SXSW 2014: Caos criativo em 5 dias (ou sua rotina de volta)

E o SXSW começou no dia 7 de março de 2014, sexta feira passada, mas já parece que faz 1 mês que estou aqui. Sou novata no negócio e só posso confirmar o que muita gente me disse antes de eu vir: é muita informação. Esse ano, a edição do Interactive conta com mais de 800 palestras em apenas 5 dias. Faça as contas e fica claro que é humanamente impossível acompanhar tudo.

SXSW

Faça as contas e fica claro que é humanamente impossível acompanhar tudo

Conversando com algumas pessoas que já frequentam o festival há mais tempo, fica nítido o sentimento de saudade do SXSW antigo. “Agora está muito grande”, “a qualidade das palestras fica mais duvidosa” e “o público é mais amplo” são as reclamações mais frequentes por aqui.

Mas, ao mesmo tempo, o tamanho do evento permitiu que fossem criadas sessões especializadas como o SXsports, SXhealth, SXgames e por aí vai. São as dores de crescimento com todos os prós e contras que elas trazem.

De qualquer jeito, me parece que a essência do SXSW não mudou: é um coletivo de mentes bem interessantes, startups, música, filme, comunicação e tecnologia cercado por foodtrucks e festas.

SXSW

Para quem não conseguiu vir, vale ficar de olho em iniciativas como o SXSWEdu <>, o SXSWEco e o SXSWV2V. E se não der pra se engajar online, de repente já dá para programar o checkin em Austin no ano que vem.

Nos próximos posts vou mostrar, com a participação à lá design thinking de Fernando Weno, um pouco do que aprendi por aqui. Termino cada post com “dica que gostei” e “pergunta que não quer calar”, pois acho que uma boa discussão sempre deve terminar com alguns caminhos e algumas dúvidas. Acompanhe por aqui e também no Instagram do B9.

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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Turkey’s Leaders Spar Over Plan to Muzzle Social Media

President Abdullah Gul said he would not go along with a pledge to shut down Facebook and YouTube by Prime Minister Recep Tayyip Erdogan, who is facing a corruption inquiry.

    



Begin A Social Media Consultant Small Business Of Your Own

The social media explosion which has taken place online during the last few years has developed both bad and good publicity but there’s no doubt that it’s here to stay. The way organizations market themselves on the web and how they’re perceived has been changed by social media and those that have embraced it in the right way have seen success. Obviously, there are quite a few who need help with this–especially local business owners who find it nearly impossible to find the time to actually put their social media technique into action. This has created opportunities for social media consultants to build a business for themselves whilst helping tiny and medium sized organizations. In the following article we are going to examine these opportunities and try to figure out how to create a social media business of your own.

In order to construct this sort of business you obviously have to have the necessary knowledge. If you are already a social media user, you could already be well positioned to help others but it’s still important to learn some formal knowledge about it and to ensure that your knowledge is up to date. The first area that the majority of business men and women have a difficult time with is the setting up of their pages and profiles on the various social media platforms. It’s up to you whether you concentrate on one area, like Facebook, or if you want to help men and women with all the different platforms. The main thing is that you can charge organizations for helping them to set up a Facebook page as an example, if that is something you are aware how to do.

The majority of the time you are going to be working with businesses who do have their profiles set up however they don’t understand how to use them properly. Maybe they haven’t had the time to do it or maybe they don’t understand that there are areas in which they’re able to improve. For example, you may find Facebook pages that are not properly optimized and that have failed to encourage individuals to like the page. It’s really easy, with the help of a small amount of research, to discover which organizations in your area need this help and it can be an excellent way to introduce yourself to the business owner and find other ways to help him or her out.

As you gain confidence in your abilities, you could get more involved with helping companies create their social media techniques like through training and coaching. It all depends on what level you want to take your business to and how much time and responsibility you wish to accept for yourself. No matter what, though, going to local meet ups and being prepared to take part in or give group presentations could open the doors to quite plenty of different opportunities. There are plenty of business owners who understand how important social media is and all these people need is some guidance and help.

There are definitely opportunities for you when you’ve got the knowledge and confidence to construct a business as a social media consultant.

Liberdade, Igualdade e… Violência?

A violência parece ser uma constante na história da humanidade. Dependendo do olhar que lancemos ao passado, teremos a nítida impressão de que nossa história foi escrita com o sangue de muita, muita gente. E para provar que não somos muito melhores que nossos antepassados, temos visto por todos os cantos da internet uma série de declarações que parecem reforçar uma conduta agressiva. A famigerada fala de Rachel Sheherazade, falando que era “compreensível que os tais ‘justiceiros’ amarrassem aquele menino no poste” dada a situação precária da segurança pública, foi um dos exemplos mais marcantes das últimas semanas.

Valem menção também todas as polêmicas levantadas pelo deputado Jair Bolsonaro, durante sua tentativa de assumir a Comissão de Direitos Humanos e a situação que envolveu as declarações de Joaquim Barbosa no STF, no que tange as retiradas de acusação de formação de quadrilha no caso do mensalão do PT.

No meio de tudo isso, quando um era acusado de estar incitando a violência ou deturpando algum fato, o falante geralmente diz “eu tenho o direito de dizer o que quiser”. E ele está certo, por mais errado, certo ou violento que seja seu discurso. Pior: nos casos que achamos absurdos, vemos que há um grande número de pessoas que defende tais ideias. E nós ficamos malucos, tentando achar qualquer contra argumento que o valha. Sentimo-nos violentados. E outro lado também.

O assunto “que tipo de violência está sendo exercida (de quem e contra quem)” está quente nas redes sociais. Em ano de eleições presidenciais (e Copa do Mundo, não nos esqueçamos), será muito interessante verificarmos como os candidatos se posicionarão midiaticamente. As aulas que você, leitor, teve de análise de discurso e imagem poderão ser muito úteis para pensar acerca do cenário que se monta diante de nós.

Em casos de pessoas que supostamente “merecem morrer”, poderia-se recorrer ao italiano Maquiavel – Ainda que tal frase nunca tenha sido proferida por ele – e perguntar “os fins justificam os meios”?

No último post que fiz, acerca dos protestos que estão ocorrendo pelo mundo, uma série de questões foi levantada sobre nosso consumo de informações no ambiente virtual e as formações de opiniões num Estado democrático. A legitimação do uso ou não da violência parece ser um debate constante. Com base nos últimos três Braincasts lançados, podemos também expandir essa dúvida.

Por exemplo: se o povo deseja sangue, ele deve obtê-lo? Há sabedoria na opinião popular, mesmo quando ela parece querer um retorno da barbárie? Essas opiniões são nossas (do povo) ou correspondem a grupos de interesse de elite, que ditam o que queremos através das mídias de massa? Somos influenciados pela mídia? Se sim, quanto? E quando este discurso se espalha na internet (supostamente o meio de comunicação mais democrático que já desenvolvemos), como lidar com tudo isso?

Tendo em vista todos esses fatores, acredito ser pertinente aprofundar algumas das questões do texto anterior neste post. Para tanto, focarei na questão da violência, já que ela parece ser um tema bastante em pauta atualmente.

Bolsonaro

Sangue

Violência e Punição: uma breve história

Um dos problemas em falarmos sobre o papel da violência na comunicação é o de defini-la. Acredito que, na maioria dos casos, haveria pouca discussão sobre o caráter de violência que existe em atos extremos como assassinatos ou sequestros. Mesmo nas possibilidades de contextualização, buscando os motivos de tais atos, haveria uma concordância de que matar alguém é um ato de extrema violência – mesmo que esse alguém seja Hitler.

Em casos de pessoas que supostamente “merecem morrer”, poderia-se recorrer ao italiano Maquiavel e perguntar “os fins justificam os meios”? Voltarei a Maquiavel em breve. Por ora, acho importante mencionar que, de acordo com o filósofo Renato Janine Ribeiro, professor da USP e um dos grandes especialistas em Maquiavel no Brasil, essa frase nunca foi proferida pelo autor italiano.

Voltando à questão da violência e sua dificuldade em definição, podemos citar aqui os velhos casos de “piadas mal-entendidas”. Uma “piada” racista ou machista, no ouvido de um ou outro, pode ter efeitos dos mais diversos. Para os que se ofendem, é recorrente taxá-los de “sem senso de humor”. Aquele que se ofende com a piada sente-se violentado direta ou indiretamente. Do outro lado, o que proferiu a piada, se não compreendido, também sente-se violentado (ataca-se, no caso, sua estética humorista e seus princípios morais – ambos são colocados em dúvida).

Quero deixar claro que sou absolutamente contra piadas racistas e machistas (e aprendi o perigo delas após muito tempo). Se fosse para defender um lado, defenderia aquele que se sentiu ofendido. Mas não é essa a questão que desejo levantar aqui, mas sim duas: primeiro, os exemplos que citei podem ser considerados violentos? Segundo, há alguma violência permitida?

Podemos pensar em graus. Um tapa na cara de alguém, uma ofensa, seriam atos violentos em graus menor do que um assassinato. Acho que essa ideia seria bem aceita pelo leitor. Mas, novamente, perguntamos: algum nível é aceitável? Qual seria o grau de violência socialmente aceitável nas relações contemporâneas?

Violence

Em seu livro “A História da Violência”, o historiador Robert Muchembled declara: sem dúvidas, a violência social sofreu uma grande regressão a partir do fim da Idade Média, e é um desafio do historiador entender os motivos para isso. Uma das análises curiosas que ele faz é mostrar que é no momento em que o número de assassinatos começam a diminuir que ele torna-se um problema social. Tornando-se fenômeno cada vez mais raro, coube às autoridades de tais tempos e lugares questionarem “o que fazer com aquele que agride?”.

