O primeiro trailer de “Jobs”, cinebiografia do co-fundador da Apple

Saiu o primeiro trailer de “Jobs”, o filme sobre o gênio da Apple estrelado por Ashton Kutcher.

Já é óbvio que a atmosfera da produção passa longe da biografia dramática e densa que se esperava, talvez com humor fora do lugar. Mas essa é apenas uma abordagem, outros filmes virão. A direção é do duvidoso Joshua Michael Stern.

A estreia nos EUA está marcada para 16 de agosto.

Jobs

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“Star Trek: Além da Escuridão”, uma jornada sem mistérios

Gostar de J.J. Abrams implica em conhecer uma de suas maiores teorias sobre o ato de contar histórias: a caixa misteriosa (mystery box). Ela consiste na preservação do mistério, da vastidão das possibilidades e na magia que isso provoca durante um filme. Muitos diretores a chamam de “mccguffin”. É a maleta de Tarantino ou de “Ronin”, é o Charlie de “As Panteras”, é a força motriz por trás da maioria dos filmes de Hitchcock. É algo que todos querem saber e procuram.

Falando nos universos de J.J., o monstro de “Cloverfield”, por exemplo, se encaixa nesse conceito. Manter o mistério e a atenção do espectador é uma arte cada vez mais complicada especialmente por conta da avalanche de histórias “de origem” aparecendo nos blockbusters. E isso não é coisa nova, basta lembrar da lambança de George Lucas, em 1999, com os midi-chlorian em “Episódio I”.

Então J.J. resolve encarar “Star Trek” e entrega um primeiro filme revigorado, repleto de ação e, felizmente, conseguiu manter a atenção mesmo numa história de origens. Tentou repetir a dose e caiu na mesma armadilha dos demais diretores. E levanta a pergunta: até que ponto há mérito na revelação, ou explicação, de ícones ou elementos históricos de filmes, séries ou livros?

A pergunta é ampla e complexa, tendo em vista que, mesmo com uma eventual resposta, Hollywood vai continuar explorando todas as possibilidades ad nauseum, entretanto, faz pensar pelo aspecto da criatividade. Evitando totalmente os spoilers, “Star Trek: Além da Escuridão” explica e redefine um personagem irretocável do universo de Gene Roddenberry. Ponto.

J.J. Abrams na USS Enterprise

J.J. Abrams na USS Enterprise

Orci, Kurtzman e Lindelof foram corajosos ao extremo. Mas ficaram devendo.

Pelo aspecto prático, J.J. Abrams e os roteiristas Bob Orci e Alex Kurtzman fizeram isso com toda a tripulação original no primeiro filme da retomada. Entretanto, o ponto de ruptura com a linha temporal clássica era revigorante por si. Havia um novo vilão, os desafios eram novos e, por conta da redefinição dos personagens, novas dinâmicas foram bem-vindas e funcionaram na maioria das vezes. Olhar para o filme novo por essa ótica provoca sérios questionamentos e coloca o roteiro, agora também co-escrito por Damon Lindelof, em cheque. Quase um mate criativo.

Star Trek

A razão é simples: com uma nova linha temporal e todas as opções da galáxia para manter o senso de novidade, os roteiristas optaram por revisitar um ícone. Aliás, revisitar é pouco, pois ao também roubar cenas, inverter dinâmicas e recolocar falas em novos personagens, perderam a chance de criar; optando pela simples reciclagem. A caixa misteriosa não só foi aberta, como a surpresa ficou muito a desejar, afinal, fica complicado entender o porque da “jogada de segurança” ao precisar referenciar os filmes clássicos. Teoricamente, todo o esforço da redefinição de Star Trek tinha como objetivo permitir a renovação.

Orci, Kurtzman e Lindelof foram corajosos ao extremo. Mas ficaram devendo. Sair do cinema com a sensação de ter visto um remake do mundo bizarro é a pior coisa que poderia ter acontecido. E aconteceu. Kirk tornou-se um personagem desinteressante. Ele aparece num momento de busca pelo auto-conhecimento, mas não sofre o suficiente ou ousa o suficiente para justificar a indecisão. Ele sempre foi o carro-chefe da franquia clássica por ser o personagem mais forte. Ignorar isso chega a soar ingênuo. Assim como a necessidade de se incluir o maior número de referências, e personagens, possível num roteiro só.

Chris Pine e J.J. Abrams

Chris Pine e J.J. Abrams

Por que quase ninguém está falando sobre o filme com todo aquele afinco que só a internet permite?

É realmente estranho comentar essas coisas envolvendo nomes tão queridos e respeitados. Sempre busquei muita inspiração nos roteiros da dupla Orci-Kurtzman e costumava respeitar Lindelof. Até que ponto eles puderam, de fato, criar uma história do zero ou sentiram a necessidade de fazer essa reciclagem? Apontar para pressão do estúdio é juvenil demais, embora possa ter acontecido; ou eles, ao lado de J.J. realmente acharam que esse seria o caminho? Falta uma conexão.

