Dilma Bolada denuncia tentativa de ‘compra’ de perfil com objetivos eleitoreiros

Com as eleições cada vez mais próximas, parece que as redes sociais vão virar arena para que políticos e partidos disputem a preferência dos eleitores. Depois do bate-boca entre um suposto perfil de Aécio Neves com a personalidade wébica Dilma Bolada, dessa vez o Facebook foi palco de uma séria denúncia de compra de apoio político em perfis famosos nas mídias digitais.

Em postagem no seu perfil pessoal, Jeferson Monteiro, responsável pela personagem cômica Dilma Bolada, detalhou uma proposta que teria sido feita por uma agência de publicidade, que tinha interesse no perfil para um ‘casting’ de páginas relevantes na internet que se tornariam ‘embaixadoras’ de um partido ou de um político. “Diversas páginas que todos curtem, gostam e recebem conteúdos diários iriam fazer campanha eleitoral para o candidato que fechasse um contrato milionário com eles”, detalhou Jeferson, que disse ter ‘dado corda’ na negociação para ver até onde ela iria chegar.

A equipe digital interessada na Dilma Bolada seria, segundo relata Jeferson, da campanha de Aécio Neves, do PSDB, que teria intenções de usar o personagem e “seu capital político” para mudar a opinião dos internautas.

 Será que a audiência vai se rebelar contra perfis que fizerem campanha eleitoral? Como os webspectadores irão avaliar a ‘pertinência’ do apoio político de webcelebridades e perfis satíricos?

A discussão entre o perfil satírico da Dilma e Pedro Guadalupe, especialista em redes sociais que presta serviços ao PSDB, acabou indo parar na Folha de S. Paulo desta terça-feira. A publicação teria recebido a íntegra dos emails entre Pedro e Jeferson, onde o especialista, que esteve envolvido com o PT em 2012, ressaltava que o responsável pela Dilma Bolada deveria pesar bem suas escolhas, já que o fechamento de um contrato com o PSDB poderia torna-lo inimigo do partido da presidente.

O que fica no ar, contudo, é a dúvida sobre quais outras webcelebridades podem já ter fechado contrato com campanhas políticas. Será que a audiência vai se rebelar contra perfis que fizerem campanha eleitoral? Como os webspectadores irão avaliar a ‘pertinência’ do apoio político de webcelebridades e perfis satíricos?

Ficamos no aguardo dos próximos capítulos.

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AntiCast 129 – A Idade Média

Olá, antidesigners e brainstormers!
Neste programa, Ivan Mizanzuk, Pablo de Assis, Jussara Almeida e a estreante Tati Boulhosa conversam sobre a Idade Média, um dos períodos mais fascinantes da história da humanidade. Falamos sobre heresias, bruxas, política, conflitos e, longe de ser algo homogêneo e controlador, a Idade Média é marcada por uma série de manifestações culturais paradoxais. Esqueça tudo o que você aprendeu na escola e ouça logo!

>> 0h10min51seg Pauta principal
>> 2h24min29seg Música de encerramento: “Emerald Sword”, da banda Rhapsody

Workshop “História da Arte para Criativos”, com Ivan Mizanzuk
São Paulo – 22 de Junho
Curitiba – 19 de Julho
Rio de Janeiro – 26 de Julho
Recife – 03 de Agosto
Brasília – 10 de Agosto
Quer o workshop na sua cidade também? Preencha e divulgue este questionário

Curso Introdução à Filosofia Contemporânea – Módulo 1 – com Marcos Beccari.
Data/horário: aulas semanais aos sábados, de 07 a 28 de junho de 2014, das 15h00 às 17h00. Carga horária: 8 horas.
Investimento: R$ 160,00 ou duas parcelas de R$ 80,00.
Escopo e programa de aulas: disponível, em breve, na página de cursos do FdD: http://filosofiadodesign.com/cursos/.
Local: Mímesis Conexões Artísticas – Rua João Manuel, 74, São Francisco (entre o Largo da Ordem e a Cinemateca de Curitiba).
Informações e inscrições: contato@filosofiadodesign.com.

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Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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Protestos pelo mundo: Como o excesso de informação tem nos deixado mais confusos

É complicado emitirmos qualquer opinião sobre o que estamos vendo no mundo nos últimos 4 anos. Protestos afloram por todo o lugar, desde a Primavera Árabe até as recentes atividades na Ucrânia, Venezuela e, obviamente, no Brasil.

A internet, sem dúvida, tem sido uma grande ferramenta de articulação acerca de tais movimentações sociais – e tem sido, para muitos, a única forma de saber o que está acontecendo nas últimas manifestações na Venezuela e Ucrânia. Muito pouco tem chegado para nós através das mídias tradicionais. Isso só aumenta o desafio (e o perigo) em se emitir qualquer opinião: muito provavelmente, no momento em que você estiver lendo este texto, os quadros sociais nos países citados pode já ter se alterado radicalmente. Portanto, peço desculpas por qualquer nova informação que não foi levada em consideração.

No caso da Primavera Árabe, foi bem documentado que grandes redes de comunicação foram montadas graças às redes sociais. Um fenômeno novo: começou na internet e por ela se espalhou. Somente depois de um tempo é que entrou na “grande mídia”. Quem acompanhou as manifestações de junho do ano passado também pôde sentir, na ponta dos dedos, o poder político das redes sociais – alguns mais, outros menos conscientes do que se postava.

As manifestações nos fazem sentir na ponta dos dedos o poder político das redes sociais

Este texto não busca ser uma resposta a tudo isso. Que fique claro: é apenas uma breve análise, baseada em algumas das impressões que tive após acompanhar várias das relações estabelecidas entre essas novas movimentações sociais, que partiram da internet, e o exercício democrático. Com certeza, esta análise será incompleta, pois é impossível falar de todos os ângulos.

Contudo, espero que, ao final do texto, alguns apontamentos relevantes sejam levantados ao leitor que está interessado em entender como a internet está sendo utilizada como ferramenta política por nós atualmente e os desafios que os defensores de um sistema democrático (me incluo neles) terão no futuro.

