Treatings, um Tinder para buscar conselhos sobre carreira e negócios

Uma das principais dicas da maioria dos grandes executivos do mercado é buscar conselhos profissionais com colegas ou mentores. Só que nem sempre isso é fácil – depende da disponibilidade das pessoas, da sua área de trabalho e do quão afim elas estão de palpitar nas suas iniciativas e dilemas de carreira.

Visando facilitar essa conversa e criar pontes entre pessoas com interesses mútuos, surgiu a Treatings, uma startup nova-iorquina que é uma espécie de Tinder para negócios. O intuito básico é conectar na vida real pessoas que estejam trabalhando ou empreendendo em ramos similares.

O funcionamento é razoavelmente simples: você conecta a sua conta do Treatings com o LinkedIn, de onde o serviço puxa o seu currículo e principais habilidades, e depois pode marcar assuntos que te interessem e cafeterias ao redor que sejam as suas favoritas. A partir de então, o usuário pode tanto ativamente procurar profissionais específicos – quem sabe um desenvolvedor, ou um especialista em determinada área para avaliar a viabilidade da sua iniciativa – quanto aguardar que o sistema aponte outros profissionais que possam ser seus colaboradores, incentivadores ou ‘palpiteiros oficiais’.

O Treatings é como um Tinder para negócios: se houver interesse recíproco, o sistema coloca as pessoas em contato e sugere que tomem um café juntas.

O Treatings também usa um pouco da ideia de funcionamento de aplicativos de paquera online como o Tinder, permitindo marcar pessoas com quem você se interessaria em bater um papo e tomar um café. se houver interesse recíproco, o sistema coloca as pessoas em contato para agendar o encontro.

Por enquanto o Treatings tem cerca de 3 mil usuários cadastrados, a grande maioria deles dentro dos EUA. Tanto que ao tentar acessar o serviço, fui avisada de que não existem brasileiros (ou paulistas, ou joseenses) o suficiente para que o sistema possa me recomendar pessoas com interesses mútuos. No entanto, de acordo com que o Treatings for ganhando mais adeptos, a situação deve mudar.

Os fundadores da Treatings na cafeteria que mais gostam.

Os fundadores da Treatings na cafeteria que mais gostam.

Uma curiosidade é que a empresa, que foi fundada em 2012 por dois jovens profissionais do setor financeiro, funciona dentro da biblioteca da New York University. Ao invés de alugar um espaço caríssimo em Manhattan, Paul Osetinsky e Hayden Williams se tornaram ‘amigos da biblioteca’ e pagam uma taxa anual para poder utilizar o Wi-Fi, as máquinas de xerox e as salas de reunião do local. 

Quem sabe o Treatings pode ser uma boa pra quem já cansou a orelha dos amigos importunando sobre suas ideias que futuramente renderão milhões de dólares, ou quem está em busca de mentoria, mas não sabe onde buscar. Além disso, é uma ótima forma de trocar conselhos por cafezinhos. Porque como já diz o ditado popular, conselhos bons nunca saem de graça.

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Deutsch LA cria comercial para divulgar startup de funcionário

Na Deutsch LA existe um programa chamado Side Project Project, que tem por objetivo oferecer recursos da agência para apoiar projetos paralelos de funcionários. Um exemplo é TheBouqs.com, uma startup que “está tentando revolucionar o comércio online de flores”, segundo conta Jeff Sweat, diretor de RP e mídias sociais. Para divulgar o serviço, a Deutsch se mobilizou para criar um comercial, Be a Better Guy.

“Nós queríamos nutrir uma cultura empreendedora que celebrasse as paixões de nossos funcionários, em vez de fazer com que eles os escondessem”, explica Sweat.

A ideia por trás da startup é tornar o envio de flores ainda mais fácil e simples, especialmente para os homens, público-alvo da empresa. Entre os serviços oferecidos está, por exemplo, um concierge que ajuda a lembrar datas importantes. O comercial vai um pouco além e mostra aquelas pisadas de bola – umas menores, outras maiores – mas que podem ser contornadas com o envio de flores.