Star Trek

Os filmes não encaixam dramaticamente. A assinatura visual é sólida e constante. Os flares também, aliás, eles aumentaram. Um deles chega a ganhar mais destaque que a atriz num dos diálogos-chave. Entretanto os personagens estão distantes uns dos outros e tão desconexos em relação ao filme anterior que piadas e citações diretas são necessárias para se criar uma conexão.

Há um elemento estrutural que, de fato, incomodou e me surpreendeu por estar num filme desse tamanho. O roteiro optou por uma muleta narrativa tão bizarra que deu medo. Num momento de crise, um personagem “liga para um amigo para pedir ajuda”.

Demorei a assistir “Star Trek: Além da Escuridão” e fiquei me perguntando: por que quase ninguém está falando sobre o filme com todo aquele afinco que só a internet permite? Bem, talvez essa seja uma das razões. É difícil embarcar nessa história depois da revelação surpresa. As correlações são inevitáveis e quando os diálogos reciclados entram em cena, chega a ser triste pela repetitividade.

É possível rir com boas piadas, algumas referências bem posicionadas (fãs de Sulu vão amar algumas delas) e há uma comparação a ser feita com “Homem de Ferro 3”. Um dos elementos de “Star Trek: Além da Escuridão” é a vingança. Nisso o roteiro acerto. Quer ir à forra com um inimigo? Vá para cima dele com toda sua ira! O acerto existe por conta da discussão sobre obrigação moral versus ordens.

Elenco lê o B9 durante o trabalho

Elenco lê o B9 durante o trabalho

“Star Trek: Além da Escuridão” abre a maldição do filme par?

Nesse aspecto há o reflexo da política norte-americana e o cenário militar atual, numa clara alusão, e questionamento, ao ato patriótico e aos controversos ataques com os reaper drones. Roddenbery acreditava na projeção de uma sociedade pacifista. Essa linha temporal de J.J. Abrams ainda está muito longe desse ponto, enfrenta o risco da militarização e a aparentemente inevitável guerra com o Império Klingon. A proximidade com o tema foi tamanha que, numa cena que mostra a cerimônia em homenagem aos heróis mortos durante o filme, J.J. chamou seis veteranos das guerras do Iraque e Afeganistão para replicar o procedimento do dobramento da bandeira.

Star Trek

Curioso comparar a efetividade da mensagem política contra a opção pela reciclagem. Medo de criar um inimigo próximo demais da realidade? Talvez, embora exista um atentado terrorista na trama. Devoção extrema ao personagem escolhido? Também pode ser.

Mas se a história nos ensina uma coisa é que erros do passado não devem ser repetidos. Hitler não aprendeu com Napoleão e perdeu na Rússia. J.J. deveria ter se lembrado de George Lucas. Darth Vader apavorou gerações. Transforma-lo num garoto incompreendido, concebido aos moldes de Jesus Cristo, e que matou criancinhas sem piedade não foi a melhor das ideias.

“Star Trek: Além da Escuridão” é sério candidato a iniciar a “maldição do filme par” – normalmente, os filmes ímpares eram os mais fracos da franquia -, mas, mesmo assim, merece o ingresso. Se tudo correr como de costume, no próximo longa, ímpar, eles voltam à boa forma! Só resta saber se, desta vez, irão realmente onde nenhum homem jamais esteve, ou vão voltar a visitar velhas praias.

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Fábio M. Barreto é jornalista, cineasta e autor da ficção científica “Filhos do Fim do Mundo”.

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“300: Rise of an Empire” [Trailer]

Assim como Neil Blomkamp, de “Distrito 9” e do ainda em produção “Elysium”, Noam Murro é um diretor que se originou na publicidade.

Apesar de já ter um longa no currículo – a comédia “Smart People”, de 2008 – é sua experiência com grandes campanhas publicitárias que se destaca. Filmes premiados “Halo”, HBO, Heineken, Volkswagen, Stella Artois e Nike constam no portolio do diretor.

Em 2014, porém, estreia seu primeiro blockbuster. Noam Murro assumiu a direção de “300: Rise of an Empire”, sequência do filme de Zack Snyder – que continua como roteirista – e que trás novamente Rodrigo Santoro no papel de Xerxes e toneladas de fundo verde.

A Warner Bros. revelou hoje o primeiro trailer do filme, e pra quem assiste “Game of Thrones” não dá para deixar de notar a presença Lena Headey. Também tem espada e tudo mais, mas essa não é a Cersei Lannister.

300

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“Depois da Terra”: Depois de Lucas

Todo filme surge de um conceito. Todo conceito reflete alguma necessidade, seja de mercado ou pessoal. Quando a demanda determina a mensagem, normalmente, o resultado é uma colagem capaz de replicar a moda do momento e alienar qualquer um alheio a esse mundo. No caso da motivação pessoal, a ideia chega num pacote completo, devidamente adequado com as experiências do criador e com as projeções do que ele acredita ser correto ou plausível. Quando isso acontece, o espectador se vê diante de um reflexo devidamente filtrado de uma era, de um livro, de um filme, de um trauma ou alegria.