Egito

The Square

Egito: um exercício da relação entre democracia e ativismo

Assisti recentemente ao documentário “The Square”, indicado ao Oscar 2014, que lida em explanar algumas das questões que estavam por trás dos protestos que aconteceram no Egito, entre 2011 e 2013. O caso lá retratado parece ser uma boa ilustração da relação entre os conflitos dos modelos de discussão virtuais e as possibilidades de ações efetivas no campo prático.

Em um primeiro momento, diversos grupos egípcios, insatisfeitos com o regime do então presidente Hosni Mubarak, no cargo já há 30 anos (eleito, em todas as ocasiões, sem oposição), uniram-se em prol da derrubada do seu líder, levantando velhas acusações sobre a falta de espaço democrático em seu governo. As manifestações, que se concentravam na Praça Tahir, no Cairo, após uma série de enfrentamentos com o exército, acabaram por ser bem-sucedidas. O presidente foi deposto e uma eleição foi marcada.

Contudo, o fator icônico do caso egípcio não foi, ao meu ver, o sucesso na derrubada do presidente, mas sim o que ocorreu nas eleições. Como é mostrado no documentário, um dos grupos de grande presença nas manifestações, a Irmandade Muçulmana, acabou por criar alianças com o exército e, através de acordos políticos, viu-se capaz de lançar um candidato à presidência nas eleições vindouras.

“The Square” ilustra a relação entre os conflitos de discussões virtuais e as possibilidades de ações efetivas

Em “The Square”, é mostrado um descontentamento por boa parte da população pelo fato de que as eleições, no segundo turno, seriam disputadas entre duas frentes: uma representada por Ahmed Shafiq, ex-primeiro ministro do regime de Mubarak, e outra pela Irmandade Muçulmana, representada por Mohamed Morsi. A discordância por parte dos manifestantes é bem retratada no filme. Nenhum dos dois candidatos parecia atender às demandas que pediam pela formulação de uma nova Constituição.

The Square

Egito

O resultado é conhecido: Morsi foi deposto pelos militares em 2013, um ano após seu mandato, tendo em vista que não foi capaz de controlar novas manifestações (cada vez mais violentas) e agora o Egito prepara-se para, pela segunda vez na história, ter novas eleições livres, que deverão ocorrer até abril.

O que nos chama a atenção no caso egípcio é que após forte atuação política, de grande repercussão mundial, e com importantes avanços na direção de uma ampliação dos poderes de participação popular, o cenário montado no momento das eleições foi insatisfatório para muitos por causa do próprio sistema. Devia-se exercer o voto, pois foi um direito adquirido com luta, mas a escolha resumia-se em dois personagens que chegaram ao topo muito devido a alianças políticas, e não necessariamente por representarem as demandas populares dos manifestantes.

Ainda assim, mesmo com alto grau de insatisfação pelo resultado das eleições, é necessário questionarmos acerca da possibilidade de que boa parte da população poderia estar satisfeita com Morsi como presidente – ou, até mesmo, com o regime de Mubarak. Coloco este questionamento em prol de uma pergunta que acredito ser central neste texto: até que ponto um regime democrático deve levar em consideração manifestações de caráter popular, por mais barulhentas que sejam, se elas não representarem a maioria da população?

Não posso dizer que esse foi o caso do Egito. Pelo que pesquisei, acredito que a insatisfação era geral, tanto no caso de Mubarak quanto com Morsi. Colocando meu questionamento anterior de outra forma então, a pergunta que desejo fazer realmente é:

Quem fala mais alto tem maior voz?

kiev11

Kiev

Ucrânia e Venezuela: Exposição x Democracia

Não sei quanto a vocês, mas meu Twitter e Facebook estão inundados diariamente com imagens acerca das manifestações que estão ocorrendo nesses países recentemente. É difícil não se sentir perdido. Corre-se atrás de informações e há muito pouco em português. Quase nenhum da Ucrânia. Tem sorte quem entende inglês e pode ver o que alguns jornais europeus falam sobre o assunto. Mas as imagens proliferam. Algumas parecem ter sido tiradas de um filme de terror pós-apocalíptico.

No caso da Venezuela, pipocam, aqui e ali, relatos de conhecidos nossos que residem lá. Nos últimos dias, ouvi de um espectro a outro: desde pessoas que dizem que está ocorrendo uma tentativa de um golpe de elite da direita (e a prova disso seria que as manifestações estariam ocorrendo nas regiões ricas de Caracas) até pessoas que dizem que há grande insatisfação com o governo de Maduro, que seria marcado por uma restrição das liberdades políticas dos cidadãos venezuelanos.

Comentários sobre possível financiamento dos EUA para os grupos de manifestantes também surgem por vários lados. O interesse dos EUA nesse caso seria o petróleo.

No caso da Ucrânia, vejo que há uma grande insatisfação crescente desde novembro do ano passado, quando o então presidente Yanukovich decidiu estreitar relações comerciais com a Rússia ao invés de aproximar-se da União Européia. Relatos de corrupção de seu governo são frequentes, desde 2004, quando ganhou as eleições presidenciais mas foi impedido de assumir o posto, dada a quantidade exorbitante de denúncias.

A aproximação com a Rússia fez surgir um sentimento de regresso aos tempos de União Soviética e grande parte da população decidiu demonstrar sua insatisfação. Contudo, aqui vem um fator curioso: a maioria da população estava inclinada para o acordo russo, sendo que os que prezavam pela aproximação com a UE representava cerca de 43% do país. Bastante gente, mas não a maioria.

Kiev

Kiev

Isso é compreensível, tendo em vista que a Ucrânia é um país com uma formação geopolítica muito complexa. As fronteiras se alteraram muito nos últimos 300 anos e grande parte da população fala russo. Ou seja, há maior identificação com a Europa Oriental do que com a face Ocidental. Para saber mais sobre isso, recomendo este texto do Washington Post (em inglês) que tiram algumas dúvidas sobre as configurações sócio-políticas ucranianas e como elas são determinantes nas atuais manifestações.

De qualquer forma, em um regime democrático, a decisão de aproximação à Rússia, tomada por Yanukovich, não seria errada, sendo que a maioria da população aceitava sua decisão. Ao menos teoricamente, esse princípio funciona.