Sem dúvida, a preocupação com a violência remonta a tempos bem mais remotos do que o medieval. O famoso código de Hamurabi, datado de cerca de 1800 A.C., já explicitava a norma de conduta “olho por olho, dente por dente”. No antigo testamento bíblico, temos os 10 mandamentos, cujo 6º é “não matarás”. Outras civilizações da antiguidade, como os gregos e romanos, foram também exemplos nesse quesito.

Esta última, inclusive, chegou a elaborar complexas análises na questão de danos morais e compensação pelos mesmos. Sendo assim, é curioso notarmos que a violência sempre esteve na pauta das diferentes civilizações que já caminharam no planeta. Por mais que diferentes formas de se lidar com ela tenham surgido, desde o “olho por olho” de Hamurabi até o “dar a outra face a tapa” cristã, ela demonstra ser constante.

Poderíamos dizer então que ela é “natural” do ser humano, mas isso também é perigoso, pois pode ser usado como tentativa de legitimar algum ato cruel. Um exemplo disso é aquela lógica de elevador de que “a humanidade sempre foi violenta, portanto também posso ser agora”. Chamo isso de “lógica de elevador” por ser aquele tipo de conclusão simplista que pode chegar-se em uma rápida viagem de um andar para outro.

A relação entre “transgressão da norma” e “punição” seria historicamente constituída de acordo com certos grupos que detém o poder. Nosso senso de justiça seria, então, histórico e culturalmente construído.

Curiosamente, recentemente tive uma conversa com uma vizinha que falou algo do tipo “você ainda não tem filhos? Tudo bem, o mundo já está superpovoado mesmo. E agora que não tem mais guerras no mundo, não dá nem para dar uma limpada”. Eu imagino o que os povos em conflito na África e Oriente Médio pensariam sobre isso. Mas divago.

Outro livro obrigatório a ser citado nessa discussão é o “Vigiar e Punir”, do filósofo Michel Foucault. Analisando a história das punições, Foucault foi capaz de estabelecer uma mudança na sensibilidade punitiva que via no encarceramento uma via de correção mais humanitária em comparação com o suplício público. Contudo, segundo o autor, isso dependeria da formação de “corpos dóceis”, que interiorizam as regras sociais estabelecidas de modo a sentirem-se vigiados a todo o momento, mesmo quando não estão.

Seria este constante princípio de alerta que nos manteria em linhas de conduta socialmente aceitáveis. E isso, segundo ele, ocorreria via uma série de medidas legislativas que atendem a determinados grupos de interesse. Dito de outra forma, a relação entre “transgressão da norma” e “punição” seria historicamente constituída de acordo com certos grupos que detém o poder. Nosso senso de justiça seria, então, histórico e culturalmente construído.

Sheherazade

Sangue

Violência e Cultura

Acima de tudo, acredito que a violência é um ato que exige interpretação de acordo com o molde cultural na qual o indivíduo está inserido. Como estamos condicionados pela cultura, qualquer ato que se diga “natural” depende de seu interpretante, ganhando assim formas diversas. O cenário islâmico é bem provocador nesse sentido. É lugar-comum do ocidental achar que a religião islâmica é machista (e, sem dúvida, sob nossos olhares, realmente ela é em inúmeros aspectos).

A Burca, por exemplo, seria um símbolo máximo de que a mulher não domina seu corpo, sendo este propriedade ou da sua família ou do seu marido. Ao mesmo tempo, é cada vez mais comum os relatos de mulheres que se sentem extremamente constrangidas com homens que as abordam na rua.

Debatemos sobre isso no AntiCast 116, sobre Feminismos e Discursos de Gênero, portanto não vou me alongar nessa questão aqui. Quero apenas fazer um contraponto com o cenário islâmico dito machista: é norma reconhecida nos países islâmicos que uma mulher que sai de burca não pode ser abordada por um homem. Caso seja, este homem está cometendo um crime, previsto em lei.

Há violência dos dois lados: no ocidente, há um misto de “liberdade com consequências”. No oriente, uma sensação de “prisão libertadora”. Nos dois, há o problema da mulher conseguir se liberar da sua condição historicamente construída de “propriedade privada”. Muito se evolui dos dois lados, mas ainda estamos longe de um cenário satisfatório.

Acredito que, baseado em algumas mulheres que conheço, muitas aceitariam andar de burca na rua, se isso significasse que não seriam abordadas na rua. No ocidente, sequer temos essa opção. Discussão difícil essa num mundo que parece integrar-se cada vez mais através dos meios de comunicação. A sensação de andar em círculos é inevitável. Todos os lados parecem ter malefícios e ficamos determinados a escolher as opções “menos piores”, baseados nos nossos limites de interpretação do entorno.

Falando dos que estão mais perto de nós, eu sou apenas capaz de imaginar o tipo de concepção de “violência” que um morador de uma comunidade da periferia possui. Ao ver seu pai tendo sua dignidade violentada pelo Estado (preço da passagem do ônibus, sistema de saúde falho, baixo salário etc.), ou ainda de ver o traficante local tendo sucesso financeiro indo contra lei estabelecida, sou da opinião de que há aí um ciclo de violência que se autoalimenta. Obviamente há os casos daqueles que foram capazes de se superar, e daí há toda a discussão sobre meritocracia x condições sociais determinantes.

Somos violentos quando sonegamos imposto, quando recebemos o troco errado e não avisamos, quando invadimos a privacidade do outro e quando criticamos alguém.

Eu não sou absolutamente contra a concepção de meritocracia, mas acho que seus defensores esquecem de um dado fundamental: ela só é válida em um ambiente no qual todos possuem acesso a condições de oportunidades iguais. Por exemplo, em uma competição entre dois diretores de arte, que dispõem do mesmo tempo e ferramentas para realizarem seu trabalho, realizará o melhor trabalho aquele que souber ler melhor seu ambiente e inovar com mais contundência.

Em resumo, a criatividade poderá ser uma boa aliada – mas poderá ser pouco útil se um está usando um computador de última geração e o outro só possui um lápis e papel. Há sempre excessões, mas não são elas que determinam o ambiente todo. Sendo assim, gosto de pensar sempre num equilíbrio entre as duas coisas. Contudo, como geralmente lidamos com cenários desiguais, acredito que a violência social acaba desempenhando um papel mais determinante do que ideologias que pregam a existência de uma “boa índole”. E por violência, aqui, refiro-me a todos os seus graus.

Somos violentos quando sonegamos imposto, quando recebemos o troco errado e não avisamos, quando invadimos a privacidade do outro e quando criticamos alguém. Neste caso, não quero dizer que “é errado ser violento”. No último exemplo que dei, por exemplo, a crítica a alguém pode ser muito útil para aquela pessoa – e até para você, especialmente se ver que sua crítica está errada e pode aprender a aguçar seus critérios de julgamento com isso. Mas é um ato violento. Em grau muito menor do que um assassinato, sem dúvida.

Uma ideia parece surgir dessas ponderações: há alguma sabedoria no erro e na violência. Qual (ou quais) exatamente, não sei. Mas parece haver. E, com isso, voltamos à nossa dúvida original: qual tipo de violência seria permitida?

Dredd

Junto com o direito de expressão (e ação), há também o dever de se responder pelas consequências do discurso – especialmente se o fins não forem justificados.

Aprendendo com Maquiavel e Sheherazade

Apesar do subtítulo, quero deixar claro que discordo da opinião da jornalista, e vou explicar o motivo em breve. Antes disso, quero voltar ao pensador italiano, citado anteriormente.

Como já falei, de acordo com o filósofo Renato Janine Ribeiro, a frase “os fins justificam os meios” não é de autoria de Maquiavel. Contudo, parece sintetizar, de alguma forma, seu pensamento.

A obra mais famosa de Maquiavel, sem dúvida, é “O Príncipe”, datada do século XVI, na qual ele basicamente elenca uma série de diretrizes sobre como o monarca deve reger seu governo. Isso já é bem conhecido. Contudo, poucos sabem que Maquiavel era um Republicano, e uma das provas mais fortes disso é o longo tempo que passou escrevendo uma obra chamada “Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio”. Esta possui um caráter de profundo teor republicano. Não à toa, Rousseau, filósofo francês do século XVIII, levantou a hipótese de que “O Príncipe” era uma paródia. Contudo, ao lermos a obra, veremos que, se ela é uma piada, ela foi levada a sério demais.

Neste texto, Ribeiro retira do próprio texto de Maquiavel um exemplo interessante sobre o que pensa a respeito do Príncipe e seu papel político. Coloco o trecho em questão abaixo:

Árvore

“Se Maquiavel comec?a o livro especificando seu campo de interesse – o regime na?o republicano, mas mona?rquico; que na?o e? antigo, mas novo; que na?o foi obtido por armas pro?prias, mas alheias – ele praticamente o conclui com uma distinc?a?o que mais ou menos se sobrepo?e a esta. No penu?ltimo capi?tulo d’O pri?ncipe, afirma que dos resultados de nossas ac?o?es pode-se dizer que metade vem da fortuna (mais ou menos, o acaso, a sorte, boa ou ma?), metade da virtu?. Para ele, essa palavra na?o significa virtude moral, e por isso os estudiosos preferem cita?-la em italiano, a fim de preservar o sabor maquiaveliano.

A virtu? seria a excele?ncia do pri?ncipe, do condottiere, ao saber como enfeixar em suas ma?os os fios descosidos do destino. Tem virtu? quem sabe, em uma situac?a?o adversa ou apenas devida a? sorte, tornar-se senhor. Vejam o exemplo que da? Maquiavel: tempestades arrasam pontes e estradas, eis a fortuna; mas, depois, o homem refaz o que foi destrui?do, tornando-o mais resistente ao azar, eis a virtu?.

