo ser humano é curioso por natureza. É a curiosidade que nos estimula a aprender, descobrir o mundo… Nas crianças essa característica é muito mais evidente, já que o tempo todo elas estão fazendo todo tipo de perguntas, estabelecendo conexões interessantes e livres de julgamentos, como ocorre depois que a gente cresce, aprende um monte de regras e entra em uma caixa. E justo em um momento em que a gente está discutindo aqui no B9 o papel da internet (e também da tecnologia) nisso tudo, aparece Things Kids Say, filme da Jam para o Windows Phone no Reino Unido.

A situação retratada é típica dos dias de hoje: uma criança cheia de perguntas e pais ocupados (talvez até despreparados) demais para respondê-las. Mas com um Windows Phone não tem tempo ruim: o Kids Corner está aí para isso. Daí a mãe vai, pega o celular com um monte de joguinhos e pronto, consegue ter sossego para ler sua revista.

O que me mata é que, de repente, o menino para de fazer perguntas. É como testemunhar a curiosidade de uma criança sendo executada ali, a sangue frio. E isso não é uma boa mensagem.

A tecnologia não é ruim. A internet, muito menos. O que pode ser ruim é a maneira como nos relacionamos com estas e outras coisas, quando a gente deixa de vivenciar uma experiência para conhecer algo pelos olhos dos outros, em textos, filmes, etc. Quando ficamos tão distraídos com algo, que deixamos de fazer perguntas e buscar respostas em diferentes lugares. É um papo que ainda vai continuar.

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Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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O que a internet está fazendo com o nosso cérebro?

Outro dia, o Braincast falou sobre a década de 1990, como as coisas eram no final do século 20. Parece loucura pensar que já estamos quase na metade da segunda década do século 21 e que já existe uma geração inteira por aí que não consegue imaginar um mundo sem internet e todas as tecnologias e mudanças sociais que ocorreram desde então. Só que ao mesmo tempo em que a web proporcionou avanços incríveis, ela também fez com que o ser humano regredisse em incontáveis aspectos, um deles ligado diretamente à criatividade, aprendizado e a maneira como raciocinamos.

Afinal, o que a internet está fazendo com o nosso cérebro?

Se você nunca se perguntou isso, talvez agora seja um bom momento para pensar a respeito. Pensar. Será que a gente se lembra como fazer isso de verdade, de maneira consciente e não no piloto automático? Às vezes tenho a impressão de que nós, seres humanos, estamos nos esquecendo como desempenhar funções básicas, não porque evoluímos e aprendemos algo novo no lugar, mas porque simplesmente desaprendemos deixando que uma máquina faça tudo por nós. E por mais que a gente pense que o acesso à informação está cada vez mais democrático, ao mesmo tempo a maneira de encontrar esta informação não é nada democrático, já que apenas alguns poucos “escolhidos” são capazes de desenvolver algoritmos para tal.

Ou seja: você joga uma busca no Google, que devolve os resultados para você, mastigados segundo o que aquela combinação de algoritmos definiu. Geralmente, a gente acaba se dando por satisfeito e pronto, fica por isso mesmo. Daí, me ocorreu o seguinte:

Será que o Google está matando a nossa curiosidade, criando uma falsa sensação de saciedade?

Já tem algum tempo que eu tenho pensado a respeito e tenho certeza de que nós – eu, você e outras pessoas – não estamos sozinhos na busca por respostas a estes questionamentos, especialmente se você faz parte daquela parcela da população que se lembra de como era o mundo analógico, quando as pesquisas para a escola eram feitas em bibliotecas (Barsa e Guia do Estudante, quem nunca?) e você precisava esperar meses para ouvir uma música nova ou assistir a um filme.

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Não, eu não estou sendo saudosista, nem reacionária, adoro poder ouvir a música nova do David Bowie no exato momento em que ela é lançada. De não precisar deixar o videocassete gravando um programa na MTV, só para poder assistir ao videoclipe deste ou daquele artista. Eu só acho que talvez seja exatamente por conta desta facilidade que as coisas estão se tornando cada vez mais superficiais e efêmeras, por assim dizer.