O erro fatal de Yanukovich, segundo alguns especialistas, daria-se em 16 de Janeiro deste ano, quando já em clima de diminuição das manifestações, em sua grande maioria pacíficas até então, o presidente assinou uma lei “anti-protesto”, que restringia os poderes de liberdade de expressão da população e da mídia – especialmente quando a pauta visava critica ao governo. Ao atacar a liberdade de expressão de um povo, aliado às acusações de corrupção, um sentimento de vingança surgiu, e a arena armou-se.

Notem: nos dois casos – Venezuela e Ucrânia – a internet foi essencial. Primeiro pela divulgação de imagens de violência, depois pela disseminação de notícias. Em especial, um vídeo de uma ativista ucraniana, no qual ela falava sobre a situação do país e os motivos pelos quais eles estavam indo para as ruas, viralizou, e o mundo passou a olhar com mais atenção o que estava acontecendo.

Na última quinta-feira, dia 20 de fevereiro de 2014, fotos mostrando os últimos desfechos dos conflitos em Kiev, capital da Ucrânia, chocaram muitos internautas brasileiros.

Ao atacar a liberdade de expressão de um povo, aliado às acusações de corrupção, um sentimento de vingança surgiu

Para engrossar ainda mais esse caldo, obviamente começaram a surgir as teorias da conspiração. Assim como no caso da Venezuela, em que alguns dizem que os EUA está financiando manifestantes por interesses econômicos próprios, o mesmo tem ocorrido no caso da Ucrânia.

Teorias de que os manifestantes são representantes de grupos de interesse comercial do bloco ocidental, que buscam uma desestabilização calculada do cenário político ucraniano para que possam ter uma maior entrada, começaram a surgir recentemente, e ficamos em uma balança confusa: seria isso um jogo de interesses calculados de países investidores, que veem na Ucrânia e na Venezuela algum potencial lucrativo, ou seria isso uma manobra de outros grupos de interesses que visam deslegitimizar um genuíno interesse por mudanças sociais nestes locais? A resposta é um grande ponto de interrogação. Nenhuma resposta é 100% garantida. E isso também ocorre por aqui.

Praça da Independência em Kiev: Antes e Depois

Praça da Independência em Kiev: Antes e Depois

Manifestações no Brasil – Democracia como estética

Nos casos da Ucrânia e do Egito, chama a atenção o fato de que boa parte dos manifestantes reclamam que não se veem representados nas altas esferas do poder. Ao organizarem-se através de redes sociais, unem suas indignações à retomada da consciência de que seu poder nas ruas é gigantesco. Um cenário único surge na combinação desses elementos: politiza-se ao máximo o campo virtual e percebe-se uma crise no modelo de democracia representativa.

Fruição estética: Parecia ser mais importante estar nas ruas, e postar fotos e vídeos de se estar lá, do que necessariamente ter reivindicações aos governantes

Interessante perceber que se há algum tempo a crença geral era de que a internet deixaria-nos mais acomodados ou submissos, naquele velho chavão de “estou em contato com o mundo, ao mesmo tempo em que estou isolado em meu quarto”, o cenário claramente se tornou outro. Acredito que nem mesmo os mais entusiastas do poder político que a internet oferecia nos anos 90, como o teórico Pierre Levy, conseguiram imaginar as proporções que a combinação entre “ativismo virtual” e “insatisfação política” tomariam nesta segunda década do século XXI. Contudo, uma pergunta é necessária neste momento: que tipo de atitude política essas manifestações estão representando?

Para poder falar com alguma segurança (ainda que pouca, pois, novamente, é difícil generalizar nesses casos), vou tratar um pouco do caso brasileiro. Uma desconfiança que tenho a respeito das manifestações que ocorreram ano passado aqui no país é a de que os atos eram políticos, mas com alto grau de fruição estética. Explico: parecia ser mais importante estar nas ruas, e postar fotos e vídeos de se estar lá, com uma curiosa sensação de “estou fazendo história”, do que necessariamente ter reivindicações aos governantes.

Brasil

FIFA

O resultado foi o que vários especialistas na época já apontavam: diluição dos interesses, agendas conflitantes por vários grupos, confusões sobre o que estava sendo exigido e, por fim, nivelamento ao mínimo denominador comum de todos que lá atuavam. Tornaram-se então recorrentes lugares-comuns como “fim da corrupção”, “segurança, educação e saúde”, “fora Fifa” e por aí vai. Muitos “o que”, poucos “como”.

Concordo que a falta de líderes foi um agravante. Contudo, a presença de um (ou alguns) poderia ter um efeito reverso: provavelmente, no caso de uma figura central (e houve tentativas de formar-se algumas), agendas políticas de outros grupos não se sentiriam representadas e as manifestações acabariam mais rapidamente. O efeito foi o mesmo – as grandes manifestações cessaram –, mas de forma mais vagarosa.

Por outro lado, os grupos que tinham suas agendas e líderes melhor definidos acabaram por persistir até hoje, em manifestações muito menores mas, ainda assim, de relevante impacto. O lamentável caso da morte do cinegrafista da Band, Santiago Andrade, ocorreu justamente em uma manifestação cuja agenda é uma das originárias das revoltas de junho: o aumento do preço da tarifa de ônibus. Dessa vez, não em São Paulo, mas sim no Rio de Janeiro.

Lugares-comuns como “fim da corrupção” e “fora Fifa”. Muitos “o que”, poucos “como”.

Apesar de concordar que a falta de líderes foi um agravante para que algumas das demandas do ano passado não tomassem formas mais sólidas (uma que tinha grande potencial, ao meu ver, foi a necessidade de uma reforma política – assunto que, infelizmente, não foi para frente), acredito que o quadro geral é ainda mais complexo.

Rio de Janeiro

Brasil

O conceito da necessidade de um líder que represente as demandas de um grupo de insatisfeitos é um dependente do modelo de democracia representativa – que, como podemos ver atualmente em casos como o do Egito e da Ucrânia, parece não ser suficiente para atingir as demandas do povo. Parece-me, neste caso, que há um descompasso entre dois fatores: a sensação de vertigem que temos com os rápidos meios de consumo e comunicação entram em conflito com a lentidão da máquina burocrática estatal.