O que faz enta?o o pri?ncipe, na?o digo o ameac?ado pela ma? sorte, mas o que deve seu status apenas a? boa sorte, sem me?rito pro?prio, sem forc?as armadas suas que o defendam? Ele deve ser habili?ssimo. Cada gesto seu precisa estar dirigido a? construc?a?o de um poder que impressione. O grande exemplo de Maquiavel esta? em Cesare Borgia, quando esse pri?ncipe novo por excele?ncia – que deve sua posic?a?o apenas a? sorte de ser filho de papa – ganha a Romagna, enta?o assolada por bandidos.

Nomeia um preposto, Ramiro dell’Orco, para que acabe com eles, o que Ramiro faz com energia e crueldade. A regia?o esta? pacificada, mas Cesare ficou com fama ruim. Para sanar o entrave, Cesare manda matar, de forma cruel, seu pro?prio delegado, Ramiro. O corpo dele, ensanguentado, no centro da capital da Romagna, basta para mostrar que o pri?ncipe pode ser terri?vel e bom. Um gesto teatral fortalece Cesare Borgia.”

Suplício

Sangue

No caso citado de Cesare Borgia, pode saltar aos olhos do leitor o caráter de egoísta e sádico do Príncipe, que deseja manter seu status no poder ao invés de “pensar no povo”. O problema seria justamente esse: o Príncipe tem certeza de que sabe o que é melhor para seu povo. Pensando nisso, precisa manter o poder e faz o que for necessário para tanto.

Como eu gosto sempre de dizer, não existem pessoas que se dizem “malvadas” – o que implica dizer que não existe “gente de bem”, pois o julgamento de “bem” ou “mal” depende de quem está julgando. Todos acham que estão fazendo algo correto, mesmo nas piores das situações. Se pegarmos a totalidade de transgressões que realizamos todo dia, os casos em que sentimos genuína culpa são mais raros do que imaginamos.

Neste sentido, a lógica maquiavélica parece cair como uma luva. “Sei que o que estou fazendo é errado, mas é para um bem maior”. Uma variação é “não sei se o que estou fazendo é errado ou não, mas o resultado sem dúvida é para um bem maior”. Os fins justificando os meios. Contudo, isso é uma interpretação equivocada de Maquiavel. Como defensor da República, ele buscou justamente apontar os perigos de tais atitudes monárquicas.

E o que Sheherazade (entre outros citados no início do texto) tem a ver com isso? A questão é simples: num Estado democrático em que vivemos, todos tem o direito de falar o que bem entendem. Se ela acha que é compreensível amarrar alguém num poste, ela tem o direito de achar isso. Mas o que devemos aprender com Maquiavel e seu “O Príncipe” é que, junto com o direito de expressão (e ação), há também o dever de se responder pelas consequências do discurso – especialmente se o fins não forem justificados. E as consequências das ideias de Sheherazade não são das mais agradáveis para aqueles que defendem um cenário democrático.

Em primeiro lugar, como espero ter demonstrado, o “sentir-se violentado” é algo que depende de uma série de fatores. É importante sabermos quem está acusando a violência e o que Estado diz sobre isso. Ao permitir-se que o cidadão faça “justiça com as próprias mãos”, é importante lembrar-se daquelas aulas chatíssimas de História que teve, na qual o(a) professor(a) explicou o modelo dos três poderes, atuante no Brasil. Aquele que cria as Leis (Legislativo) não pode ser o mesmo que julga (Judiciário) e muito menos o que executa (Executivo).

Ditadura

Se concentrarmos esses poderes em apenas uma pessoa, entramos em um terreno perigoso: e se um dia o meu colega decidir me julgar? Em resumo, ao defender a legitimidade do “fazer justiça com as próprias mãos”, você está pondo em risco a própria liberdade. Ou você deseja viver num futuro pós-apocalíptico estilo Juiz Dredd? Ou deseja o retorno da Ditadura Militar?

Ao defender um novo Golpe, ou um modelo social que restrinja a liberdade do Outro, você está pondo em risco a sua própria.

O fato do Estado ter problemas em manter ordem e segurança a seus cidadãos é obviamente algo grave que deve ser trabalhado dentro dos trâmites legais e do exercício democrático. Particularmente, acho um absurdo ver tanta gente hoje em dia sonhando com um novo golpe militar no Brasil, querendo trocar a própria liberdade conquistada por uma ilusão de segurança. Primeiro: segurança para quem? Para você? Para as “pessoas de bem”? E quem decide quem é de bem ou não? Somos realmente tão egoístas e egocêntricos assim?

E se você acha que com isso estou querendo “defender bandido”, recomendo fortemente a leitura do texto “Ninguém é a favor de bandidos, é você que não entendeu nada”, de Ramon Kayo. Sobre as implicações de Sheherazade e sua demonstração de completo desconhecimento acerca do funcionamento de um Estado democrático moderno, recomendo este texto de David G. Borges, “A jornalista e os justiceiros do Flamengo”, muito esclarecedor.

Por fim, espero que o leitor entenda o seu próprio poder comunicativo. Ao pregarmos a legitimação do uso da violência, seja num jornal no horário nobre, seja na numa rede social para seus amigos, às vezes estamos realizando um atentado contra nós mesmos. Você tem direito de expressão e deve usá-lo à vontade. Mas aprenda a arcar com as consequências. Ao defender um novo Golpe, ou um modelo social que restrinja a liberdade do Outro, você está pondo em risco a sua própria.

Sejamos, portanto, menos preguiçosos no pensamento.

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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Interactive Unit at Disney Cuts a Quarter of Its Staff

The layoffs came as a result of Disney’s decision to combine two businesses: booming mobile games and sagging social games.

    



Ignited Promotes New Bravo Series with Social Campaign

Ignited has a new social campaign promoting Bravo’s new series, Online Dating Rituals of the American Male, which premieres March 9th.

The new campaign is tied to a promoted post on Buzzfeed examining “The 10 Types of Guys You Find On Every Dating Website.” At the end of the post, readers are invited to take a short quiz to discover which of “six species of men that exist in the dating wild” they are or is their type. After completing the survey, @BravoDating will tweet one of six video results: Catchitis Perfecta (“Mr. Perfect”), Clinger Onis (“The Clinger”), Doublis Bookeris (“The Player”), Love Seekitis ( “The Romantic”), Liaris Apperancean (“The Liar”), and Predatorus Obnoxious (“The Predator”). As you can imagine (this is Bravo we’re talking about), these are pretty silly. The narrator treats the subjects like he’s narrating a nature documentary (thus the latin species names); it’s easy to imagine David Attenborough providing the narration. You can check out “Liaris Apperancean” above, and stay tuned for “Doublis Bookeris” and “Predatorus Obnoxious,” along with credits, after the jump. continued…

New Career Opportunities Daily: The best jobs in media.

To Spur Traffic at News Sites, Just Travoltify

John Travolta’s mispronunciation of a name at the Oscars led the website Slate to create a feature to do the same with anyone’s name — the kind of interactive game now driving Web traffic.

    



Criador de “Os Simpsons” mostra a verdade por trás do selfie do Oscar

Dentre as milhares de versões do épico selfie do Oscar, Matt Groening resolver fazer a sua.

O criador de “Os Simpsons” não apenas simpsonizou a foto, como também mostrou a verdade não revelada. Alguém que tentou, mas ficou de fora.

Veja abaixo o tweet original:

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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The Unconventional Attraction: Online Dating & Social Media

Can you believe that over one third of the U.S. population has tried using a dating site to find their match? It’s really not all that unbelievable considering how wired we are to the Web. But if you were to rewind, say, a decade or so ago and mention that you were looking for love online, you’d get laughed at.

In a lot of ways, it was “taboo” to search for attraction using the Web. Everyone just assumed that it was too impersonal and that a real match could only be found when you’re face to face. They said it would never last.

I’m one of those outliers.

I happened to have met my girlfriend through a dating site, but it wasn’t just the site that got things started – it also happened to be a mix of social media.

Story Time:

I had just got back from going overseas for a much needed vacation. When I returned, I realized that I pretty much lost all contact with most of my local friends because they had moved out of the area (this was right after everyone was graduating college). It also meant the girls I had once talked to were now steadily going with other guys since I never really pursued a relationship when I was in town.

So I decided to try a dating site with a social angle that would allow me see what was happening in my area but also let me get in touch with people. It worked like a mix of meet ups and dating – we found some local events that we were both interested in and that’s when things really began to click. After a whole lot of hits and misses, I finally found the ‘one’. 

We clicked almost immediately and the more we talked the more we realized we were actually part of the same social circles! I was big into going to electronic music shows and it turns out she had been promoting them in the area – what a coincidence right? Even more so knowing that she had been to many of the same shows … I had just never noticed her at the time. 

It’s been almost three years now and things are going great.

My story isn’t all that unconventional these days, though. You’re seeing it happen more often than ever before, especially since we have awesome apps like Snapchat. There’s almost zero barrier to connect with someone unlike before when you had to wait it out at a coffee shop or hope you’d get noticed when passing through the office.

Some people say that social media is ruining dating. They say that it puts too much information out there in one go, but let’s be honest: this is information we’d want to know before choosing someone in the first place, right?

Let me break down how things have really changed thanks to social media:

  • You can look back through their history and see if they’re really the type of person they’re trying to present.
  • You can set up fun dates and activities using apps, which sync, so you’re not juggling schedules and trying to find compromises.
  • You can share your life experiences with friends and family, which reinforces your connection with your SO especially when everyone thinks you’re great together.