Daí eu te pergunto: que história tem aquele filme ou aquela música que você baixou da internet?

Tudo se tornou consumível, reciclável. Você consome uma coisa e, quando se cansa dela – o que ocorre com rapidez cada vez maior – vamos para a próxima. Não existe mais aquela coisa de se criar uma expectativa e, quando ela finalmente chega, você vai e curte durante um bom tempo, até se cansar. E, quando se cansa, não joga fora ou recicla. Você guarda. Eu tenho um monte de livros e discos aos quais sou apegada porque tive de esperar por eles. Cada um tem sua própria história, que faz parte da minha história, representa um momento da minha vida ou uma lembrança.

Mas, voltando à rapidez, será que com um volume tão grande de informação, a uma velocidade tão absurda, a gente consegue reter alguma coisa? O Epipheo Studios (que tem o Google entre seus clientes), fez uma entrevista com o escritor Nicholas Carr sobre esse assunto e criou uma animação muito legal e altamente esclarecedora, What the Internet is Doing to Our Brains.

Se você não ligou o nome à pessoa, Nicholas Carr é o autor de A Grande Mudança e, mais recentemente, Geração Superficial.

Carr explica que nós nos tornamos uma espécie de dependentes digitais, que precisam ficar checando emails, smartphones e afins o tempo inteiro – curiosamente, uma espécie de evolução de instintos pré-históricos. Isso pode ser prejudicial por várias razões, mas uma delas está ligada diretamente à nossa capacidade de aprendizado, denominada consolidação da memória. É o processo que leva a informação da memória recente para a memória de longo prazo e permite que a gente crie conexões entre elas.

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Na prática, sabe quando você começa a fazer alguma coisa, mas daí o telefone toca ou você recebe uma mensagem, e no segundo seguinte esquece completamente o que ia fazer? É mais ou menos isso: você lê alguma coisa, mas na hora de o cérebro transferir os dados, uma interrupção qualquer acaba causando um pau na HD.

E Deus falou: só a atenção salva…

Ok, não foi Deus quem disse isso. Foi Nicholas Carr, só que com outras palavras. Mas acho que você entendeu a ideia. Quer “salvar” uma informação na sua memória de longo prazo? Preste atenção no que está fazendo e evite distrações. Acredite, isso é um fator determinante entre criar alguma coisa ou apenas reproduzir algo que você viu.

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Parece complicada essa coisa de se desligar mas, de fato, eu acredito que seja possível haver um equilíbrio entre digital e analógico, aproveitando-se o melhor dos dois universos. É muito prático ter uma biblioteca inteira em um tablet, mas não existe nada como o cheiro de livro novo (ou velho, em alguns casos). Sem contar que o tablet sempre tem muito mais do que livros, mas um monte de outras distrações que podem se tornar muito mais atraentes do que a leitura em si. Já o livro… é você e ele.

A era digital é ótima, mas imaginação e curiosidade para continuarmos em frente é essencial. E isso só cultivamos com um cérebro bem nutrido de realidade, informações, referências, histórias, experiências e até algumas distrações, desde que sua memória não seja prejudicada.

Se esse assunto já acabou? De forma alguma. Essa conversa só está começando.

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Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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Ação apresenta banco online com concerto mobile

Você compra um ingresso para assistir a uma orquestra tocar, mas quando chega ao concerto percebe que há algo de errado. Os instrumentos musicais foram substituídos por… celulares. Na minha imaginação, foi assim que os criativos da B-Reel começaram a apresentar o conceito da ação Mobile Concert para seus clientes, o Hello bank! 

A ideia era criar uma espécie de armadilha para o público, com um concerto apresentado com “instrumentos” digitais. A reação dos espectadores diante do inesperado é bacana, alguns sacam rapidamente que estão fazendo parte de algum tipo de pegadinha, enquanto outros se deixam levar pelo espetáculo.

Abaixo, dois vídeos, um com os bastidores deste projeto e outro com a versão longa da ação.


Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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Mod Men: O mundo de Mad Men através das lentes do século 21

Cinquenta anos separam o cotidiano dos Mad Men e o nosso atual dia a dia. É impossível deixar de pensar no que aqueles criativos fariam hoje em dia, quando as ferramentas disponíveis são praticamente ilimitadas. Para marcar o início da sexta – e penúltima – temporada, a equipe do Shutterstock criou  Mod Men, uma série de seis ilustrações retratando objetos de uso diário dos Mad Men em 1963 vistos através das lentes do século 21.

Don Draper, por exemplo, era obrigado a levar quilos de papéis em sua pasta. Nada que uma nuvem não resolvesse em 2013…

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Joan Harris seria muito mais feliz com um iPad para substituir seu bloco de notas. Sem contar que a tecnologia ajuda a conter o desperdício.

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Abaixo, dois bons exemplos de uma tendência transformadora dos últimos 50 anos: saem a bebida e o cigarro de Roger Sterling e Betty Francis – os “refrescos” do escritório e alívio contra o estresse para entrar alternativas muito mais saudáveis, como a vitamina de frutas e yoga.

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Pete Campbell ganharia tempo se seus contatos estivessem organizados em agendas virtuais, em vez de um rolodex.

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Se você já trabalhou com máquinas de escrever e hoje tem um computador à disposição, sabe bem o quanto isso é revolucionário. Antigamente, quem cometia um erro de datilografia (hoje digitação), tinha 2 opções: rasurar o trabalho tentando apagar ou começar tudo de novo. Pelo menos naquela folha. E, sim, havia casos que não permitiam rasuras. Peggy Olson certamente economizaria muito papel com um computador, mas por outro lado não desenvolveria a habilidade de acertar de primeira, como alguns representantes da era Mad Men faziam.

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Anos 80: A Década que nos Criou

Há quem ame e quem odeia a década de 1980. Fato é que aqueles 10 anos foram essenciais para chegarmos onde estamos hoje. E é exatamente isso que promete mostrar a série The 80s: The Decade That Made Us, que o canal National Geographic deve estrear ainda este mês nos Estados Unidos. Conteúdo é o que não falta. Afinal, os anos 80 estão repletos de fatos e histórias determinantes na política, cultura, tecnologia, entretenimento e ciência.

Alguns destes momentos são lembrados no comercial criado pela The Corner London – também responsável pelo banho de tinta azul que a Adidas deu nos jogadores do Chelsea -, que utilizou um cubo de Rubik para misturar imagens atuais com fatos históricos, como a queda do Muro de Berlim, o acidente com o ônibus espacial Challenger, a Apple, a mão de Deus… para fechar em grande estilo com Don’t You (Forget About Me), canção do Simple Minds que foi trilha sonora de outro ícone da década, o filme Clube dos Cinco.

Se você é fã saudoso da década de 80 e nada disso te fez chorar ainda, então acesse o hotsite criado pela Mullen,  Explore the 80?s, que permite navegar por assuntos como cinema e televisão, música, cultura e sociedade, notícias e eventos, ciência e tecnologia, moda e estilo, comida, diversão e games, escolhendo qualquer ano entre 1980 e 1989. Aqui eu falo mais a respeito. Imperdível.

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Activision mostra a animação facial mais realista que existe

A tecnologia de captura de movimentos de “L.A. Noire” foi um marco para a atual geração de games, adicionando realismo e aproveitando totalmente a performance dos atores. Aliás, a proposta não era apenas estética, mas também conceitual, já que decisões do jogador deveriam ser tomadas com base na interpretação dos personagens.

Porém, para os novos consoles, as expressões faciais prometem ser ainda mais realistas. A demonstração feita pela Activision no vídeo acima já nos dá uma amostra das possibilidades. O personagem foi animado em tempo real, utilizando um hardware atual e acessível.