Ao não ver-se representado lá em cima, uma parte da população se revolta e vai à desforra, organizando-se de maneira rápida nos meios virtuais, mas vendo suas agendas (mesmo as definidas) diluírem-se nos complicados trâmites burocráticos dos lugares onde vivem. A pergunta que fica, nesse breve levantamento, poderia ser “é possível um Estado satisfazer, em tempo hábil, as demandas de toda uma geração que está acostumada a receber mensagens instantâneas, baixar filmes recém-lançados no cinema e ter produtos entregues em até 24 horas na sua casa?”.

A possibilidade do modelo de democracia representativa parecer dar seus sinais de crise não significa, de maneira alguma, que a democracia como um todo estaria vendo seus dias finais. Não acredito que seja esse o caso. Contudo, há de se repensar o modelo de participação democrática.

Sobre isso, recomendo a entrevista que sociólogo polonês Zygmunt Bauman, cuja extensa obra é bem conhecida no Brasil, concedeu ao Fronteiras do Pensamento em 2011. Nela, Bauman levanta a necessidade de repensarmos o que entendemos por Democracia nos dias de hoje, tendo em vista que seu conceito, originário dos gregos antigos, altera-se à medida que os anos passam.

Como ela deverá ser daqui pra frente? Não acredito que o modelo islandês, reformulado recentemente para um sistema de democracia direta, em que todo cidadão, através da internet, participa diretamente das decisões do governo, seja possível num país de dimensões continentais como o Brasil.

Posso estar enganado (e espero estar), mas quero deixar claro que acredito ser importante não nos deixarmos seduzir por aparentes soluções “fáceis”, do tipo que vemos em alguns grupos que vivem uma estranha nostalgia dos tempos da Ditadura Militar brasileira (mesmo sem terem vivido aquela época). Aliás, importante mencionar que tenho plena consciência de que o período militar brasileiro não é dos mais simples de se entender, seja pelo lado dos que são contra, seja pelo lado dos que são a favor.

Descompasso: os rápidos meios de comunicação entram em conflito com a lentidão da máquina burocrática estatal

Acima de tudo, acredito que apostar que as coisas “serão melhores” se nosso poder de decisão for retirado, deixando o poder na mão “de quem (supostamente) entende”, é uma ideia perigosa. Por mais complicado que seja, a participação popular é um direito adquirido valiosíssimo. Resta sabermos qual a maneira “menos pior” de pô-la em prática, especialmente frente os desafios deste novo mundo.

Mesmo com todas essas considerações, o terreno de formações de opiniões seguras sobre todos os ocorridos por aqui é ainda pantanoso. E muito disso, acredito, deu-se por um movimento duplo que a internet possibilitou: se por um lado aumentou-se o debate político, por outro lado aumentou-se as paranoias e as teorias conspiratórias.

Brasil

Kiev

Conspirações por todos os lados!

Já citei sobre a questão das conspirações (ou “fatos”, dependendo do que você acredita) nos recentes casos da Venezuela e Ucrânia, e cheguei a mencionar que aqui não estamos longe disso. No caso do cinegrafista morto, não faltaram as explicações e desconfianças acerca de como a polícia solucionou rápido o crime. Supostas ligações dos grupos Black Blocs com partidos políticos também foram mencionados. Debates interessantíssimos sobre a diferença entre violência policial e urbana têm surgido. E, com todos esses fatores, o buraco tem ficado cada vez mais fundo. Aliás, os buracos. Sei lá em qual você prefere se enfiar.

No caso das revoltas de junho do 2013, tenho uma clara lembrança das minhas impressões de motivos pelos quais elas aparentemente não foram tão efetivas quanto prometiam ser. Primeiro: quando as revoltas estavam estourando ainda apenas em São Paulo, houve o momento em que os principais veículos de informação do país referiam-se aos manifestantes como “vândalos”. Isso mudou, aparentemente, após a fotógrafa da Folha de São Paulo levar uma bala de borracha na cara. Isso fez a classe de jornalistas se mexer e, do dia para a noite, os “vândalos” se tornaram “manifestantes”.

Quando uma jornalista foi atingida por uma bola de borracha, a abordagem mudou: Os “vândalos” se tornaram “manifestantes”.

Em seguida, as manifestações cresceram exponencialmente e o lema “não é só pelos 20 centavos” ganhou dimensões nacionais. O Arnaldo Jabor se desculpou por uma declaração que havia feito criticando os manifestantes no Jornal da Globo. É curioso que ele o tenha feito na sua coluna da CBN, onde seu poder de persuasão parece ser mais contido, mas vamos considerar isso como válido, pelo menos por enquanto.

Com o crescimento das manifestações, aumentaram os atos de vandalismo. E uma coisa chamou a atenção de muitos que acompanhavam as notícias: o fato de que os grandes meios de comunicação tratavam de enfatizar que os atos de violência eram de “pequenos grupos localizados”, e não de todos os manifestantes – que seriam, segundo as notícias da época, em sua maioria pacíficos. Para muitos, teriam sido esses atos de vandalismo que acabaram por enfraquecer o caráter político e o potencial das manifestações. Mas eu tenho outra impressão.

Black Blocs

Para quem está tentando se informar sobre o assunto, não há lado seguro para correr. Medo e dúvida são sensações frequentes.

Enquanto a grande mídia se preocupava em tentar “higienizar” as manifestações, deixando claro que os “mal-elementos” não eram a maioria, movimentos que só posso caracterizar como paranóicos passaram a crescer mais e mais nas discussões virtuais. Eu li/ouvi relatos, tanto da esquerda quanto da direita, de que estariam se instalando estratégias para um golpe de Estado.

Do lado da esquerda, li/ouvi que grupos fascistas passaram a integrar as manifestações e causar vandalismo para tentar legitimizar um novo golpe militar em um cenário que beiraria uma guerra civil, dando espaço, nestas configurações, para que o exército atuasse livremente. O termo “P2”, referente ao policial infiltrado no meio dos civis, tornou-se jargão (e muitas vezes coerentes, como pudemos ver em vários vídeos da época).

PM

Do lado da direita, li/ouvi que grupos anti-capilistas (como os Black Blocs) estavam tentando instaurar um golpe comunista, e que o cidadão deveria ter cuidado para que isso não ocorresse. Nas recentes manifestações, ainda ouço bastante isso.