There’s a flip side, of course, like people scripting their “game” or even using it maliciously to get money or bully others, but this happens on the fringe. There are also those fall to temptation due to digging up old flames on sites like Facebook.

But overall online dating and social media has given us a much safer, enjoyable environment to find someone special. It’s far more open than it ever has been. You’re no longer stuck behind a name (or online avatar) chatting late at night in a public chat room or on instant messenger hoping the person on the other side is who they say – it’s all out there in the open!

The Web, with the options like dating sites, and the combination of social media, which can keep things fun and engaging, are a true match made in heaven. Some will need to grind through the matches while for other it’ll just click right away. Ultimately, even if you don’t find that special someone, you’ll still find a great mix of people worth knowing.

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Adidas lança Play Fast or Fail

Para promover a linha adiZero f50, de Lionel Messi, a Adidas lançou o game Play Fast or Fail, criado pelo estúdio MediaMonks. O cenário é o Rio de Janeiro, durante um jogo da Copa do Mundo 2014, e o objetivo é simples: fazer gols. Só que, para isso, o usuário tem de ser rápido e driblar os jogadores do time adversário.

A sacada, entretanto, é que a velocidade do jogador é definida por tweets ao vivo com a hashtag #Teammessi. Quanto maior o buzz da torcida, maior a velocidade do usuário, que pode acompanhar o “buzz-meter” em tempo real.

Além do game, a campanha inclui um filme criado pela iris, e também produzido pelo MediaMonks, que ficou responsável pelo CGI. Vale o play.

messi

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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Iris Launches ‘Fast or Fail’ Game for Adidas Featuring Lionel Messi

Iris has launched a new campaign for Adidas called “Fast or Fail,” to promote Lionel Messi‘s new adiZero f50 Messi boot.

The campaign is centered around “an innovative real-time reactive game experience requiring players to beat opponents down an endless pitch and reach Rio de Janeiro in the fastest time possible.” Players will be given the opportunity to win tickets to the 2014 FIFA World Cup to see Lionel Messi play. In an interesting twist, the game is driven by social media — with “more mentions of Messi, the faster you go in the game.”

Iris also created a “Fast or Fail” video to promote the game and the new Messi boot. To create the video, they shot Messi on a green screen backdrop, and then worked with “Media Monks to create the CGI-built polygonised world you see in the game and film.” You can check out the 1:35 video above, and head here to try your hand at the #fastorfail game.

 

New Career Opportunities Daily: The best jobs in media.

Using Pinterest for Your Marketing Tactics

Since Pinterest puts so much importance on the use of images, this will actually make your marketing efforts there much easier. Before grabbing any images, just make sure that they aren’t taken from sources that could cause problems for you. There are several legal entities on the net who viciously protect the images of their clients. You also want to make sure that the images you use are appropriate for the point you want to make. Every Pinterest board has a basic theme, and your images should be a good match for this. If images aren’t well chosen, they will only confuse your audience.

Pinterest will give you the tools you need to work with other people on pretty much any project. For example, you can work with businesses as well as the people who read your boards.

First you spread the word and then you just grant access to your boards to the people who are interested in them. Not only can you do this to share your ideas with others but it encourages others to share ideas with you and offer you feedback. The different ways you can make pins are just one instance of this. From here you simply post whatever goes into your project. People will look them over and then share whatever information is still needed.

Just like at Twitter, you can follow Pinterest users, but you need to follow people in your niche or your market. Once more, this is in regards to being targeted with followers or your market audience if you are developing an email list, for instance. You will need to expand your network far and wide with following and gaining exposure. An additional part of this is to produce all the boards possible. By design, Pinterest will automatically add others users as followers to your boards, therefore you want to do this. The recipe is applicability, so create boards that are particular, with respect to content so there is no confusion as to what the board is about.

Pinterest has certain pitfalls that you should be careful to avoid. Pinning an incorrect domain name or URL is an example of such a mistake. This will lead readers to 404 error pages and not where you want them. The way to avoid this problem is to click on the article or post whenever you want to pin something. Anything you see that you want to pin, such as a video at Youtube or whatever, be sure you do it from the original site. By doing this, you’ll know that your links will lead people to the correct locations.

You can help yourself out quite a lot if you learn which mistakes are the most common on Pinterest. In many ways, it all boils down to how you optimize your use of the site so that you can bring in all of the better results. Of course, none of it is truly hard but you need to know what to do so that you can get the best results.

W+K Portland Explores ‘The 7 Wonders of Oregon’

W+K Portland has a new campaign for the Oregon Tourism Commison, extolling the virtues of their home state with a video called “The 7 Wonders of Oregon.”

The :60 anthem spot features all 7 “wonders of Oregon,” attempting to “inspire active travelers looking for authentic experiences” with Oregon’s natural landmarks. While Oregon’s natural beauty speaks for itself, the production of the spot was no small task. It was “carried out by a crew of 15 people shooting for 14 days straight and driving more than 3,000 miles across Oregon, often camping along the way.” All of the individuals involved were “Oregonians with a genuine passion for the wonders they are representing” and the spot is clearly a labor of love.

“This is some of the strongest work for Travel Oregon in our 25-year history of working together,” W+K chairman co-namesake Dan Wieden says, adding, “What I really like about the creative, aside from how beautiful Oregon looks, is it gives people a checklist of things to see and do.”

In addition to the anthem spot, the integrated campaign includes digital, social, search, public relations and consumer engagement elements. The latter includes “an influencer tour, targeted media outreach, a program to surprise and delight visitors, and a Facebook sweepstakes to drive visibility and fan acquisition.” In the social realm, visitors are invited to share their Oregon photos with the hashtag #traveloregon, with top picks on Travel Oregon content channels “to inspire others long after the paid media portion of the campaign concludes.” In a nice touch, the digital campaign includes not only trip inspiration, but also trip planning tools and resources such as itineraries, links to purchase plane tickets and special travel deals on TravelOregon.com. If I wasn’t already dying to get to the Pacific Northwest, this campaign would do a pretty good job convincing me that Oregon is a great travel destination. Stick around for credits after the jump and go here for more :30 efforts for the campaign. continued…

New Career Opportunities Daily: The best jobs in media.

Campaign Spotlight: H&R Block Ads Suggest the Only Certainties Are Death, Taxes — and Hipsters

An online-only campaign pokes fun at a “hipster tax crisis” as April 15 approaches.

    



Oscar 2014: Samsung e Twitter não param de rir com o maior selfie de todos os tempos

O Oscar tem muitos patrocinadores. 30 segundos de veiculação durante o intervalo da premiação custou 1.8 milhão de dólares esse ano. Porém, nenhuma marca deve estar mais satisfeita do que Samsung e Twitter nesse momento de entrega dos troféus da Academia.

A apresentadora Ellen DeGeneres não largou o seu Galaxy, tirando fotos e tuitando durante o evento. E uma dessas brincadeiras já pode ser considerada o maior selfie de todos os tempos, pelo menos mercadologicamente falando.

Ellen reuniu vários atores para a foto, e ainda desafiou o público a transforma-lá na mensagem mais retweetada do Twitter. Minutos depois do selfie, era impossível até seguir a apresentadora, um bug devido ao alto volume de novos followers.

No momento que escrevo esse post, já são mais 350 mil RT’s e 200 mil favoritadas. E, mesmo com toda a história da pizza, entregue pela Big Mama’s & Papa’s, ficará marcado como o melhor product placement da noite.

Esse ano é a primeira vez que o Oscar é transmitido também via internet, com patrocínio da Samsung, mas talvez eles não imaginassem o montante de cachês milionários reunidos em uma única foto.

[ATUALIZAÇÃO] Nos bastidores, Ellen usa um iPhone, segundo apontado por diversos leitores. Mas isso não deve estragar o merchan, apesar de dar margem pra piada: “Pra usar Galaxy, so? pagando”.

Oscar

[ATUALIZAÇÃO 2] É oficial. Esse é o tweet mais retweetado do Twitter, ultrapassando o recorde que pertencia ao presidente Barack Obama, quando comemorou sua reeleição.

Oscar

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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W+K Launches New Facebook Campaign, On Couch Skis

Well, W+K has certainly moved on from the “Everything is like Facebook” approach they used in 2012 to launch their relationship with the social media giant. The agency’s newest campaign demonstrates how Facebook can facilitate events like a couch ski race.

The “Couch Skis” spot (featured above) shows a group of youngsters getting the word out about their winter “couch race” via Facebook. A large group of friends cheer as the two couches speed down the snowy hill, followed by the tagline, “Whatever the event you always have a team.” The new approach makes a lot more sense than the one W+K employed early on, and they certainly make couch racing look like fun.

Another spot in W+K’s new campaign shows how Facebook can help you find the right tango instructor, working backwards chronologically from a successful lesson to a friend’s suggestion of the instructor on Facebook. A third spot shows a series of wedding photo and poses the question, “Why have one photographer when you can have a hundred?”

The new ads have been shared by Facebook on YouTube, and, of course, on Facebook — where, Mashable reports the social network has disseminated the videos in users’ News Feeds using Promoted Posts. There are currently no plans to air the new spots on TV according to the site. Stick around for “Tango” and “Photographer” after the jump. continued…

New Career Opportunities Daily: The best jobs in media.

Clear Channel to Debut ‘iHeartRadio Music Awards’

The show, to air on NBC in May, is the latest example of media companies’ rush toward splashy awards events that bring waves of social media chatter.