The Bouqs.com é um projeto paralelo do redator David Plafchan e o comercial acima contou com a colaboração da Park Pictures e o diretor Jake Schreier.

No final, só nos resta imaginar como será que o criativo se sentiu ocupando o lugar do cliente?

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Interlude assina o primeiro clipe oficial de Like a Rolling Stone, de Bob Dylan

Desde ontem, um dos assuntos que tem se destacado no noticiário de música e entretenimento é a criação do primeiro clipe oficial de Like a Rolling Stone, de Bob Dylan. Lançada em 1965, a canção ganhou inúmeras versões de respeito – Jimi Hendrix e Rolling Stones assinam duas delas, só para citar -, e quase meio século depois ainda conserva intacta sua essência provocante. A tarefa de traduzir tudo isso em imagens, e ao mesmo tempo oferecer uma experiência interativa ao público, foi passada a startup israelense Interlude.

Sob o comando de Yoni Bloch, a Interlude criou uma tecnologia que permite que os usuários desempenhem um papel mais ativo nos vídeos que assistem – o que a startup define como “um novo mundo do storytelling“. De forma bastante resumida, cada um escolhe o que quer assistir e, até certo ponto, determinar o que acontece a seguir em clipes, comerciais e vídeos online.

No caso de Like a Rolling Stone, são 16 canais disponíveis, exibindo programas da TV norte-americana. Não importa qual deles o usuário escolha, sempre será possível ver os atores dublando a música, que segue tocando normalmente. Não por acaso, é possível criar inúmeras conexões entre os “programas” escolhidos e a letra de Dylan. Isso sem contar que, cada vez que alguém assistir ao clipe, terá uma experiência diferente da anterior.

O clipe interativo de Like a Rolling Stone marca o lançamento de The Complete Album Collection Volume 1, e pode ser conferido aqui. A produção inclui, ainda, a Pulse Films e Walter Pictures.

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Coin promete transformar todos os seus cartões de crédito e débito em apenas um

Com a possibilidade de armazenar as informações de oito cartões de crédito, débito ou fidelidade, Coin – uma nova startup de San Francisco – promete deixar a sua carteira bem menor. Funciona como uma espécie de cartão eletrônico, controlado por um botão circular no topo, e que pode ser utilizado normalmente em qualquer máquina de cobrança e caixas automáticos.

O gadget utiliza uma faixa magnética especial, e os dados são inseridos no Coin através do aplicativo para smartphone, que são depois sincronizados via Bluetooth. Na momento de um pagamento ou saque, o usuário seleciona o cartão desejado com o botão – visualizando os últimos quatro dígitos, data de validade e código de segurança na pequena tela de LED.

Coin

A inovação ainda tem dispositivos de segurança, que alertam via app se a pessoa estiver distante demais do cartão – em caso de perda ou roubo – e permitindo a eliminação dos dados remotamente.

Coin está atualmente em pré-venda no site onlycoin.com, custando 50 dólares com entrega prometida para a metade de 2014. O preço normal depois do lançamento será de 100 dólares. Mas cuidado, não há garantia de que funcione em outros países além dos EUA.

É uma fantástica ideia para transformar todos os seus cartões em apenas um, com pode ter grande apelo popular, porém, assim como eles, o gadget também tem data de expiração. A bateria tem previsão de duração de dois anos, sem possibilidade de carregamento.

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Autoajuda para startups

Frases feitas ditas pelos imperadores do Vale do Silício se espalham como vento pelos ambientes corporativos e palestras em todos o mundo. Agora você pode ter essas tuitadas de sabedoria nas paredes da sua empresa, mesmo que seja apenas para descobrir que, na hora do vamover, nem tudo funciona como essas platitudes.

Vende na Startup Vitamins.

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Netflix e o fim da TV como conhecemos

Há alguns meses, enquanto assistia “House of Cards”, me perguntei em determinado momento se a excelente série seria passível de indicação a prêmios e celebração pela indústria de televisão. Afinal, não era precisamente TV, na forma que estávamos acostumados, e sim conteúdo de um serviço online que tem seus detratores e é visto como ameaça por grande parcela do mercado. Mas como ignorar uma produção em alto nível, com nomes como David Fincher e Kevin Spacey envolvidos?