Essa é a essência de “Depois da Terra”, que, embora seja roteirizado e dirigido por M. Night Shyamalan, é baseado em argumento de Will Smith, um dos atores mais rentáveis, carismáticos e efetivos de Hollywood. Smith passou a juventude entre a transformação dos anos 1970 e as origens da cultura pop nos anos 1980. O resultado não poderia ser outro, essa ficção científica é uma jogada de segurança que reflete uma época e dá a Smith mais uma oportunidade de trabalhar ao lado do filho, Jaden. Sendo mais direto, “Depois da Terra” é uma nova versão dos conceitos de “Guerra nas Estrelas”, de George Lucas.

Com uma mensagem ecológica preventiva, o roteiro foca em sua vocação de origem: estudar a relação entre pai e filho

Por ter estudado tanto a jornada do herói e os tratados de Joseph Campbell, é até fácil ficar vendo essa trajetória em todos os filmes. Em tese, todo herói de filme passa por alguns dos momentos analisados por Campbell, entretanto, em “Depois da Terra” o paralelismo é claro e descarado. Toda a trama é armada para ser um grande rito de passagem clássico, visto tanto pelo lado daquele que o vivencia e daquele que valida todo o processo, ou seja, do pupilo e do mestre, do pai e do filho.

After Earth

O herói mergulha até as profundezas, enfrenta os medos – novos e antigos –, sofre a perda e enfrenta contempla a própria morte antes de se reerguer e concluir o rito de passagem. Desde o início da saga da família Skywalker, os roteiristas dos filmes de ficção científica tem uma busca eterna: fugir disso e encontrar modos de esconder as referências. Esse não é o caso. Ao assumir a estrutura clássica, o roteiro pode incluir uma mensagem ecológica preventiva e focar em sua vocação de origem: estudar a relação entre pai e filho.

Shyamalan continua com voz ativa e sabe dirigir, simplesmente não teve, de acordo com o resto do mundo, pelo jeito, uma nova ideia capaz de superar “O Sexto Sentido”

Embora não chegue a nenhuma conclusão brilhante ou transformadora, faz esse aspecto de forma interessante, com grande atuação de Will Smith e uma direção neutra de Shyamalan. Ele precisava dessa paz de espírito, precisava fazer algo normal, algo seguro para se levantar de tanta crítica e desprezo. Gostar de filmes é algo pessoal, mas, pelo ponto de vista técnico, à exceção de “Fim dos Tempos” – que é uma tragédia assumida em todos os aspectos – e do questionável “O Último Mestre dos Ar”, os demais filmes autorais tem valor (“Dama na Água” é um clássico do gênero, por exemplo).

Shyamalan continua com voz ativa e sabe dirigir, simplesmente não teve, de acordo com o resto do mundo, pelo jeito, uma nova ideia capaz de superar “O Sexto Sentido”. A insistência e a birra de se comparar cada segundo em tela de seus filmes ao longa com Bruce Willis nunca vai desaparecer e se tornaram em maldição. Ligando, ou não, ele continua trabalhando. Dessa vez, optou por dar voz a outra pessoa, alguém que atrai menos atenção negativa e cujos números de bilheteria são incontestáveis. A ideia de Will Smith é simples, mas poderia funcionar. O problema é o filho.

Shyamalan e Smith no set de After Earth

Shyamalan e Smith no set de After Earth

After Earth

Como em todo filme sobre ritos de passagem, o herói precisa ser carismático e envolvente. Jaden Smith não é nenhum dos dois. Tem jeito atlético, claro, e parece com o pai, mas ao dividir tela com um ator tão tarimbado e espirituoso – mesmo fazendo cara de sério o tempo todo –, o garoto perde a briga e prejudica. Nesse cenário, a trama simples transforma-se em algo tolo e previsível. Bem, isso já é desde o princípio, afinal, o final feliz é óbvio, só não se sabe para qual dos dois personagens. Neo e Luke Skywalker tinham toda aquela bravura e avidez a oferecer, Kitai oferece apenas o medo e a insegurança. Aliás, graças à campanha de marketing, o uso do medo no filme se dilui, pois o conceito do “Medo é uma opção” é interessante. Ficaria melhor caso fosse fruto de uma construção narrativa, não do pôster do filme. Como se identificar com um herói inseguro? Neo seguiu o coelho buraco a baixo, Luke queria avançar para cima de Vader na hora da morte de Ben Kenobi, Kitai vê onde está o problema e corre para o outro lado.

Há um pouco de romantismo no roteiro de “Depois da Terra”, pois além da visão idealista do futuro do planeta, existe o vínculo com o clássico “Moby Dick”, de Herman Melville. Embora desprovido de citações diretas, a obstinação de Ahab está pulverizada ao longo da trama e o conceito de “ação-reação” que o homem exerce sobre a natureza são constantes. Ele tenta ser provocativo como a ficção científica pede e atemporal como precisa ser. Quase acerta no primeiro e teve êxito no segundo. Pensar nas limitações humanas sempre rende boas histórias, uma vez que mesmo nos futuros de Asimov, Clarke e Heinlein, o planeta pode mudar, mas o ser humano continua sendo o mesmo.