    



Author’s Unmasking Won’t Stop Book

The revelation that the writer behind the popular Twitter feed @GSElevator had never worked for Goldman Sachs appeared to undermine his credibility, if not the premise of the book.

    



Corrida por cliques: O risco de se criar conteúdo com engajamento artificial

Semana passada o Yassuda escreveu um post incrível aqui no B9 sobre como a nova ~tendência~ nas redes sociais são chamadas no estilo Upworthy ou listas como o BuzzFeed. Logo depois o Passamani escreveu a sua visão sobre o tema em outro post ótimo. Eu acho muito bom quando posts geram a vontade de debater esses assuntos e que isso extrapola os comentários no blog e viram posts em outros blogs. É isso que a internet e as redes sociais vêm fazendo há anos.

Aí eu resolvi escrever algo a respeito disso. É capaz que eu não consiga acrescentar nada de novo já que, como o Passamani bem colocou no post dele, tudo está mudando sempre. Mas vamos lá.

Tem um trecho do post do Yassuda que eu acho que vale repetir:

“O mais importante de tudo é que o bom conteúdo persiste. Upworthy e BuzzFeed são fenômenos relativamente novos, mas grandes blogs estão aí até hoje. Alguém lança uma nova maneira de burlar Facebook e Google, mas quem fica no fim é aquele que entregava conteúdo efetivamente bom.”

Existem duas maneiras de ler essa trecho.

BuzzFeed

Uma delas é algo que já venho dizendo há algum tempo: Trabalhar com Social Media (e conteúdo também) não tem atalho e dá trabalho mesmo. Então faça um conteúdo bom, persista que seu conteúdo uma hora poderá chamar a atenção e o seu trabalho será recompensado. O lance é exatamente esse. Todo mundo quer atalho. Todo mundo quer viver de renda. Todo mundo quer trabalhar pouco e ganhar uma fortuna. Afinal de contas, todo mundo tem mais o que fazer além de ficar trabalhando, né? Errado.

É esse pensamento que nos trouxe até esse ponto que estamos. Gente, trabalho não é palavrão. Trabalhar criando conteúdo para blogs, canais do YouTube e etc não é ruim e é um trabalho como qualquer outro. O lance é que muita gente acha que criar um blog, copiar conteúdo, colocar chamadas de efeito, caprichar no SEO e colocar links de afiliados é o que vai te dar todas essas possibilidades. Isso é uma falácia. Isso dura algum tempo e com a inclusão digital, parece que nunca vai parar porque continua funcionando.

Agora adivinha o que também continua funcionando? SPAM. É e mesmo assim isso não é uma coisa boa. É, novamente, alguém tentando um atalho. E como todo atalho, ele vicia. E a pessoa fica achando que só assim funciona. Já passamos por muitas fases nas Redes Sociais e em conteúdo. Já passamos pela parte do Seeding (com personagens falsos enganando as pessoas), pela polêmica do post pago, pelo Curte e Compartilha, agora estamos na fase das listas e chamadas malandras. O engraçado é que isso sempre continua até ninguém aguentar mais, aí para e começa a ser motivo de chacota.

Um erro baseado na câmara de eco que nossos feeds causam é a falsa sensação de que todo mundo está falando sobre o mesmo assunto

O BuzzFeed mesmo usando listas (e agora testes) como seu carro chefe tem também uma parte sua de editorial mais sério e ~tradicional~ com matérias políticas que furam a CNN e tudo. Então, acho que quando usamos o BuzzFeed como exemplo acaba sendo o que as pessoas compartilham mas não a qualidade do seu conteúdo como um todo. É um erro baseado na câmara de eco que nossos feeds causam. Uma falsa sensação de que todo mundo está falando sobre isso.

Mas se pararmos para pensar, os grandes responsáveis por essa corrida atrás do próprio rabo somos nós, publicitários, brand managers, gerentes de marketing e etc. Nós estamos querendo acelerar as coisas. Para mostrar competência. Para bater metas. Para mostrar que esse é um canal importante. Mas o grande problema é que estamos usando as métricas erradas. Redes Sociais são ideais para o relacionamento. E como todos nós sabemos, relacionamentos é baseado em confiança. E confiança é baseada em empatia para dar o primeiro passo. É assim com qualquer relacionamento. Entre pessoas e entre marcas e pessoas.

Você não pensa em comprar algo diferente só para testar. Alguma coisa fez com que você considerasse isso, certo? Você não começa a flertar com qualquer um mas sim com quem você acha que tem empatia e que combina com você. Só que ao tentarmos acelerar isso, seja com a corrida por popularidade de ter mais fãs/seguidores, seja por quem tem uma ~taxa de engajamento~ maior, na minha opinião acabamos errando. Ao invés de usarmos os dados que temos das pessoas que já se relacionam conosco para entender melhor como cada conteúdo mexe o ponteiro de awareness e compras, na maioria das vezes só queremos mais, mais e mais.

É uma herança da Revolução Industrial mas que não se aplica tanto em um mundo com tantos nichos. Talvez a métrica certa não seja essa. Talvez seja conexão real. Mas, bem, isso dá trabalho então acho que não deve ser muito rentável, né?

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A segunda maneira de ler o trecho é pensar que essa pode ser uma maneira de tentar quebrar a hegemonia de blogs antigos e que se mantém na ativa até hoje e são bastante populares. Mais ou menos como alguns desenvolvedores estavam fazendo na Appstore para ficar entre os Top Grossing apps. Eles começavam com um preço bem alto. Algo como US$ 999. Os próprios desenvolvedores compravam esse app para furar a fila e já tirar dá frente 1000 downloads dos apps padrão.

Ter um ranking tão facilmente manipulável premia quem burla o sistema

Depois de um período eles baixam para US$ 99 e vão baixando aos poucos até chegar nos US$0.99. O sistema é foda. Então eles simplesmente burlavam o sistema e pagavam a Apple para ter essa exposição. Pagavam à Apple porque 30% do valor da venda vai para ela e o resto vai para o desenvolvedor.

Isso, de alguma forma, pode ser visto como investimento de mídia. É de uma maneira legal? Juridicamente sim mas é moralmente questionável. Eles estão jogando com as zonas cinzas do sistema. Mas, de qualquer maneira, conseguiram quebrar um vício desse ranking Top Grossing apps. Porque na real, o que eles estavam fazendo é deixar com que nós preenchêssemos as lacunas.

“Se um app de US$0.99 está entre os que mais lucraram então ele deve ser muito bom e muita gente deve ter baixado. Vou comprar também”.

É um golpe. É um atalho (olha ele aí de novo) e dá o resultado que todo mundo quer. Nem todos os atalhos são golpes, mas atalho, por princípio, é uma maneira de encurtar um caminho ou, segundo o Aulete é um “Método alternativo pelo qual se busca atingir certo objetivo em menos tempo ou com menos esforço”. Não sei o que a Apple está fazendo a respeito, mas ter um ranking tão facilmente manipulável não me parece um bom caminho pois premia quem burla o sistema.

Apps

Se tem uma coisa que podemos aprender com essa história é que o nosso conteúdo tem que deixar algumas lacunas para que as pessoas possam preencher. Esse talvez seja uma coisa que, nós publicitários (clientes ou agência), tenhamos que aprender novamente. É um risco. As pessoas podem não entender mas é uma maneira de mostrar para essas pessoas que não estamos apenas mandando eles fazerem alguma coisa. Estamos induzindo-os a pensar. Talvez seja por isso que algumas séries de posts como as do Oreo ou aquela do LEGO sobre cultura pop tenham encantado tanto.

Corremos o risco de fazer com que o conteúdo da internet seja todo orientado a cliques, com um engajamento falso e superficial

Mas voltando aos posts, o Status Quo incomoda. E muitas pessoas querem mudá-lo logo. A única coisa que as ferramentas estão fazendo é disponibilizando maneiras de tentar acelerar o processo de mudar o seu status. Seja comprando fãs e seguidores ou mostrando o conteúdo para mais gente através de formato de mídia. Mas, adivinha o que acontece com esse formato ao longo do tempo? Ele começa a perder a eficiência. E aí, os dependentes dos atalhos começam a procurar outras maneiras de atingir aquele mesmo resultado. E começam a procurar zonas cinzas nas regras para que possam burlar e serem chamados de inteligentes. Gênios da mídia e etc.

Agora, quem quer manter o status quo muitas vezes continua fazendo o seu trabalho e faz algumas mudanças cosméticas para se adequar ao que chama a atenção e não mudam o resto. É nesse momento que estamos. Com chamadas de veículos tradicionais copiando as chamadas dos sites que fazem sucesso nos índices de compartilhamento para aumentar o número de acessos. E isso é legal. Só não dá para reduzir o seu conteúdo para apenas o que gera clique.

Devemos achar um equilíbrio entre o que a marca quer falar e o que o consumidor quer ouvir. O ideal é ficar na interseção e nos assuntos que o consumidor quer. Caso o contrário, voltamos para o tradicional anúncio de revista que apenas comunica e não gera conversa. Corremos o risco de fazer com que o conteúdo da internet seja como um TMZ ou um Ego potencializado. Tudo orientado a cliques e um engajamento falso e superficial.

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Outra coisa que eu noto é que poucas marcas realmente criam conteúdo por plataforma. Geralmente o tweet vira um post no Facebook, uma foto no Instagram vira um tweet com imagem e um pin no Pinterest. Ou seja, estão partindo do pressuposto que agimos exatamente igual em todas as redes.