Quero deixar claro que, sim, estou generalizando ambos os lados. Houve outras versões, ora mais brandas, oras mais radicais, mas a palavra “golpe” era (e ainda é) recorrente nas duas vertentes. Para aquele que estava tentando informar-se sobre o assunto, não havia lado seguro para correr. Medo e dúvida eram as sensações frequentes da época. No meio de tudo isso, alguém proferiu a frase “quem não está confuso não está bem informado”, que acredito que resumiu bem o espírito do período final das manifestações de Junho de 2013. Honestamente, não sei em quem acreditar até hoje. Acho muito difícil que houvesse tais tentativas golpistas, mas também não descarto a possibilidade. De todos os lados.

Uma questão que levantei há pouco, e que acredito ser relevante para amadurecermos na discussão do cyberativismo aliado à presença nas ruas, é a seguinte: até que ponto o ato de violência na manifestação é válido num país democrático? Aliás, é válido? Se sim, contra o quê? Contra quem? Não iria ele contra o próprio conceito de democracia? Imaginem o seguinte: um grande grupo de pessoas está insatisfeito com medida X do governo. É um grupo grande, mas não é a maioria. Digamos que, nessa situação hipotética, seja 30% da população – o que já é o suficiente para causar algum estrago. Se esses grupos começam a causar muito barulho nas ruas, o governo deve ceder aos seus interesses?

Kiev

E se a minoria fosse mais barulhenta em suas ações? Tanto nas ruas quanto online, divulgando para o mundo vídeos, fotos e textos que provassem seus pontos de vista?

Pensemos, por um momento, no caso do Egito e da Ucrânia. E se, hipoteticamente, 60% da população egípcia estivesse satisfeita com o governo de Mubarak, mas os outros 40% fossem mais barulhentos em suas ações – tanto nas ruas quanto online, divulgando para o mundo vídeos, fotos e textos que provassem seus pontos de vista. O que fazer nesse caso? Quem está certo? Como deve o governo agir?

O mesmo vale para a Ucrânia: dada sua complexidade cultural, lembremos que, ao menos em primeiro momento, a maioria da população (57%) era a favor do acordo comercial com a Rússia. Contudo, a parcela que era contra (43%) era mais assertiva e foi para as ruas. Ou seja, “mostraram-se” mais e fizeram suas vozes serem ouvidas. Depois dos desastres políticos do presidente com as medidas anti-protestos, obviamente o cenário se alterou.

O resultado foi uma inundação de imagens e vídeos que mostram Kiev como um campo de batalha. E de que lado ficamos? Como escolher um lado? Como se dá o exercício democrático em um mundo no qual as pressões internacionais podem passar a surgir devido a imagens compartilhadas no twitter por um celular, eventualmente viralizando? E se lermos as teorias da conspiração? Devemos desacreditar todas? Ou apenas algumas?

Neste cenário de manifestações acontecendo a todo momento, em todo o mundo, exigindo movimentos políticos mais rápidos do que a máquina estatal é capaz de produzir, aliado à proliferação de teorias da conspiração que surgem para todos os lados, é impossível não sentirmos, em algum momento, uma desesperadora sensação de não saber mais o que pensar.

É aí que reside minha hipótese de porquê muitas dessas manifestações parecem não sair do lugar: por mais bizarro que isso soe, parece-me que há um excesso de informação que engessa qualquer possibilidade de posicionamento construtivo acerca dessas difíceis questões. A cada nova informação, dez novas dúvidas surgem.

Kiev

Um paradoxo marca nossa geração de maneira tragicômica: nunca estivemos tão informados e perdidos ao mesmo tempo

Se eu quisesse arriscar um pouco mais, diria que as teorias da conspiração parecem denotar duas coisas sintomáticas de nossos tempos. Em primeiro lugar, o velho chavão de que temos, hoje, a necessidade de termos opinião formada sobre tudo, por mais rasa que ela seja. Em segundo lugar, de que há uma estranha sensação de que, no caso dos conspirólogos de plantão, há uma necessidade de mostrar-se mais “consciente” do mundo.

Ao formular-se uma teoria de interesses ocultos por trás dos movimentos sociais, o dono de tal discurso destaca-se da “massa”, reivindicando para si mesmo um suposto título de “esclarecido”. Para os que se encaixam neste último caso, gosto de lembrar do documentário “The Mindscape of Alan Moore”, no qual o autor supramencionado diz que os conspiradores falham em entender que o mundo é caótico e sem sentido. Por não aguentarem o peso da complexidade do mundo, acabam por formular explicações para tudo, sempre referenciando grupos de interesses malignos.

like

Não quero dizer com isso que não existem grupos de interesse que formulam estratégias e ações assertivas contra padrões sociais estabelecidos. A história está cheia de exemplos em que isso foi o caso. Contudo, ao ver que há tantas conspirações para todos os lados, não consigo deixar de pensar que há muitos equívocos aparecendo por ai. E essas hipóteses, que supostamente deveriam tornar-nos mais conscientes, acabam jogando mais ruído do que se esperava.

Sendo assim, um paradoxo marca nossa geração de maneira tragicômica: nunca estivemos tão informados e perdidos ao mesmo tempo. Tempos desafiadores para aqueles que se arriscam a pensar criticamente sobre o mundo – tanto o seu quanto o do outro. E podem esperar: a tendência é complicar cada vez mais. Resta adaptarmo-nos a este confuso novo mundo e sabermos lidar com seus novos desafios.

Se há algo positivo nisso tudo é que estamos, talvez pela primeira vez na história, experimentando em larga escala a complexidade do tecido social – que sempre foi complicado, mas nunca dava chance às vozes periféricas serem ouvidas. Não é mais necessário ser um acadêmico ou político para entendermos essa colcha de retalhos que parece ser o mundo. Basta abrir sua rede social de preferência. E ainda bem que estamos assim.

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Créditos Fotos: Mohamed Elsayyed/Shutterstock.com; Jorge Silva/REUTERS; Hassan Ammar/AP; AlexandCo Studio/Shutterstock.com; Antonio Scorza/Shutterstock.com; Sergei Supinsky/AFP; S-F/Shutterstock.com; Roman Mikhailiuk/Shutterstock.com

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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350 Action propõe mudança no sistema de nomes de furacões

A organização 350 Action está promovendo uma campanha solicitando a World Meteorlogical Organization (Organização Meteorológica Mundial) mude o sistema que usa para nomear furacões e tempestades e passe a usar nomes de políticos que negam os efeitos das mudanças climáticas.