A resposta veio na sexta-feira passada, no anúncio da Academia Nacional de Artes & Ciências Televisivas, com “House of Cards” acumulando nove indicações – mais três para “Arrested Development”, e duas para “Hemlock Grove” – ao Emmy 2013. Isso é histórico. São 14 indicações no total para a Netflix, que agora compete de igual pra igual com todas as outras tradicionais emissoras de televisão, na panelinha que dominavam, incluindo a toda-poderosa HBO e sua mastodôntica “Game of Thrones”.

Esse reconhecimento reacendeu os discursos de revolução no consumo da mídia, 15 anos após “The Sopranos” ter sido a primeira produção de TV paga reconhecida pelo mesmo Emmy. Não precisa ser nenhum entusiasta – ou cair na batida discussão velhas mídias contra novas mídias – para perceber que estamos testemunhando uma reviravolta na indústria e, principalmente, a concretização de uma ideia que tinha tudo para falhar. E ainda tem.

Reed Hastings, CEO

Reed Hastings, CEO

O sonho digital

Reed Hastings sempre foi considerado um empreendedor silencioso, um caso raro de faz primeiro para depois falar (e mandar press release), ciente de seu lugar frente aos gigantes conglomerados que dominam um negócio bilionário há décadas. Hastings nunca comprou brigas públicas ou fez discursos inflamados. Desde que fundou a Netflix em 1997, entregando DVD via correio, foi chamado inúmeras vezes de gênio, mas também de lunático idealista.

Com 30 milhões de assinantes, a Netflix é responsável por 1/3 do consumo de toda a banda na América do Norte nos fins de semana

Em 2011, já considerado “culpado” pelo fim da Blockbuster e acumulando 15 milhões de assinantes que “alugavam” DVD’s, Hastings decidiu separar seus modelos de negócio. Criou o Qwikster para lidar com os discos de plástico, deixando a Netflix exclusiva como serviço de streaming online, fazendo jus, finalmente, ao seu nome: Netflix, e não “DVD em casa”.

A reação foi a pior possível, tanto por parte dos consumidores, que debandaram em número alarmante (mais de 800 mil), como de Wall Street. As ações da empresa despencaram 60%, o que fez Hastings pedir desculpas e voltar atrás na decisão. Visto como um jogador de xadrez paciente até então, o CEO admitia que estava indo rápido demais em busca do sonho 100% digital.

Posso estar sendo romântico demais, mas é justamente esse idealismo que vejo como fundamental na estratégia vencedora da Netflix. Reed Hastings permaneceu estoico, sempre apostando na mudança do consumo de TV, com vídeo na nuvem, sendo distríbuido online sob demanda em qualquer dispostivo. Poucos tem estômago para arriscar sistematicamente, ainda mais depois de um fiasco como o Qwikster, e é nesse momento que vemos muitas startups alterarem sua filosofia para se encaixarem numa imposição de mercado. Falar em revolução depois que ela já está em curso é fácil.

A justificativa do CEO para dividir a companhia em duas era a necessidade de dar foco ao streaming online, imaginando o futuro não tão distante no qual acreditava. Atualmente com 30 milhões de assinantes, a Netflix é responsável por 1/3 do consumo de toda a banda na América do Norte nos fins de semana, superando YouTube, Hulu, Amazon, HBO Go, iTunes, e BitTorrent combinados. É, acho que ele tinha alguma razão.

Netflix

Com ajuda do YouTube e Xbox

Em 2000, uma equipe de engenheiros da Netflix criou o primeiro sistema próprio de streaming. Eram necessárias 16 horas para fazer download de um filme. Inviável, óbvio. Em 2003, Reed Hastings insistiu, dessa vez montando um PC com Linux de 300 dólares, que levava duas horas para baixar um filme.

Esse tipo de equipamento, aliás, foi a origem de centrais multimídia como Roku, Boxee, e similares, mas na Netflix o projeto foi engavetado até 2006. Foram os três anos necessários para o mundo digital já estar diferente. A banda larga tinha atingido velocidade e alcance bem maior, e algo recente começava a mudar o comportamento das pessoas: o YouTube.