Activision

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New Balance cria tênis customizável com impressão 3D

Há um mundo novo que se anuncia nos próximos anos. Ao invés de comprar algo num e-commerce e esperar a entrega pelo correio, será possível baixar o projeto e imprimir o produto em casa. Ok, esta previsão não é nova, mas quando um projeto dá um passo em direção a este futuro glorioso em que as pessoas fariam download de tudo, e eu disse tudo, é impossível não ficar minimamente empolgado.

O projeto da vez é da New Balance. Ela criou um tênis que pode ser completamente moldado de acordo com as necessidades do atleta e então impresso em instantes. O anúncio da empresa deixa claro que, neste momento, a novidade reserva-se a atletas de ponta patrocinados pela companhia.

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Mas por que não especular sobre o tempo que levará para podermos moldar nossos pés em casa, com câmeras do celular, do Google Glass ou do que vier por aí, criar um projeto pela Internet e comprar ou ainda baixar projetos abertos de nossos calçados do futuro? Quem viver, verá.

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Os 80 anos da Nikkor

Pra quem não conhece, a Nikkor é a marca que produz lentes dentro do grupo Nikon Corporation. Quando criada, a idéia era investir nessa frente de negócios como a linha de mais alta qualidade e tecnologia na produção de lentes. Mas nos últimos anos, praticamente todas as lentes Nikon possuem a mesma qualidade de produção.

E vendo esse vídeo, fica claro porque essas belezinhas custam tão caro.

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Beck participa de Hello, Again, novo projeto da Lincoln

As ações em torno do renascimento da Lincoln Motor Co. acabaram de ganhar mais um capítulo com o projeto Hello, Again. Após chamar o público para colaborar com o roteiro do comercial do Super Bowl 47, a marca aproveitou o Grammy Awards para dar continuidade ao seu processo de renascimento/reinvenção convidando Beck para “reimaginar” Sound and Vision, música de David Bowie. Mas não para por aí. A ideia não é apenas se inspirar em algo antigo e transformá-lo em algo novo, mas também aproveitar as tecnologias disponíveis para reinventar a maneira como o público ouve a música, tarefa que coube ao diretor Chris Milk. A transmissão disso tudo acontecerá na noite de quarta-feira.


A primeira diferença desta nova experiência sonora poderá ser notada no local da apresentação, já que os 160 músicos participantes irão cercar o público em uma espécie de palco giratório, criando uma experiência imersiva. Quem acompanhar o show de casa também poderá sentir a diferença graças às câmeras e aos microfones da chamada binaural head. O gadget nada mais é do que um aparelho de gravação em forma de uma cabeça humana com várias orelhas, capazes de captar o som da maneira como os seres humanos ouvem, reproduzindo a mesma sensação de quem estiver acompanhando a apresentação ao vivo.

O conceito disso tudo também está no novo comercial da Lincoln.

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IBM prevê computadores com sentidos humanos

Você consegue imaginar como será a sua vida daqui a 5 anos? E o mundo, como estará no final de 2017 e qual será o papel da tecnologia no futuro? Desde 2006, a IBM tem feito algumas “previsões” dentro do projeto Smarter Planet – 5 in 5: anualmente, pesquisadores palpitam sobre 5 inovações que se tornarão realidade dentro de 5 anos. Recentemente, a marca divulgou seis vídeos com as apostas para os próximos anos: computadores vão se comportar, pensar e interagir como seres humanos.

Mais ainda: as máquinas terão seus próprios 5 sentidos: será possível tocar a tela do seu smartphone e sentir o que você está tocando. Os computadores serão capazes de enxergar e entender imagens, ouvir o que importa, saber o que alguém gosta de comer mais do que a própria pessoa ou ainda poderão distiguir cheiros. Parece impossível? Hoje, talvez, eles não passem de calculadoras gigantes, como diz Paul Bloom, da IBM, mas quem sabe daqui a 5 anos?

Cá entre nós, não consegui assistir a nenhum destes vídeos sem pensar na Skynet, mas também nas inúmeras possibilidades de integração entre digital e analógico. Avanços como estes poderão, mais uma vez, revolucionar a maneira como nos comunicamos e nos relacionamos. É esperar para ver.





 

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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