Há valor nessa tentativa, na sinceridade de um astro que já se revelou sonhador anteriormente. É preciso respeitá-lo, gostando ou não do filme.

Será por isso que contamos tantas vezes as mesmas histórias? Na esperança de que algum dia isso mude? Pelo menos pelo olhar dos roteiristas atuais, continuamos passíveis das mesmas fraquezas e deficiências. No caso desse filme, o medo é o grande inimigo. Um homem sem medo é invencível, é o que precisamos, é o que nossos inimigos temem. Imagino um jovem Will Smith dizendo isso a si mesmo quando iniciou a carreira e enfrentou todas as dificuldades do mundo do entretenimento. Seja corajoso, não demonstre fraqueza, ignore o medo e acredite na força de vontade. Funcionou na vida real, por que não repetir a dose na tela?

Há valor nessa tentativa, na sinceridade de um astro que já se revelou sonhador anteriormente em “À Procura da Felicidade” e se encaixa perfeitamente no papel de herói salvador como em “Eu, Robô” e “Eu Sou a Lenda”. Ele tem uma visão. Um credo. E apostou nisso. É preciso respeitá-lo, gostando ou não do filme.

O orgulho exacerbado pelo talento questionável do filho pode ser o calcanhar de Aquiles, mas, fica claro que o astro respirou a corrida espacial, se maravilhou com “Guerra nas Estrelas”, deve ter se imaginado como Indiana Jones e sonhou com uma chance de explodir o Tubarão e, agora, devolve tudo que sentiu. Na esperança que embarquemos com ele nessa aventura de redescoberta, de solidão e com boas pitadas de bom-humor. Penso só ter utilizado o termo “blockbuster pessoal” para “Sucker Punch”, de Zack Snyder, mas vale para “Depois da Terra”. É uma homenagem de um astro, não de um roteirista, àquilo que ele viveu e ao que acredita. É simples, revelador e pode ser poderoso. Depende do espectador.

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Fábio M. Barreto é jornalista, cineasta e autor da ficção científica “Filhos do Fim do Mundo”.

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Monstros & Monstruosidades

Aconteceu algo curioso em 2009. Depois de muito tempo, uma franquia tradicionalmente sanguinária e focada num nicho bem específico rompeu as barreiras mais importantes: fez sucesso nas bilheterias e conquistou moderadamente a crítica.

O autor da façanha foi “Sexta-Feira 13”, mais recente aparição de Jason Vorhees aos cinemas. Público e imprensa precisavam de um bom motivo para voltar a se divertir com o gênero e ele veio. Pelo ponto de vista estratégico, esse longa-metragem havia aberto a porteira para um revival de qualidade. Os estúdios entenderam o recado e os remakes começaram a invadir os cinemas em toque de caixa concorrendo com algumas histórias originais. A qualidade foi passear. O dinheiro veio aos montes. Acredite, por pior que pareça o filme, a maioria deles deu resultado com média de 2x o valor do investimento inicial.

O nível de diversão gerado por “Sexta-Feira 13” deixou muita gente empolgada, afinal, era possível misturar o bom e velho slasher movie com o cinema moderno e dar boas risadas. Pelo aspecto da produção, ele foi um divisor de águas pois com os US$ 19 milhões de investimento, faturou mais de US$ 90 milhões no mundo todo. 29% desse valor foi arrecadado nos mercados internacionais. Foi um bom indicativo, mas alguns vícios são difíceis de serem deixados para trás, então, enquanto o fenômeno “Atividade Paranormal” se formava puramente baseado nos sustos gratuitos, a onda de filmes inspirados por esse momento começou.

Terror

Terror

Sam Raimi foi o primeiro a apanhar da crítica com o corajoso “Arraste-me Para O Inferno” (Drag me to Hell). O filme em si era uma execução da mesma fórmula de “Evil Dead”, com alterações, mas dentro do princípio: há uma entidade maléfica vinda dos quintos dos infernos, precisamos derrota-la! Nada fantástico, cumpriu tabela. Claro que fiquei feliz, afinal, por causa disso, bati um longo papo com Sam Raimi, Justin Long e Alison Lohman.

Gente boníssima o Raimi, diga-se de passagem. Vestindo o terno característico e extremamente devotado ao que faz. Foi bacana. Já o Justin foi divertido, pois falamos mais sobre “Galaxy Quest” que do terror em questão. Enfim, o filme foi “ok”, certo? Adivinhem o faturamento: $90 milhões no mundo todo, contra $30 milhões de orçamento. Ou seja, US$ 60 milhões de lucro! Curiosamente, o nome internacional de Raimi fez valer na hora do sucesso e 53% do valor foi arrecadado fora dos Estados Unidos.