O YouTube mudou a maneira como nos relacionamos com vídeos. Não precisamos mais ser donos de discos ou arquivos.

Hoje notoriamente a maior plataforma de vídeos do mundo, o YouTube foi o grande responsável por perdermos a noção de que precisamos ser donos dos vídeos. Você entra no site, busca e assiste o que procura, em vez de comprar discos prateados ou baixar arquivos para guardar no computador.

Já existia streaming bem antes do YouTube, claro – quem não se lembra do nada saudoso RealPlayer? – mas jamais na qualidade e velocidade apresentadas pela tecnologia criada por Chad Hurley e Steve Chen em 2005. O YouTube alterou nossa relação com vídeo online, abrindo caminho também para o tão desejado plano da Netflix.

Outra mudança essencial na história da empresa foi a decisão de Hastings de que não estavam no negócio de hardware, e sim no de prestação de serviço. A Netflix deveria estar presente nos dispositivos que as pessoas já tinham. TV’s, PC’s, consoles, player’s de DVD/Blu-ray, iPod’s, smartphones, tablet’s, e no que mais fosse possível instalar um aplicativo. Números do primeiro trimestre de 2013 indicam que mais de 4 bilhões de horas de vídeo foram assistidas em cerca de 1000 modelos diferentes de eletrônicos.

Netflix

O acordo com a Microsoft para incluir o app de Netflix no Xbox foi crucial, num momento, aliás, em que a gigante de Redmond já planejava transformar seu console em mais do que um videogame. Atualmente é comum falar no Xbox ou PlayStation como centros de entretenimento na sala de estar, mas até então eram vistos apenas como equipamentos relegados ao quarto da criança/adolescente, ou do pai que domina a sala para jogar FPS nas horas vagas (ou não).

Em três meses disponível na Xbox Live, a Netflix conquistou 1 milhão de novos assinantes. Grande parte desse público jamais tinha tocado num videogame antes: as mulheres. Mais tarde, acordos com Samsung e Sony ampliaram a oferta de eletrônicos com o aplicativo pré-instalado. As chamadas Smart TV’s e players DVD/Blu-ray saem de fábrica com Netflix em destaque.

Hackeando Hollywood

Após garantir presença no dia a dia das pessoas, a Netflix precisava de mais do que filmes antigos e velhos seriados para atrair a atenção de novos assinantes. Reed Hastings queria os blockbusters, e assim enfrentaria suas duas maiores barreiras: Hollywood e as emissoras de TV.

O pulo do gato da Netflix foi explorar uma brecha contratual, que colocou o serviço online no mesmo patamar das emissoras de TV a cabo

Comprar e alugar DVD’s era um negócio que não exigia nenhuma barganha, e alterar o sistema “tudo o que você puder consumir por um preço fixo” no streaming – se transformando num pay-per-view comum – também não estava nos planos da empresa. Ou seja, as negociações à lá Steve Jobs com as gravadoras, que fizeram a iTunes Store ser possível, não serviriam.

Primeiro a Netflix utilizou o que é hoje seu maior ativo – as estatísticas de consumo dos usuários – para mostrar aos estúdios de Hollywood que seria capaz de transformar filmes menores e obscuros em sucessos no streaming. Os acordos com canais de TV tradicionais, que compram em pacotes, exigem o comprometimento dos estúdios por uma determinada quantidade de blockbusters, com atores famosos incluídos, já o serviço sob demanda trabalharia com o conceito de cauda longa.

Em segundo lugar, a companhia encontrou uma maneira de hackear o velho sistema de janela da indústria de filmes. Para quem não está familiarizado, explico: a janela é uma engrenagem que há muito tempo regula o lançamento de um filme, em diferentes meios e formatos, através de intervalos de tempo.

Depois que a produção é exibida nos cinemas, leva alguns meses para ser lançada em home video e pay-per-view. Mais algum tempo depois, canais premium de TV paga – com contratos de exclusividade que podem somar 2 bilhões de dólares ao ano – ganham o direito de exibir o título. Depois de mais alguns meses, é que o filme chega em outras emissoras de TV a cabo, e leva anos para ser exibido em TV aberta.