Para quem não se lembra, a gente falou rapidamente sobre este sistema de nomes neste post. Em resumo, a WMO mantém pelo menos seis listas com 21 nomes alternadamente femininos e masculinos, que são dados a furacões e tempestades tropicais. Os nomes são repetidos a cada seis anos, a não ser que seja associado a um evento tão devastador que precise ser retirado da lista.

É o caso dos nomes que aparecem no início do filme criado pela Barton F. Graf 9000, que mostra pessoas comuns como Andrew, Sandy, Ivan e Katrina, entre outros, que têm seus nomes associados a algumas das piores tragédias climáticas da história. Então, por que não usar os nomes de quem realmente poderia estar fazendo algo a respeito, mas simplesmente prefere negar a realidade?

O que se segue, então, é como seria o noticiário se a proposta da 350 Action fosse colocada em prática, com os nomes de Marco Rubio, Michelle Bachman, David Vitter, Rick Perry, John Boehner, Collin Peterson, James Inhofe, Paul Ryan, Jeff Sessions, Paul Broun, Darrell Issa e Lamar Smith. A petição Climate Name Change pode ser assinada aqui.

Particularmente, achei genial essa história de dar “nome aos bois”. Fiquei até imaginando como seria uma versão desta ideia aqui no Brasil, com cada problema originado em políticas falhas sendo nomeado a partir de quem as propôs ou contribuiu para sua existência. Quem sabe isso não ajudaria a melhorar a memória curta do brasileiro, que insiste em repetir os mesmos erros a cada quatro anos?

clima1

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AntiCast Urgente #05 – O Brasil nas ruas

Nos últimos dias, as ruas brasileiras tem sido palco de várias manifestações populares contra uma série de questões: aumento das tarifas de ônibus, corrupção, manipulação da grande mídia, entre tantos outros assuntos.
A pedido dos ouvintes, Ivan Mizanzuk, Rafael Ancara, Marcos Beccari, Liber Paz, Zamiliano e o convidado Dr. Kain decidiram se reunir, neste AntiCast Urgente #5, para debatermos o tópico. O programa ficou longo porque debatemos várias questões: democracia, cyberativismo, como fazer esses movimentos resultarem em algo etc. Nem sempre concordamos com tudo e os debates é que são a melhor coisa do programa. Portanto, tente ouvir toda a conversa e exponha sua opinião. Um programa recheado de bullyings, polêmicas, medos, esperanças e algumas
risadas.

Vídeo Beccari

“São Paulo, 17 de junho #vemprarua”

Links
Texto “A Traição das Imagens”, de Liber Paz
Vídeo “V de Vinagre!”, de Zamiliano
Vídeo do Ivan [em breve]
Agregador de conteúdo das manifestações que o Ancara falou
Textos do Beccari
no Filosofia do Design – De vinte em vinte centavos
na Revista Clichê – A força maior da violência simbólica

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The Reconstructionists celebra vida de grandes mulheres com arte

Em janeiro deste ano, entrou no ar o The Reconstructionists, projeto desenvolvido em forma de Tumblr pela escritora Maria Popova – conhecida pelo excelente Brain Pickings – e a ilustradora Lisa Congdon. A ideia é semanalmente, ao longo do ano de 2013, celebrar a vida e obra de mulheres que foram grandes artistas, escritoras, cientistas ou que colaboraram de alguma maneira para “mudar a forma como nos definimos como uma cultura e viver nossas vidas como indivíduos de qualquer gênero”.

A ideia é apaixonante, assim como sua execução enche os olhos. Enquanto Lisa Congdon cria belas ilustrações acompanhadas por frases ditas pelas mulheres ali retratadas – Agnes Martin, Gertrude Stein,  Frida Kahlo, Marie Curie e Susan Sontag são alguns bons exemplos -, Maria Poppova assina um pequeno perfil da homenageada, com direito a links para fontes mais elaboradas.

O nome do projeto é emprestado de um texto escrito em 1944 por Anaïs Nin (uma das homenageadas), sobre o papel da mulher na reconstrução do mundo, que independentemente do tamanho do trabalho, da época ou do reconhecimento, foram fundamentais para chegarmos até aqui.

O mais bacana nisso tudo é que The Reconstructionists é uma ótima referência para diferentes áreas, colocando em pauta temas como a criatividade, a maneira como encaramos a vida e expectativas, entre outros assuntos, e por isso mesmo acaba despertando algumas reflexões. Uma delas é o inevitável “e se fosse no Brasil”, quem seriam as mulheres retratadas? Fica a pergunta, acompanhada por algumas imagens selecionadas.

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ThinkB4You Speak: pense bem antes de falar

Provavelmente uma das melhores lições que nossos pais podem nos ensinar – mas que nem todos nós aprendemos como deveríamos – é um conselho que ouvimos incontáveis vezes ao longo da vida.

“Pense bem antes de falar”.

Em tempos de blogs, redes sociais e qualquer ferramenta ou plataforma capaz de disseminar ideias, a gente percebe que esse grande poder não é lá muito bem usado com grande responsabilidade. Dai que o “pense bem antes de falar” acabou inspirando o ThinkB4YouSpeak.com, resultado da parceria entre o Ad Council e a Gay, Lesbian & Straight Education Network. O projeto se propõe a contar quantas vezes palavras como conotação homofóbica são usadas no Twitter.

No site da iniciativa, há um contador que mostra quantas vezes expressões como “fag”, “dike” e “so gay” foram utilizadas no dia, semana e mês – é claro que os números são absurdos e o objetivo é zerá-los. Também é possível visualizar o contexto ao qual estas expressões estão inseridas.

Além disso, o ThinkB4YouSpeak conta com um material bacana para ajudar na educação e conscientização, com áreas dedicadas a pais, educadores e até mesmo treinadores. Há banners da campanha, inclusive, que mostram que é errado usar a palavra gay como sinônimo para burro ou estúpido – como mostra o material abaixo, assinado pelo jogador da NBA Steve Nash. Há até mesmo uma cartilha que ensina como dizer às pessoas que não e legal dizer que alguém é “muito gay”.