Qualquer pessoa que tenha lido a introdução do livro “A Representação do Eu na Vida Cotidiana” na faculdade consegue fazer o paralelo com como agimos em cada rede social. Se as pessoas funcionam diferente em cada rede social, porque continuamos tratando o conteúdo como se uma pessoa agisse da mesma forma na academia e no botequim? Isso porque nem falei do objetivo de cada rede porque isso é feito pelas pessoas que usam aquele serviço.

Se as pessoas funcionam diferente em cada rede social, porque continuamos tratando o conteúdo como se uma pessoa agisse da mesma forma na academia e no botequim?

Gostaria que me indicassem marcas incríveis que foram construídas da noite para o dia. Que tenham nascido da noite para o dia e se mantido bem. Na minha opinião, isso não existe. Eu gosto de citar dois exemplos: o Camiseteria por que eles apostam na força da sua comunidade. Já a Netshoes faz bastante mídia segmentada e isso funciona para eles.

Mas quer saber o que é legal em ambas? É que elas prezam por um serviço/produto/atendimento bom. Uma experiência boa. Claro que tem gente que vai falar mal, que vai ter (ou teve) problemas e tal. Faz parte do jogo. Mas a maioria teve experiências boas com ambas as marcas. Mas de novo, isso não foi conquistado da noite por dia. Isso foi conquistado a duras penas por anos a fio de bons serviços. Se falarmos de marcas antigas então, isso fica bem mais claro.

Então quando vêm me perguntar qual a solução para um conteúdo que dependa menos de mídia, a única resposta que me vem a mente é: esqueça os atalhos. Foque no conteúdo e não pense em curto prazo. Confiança precisa de tempo. E é essa confiança, que a sua comunidade que cresceu organicamente tem por você, que vai fazer com que a sua marca seja divulgada por essas pessoas e que o boca a boca funcione.

É engraçado, antigamente, falar em ter mídia paga em Redes Sociais era um palavrão. Hoje, falar em crescimento orgânico é que soa como algo feio e ineficiente. Mas para mim é o seguinte: conteúdo bom, promovido com inteligência, privilegiando a comunidade ao redor e que não pensa na pressa dos resultados que vêm de atalhos ainda é o melhor caminho.

Calma, gente. É uma maratona, e não 100 metros rasos.

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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Protestos pelo mundo: Como o excesso de informação tem nos deixado mais confusos

É complicado emitirmos qualquer opinião sobre o que estamos vendo no mundo nos últimos 4 anos. Protestos afloram por todo o lugar, desde a Primavera Árabe até as recentes atividades na Ucrânia, Venezuela e, obviamente, no Brasil.

A internet, sem dúvida, tem sido uma grande ferramenta de articulação acerca de tais movimentações sociais – e tem sido, para muitos, a única forma de saber o que está acontecendo nas últimas manifestações na Venezuela e Ucrânia. Muito pouco tem chegado para nós através das mídias tradicionais. Isso só aumenta o desafio (e o perigo) em se emitir qualquer opinião: muito provavelmente, no momento em que você estiver lendo este texto, os quadros sociais nos países citados pode já ter se alterado radicalmente. Portanto, peço desculpas por qualquer nova informação que não foi levada em consideração.

No caso da Primavera Árabe, foi bem documentado que grandes redes de comunicação foram montadas graças às redes sociais. Um fenômeno novo: começou na internet e por ela se espalhou. Somente depois de um tempo é que entrou na “grande mídia”. Quem acompanhou as manifestações de junho do ano passado também pôde sentir, na ponta dos dedos, o poder político das redes sociais – alguns mais, outros menos conscientes do que se postava.

As manifestações nos fazem sentir na ponta dos dedos o poder político das redes sociais

Este texto não busca ser uma resposta a tudo isso. Que fique claro: é apenas uma breve análise, baseada em algumas das impressões que tive após acompanhar várias das relações estabelecidas entre essas novas movimentações sociais, que partiram da internet, e o exercício democrático. Com certeza, esta análise será incompleta, pois é impossível falar de todos os ângulos.

Contudo, espero que, ao final do texto, alguns apontamentos relevantes sejam levantados ao leitor que está interessado em entender como a internet está sendo utilizada como ferramenta política por nós atualmente e os desafios que os defensores de um sistema democrático (me incluo neles) terão no futuro.

Egito

The Square

Egito: um exercício da relação entre democracia e ativismo

Assisti recentemente ao documentário “The Square”, indicado ao Oscar 2014, que lida em explanar algumas das questões que estavam por trás dos protestos que aconteceram no Egito, entre 2011 e 2013. O caso lá retratado parece ser uma boa ilustração da relação entre os conflitos dos modelos de discussão virtuais e as possibilidades de ações efetivas no campo prático.

Em um primeiro momento, diversos grupos egípcios, insatisfeitos com o regime do então presidente Hosni Mubarak, no cargo já há 30 anos (eleito, em todas as ocasiões, sem oposição), uniram-se em prol da derrubada do seu líder, levantando velhas acusações sobre a falta de espaço democrático em seu governo. As manifestações, que se concentravam na Praça Tahir, no Cairo, após uma série de enfrentamentos com o exército, acabaram por ser bem-sucedidas. O presidente foi deposto e uma eleição foi marcada.

Contudo, o fator icônico do caso egípcio não foi, ao meu ver, o sucesso na derrubada do presidente, mas sim o que ocorreu nas eleições. Como é mostrado no documentário, um dos grupos de grande presença nas manifestações, a Irmandade Muçulmana, acabou por criar alianças com o exército e, através de acordos políticos, viu-se capaz de lançar um candidato à presidência nas eleições vindouras.

“The Square” ilustra a relação entre os conflitos de discussões virtuais e as possibilidades de ações efetivas

Em “The Square”, é mostrado um descontentamento por boa parte da população pelo fato de que as eleições, no segundo turno, seriam disputadas entre duas frentes: uma representada por Ahmed Shafiq, ex-primeiro ministro do regime de Mubarak, e outra pela Irmandade Muçulmana, representada por Mohamed Morsi. A discordância por parte dos manifestantes é bem retratada no filme. Nenhum dos dois candidatos parecia atender às demandas que pediam pela formulação de uma nova Constituição.

The Square

Egito

O resultado é conhecido: Morsi foi deposto pelos militares em 2013, um ano após seu mandato, tendo em vista que não foi capaz de controlar novas manifestações (cada vez mais violentas) e agora o Egito prepara-se para, pela segunda vez na história, ter novas eleições livres, que deverão ocorrer até abril.

O que nos chama a atenção no caso egípcio é que após forte atuação política, de grande repercussão mundial, e com importantes avanços na direção de uma ampliação dos poderes de participação popular, o cenário montado no momento das eleições foi insatisfatório para muitos por causa do próprio sistema. Devia-se exercer o voto, pois foi um direito adquirido com luta, mas a escolha resumia-se em dois personagens que chegaram ao topo muito devido a alianças políticas, e não necessariamente por representarem as demandas populares dos manifestantes.

Ainda assim, mesmo com alto grau de insatisfação pelo resultado das eleições, é necessário questionarmos acerca da possibilidade de que boa parte da população poderia estar satisfeita com Morsi como presidente – ou, até mesmo, com o regime de Mubarak. Coloco este questionamento em prol de uma pergunta que acredito ser central neste texto: até que ponto um regime democrático deve levar em consideração manifestações de caráter popular, por mais barulhentas que sejam, se elas não representarem a maioria da população?

Não posso dizer que esse foi o caso do Egito. Pelo que pesquisei, acredito que a insatisfação era geral, tanto no caso de Mubarak quanto com Morsi. Colocando meu questionamento anterior de outra forma então, a pergunta que desejo fazer realmente é:

Quem fala mais alto tem maior voz?

kiev11

Kiev

Ucrânia e Venezuela: Exposição x Democracia

Não sei quanto a vocês, mas meu Twitter e Facebook estão inundados diariamente com imagens acerca das manifestações que estão ocorrendo nesses países recentemente. É difícil não se sentir perdido. Corre-se atrás de informações e há muito pouco em português. Quase nenhum da Ucrânia. Tem sorte quem entende inglês e pode ver o que alguns jornais europeus falam sobre o assunto. Mas as imagens proliferam. Algumas parecem ter sido tiradas de um filme de terror pós-apocalíptico.

No caso da Venezuela, pipocam, aqui e ali, relatos de conhecidos nossos que residem lá. Nos últimos dias, ouvi de um espectro a outro: desde pessoas que dizem que está ocorrendo uma tentativa de um golpe de elite da direita (e a prova disso seria que as manifestações estariam ocorrendo nas regiões ricas de Caracas) até pessoas que dizem que há grande insatisfação com o governo de Maduro, que seria marcado por uma restrição das liberdades políticas dos cidadãos venezuelanos.

Comentários sobre possível financiamento dos EUA para os grupos de manifestantes também surgem por vários lados. O interesse dos EUA nesse caso seria o petróleo.

No caso da Ucrânia, vejo que há uma grande insatisfação crescente desde novembro do ano passado, quando o então presidente Yanukovich decidiu estreitar relações comerciais com a Rússia ao invés de aproximar-se da União Européia. Relatos de corrupção de seu governo são frequentes, desde 2004, quando ganhou as eleições presidenciais mas foi impedido de assumir o posto, dada a quantidade exorbitante de denúncias.

A aproximação com a Rússia fez surgir um sentimento de regresso aos tempos de União Soviética e grande parte da população decidiu demonstrar sua insatisfação. Contudo, aqui vem um fator curioso: a maioria da população estava inclinada para o acordo russo, sendo que os que prezavam pela aproximação com a UE representava cerca de 43% do país. Bastante gente, mas não a maioria.