O filme mais caro dessa leva de 2009 foi o remake de “A Nightmare on Elm Street”, estrelado por Jackie Earle Haley, de “Watchmen”. Custou $35 milhões. Filme sem graça, dependente do saudosismo de uma série que marcou a adolescência de muita gente e que, aposto, já foi esquecido. Nada de cenas marcantes. Nada de inovação no estilo de Freddy Krueger. Apenas mais uma versão do velho ícone. No máximo, outro “ok”. Foi um desbunde financeiro, garantindo aos cofres da Warner $115 milhões no mundo todo.

Terror

Evil

Para os produtores a coisa caminhou bem, afinal, o objetivo é o faturamento. Se o filme funcionar, ótimo! Se não, o próximo já está em produção mesmo. Depois de bons resultados, veio a primeira porrada: “Don’t Be Afraid of The Dark” não conseguiu nem se segurar com o nome de Guillermo del Toro no roteiro e Katie Holmes no elenco.

Produzido pela FilmDistrict e distribuído pela Disney, o terror psicológico deixou de lado as facadas e as presepadas dos filmes anteriormente mencionados e se lascou nas bilheterias. Filme inexplicavelmente fraco (ou incompreendido?) custou $25 milhões e só se salvou por causa da bilheteria internacional, chegando a um total de $36 milhões. Faturou só $24 milhões nos Estados Unidos.

Aí veio o grande teste de fogo para se saber se há alguma demanda por roteiro diferente, e minimamente inteligente, ou se o importante são as lacerações, desmembramentos e o sangue. “O Massacre da Serra Elétrica 3D” é uma das maiores porcarias já feitas em Hollywood e merece a alcunha de ofensivo perante os filmes originais.

Digno de ficar restrito ao mercado de home entertainment, a Lionsgate resolve apostar no cinema e os executivos devem estar sorrindo até agora. Partindo da média de orçamento do gênero ($16 milhões), esse caça-níqueis faturou $34 milhões só nos Estados Unidos e se pagou. Isso sem contar nos trocados que ainda está fazendo no exterior. Entrou em cartaz a pouco no Brasil, aliás.

Terror

Para fechar a listinha, precisamos falar de “A Morte do Demônio” (Evil Dead), dirigido por Fede Alvarez, aquele diretor uruguaio que fez “Ataque de Pânico!”, o curta-metragem alucinante dos robozões em Montevidéu. Custou $17 milhões e, mesmo sendo um festival de sustos previsíveis, “A Morte do Demônio” arrecadou $92 milhões no mundo todo.

Como prequel, traz novas informações e merece destaque por um dos personagens mais sinceros que já vi no gênero. O sujeito faz a besteira que inicia a trama e é pé no chão o suficiente para ir contra as bobagens sempre ditas em filmes desse tipo. “Está tudo bem!”, diz o mocinho. “Não, não está! Só está piorando”, devolve o realista.

Essa talvez seja a melhor ideia desse longa. “Qualquer manifestação cinematográfica tem que ser baseada em boas ideias; se você pensa em algo que vai gerar interesse na tela, você vai obter um resultado”, comenta o diretor uruguaio, em entrevista ao B9.

“O importante é fazer um filme pelo que ele é, não como meio para alcançar esse resultado. Sempre filmei por paixão, não para conseguir um emprego ou ser visto. Fazer as coisas como catapultas não funciona para mim” – Fede Alvarez

Ele pode dizer isso, mas foi exatamente o que aconteceu. Entrando pelo terror, como tantos outros jovens talentos, Alvarez já começou a fazer nome por aqui. Ele é um dos maiores casos pessoais de sucesso gerado pelo YouTube, no cinema.

Terror

Curiosamente, outro bom resultado direto do YouTube foi o longa-metragem “Mama”, nascido a partir de um dos curtas mais assustadores que já vi! Ainda não fui assistir ao filme pelo desespero causado pelo vídeo espanhol. De qualquer forma, “Mama” não convenceu a crítica, mas os US$ 145 milhões arrecadados nas bilheterias mundiais contam sua história.

Ver tantos filmes e milhões resultantes de um gênero, até segunda ordem, desinteressado em trazer algo além das características obrigatórias é algo, inicialmente, difícil de entender, afinal, produzir lixo deveria gerar resultado similar. Mas aí você tira o idealismo de lado, lembra de novela, Big Brother, revistas de fofoca, e daquele monte de filme de artes marciais que ninguém nunca ouve falar, e tudo fez sentido.

Não tenho absolutamente nada contra o cinema, ou a literatura, de gênero. Sempre apoiei ao longo da carreira. Vivo disso como escritor e me especializei no “fantástico” no jornalismo. Mesmo sem envolver as franquias como “Atividade Paranormal”, “Premonição” e “Jogos Mortais”, por exemplo, estamos diante de um mercado prolífico e eficaz. A Asylum herdou o legado de Roger Corman e continua produzindo em grande escala, fazendo as vezes de maior “escola prática” de Hollywood. O importante lá é filmar e abastecer o mercado de DVDs e Blu-Ray. Funciona e, de fato, é um dos poucos lugares onde o antigo sistema de estúdios ainda funciona. Tanto por influencia de Corman quanto dos resultados, o maior gênero, surpresa!, é o terror.