David Fincher, Kevin Spacey e Kate Mara no set

Fincher, Spacey e Kate Mara no set

O sistema de janela pode “prender” um filme por quase uma década. É verdade que os intervalos tem sido cada vez menores, muito para aproveitar as milionárias campanhas de marketing, mas ainda assim as exclusividades de lançamento são para as redes que conseguem barganhar o melhor acordo. Filmes da Warner Bros, por exemplo, estreiam primeiro na HBO.

O pulo do gato da Netflix foi explorar uma brecha contratual, que colocou o serviço online no mesmo patamar das emissoras de TV a cabo. Em 2008, uma negociação com o canal premium Starz adicionou de imediato 2500 novos títulos na biblioteca do serviço de streaming. É óbvio que viria pressão de Hollywood e das provedoras de TV, desencorajando a iniciativa, mas com mais filmes vieram mais assinantes, e quanto mais assinantes, mais dinheiro. Como disse Hastings em entrevista:

“Se gerarmos dinheiro suficiente para os estúdios, poderemos conseguir o conteúdo que quisermos.”

Dessa forma, a Netflix passou a costurar seus contratos diretamente com os estúdios, aumentando a oferta de conteúdo na nuvem e com presença maciça nos dispositivos mais populares em diversos países. Existe uma previsão de que a empresa vá gastar pelo menos 5 bilhões de dólares nos próximos anos em licenciamento de filmes e séries.

Big Data

Netflix

O surgimento de concorrentes é constante, seja das próprias emissoras, provedoras de TV ou até de estúdios, sem contar a iminente entrada da Amazon, Google e Apple no mesmo modelo de negócio, mas a Netflix parece ciente do seu verdadeiro trunfo.

Reed Hastings e sua equipe – hoje com mais de 2000 funcionários – aperfeiçoaram o que hoje é moda chamar de big data com seu sistema de recomendação. O grande segredo da Netflix é seu algoritmo, que busca adivinhar o que as pessoas querem assistir a seguir. A empresa acredita que quando um assinante gosta de um filme que viu através do serviço, mais ele estará conectado emocionalmente com a marca.

Em média, a cada três filmes assistidos, o usuário gosta realmente de um. Se a proporção aumentar de dois pra três, mais a Netflix será relevante na vida do consumidor. Sendo assim, existe um grande investimento para melhorar a taxa de acertos do sistema. Isso é feito não apenas com os ratings registrados pelos usuários, mas também com as informações de quando o espectador pausa, avança ou retrocede um vídeo, bem como dias e horários preferidos de cada um. Toda essa massa de dados reunidos rege os próximos negócios do serviço.

As estatísticas servem, inclusive, para melhorar a performance dos 20 mil servidores Amazon com 3.14 petabytes de vídeo que a Netflix faz uso. Toda noite, uma análise gera um relatório que mostra os filmes e séries mais vistos do dia. Se determinado título se populariza em uma cidade, ele é automaticamente transferido para memórias flash de alta velocidade, garantindo o streaming mais rápido naquela região. O mesmo é feito com os diferentes formatos de arquivo, com o sistema buscando rapidamente o vídeo compatível para o gadget do usuário.

Conteúdo original

Netflix

Com investimento em produções próprias, a Netflix derrubou o último bastião que a separava de ser tratada como um canal de TV. E nesse quesito podemos considerar duas grandes revoluções de abordagem.

A primeira é com os próprios criadores. Muitos se perguntam como a Netflix conseguiu atrair David Fincher e Kevin Spacey para “House of Cards”, e a resposta é bem simples: liberdade. Diferentemente das imposições dos canais de TV na obsessiva busca por mais audiência, a Netflix deu carta branca aos produtores e roteiristas da série. É assim que você, sem verba ilimitada, faz um dos diretores mais requisitados de Hollywood apostar na sua ideia

Depois vem a mudança na relação com os próprios espectadores. Não mais um episódio por semana, que é o modelo que a televisão usa para maximizar os lucros com muita publicidade no meio, e sim todo o pacote entregue de uma vez. A Netflix lança todos os episódios das suas séries originais ao mesmo tempo, apostando no chamado “binge view”, a maratona em frente a TV.