Kiev

Kiev

Isso é compreensível, tendo em vista que a Ucrânia é um país com uma formação geopolítica muito complexa. As fronteiras se alteraram muito nos últimos 300 anos e grande parte da população fala russo. Ou seja, há maior identificação com a Europa Oriental do que com a face Ocidental. Para saber mais sobre isso, recomendo este texto do Washington Post (em inglês) que tiram algumas dúvidas sobre as configurações sócio-políticas ucranianas e como elas são determinantes nas atuais manifestações.

De qualquer forma, em um regime democrático, a decisão de aproximação à Rússia, tomada por Yanukovich, não seria errada, sendo que a maioria da população aceitava sua decisão. Ao menos teoricamente, esse princípio funciona.

O erro fatal de Yanukovich, segundo alguns especialistas, daria-se em 16 de Janeiro deste ano, quando já em clima de diminuição das manifestações, em sua grande maioria pacíficas até então, o presidente assinou uma lei “anti-protesto”, que restringia os poderes de liberdade de expressão da população e da mídia – especialmente quando a pauta visava critica ao governo. Ao atacar a liberdade de expressão de um povo, aliado às acusações de corrupção, um sentimento de vingança surgiu, e a arena armou-se.

Notem: nos dois casos – Venezuela e Ucrânia – a internet foi essencial. Primeiro pela divulgação de imagens de violência, depois pela disseminação de notícias. Em especial, um vídeo de uma ativista ucraniana, no qual ela falava sobre a situação do país e os motivos pelos quais eles estavam indo para as ruas, viralizou, e o mundo passou a olhar com mais atenção o que estava acontecendo.

Na última quinta-feira, dia 20 de fevereiro de 2014, fotos mostrando os últimos desfechos dos conflitos em Kiev, capital da Ucrânia, chocaram muitos internautas brasileiros.

Ao atacar a liberdade de expressão de um povo, aliado às acusações de corrupção, um sentimento de vingança surgiu

Para engrossar ainda mais esse caldo, obviamente começaram a surgir as teorias da conspiração. Assim como no caso da Venezuela, em que alguns dizem que os EUA está financiando manifestantes por interesses econômicos próprios, o mesmo tem ocorrido no caso da Ucrânia.

Teorias de que os manifestantes são representantes de grupos de interesse comercial do bloco ocidental, que buscam uma desestabilização calculada do cenário político ucraniano para que possam ter uma maior entrada, começaram a surgir recentemente, e ficamos em uma balança confusa: seria isso um jogo de interesses calculados de países investidores, que veem na Ucrânia e na Venezuela algum potencial lucrativo, ou seria isso uma manobra de outros grupos de interesses que visam deslegitimizar um genuíno interesse por mudanças sociais nestes locais? A resposta é um grande ponto de interrogação. Nenhuma resposta é 100% garantida. E isso também ocorre por aqui.

Praça da Independência em Kiev: Antes e Depois

Praça da Independência em Kiev: Antes e Depois

Manifestações no Brasil – Democracia como estética

Nos casos da Ucrânia e do Egito, chama a atenção o fato de que boa parte dos manifestantes reclamam que não se veem representados nas altas esferas do poder. Ao organizarem-se através de redes sociais, unem suas indignações à retomada da consciência de que seu poder nas ruas é gigantesco. Um cenário único surge na combinação desses elementos: politiza-se ao máximo o campo virtual e percebe-se uma crise no modelo de democracia representativa.

Fruição estética: Parecia ser mais importante estar nas ruas, e postar fotos e vídeos de se estar lá, do que necessariamente ter reivindicações aos governantes

Interessante perceber que se há algum tempo a crença geral era de que a internet deixaria-nos mais acomodados ou submissos, naquele velho chavão de “estou em contato com o mundo, ao mesmo tempo em que estou isolado em meu quarto”, o cenário claramente se tornou outro. Acredito que nem mesmo os mais entusiastas do poder político que a internet oferecia nos anos 90, como o teórico Pierre Levy, conseguiram imaginar as proporções que a combinação entre “ativismo virtual” e “insatisfação política” tomariam nesta segunda década do século XXI. Contudo, uma pergunta é necessária neste momento: que tipo de atitude política essas manifestações estão representando?

Para poder falar com alguma segurança (ainda que pouca, pois, novamente, é difícil generalizar nesses casos), vou tratar um pouco do caso brasileiro. Uma desconfiança que tenho a respeito das manifestações que ocorreram ano passado aqui no país é a de que os atos eram políticos, mas com alto grau de fruição estética. Explico: parecia ser mais importante estar nas ruas, e postar fotos e vídeos de se estar lá, com uma curiosa sensação de “estou fazendo história”, do que necessariamente ter reivindicações aos governantes.

Brasil

FIFA

O resultado foi o que vários especialistas na época já apontavam: diluição dos interesses, agendas conflitantes por vários grupos, confusões sobre o que estava sendo exigido e, por fim, nivelamento ao mínimo denominador comum de todos que lá atuavam. Tornaram-se então recorrentes lugares-comuns como “fim da corrupção”, “segurança, educação e saúde”, “fora Fifa” e por aí vai. Muitos “o que”, poucos “como”.

Concordo que a falta de líderes foi um agravante. Contudo, a presença de um (ou alguns) poderia ter um efeito reverso: provavelmente, no caso de uma figura central (e houve tentativas de formar-se algumas), agendas políticas de outros grupos não se sentiriam representadas e as manifestações acabariam mais rapidamente. O efeito foi o mesmo – as grandes manifestações cessaram –, mas de forma mais vagarosa.

Por outro lado, os grupos que tinham suas agendas e líderes melhor definidos acabaram por persistir até hoje, em manifestações muito menores mas, ainda assim, de relevante impacto. O lamentável caso da morte do cinegrafista da Band, Santiago Andrade, ocorreu justamente em uma manifestação cuja agenda é uma das originárias das revoltas de junho: o aumento do preço da tarifa de ônibus. Dessa vez, não em São Paulo, mas sim no Rio de Janeiro.

Lugares-comuns como “fim da corrupção” e “fora Fifa”. Muitos “o que”, poucos “como”.

Apesar de concordar que a falta de líderes foi um agravante para que algumas das demandas do ano passado não tomassem formas mais sólidas (uma que tinha grande potencial, ao meu ver, foi a necessidade de uma reforma política – assunto que, infelizmente, não foi para frente), acredito que o quadro geral é ainda mais complexo.

Rio de Janeiro

Brasil

O conceito da necessidade de um líder que represente as demandas de um grupo de insatisfeitos é um dependente do modelo de democracia representativa – que, como podemos ver atualmente em casos como o do Egito e da Ucrânia, parece não ser suficiente para atingir as demandas do povo. Parece-me, neste caso, que há um descompasso entre dois fatores: a sensação de vertigem que temos com os rápidos meios de consumo e comunicação entram em conflito com a lentidão da máquina burocrática estatal.

Ao não ver-se representado lá em cima, uma parte da população se revolta e vai à desforra, organizando-se de maneira rápida nos meios virtuais, mas vendo suas agendas (mesmo as definidas) diluírem-se nos complicados trâmites burocráticos dos lugares onde vivem. A pergunta que fica, nesse breve levantamento, poderia ser “é possível um Estado satisfazer, em tempo hábil, as demandas de toda uma geração que está acostumada a receber mensagens instantâneas, baixar filmes recém-lançados no cinema e ter produtos entregues em até 24 horas na sua casa?”.

A possibilidade do modelo de democracia representativa parecer dar seus sinais de crise não significa, de maneira alguma, que a democracia como um todo estaria vendo seus dias finais. Não acredito que seja esse o caso. Contudo, há de se repensar o modelo de participação democrática.

Sobre isso, recomendo a entrevista que sociólogo polonês Zygmunt Bauman, cuja extensa obra é bem conhecida no Brasil, concedeu ao Fronteiras do Pensamento em 2011. Nela, Bauman levanta a necessidade de repensarmos o que entendemos por Democracia nos dias de hoje, tendo em vista que seu conceito, originário dos gregos antigos, altera-se à medida que os anos passam.

Como ela deverá ser daqui pra frente? Não acredito que o modelo islandês, reformulado recentemente para um sistema de democracia direta, em que todo cidadão, através da internet, participa diretamente das decisões do governo, seja possível num país de dimensões continentais como o Brasil.

Posso estar enganado (e espero estar), mas quero deixar claro que acredito ser importante não nos deixarmos seduzir por aparentes soluções “fáceis”, do tipo que vemos em alguns grupos que vivem uma estranha nostalgia dos tempos da Ditadura Militar brasileira (mesmo sem terem vivido aquela época). Aliás, importante mencionar que tenho plena consciência de que o período militar brasileiro não é dos mais simples de se entender, seja pelo lado dos que são contra, seja pelo lado dos que são a favor.

Descompasso: os rápidos meios de comunicação entram em conflito com a lentidão da máquina burocrática estatal

Acima de tudo, acredito que apostar que as coisas “serão melhores” se nosso poder de decisão for retirado, deixando o poder na mão “de quem (supostamente) entende”, é uma ideia perigosa. Por mais complicado que seja, a participação popular é um direito adquirido valiosíssimo. Resta sabermos qual a maneira “menos pior” de pô-la em prática, especialmente frente os desafios deste novo mundo.

Mesmo com todas essas considerações, o terreno de formações de opiniões seguras sobre todos os ocorridos por aqui é ainda pantanoso. E muito disso, acredito, deu-se por um movimento duplo que a internet possibilitou: se por um lado aumentou-se o debate político, por outro lado aumentou-se as paranoias e as teorias conspiratórias.

Brasil

Kiev

Conspirações por todos os lados!