A preocupação com o nicho deixou de existir e, pelo que diretores e produtores falam em Los Angeles, o alvo do “filme de medo” agora é gerar a experiência; ou seja, recriar aquela sensação da galera que encarou o cinema para ver Michael Myers, Jason Vorhees e Freddy Krueger pela primeira vez. Há algo especial nessa resposta tão positiva a mortes e sangue. Alívio social? Diversão? Desejo de ver algo do qual fugimos na vida real? Parece um grande teste de força de vontade. Assistir, e encarar até o final, é questão de honra. E isso me lembra de um outro clássico. No fim das contas, gostamos da experiência do “Pague para Entrar, Reze para Sair”. ?

N.E.: Confira no nosso Letterboxd a lista dos filmes de terror citados nesse artigo.

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Fábio M. Barreto é jornalista, cineasta e autor do romance de ficção “Filhos do Fim do Mundo”

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Você sabia que na Bulgária o sinal de “SIM” com a cabeça significa “NÃO”?

Lembra do Chaves fazendo sinal de “sim” e dizendo “não” na escola do Professor Girafales? Na Bulgária é mais ou menos assim que acontece 🙂

Quem conta essa história é a nova campanha “Travel Yourself Interesting” da Expedia, criada pela Ogilvy de Londres. São dois filmes divertidos com curiosidades sobre destinos interessantes para viajar. Assista abaixo.

Assim que sair uma versão legendada eu atualizarei o post. Por enquanto, só em inglês:

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“Homem de Ferro 3”: Fogos de Artifício

Já ouviu uma daquelas piadas contadas à exaustão, mas, que por alguma razão mágica (ou maluca), continua sempre engraçada? Algumas histórias são assim. Elas fascinam, encantam, divertem e inspiram sem precisar de muito espetáculo. A fácil identificação com qualquer ser humano tende a ser o fator principal nesse tipo de mensagem efetiva. Conectamos. Sentimos. Torcemos. Especialmente por imaginar que, se algo assim acontecer com a gente, queremos o mesmo final feliz da ficção ou algo que o valha. Assim se constroem histórias eternas e parte disso existe nos contos de fada nos quais se baseiam a sociedade ocidental e, inevitavelmente, as histórias em quadrinhos.

De forma bem simplificada, cheias de dualidades nos confrontos entre Bem e Mal, as HQs tomaram o lugar dos contos de fada para a molecada moderna e ainda o fazem com classe, entretanto, seus ícones são reflexos de um passado ancestral – e cafona – existente antes da elevação dessa arte a “cultura pop”, quando artistas precisavam desbravar um novo formato, alimentar incontáveis edições e sempre ter algo novo para contar. Entretanto a natureza rasa de alguns desses personagens os amaldiçoou (enviando a maioria deles ao limbo) e ainda os persegue. O Homem de Ferro é um dos sobreviventes. Ele é cool; faz muito sucesso; fez todo mundo adorar Robert Downey Jr (com razão!); e ele não tem mais gás.

Depois de assistir a “Homem de Ferro 3”, pergunto: será que, de fato, já teve?

Iron Man 3

Culpa do roteiro: uma amálgama de conceitos desorganizados, personagens pouco definidos e diálogos esquisitos

O primeiro filme é um marco por diversos fatores. Realizou o levante da Marvel, tirou os super-heróis (de vez) da esfera da cafonice, revitalizou a carreira de Robert Downey Jr e deu ao, agora popular, mundo nerd um novo ícone. Vários elementos dão força ao primeiro ato dirigido por Jon Favreau, foi a combinação certa e o timing perfeito. O entretenimento precisava daquilo e funcionou. Tony Stark fez a transição de playboy irresponsável e indiferente à vida alheia para bom-samaritano e herói, certo? Mas fez por razões primordialmente egoístas (ou fazia, ou morria) e precisou lutar contra outro milionário louco por poder (Iron Monger) por isso.

O espetáculo da construção da armadura e a definição de quem seria o Tony Stark do cinema (dane-se o que os leitores pensam, era um filme, logo a linguagem era outra todo mundo sabe que o pensamento foi esse), como ele pensaria, o que ele faria, etc. Da segunda vez, Tony Stark se torna o filantropo e segue os passos do pai. Então, precisa lutar contra um milionário com sede de poder e enfrenta um vilão obscuro, imbuído por vingança e disposto a matá-lo para fazer justiça (Whiplash). Mas nada disso importa, pois, na verdade, o maior inimigo são os exageros e as alusões ao vício. Ou seja, ele continua em foco. O que ele precisa. Ah, no final ele fica com a garota! As ameaças nunca foram para o mundo, sempre contra ele, interessante notar.