O mais interessante é que, muitas vezes, a gente faz isso de forma inconsciente, não por maldade. Mas aí entra a questão da empatia, de conseguir se colocar no lugar do outro e perceber que as coisas não tão simples como imaginamos. É assunto que rende – especialmente neste momento em que política e religião parecem, mais do que nunca, ter se tornado uma coisa só em um Estado brasileiro supostamente laico. O desafio é manter o nível da conversa com bons argumentos e pensar bem antes de falar…

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Anos 80: A Década que nos Criou

Há quem ame e quem odeia a década de 1980. Fato é que aqueles 10 anos foram essenciais para chegarmos onde estamos hoje. E é exatamente isso que promete mostrar a série The 80s: The Decade That Made Us, que o canal National Geographic deve estrear ainda este mês nos Estados Unidos. Conteúdo é o que não falta. Afinal, os anos 80 estão repletos de fatos e histórias determinantes na política, cultura, tecnologia, entretenimento e ciência.

Alguns destes momentos são lembrados no comercial criado pela The Corner London – também responsável pelo banho de tinta azul que a Adidas deu nos jogadores do Chelsea -, que utilizou um cubo de Rubik para misturar imagens atuais com fatos históricos, como a queda do Muro de Berlim, o acidente com o ônibus espacial Challenger, a Apple, a mão de Deus… para fechar em grande estilo com Don’t You (Forget About Me), canção do Simple Minds que foi trilha sonora de outro ícone da década, o filme Clube dos Cinco.

Se você é fã saudoso da década de 80 e nada disso te fez chorar ainda, então acesse o hotsite criado pela Mullen,  Explore the 80?s, que permite navegar por assuntos como cinema e televisão, música, cultura e sociedade, notícias e eventos, ciência e tecnologia, moda e estilo, comida, diversão e games, escolhendo qualquer ano entre 1980 e 1989. Aqui eu falo mais a respeito. Imperdível.

anos80

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“Game of Thrones” versão política brasileira

Talvez você seja mais um desgostoso com a política brasileira, mas antes de compartilhar qualquer bobagem no Facebook com os dizeres “10 anos de desmando do PT só poderiam dar nisso!”, vale compreender um pouco melhor o cenário do nosso Planalto.

Inspirado na franquia “Guerra dos Tronos” escrita por George R.R. Martin, que por acaso também é uma série da HBO, esse mapa separa as alianças políticas por Casas, tentando explicar os diferentes movimentos e rivalidades históricas pelo Trono de Ferro.

Você pode ver ampliado aqui, e se clicar em cada “personagem” é exibido um quadro com detalhes.

Guerra dos Tronos

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Reclamões de verdade votam

Enquanto o Brasil acabou de sair do processo eleitoral para a escolha de prefeitos e vereadores, os Estados Unidos está prestes a escolher seu próximo presidente. Ao contrário do Brasil, onde o voto é obrigatório, nos EUA as pessoas escolhem não apenas em quem querem votar, mas se querem votar. É aí que entra o Real Complainers Vote, que se define como um esforço apartidário para garantir que todos os norte-americanos votem antes de reclamar.

“Nós não nos importamos em quem ou pelo que você vota, nós apenas queremos que você vote. Ou não reclame.”, diz o site do Real Complainers Vote.

O que chamou a atenção nesta campanha foi a honestidade dela ao dizer: você pode reclamar, mas antes você tem de assumir a responsabilidade e fazer a sua escolha. Nas últimas semanas, todos nós ouvimos e lemos muitas reclamações por aí. Aliás, com as redes sociais, reclamar se tornou um hábito, mas poucas destas reclamações sobrevivem para se tornar ações práticas. Talvez a gente precise de uma campanha assim por aqui, mas trocando a palavra votar por fazer: reclamões de verdade fazem algo a respeito. E isso é para quase tudo.

Reclamões de verdade votam, cobram, fazem. E, no caso da política, não devem se esquecer quem são os patrões de verdade.

A campanha do Real Complainers Vote leva a assinatura da Third Street.



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Como fazer uma propaganda eleitoral

O marketing político pode ter muito o que refletir e planejar quando o assunto é estratégia, mas quando entra no campo da estética e linguagem, o resultado é quase sempre genérico.

A paródia acima é o retrato mais didático possível do processo criativo de uma campanha eleitoral padrão. Com o template de horário político, basta substituir o nome e número de candidato e mandar pra TV.

Criação de Marcos Piangers, Pepe Mendina, Eduardo Mendonça e Thiago Prade.

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Cavalete Parade: A praga da propaganda política irregular transformada em arte

Nas eleições 2010, um grupo chamado Vandativista fez a Lei Cidade Limpa ser respeitada na marra em São Paulo. Chutando, arrastando e até tacando fogo nos cavaletes que investem as calçadas e canteiros em ano eleitoral.

A verdade é que essas pragas são permitidas pela legislação, porém, com algumas regras. É óbvio que quase nunca isso é respeitado pelos candidatos, que colocam suas placas com estética duvidosa em áreas verdes ou atrapalhando os pedestres.

A Cavalete Parade, criada pelo diretor de arte Victor Britto e o ilustrador Marco Furtado, tem uma proposta bem mais amena e artística do que a fúria “vandalista”. O movimento criado no Facebook incentiva que as pessoas façam uma intervenção no cavaletes irregulares – tirando uma foto antes – para assim realizar uma exposição na Av. Paulista no próximo dia 29 de setembro.

Com o sucesso inicial nas redes sociais, a Cavalete Parade vai ser expandida para outras cidades, como Curitiba, Salvador e Rio de Janeiro. Portanto, se você você encontrar uma placa de candidato irregular na rua da sua cidade, é sua chance de ser artista por ainda e ainda um exercício de cidadania.

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Ensinamentos do #FichaLimpa para Mídias Sociais de políticos

ficha limpa

Todo publicitário que se diz modernete diz que adora o case do atual presidente dos US and A, Barack Obama. Claro, vitória da Internet, como bem disse o Merigo num post a respeito, já que foi pilar do contato e disseminação das idéias do então candidato. Diferentemente do que se pensa, a campanha de Obama também investiu pesadamente nas mídias tradicionais, mas o uso inteligente de conteúdo gerado pelos simpatizantes valeu todos os prêmios que a campanha ganhou depois das eleições de 2008.

bowieAí que ficamos naquela ansiedade para esperar quem saria o político brasileiro da corrida presidencial de 2010 que chegaria mais perto de um case Obama. Quer dizer, ficaram: não sei quem abraça com grande fervor as causas propostas pelos atuais pré-candidatos. Eu, pelo menos, não.