A decisão foi condenada por diversos especialistas do mercado, mas Reed Hastings continua acreditando na mesma filosofia desde o início: tudo o que você puder consumir, quando e onde quiser.

Quando conversei com Gabriel Rodrigues-Nava, Community Manager da Netflix na América Latina, perguntei se existiam planos de inserir publicidade antes, durante ou depois dos episódios, e a resposta foi taxativa: “Fora de questão”. Isso não impede, claro, a propaganda através de product placement. PlayStation e Pizza Hut são duas das marcas que aparecem inseridas na trama de “House of Cards”, por exemplo.

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Novas regras (ou o fim delas)

A conta da Netflix ainda não fecha como Wall Street gostaria. Do 1 bilhão de dólares em receita, foram 57 milhões de lucro. A pequena margem é explicada pelos caros contratos de licenciamento, cada vez mais excruciantes, e pelo inédito investimento em produções originais. Os 13 episódios de “House of Cards” custaram aproximadamente 100 milhões de dólares.

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Analistas dizem que, para ser sustentável, a Netflix deveria manter uma base de 40 milhões de assinantes somente nos EUA. Mas Reed Hastings sonha mais alto. Ele quer 90 milhões de usuários americanos, considerando até que esses desistam de pagar TV a cabo, 90 dólares/mensais em média.

A empresa não revela números no Brasil, mas diz que continua crescendo sua base mesmo com o recente aumento no valor da mensalidade, de R$ 14,90 para R$ 16,90. De qualquer maneira, por aqui já incomoda faz tempo, até com propostas da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA) de regulamentar (leia-se, blindar) o segmento.

As probabilidades de tudo dar errado ainda existem. O investimento em conteúdo original pode fazer os estúdios, com os quais existe acordo, enxergarem a Netflix como concorrente. A dependência dos servidores Amazon, em vez de possuir infraestrutura própria, também é vista como ameaça. A entrada da Apple e da própria Amazon no negócio pode alterar completamente o panorama atual. Sem contar o catálogo ainda fraco em diversos países, incluindo o Brasil.

Porém, como eu disse no começo, correndo o risco de ser leviano, afinal, “money talks”, as suposições e os números da Netflix são detalhe – pelo menos nesse momento – perto do impacto incalculável que a empresa está causando na indústria de entretenimento. É um pioneirismo que mudou o mercado, que corre para se adaptar, e que mudou nossa relação com a televisão. É só experimentar Netflix por algum tempo, ou algum concorrente que seja – nacionais temos o NET NOW, Telecine On e Vivo Play, por exemplo – para perceber como a tal “grade de programação” é arcaica, e como é cada vez mais ridículo precisar marcar hora para assistir algo na TV convencional. É também questão de tempo para as transmissões ao vivo se democratizarem para outras telas e formatos.

Em carta aberta publicada em abril passado, Reed Hastings cita Francis Underwood de “House of Cards” e revela sua visão para o futuro da TV. A internet vai substituir a programação linear, aplicativos substituirão canais, controles remotos irão desaparecer, e telas irão proliferar.

Isso deixa claro como a internet nunca vai matar a televisão, como um dia se afirmou, mas vai alterando completamente, em um ritmo mais acelerado do que os conservadores gostariam, o seu modo de existir e se relacionar com os espectadores. E lembre-se, ainda nem estamos considerando a força e infinidade do conteúdo em vídeo gerado diariamente pelas pessoas na web. Não deve demorar mais 15 anos até uma websérie no YouTube ser indicada ao Emmy.

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Quora agora também é blog

O site de perguntas e respostas, Quora, anunciou recentemente que está lançando um novo produto: plataforma de blog. Além de postar e responder perguntas, o usuário agora pode manter seu próprio blog dentro do Quora.

“O site é um poderoso sistema de distribuição para blogueiros porque os posts serão incluídos quando usuários pesquisarem perguntas, tópicos ou feeds personalizados” – Marc Bodnick, blog Quora

Quora pretende se tornar um lugar onde milhões de pessoas entram para aprender sobre algo e compartilhar o que sabem. Os usuários ativos estão em uma média de 30 mil visualizações mensais e 350 mil anuais. Os mais ativos, 90 mil visualizações mensais e 1 milhão anual.