Já citei sobre a questão das conspirações (ou “fatos”, dependendo do que você acredita) nos recentes casos da Venezuela e Ucrânia, e cheguei a mencionar que aqui não estamos longe disso. No caso do cinegrafista morto, não faltaram as explicações e desconfianças acerca de como a polícia solucionou rápido o crime. Supostas ligações dos grupos Black Blocs com partidos políticos também foram mencionados. Debates interessantíssimos sobre a diferença entre violência policial e urbana têm surgido. E, com todos esses fatores, o buraco tem ficado cada vez mais fundo. Aliás, os buracos. Sei lá em qual você prefere se enfiar.

No caso das revoltas de junho do 2013, tenho uma clara lembrança das minhas impressões de motivos pelos quais elas aparentemente não foram tão efetivas quanto prometiam ser. Primeiro: quando as revoltas estavam estourando ainda apenas em São Paulo, houve o momento em que os principais veículos de informação do país referiam-se aos manifestantes como “vândalos”. Isso mudou, aparentemente, após a fotógrafa da Folha de São Paulo levar uma bala de borracha na cara. Isso fez a classe de jornalistas se mexer e, do dia para a noite, os “vândalos” se tornaram “manifestantes”.

Quando uma jornalista foi atingida por uma bola de borracha, a abordagem mudou: Os “vândalos” se tornaram “manifestantes”.

Em seguida, as manifestações cresceram exponencialmente e o lema “não é só pelos 20 centavos” ganhou dimensões nacionais. O Arnaldo Jabor se desculpou por uma declaração que havia feito criticando os manifestantes no Jornal da Globo. É curioso que ele o tenha feito na sua coluna da CBN, onde seu poder de persuasão parece ser mais contido, mas vamos considerar isso como válido, pelo menos por enquanto.

Com o crescimento das manifestações, aumentaram os atos de vandalismo. E uma coisa chamou a atenção de muitos que acompanhavam as notícias: o fato de que os grandes meios de comunicação tratavam de enfatizar que os atos de violência eram de “pequenos grupos localizados”, e não de todos os manifestantes – que seriam, segundo as notícias da época, em sua maioria pacíficos. Para muitos, teriam sido esses atos de vandalismo que acabaram por enfraquecer o caráter político e o potencial das manifestações. Mas eu tenho outra impressão.

Black Blocs

Para quem está tentando se informar sobre o assunto, não há lado seguro para correr. Medo e dúvida são sensações frequentes.

Enquanto a grande mídia se preocupava em tentar “higienizar” as manifestações, deixando claro que os “mal-elementos” não eram a maioria, movimentos que só posso caracterizar como paranóicos passaram a crescer mais e mais nas discussões virtuais. Eu li/ouvi relatos, tanto da esquerda quanto da direita, de que estariam se instalando estratégias para um golpe de Estado.

Do lado da esquerda, li/ouvi que grupos fascistas passaram a integrar as manifestações e causar vandalismo para tentar legitimizar um novo golpe militar em um cenário que beiraria uma guerra civil, dando espaço, nestas configurações, para que o exército atuasse livremente. O termo “P2”, referente ao policial infiltrado no meio dos civis, tornou-se jargão (e muitas vezes coerentes, como pudemos ver em vários vídeos da época).

PM

Do lado da direita, li/ouvi que grupos anti-capilistas (como os Black Blocs) estavam tentando instaurar um golpe comunista, e que o cidadão deveria ter cuidado para que isso não ocorresse. Nas recentes manifestações, ainda ouço bastante isso.

Quero deixar claro que, sim, estou generalizando ambos os lados. Houve outras versões, ora mais brandas, oras mais radicais, mas a palavra “golpe” era (e ainda é) recorrente nas duas vertentes. Para aquele que estava tentando informar-se sobre o assunto, não havia lado seguro para correr. Medo e dúvida eram as sensações frequentes da época. No meio de tudo isso, alguém proferiu a frase “quem não está confuso não está bem informado”, que acredito que resumiu bem o espírito do período final das manifestações de Junho de 2013. Honestamente, não sei em quem acreditar até hoje. Acho muito difícil que houvesse tais tentativas golpistas, mas também não descarto a possibilidade. De todos os lados.

Uma questão que levantei há pouco, e que acredito ser relevante para amadurecermos na discussão do cyberativismo aliado à presença nas ruas, é a seguinte: até que ponto o ato de violência na manifestação é válido num país democrático? Aliás, é válido? Se sim, contra o quê? Contra quem? Não iria ele contra o próprio conceito de democracia? Imaginem o seguinte: um grande grupo de pessoas está insatisfeito com medida X do governo. É um grupo grande, mas não é a maioria. Digamos que, nessa situação hipotética, seja 30% da população – o que já é o suficiente para causar algum estrago. Se esses grupos começam a causar muito barulho nas ruas, o governo deve ceder aos seus interesses?

Kiev

E se a minoria fosse mais barulhenta em suas ações? Tanto nas ruas quanto online, divulgando para o mundo vídeos, fotos e textos que provassem seus pontos de vista?

Pensemos, por um momento, no caso do Egito e da Ucrânia. E se, hipoteticamente, 60% da população egípcia estivesse satisfeita com o governo de Mubarak, mas os outros 40% fossem mais barulhentos em suas ações – tanto nas ruas quanto online, divulgando para o mundo vídeos, fotos e textos que provassem seus pontos de vista. O que fazer nesse caso? Quem está certo? Como deve o governo agir?

O mesmo vale para a Ucrânia: dada sua complexidade cultural, lembremos que, ao menos em primeiro momento, a maioria da população (57%) era a favor do acordo comercial com a Rússia. Contudo, a parcela que era contra (43%) era mais assertiva e foi para as ruas. Ou seja, “mostraram-se” mais e fizeram suas vozes serem ouvidas. Depois dos desastres políticos do presidente com as medidas anti-protestos, obviamente o cenário se alterou.

O resultado foi uma inundação de imagens e vídeos que mostram Kiev como um campo de batalha. E de que lado ficamos? Como escolher um lado? Como se dá o exercício democrático em um mundo no qual as pressões internacionais podem passar a surgir devido a imagens compartilhadas no twitter por um celular, eventualmente viralizando? E se lermos as teorias da conspiração? Devemos desacreditar todas? Ou apenas algumas?

Neste cenário de manifestações acontecendo a todo momento, em todo o mundo, exigindo movimentos políticos mais rápidos do que a máquina estatal é capaz de produzir, aliado à proliferação de teorias da conspiração que surgem para todos os lados, é impossível não sentirmos, em algum momento, uma desesperadora sensação de não saber mais o que pensar.

É aí que reside minha hipótese de porquê muitas dessas manifestações parecem não sair do lugar: por mais bizarro que isso soe, parece-me que há um excesso de informação que engessa qualquer possibilidade de posicionamento construtivo acerca dessas difíceis questões. A cada nova informação, dez novas dúvidas surgem.

Kiev

Um paradoxo marca nossa geração de maneira tragicômica: nunca estivemos tão informados e perdidos ao mesmo tempo

Se eu quisesse arriscar um pouco mais, diria que as teorias da conspiração parecem denotar duas coisas sintomáticas de nossos tempos. Em primeiro lugar, o velho chavão de que temos, hoje, a necessidade de termos opinião formada sobre tudo, por mais rasa que ela seja. Em segundo lugar, de que há uma estranha sensação de que, no caso dos conspirólogos de plantão, há uma necessidade de mostrar-se mais “consciente” do mundo.

Ao formular-se uma teoria de interesses ocultos por trás dos movimentos sociais, o dono de tal discurso destaca-se da “massa”, reivindicando para si mesmo um suposto título de “esclarecido”. Para os que se encaixam neste último caso, gosto de lembrar do documentário “The Mindscape of Alan Moore”, no qual o autor supramencionado diz que os conspiradores falham em entender que o mundo é caótico e sem sentido. Por não aguentarem o peso da complexidade do mundo, acabam por formular explicações para tudo, sempre referenciando grupos de interesses malignos.

like

Não quero dizer com isso que não existem grupos de interesse que formulam estratégias e ações assertivas contra padrões sociais estabelecidos. A história está cheia de exemplos em que isso foi o caso. Contudo, ao ver que há tantas conspirações para todos os lados, não consigo deixar de pensar que há muitos equívocos aparecendo por ai. E essas hipóteses, que supostamente deveriam tornar-nos mais conscientes, acabam jogando mais ruído do que se esperava.

Sendo assim, um paradoxo marca nossa geração de maneira tragicômica: nunca estivemos tão informados e perdidos ao mesmo tempo. Tempos desafiadores para aqueles que se arriscam a pensar criticamente sobre o mundo – tanto o seu quanto o do outro. E podem esperar: a tendência é complicar cada vez mais. Resta adaptarmo-nos a este confuso novo mundo e sabermos lidar com seus novos desafios.

Se há algo positivo nisso tudo é que estamos, talvez pela primeira vez na história, experimentando em larga escala a complexidade do tecido social – que sempre foi complicado, mas nunca dava chance às vozes periféricas serem ouvidas. Não é mais necessário ser um acadêmico ou político para entendermos essa colcha de retalhos que parece ser o mundo. Basta abrir sua rede social de preferência. E ainda bem que estamos assim.

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Créditos Fotos: Mohamed Elsayyed/Shutterstock.com; Jorge Silva/REUTERS; Hassan Ammar/AP; AlexandCo Studio/Shutterstock.com; Antonio Scorza/Shutterstock.com; Sergei Supinsky/AFP; S-F/Shutterstock.com; Roman Mikhailiuk/Shutterstock.com

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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