Mas havia uma causa interessante rondando as Mídias Sociais e que obteve números impressionantes e por mecânica até mais simples do que criar uma rede social, por exemplo. O desejo maior, quase utópico, é acabar com a corrupção, promessa que o brasileiro houve desde sempre, em lutas que já tiveram como apoiador até o “caçador dos marajás“. O objeto de interesse mais recente alimentado por este desejo: o Projeto de Lei Complementar nº 518 de 2009, conhecido popularmente como Lei Ficha Limpa. Resumidamente, o PLC 518/09 tornaria inelegível o candidato condenado por um período de 8 anos além da pena, e valeria também para políticos no poder, mesmo que o político renuncie ao cargo, como muitos envolvidos em escândalos espertamente fizeram para figurar novamente no Congresso após a eleição seguinte.

O plano: ganhar a opinião pública. A Lei Ficha Limpa partiu de movimento popular, ganhou atenção no Congresso, mas passou a ser mais comentada de uns meses para cá. Por meio de uma grande mobilização de pessoas, mais de 2 milhões de brasileiros assinaram um abaixo-assinado favorável à aprovação do projeto. Quando manobras para adiar a votação do projeto pelo Congresso começaram a ser articuladas, foram enviados mais de 41.000 e-mails para cada deputado federal em exercício por pessoas comuns como eu ou você. Não havia como a grande mídia ficar de fora, e a cobertura foi ostensiva.

Resultados efetivos? Aprovação no Congresso, sem mudanças no texto da Lei, e aprovação por consenso no Senado. Falta apenas a sansão presidencial e a mobilização é para que a lei já valha para estas eleições.

Valendo ou não, a mobilização web em torno da pauta já é, sem dúvidas, meu case político e canarinho preferido deste delicado ano de eleições e Copa do Muuuuundo, como diria Galvão Bueno. Em minha modesta opinião, Política por Mídias Sociais serve para que as pessoas possam discutir abertamente o que não se fala nos programetes de Horário Eleitoral Gratuito e não para que um candidato ache que será um presidente aclamado pelo povo. Você se imagina fazendo santinhos a la Obama para algum pré-candidato?

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Com R$ 600 mil de investimento, PT lança novo portal

PT

Depois da liberação do uso da internet em campanhas eleitorais, a corrida presidencial online promete se intensificar nos próximos meses. O primeiro passo foi dado pelo Partido dos Trabalhadores, com a inauguração de um novo portal com seções de TV e rádio.

Nada além do comum, até aí. O conteúdo básico é promoção e notícias do PT, com layout bonito mas com formato padrão. Além de uma área restrita a filiados do partido, a Comunidade PT, o site não oferece maiores interações ou estimula o engajamento de eleitores para quem pretende criar um novo Case-Obama.

Mas tem um detalhe: o grande destaque para o Twitter. O site convida os visitantes a participarem de uma campanha com a tag #minhabandeira. Os tweets com a tag são exibidas no portal, e podem ser embedadas por quem desejar. Fora isso, apenas um link para o Orkut.

Obviamente, devemos considerar que é o site do partido, e não de uma candidatura. De qualquer forma, parece pouco para o investimento informado de R$ 600 mil, além do custo mensal de manutenção estimado em R$ 60 mil.

São quatro empresas envolvidas na criação do novo potal do PT: RW Mídias (coordenação e desenvolvimento), Bistrô Marketing (design), Hotmedia (web broadcast) e 3W (Desenvolvimento). Nesse link, a Bistrô Marketing conta o conceito e processo de criação do site.

PT

| Dica do leitor Eduardo Fernandes

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Senado retira restrição à internet em campanhas eleitorais

Senado

Em dois Braincasts passados sobre marketing político (um em áudio em 2006, e outro em vídeo no ano passado), um dos assuntos recorrentes foi quanto ao uso da internet e meios digitais em campanhas eleitorais. Há 3 anos, as restrições pareciam distantes de serem até mesmo discutidas, mas em 2008, depois do case Obama, o tema entrou na pauta do Senado.

Lembro que nos Braincasts #7.1 e #7.2, Marcelo Tas chegou a dizer que “um dia teríamos vergonha de ter vivido essa época da política brasileira”, e classificou as restrições de pré-história, leis primitivas e burras. Já Soninha, destacou a internet como uma ferramenta em que o poder econômico não faz diferença, e que exatamente por isso as proibições não faziam sentido.

Mas depois da noite de ontem, podemos dizer que algumas coisas começaram a mudar. O Senado aprovou a liberação do uso da internet em campanhas eleitorais, começando pela corrida presidencial em 2010.

O texto, de autoria do senadores Aloizio Mercadante (PT-SP) e Eduardo Azeredo (PSDB-MG), determina a livre manifestação do pensamento na internet, além de permitir que os sites dos candidatos possam ficar no ar até o momento da eleição (até então, tinham que ser retirados até 48 antes da abertura das urnas).

Para debates, a internet vai seguir as regras de rádio e TV. Para participar de um debate, em qualquer uma das três mídias, o partido ou coligação precisa contar com pelo menos 10 deputados federais. Uma restrição que o senador Mercadante classificou de equívoco.

Agora, essa reforma da lei eleitoral vai voltar à Câmara para ser votada novamente, se aprovada, terá de ser sancionada pelo presidente até 2 de outubro.

Para o bem ou para o mal, as mudanças foram finalmente feitas e devem entrar em vigor para as próximas eleições. Resta saber como será o comportamento dos candidatos tendo em mãos toda a miríade de ferramentas e possibilidades da internet. Políticos com perfis no Twitter (vários já estão lá), comunidades em redes sociais, canais no YouTube, lado a lado com aquilo que você vê e produz atualmente.

A queda das restrições é um ato de bom-senso, mas lembre-se, ferramentas são só ferramentas. Sendo assim, não fique já imaginando um Obaminha brasileiro revolucionando as eleições só porque tem internet a seu favor. Você já conhece muito bem o que temos por aí.

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