Aí vem o terceiro filme. Não dá para saber ao certo sobre o que ele trata. Faz menos de 30 min que saí da sessão e muita coisa já se foi. Culpa do roteiro, uma amálgama de conceitos desorganizados, personagens pouco definidos, diálogos esquisitos e, claro, o Homem de Ferro lutando contra um milionário disposto a tudo para controlar… o que mesmo? Ah, ele queria vender um produto… e ficar mais milionário, talvez? Enfim, esse não é o ponto.

Diretor Shane Black assumindo o comando da franquia

Diretor Shane Black assumindo o comando da franquia

A Marvel vai ficar dependente da molecada que só liga para explosões e efeitos especiais

Desinteresse foi a palavra que veio a mente. Desinteresse por uma persona que se tornou um eco das duas anteriores, ou melhor, três, afinal de contas, Os Vingadores são referenciados à exaustão ao longo da exibição (talvez um lembrete de que o herói ainda pode ser legal?). Os dramas pessoais de Tony Stark são interessantes, mas só no papel. A primeira encarnação conquistou justamente por ser despirocada e, evidentemente, espontânea por conta do “controle” exercido por Downey Jr. sobre o personagem. Dessa vez foi impossível sentir qualquer coisa por ele. E justamente onde havia a maior de todas as motivações: salvar a mulher que ama.

A motivação estava lá, mas a história se esqueceu dela ao investir a maior parte do tempo num vilão previsível e infantil (lembrou muito daquele tempo no qual os quadrinhos eram tolos e qualquer argumento valeria). Nunca há ameaça. Nunca há dúvida. Nunca há nada com que se importar. E o próprio roteiro banaliza esse fato durante o “festival da amadura maluca”.

Gostava tanto do herói no cinema e fui vendo aquela empolgação inicial se esvair. Ela voltou em “Os Vingadores”, mas foi lá para o fundo do poço do Sarlacc depois de “Homem de Ferro 3”. O comando sempre questionável de Kevin Feige, da Marvel, começa a ceder na estratégia de longo-prazo para os personagens principais. Se o objetivo da companhia é criar espetáculo, é bom que tenha roteiros espetaculares ou a Marvel vai, rapidamente, ficar dependente da molecada que só liga para explosões e efeitos especiais.

Iron Man 3

Radicalismo? Não, realismo. O cinema de super-heróis vem crescendo há anos e o próprio Stan Lee disse que “vão parar de crescer quando a mensagem se perder”. Bem, começo a temer pela proximidade desse momento. A hora de Kevin Feige poderia estar se aproximando, mas os resultados dos últimos filmes (inclusive de “Homem de Ferro 3”) é bom demais para ameaçar a carreira de qualquer executivo de estúdio.

Filmes desse gênero exigem a desconexão com a realidade, mas, nesse caso, conseguiram me desconectar da história em si. Pouco antes de ir ao cinema, fiquei emocionado ao ver o terço final de “Campo do Sonhos”. Um filme que já revi inúmeras vezes. Posso recitar o último monólogo de James Earl Jones, mesmo sem não ter a mínima paixão pelo beisebol, mas sou incapaz de lembrar qualquer diálogo relevante nesse Homem de Ferro. O final do filme define tudo muito bem: é um show de fogos de artifício.

Podem explodir milhares deles e você sempre vai ter a impressão de que já viu aquilo antes e que, depois de certo ponto, todos são exatamente iguais. Quando o show acaba nada mudou.

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Fábio M. Barreto é jornalista, cineasta e autor da ficção científica “Filhos do Fim do Mundo”.

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Os créditos finais de “Iron Man 3”

Assim como nos filmes anteriores da franquia, os créditos de “Homem de Ferro” ficaram mais uma vez sob responsabilidade da Prologue.

O terceiro longa do herói da Marvel termina com uma sequência retro, que intercala transições angulares com cenas de todos os filmes da séries. A montagem faz referência as séries de ação dos anos 1970, embalada pela música “Can You Dig It,” composta por Brian Tyler.

A Prologue não fez apenas os créditos finais, mas também as interfaces que aparecem durante o filme – como os hologramas do telefone e banco de dados do Tony Stark.

Iron Man 3

Segundo o diretor criativo Danny Yount, foram utilizadas as ferramentas usuais da Adobe, mais plugins da GenArts Sapphire. A conversão 3D foi feita com Autodesk Flame.

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Feito de átomos, IBM cria “o menor filme do mundo”

Para armazenar um simples bit de informação em um computador ou gadget, são necessários mais ou menos 1 milhão de átomos. Porém, o departamento de pesquisa da IBM anunciou uma potencial revolução tecnológica: Gravar a mesma quantidade de dados em apenas 12 átomos.

Isso implicaria em dispositivos menores e mais poderosos, mudando inteiramente o modo como a indústria funciona atualmente. Se o papo tudo é muito nerd, a IBM resolveu demonstrar a tecnologia de uma maneira divertida: com um curta-metragem.