As respostas no site muitas vezes se tornaram virais. Usuários ativos costumam postar parte de seus próprios blogs como respostas às perguntas, o que fez a startup investir nesse potencial.

Sabendo que 25% do tráfego para o site é mobile, o blog Quora também está disponíveis via aplicativo para iPhone, com editor de texto mobile.

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Aplicativo The Taploid propõe a curadoria de… fofocas

A gente tem visto todo tipo de startups por aí, propondo tudo quanto é serviço, até mesmo a curadoria de… fofocas. Em alguns países, os tabloides são uma espécie de tesouro nacional – Inglaterra e Estados Unidos são bons exemplos disso. The Taploid vai um pouco além ao fornecer um serviço curioso: em vez de falar sobre a vida de celebridades, este aplicativo serve para manter o usuário atualizado sobre seus amigos em suas redes sociais.

Basicamente, o app pega algumas publicações de seus amigos e edita isso com manchetes de revistas de fofocas. No site do The Taploid, ele explicam que usam tecnologias como a NLP (natural language processing) para criar mecanismos que busquem cadeias de eventos nas redes sociais. Com estes dados são criadas “revistas de fofocas” que mantêm o usuário informado sobre seus amigos. Daí surge a primeira questão: você usaria este tipo de serviço? Será que alguém vai inventar uma ação de marketing com isso?

De qualquer maneira, o blog do The Taploid merece uma visita, pois conta com algumas informações bem interessantes. Em um dos posts, há uma defesa sobre a importância social da fofoca, chancelada por um estudo da University of California em Berkeley. A conclusão é que as fofocas sempre existirão e não há formas de impedi-la, pois elas exercem uma espécie de função social. A melhor maneira de lidar com isso, então, é se tornar responsável pela maneira como as pessoas se envolvem com a fofoca e criar uma experiência divertida e positiva. Será?

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Pepsi adiciona uma hora extra de diversão ao dia dos consumidores

Todo mundo sonha em ter mais horas no dia, seja para dar conta de todo o trabalho que tem para fazer, seja para se divertir. A Pepsi Next resolveu dar uma ajudinha para estas pessoas – pelo menos aquelas que moram em Boston, São Francisco, San Antonio, Austin, Chicago, Seattle, Portland, Los Angeles, Orange County e Nova York – com The Extra Hour.

A campanha é o resultado de uma parceria da Pepsi com a startup TaskRabbit, que disponibiliza pessoas para ajudarem os usuários a concluir tarefas (aliás, uma ideia muito legal que poderia chegar por aqui).

The Extra Hour conta com um hotsite, que ficará no ar até 12 de novembro. Ao longo deste período, a Pepsi irá oferecer 50 ajudinhas com tarefas do cotidiano para que os consumidores ganhem uma hora extra em seu dia e usem para se divertir. São 12 alternativas, que vão desde esperar na fila de um restaurante até a ida ao supermercado, passando por uma faxininha básica e organização de caixas de fotos.

Os escolhidos de cada semana terão um TaskRabbit para executar as tarefas selecionadas por uma hora e uma Pepsi, claro.

A ideia é dos criativos do The Barbarian Group.

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Livro conta a incrível história da Polaroid

Por 60 anos, ninguém mais conseguiu fazer o que uma imagem Polaroid conseguiu: fazer uma foto aparecer em suas mãos 60 segundos depois de ter sido tirada. E agora está quase acabando… É mais ou menos assim que começa o trailer do livro Instant: The Story of Polaroid, escrito pelo editor da revista New YorkChristopher Bonanos. A empresa começou como uma startup na garagem da casa de seu fundador, Edwin Land, em 1937. Land nunca fez pesquisa de marketing de seu produto. Segundo ele,

Marketing é o que você faz quando seu produto não é bom.

Você deve criar algo que as pessoas não sabem que querem e tornar isso irresistível. Então, ele transformava os encontros anuais da Polaroid em espetáculos, em que ele mesmo subia ao palco e envolvia as pessoas de tal maneira que você precisava ter aquele produto de qualquer maneira. E se você achou Land parecido com um certo Steve Jobs, está certo. O fundador da Polaroid era um dos ídolos do fundador da Apple, que chegou a visitar Land algumas vezes.

Edwin Land era um visionário e, neste vídeo, vemos ele falando sobre como seriam as câmeras no futuro, meio que prevendo algo muito parecido com os smartphones.

A primeira câmera instantânea foi lançada em 1948 e se tornou tão popular que virou uma espécie de ícone cultural, sendo utilizada por fotógrafos como Ansel Adams – que foi consultor da Polaroid – e artistas como Andy Warhol.

Hoje em dia, com a popularização das câmeras digitais, celulares com câmeras e aplicativos como o Instagram e afins, pode até ser mais fácil tirar fotos e ver o resultado na hora. Ver, mas não tocar.

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Startups, é assim que o design funciona

Ontem rolou a pseudo-polêmica Instagram no Android nas redes sociais, incluindo uma legião de donos de iPhone dizendo que agora o aplicativo de fotos com filtro vai “orkutizar” ou, na versão melhor correlata, “fotologar”.

Existe preconceito por trás dessas afirmações, obviamente. É a batalha do hipster sujo contra o coxinha mal-lavado, ou então na vertente financeira “Android é coisa de pobre” (Não vejo como um celular de R$ 800 a R$ 1700 pode ser considerado “de pobre”, mas enfim).

Eu também sempre tiro sarro do Android (foi mal Google, sou fã de todo o resto que você faz) e de seus donos (o Yassuda aguentou isso por anos, até tomar juízo), mas nunca se tratou de classe social, e sim de design. Tanto é verdade que até o Google está tentando ensinar os programadores como ser uma pessoa melhor com princípios de design.

Aliás, se qualquer outro hardware pudesse ter iOS ou Lion instalado, eu também nem falaria sobre iPhone’s e Mac’s com seus preços brasileiros astronômicos. Acontece que a Apple elevou o design e a usabilidade para galáxias jamais antes imaginadas por outras empresas de tecnologia (pode me chamar de mac-fag a vontade), trilhando um caminho que a indústria não pode mais ignorar.

Outras plataformas estão evoluindo, é claro, e espero que não demore para a concorrência encontrar o caminho da luz. Porém, nada ainda é ridiculamente simples e bonito como qualquer porcaria desenhada lá em Cupertino. Ninguém precisa sofrer por causa disso. O mundo é cruel mesmo para os amiguinhos brasileiros.

O guia para não-designersstartupsthisishowdesignworks.com – criado por Wells Riley pode parecer um pouco pretensioso, assim como todos os meus parágrafos desse post, mas nunca perde a razão ao concluir: Contrate um bom designer! Ou vários deles.

Nem todos podem ter um Sir Jonathan Ive, mas nada é desculpa para botar todas as forças em engenharia, negócios, marketing, etc, e largar o design em segundo plano. E o pior: muitas acham que seu investimento atual em design é o suficiente.

Riley reúne um monte de definições e referências em seu guia, e de forma rápida e 100% didática, só que lembrando que não se trata de um logo, um tema de WordPress uma UI inovadora, e sim de estado de espírito. Quando você pensa em planilhas e planos de negócios, muitas vezes deixa de pensar nas pessoas.

Quem sofre com o Android não é o Instagram – a fotos de comida, viagens e animais de estimação continuarão as mesmas – mas sim seus próprios usuários, que defendem com unhas e dentes o direito de ter o pior.

“Ah, lá vem o publicitário elitista do Itaim falando merda”

Uhn… meu primeiro iPhone foi o 4, meu primeiro Mac só veio em 2007, e por muitos anos fui usuário de Symbian! Acredite, como um mero usuário, eu sei do que estou falando. E só o que isso tudo significa é: contrate bons designers, seja seu produto / aplicativo / site destinado para ricos ou pobres, para gordos ou magros, para hipsters ou coxinhas.

Se nesse momento você tem uma boa ideia e não é designer, leia o guia: startupsthisishowdesignworks.com

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