IBM

Mas não é um simples filme, é o menor filme do mundo. Através da manipulação de átomos – que foram ampliados 100 milhões de vezes – a empresa criou o stop-motion “A Boy and His Atom”.

Segundo a IBM, cada átomo foi “animado” individualmente através de um microscópio de duas toneladas que opera a 232 graus Celsius negativos e uma agulha com 1 nanômetro. Assista o filme acima, e abaixo o making of explica o processo de produção.

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O Homem de Aço [Trailer 3]

A Warner Bros. divulgou agora há pouco o novo e terceiro trailer de “O Homem de Aço” de Zack Snyder. São 3 minutos com foco no drama e um desfile de efeitos especiais.

O elenco tem Russell Crowe como Jor-El, Amy Adams como Lois Lane, Kevin Costner como Jonathan Kent, e até Laurence Fishburne como Perry White. Porém, eu já apostaria nisso até antes, e depois desse trailer me parece ainda mais claro: Michael Shannon vai roubar a cena como General Zod.

“Man of Steel” estreia em 14 de junho nos Estados Unidos, e 12 de julho no Brasil.

Zod

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O processo criativo do logo de “Detona Ralph”

É verdade que grande parte dos filmes e games atualmente tem logos e projetos gráficos pasteurizados, que parecem apenas uma reciclagem de tudo o que já foi feito. Porém, não podemos esquecer que outras tantas produções dão atenção especial para a criação de uma comunicação visual memorável.

A Disney é uma das empresas que se preocupa em criar um logo distinto para cada filme, assim como também faz Pixar desde que começou. “Detona Ralph”, por exemplo, conta com um material bem marcante, influenciado principalmente pela nostalgia dos games 8-bit.

O designer Michael Doret, especializado em tipografia, detalhou o processo criativo do logo do desenho injustiçado no Oscar desse ano. Nas imagens abaixo ele revela os estágios iniciais, com rascunhos à lápis que tentam capturar uma atmosfera de diversão e dos arcades dos anos 1970 e 1980.

Doret segue evoluindo e simplificando o projeto, e ao entrar na estética 8-bit com o título envolvendo o rosto do personagem principal, decidiu que o produto final não fugiria muito disso. É preciso incorporar também o logo da Disney, não antes de deixar a expressão do Ralph um pouco mais “raivosa”. Com uma sugestão de borda, o logo finalizado (imagem acima) parece um emblema contendo toda informação necessária.

É preciso destacar um detalhe: Michael Doret teve meses para criar o logo. E não horas, como exigem muitos pedidos que já devem ter aparecido pra você.

Detona Ralph
Detona Ralph

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O primeiro trailer de “Elysium”

Elysium

A Sony revelou hoje o primeiro trailer do novo filme de Neill Blomkamp, o diretor de “Distrito 9″.

“Elysium” traz Matt Damon, Jodie Foster, Alice Braga e Wagner Moura no futuro 2154, onde os ricos vivem em uma grande estação espacial, e o resto da população sobrevive no planeta Terra arruinado.

O filme tem estreia marcada para 9 de agosto nos EUA, e 16 de agosto no Brasil.

Na época de “Distrito 9″, fizemos um perfil do diretor aqui no B9. Blomkamp era desconhecido em Hollywood, mas colecionava uma série de filmes publicitários memoráveis em seu portfolio, até ser financiado por Peter Jackson e estourar com uma produção considerada de baixo orçamento para os padrões da indústria.

Elysium

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O famoso Rick’s Cafe de “Casablanca” no mundo real

A Future Cinema é uma empresa inglesa dedicada a recriar no mundo real as mais famosas cenas e locações de filmes, oferecendo uma experiência para os participantes.

Seu mais recente projeto deu vida ao célebre Rick’s Cafe do clássico “Casablanca”. O Troxy Theatre em Londres foi transformado no bar, incluindo decoração, música, danças, cassino, personagens e até acontecimentos presentes no filme.

O local funcionou de 14 de fevereiro a 23 de março, recebendo mais de 10 mil pessoas no estabelecimento de Rick Blaine. Espero sinceramente que alguém tenha aproveitado esse período para dizer: “Here’s looking at you, kid.”

Casablanca

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Os seis “Star Wars” ao mesmo tempo

Não serve pra nada, não é sequer assistível, e mesmo assim você vai demorar um pouco para despregar os olhos e se dar conta da insanidade que está vendo.

Michael McNulty, que deve ter algum tempo livre, juntou os 6 filmes da série “Star Wars” em um único vídeo. O motivo? Ninguém sabe. Mas assista mesmo assim.

Star Wars

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The Wolverine [Trailer]

Conforme prometido a semana inteira pela Fox, incluindo um teaser através do Vine publicado pelo diretor James Mangold, está aí o trailer de “The Wolverine”.

Não que isso seja um grande elogio, mas só esse vídeo já é melhor que o “X-Men Origens: Wolverine” inteiro.

“Wolverine: Imortal” estreia mundialmente no dia 26 de julho.

Wolverine

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Festival de cinema usa rolagem do Instagram para simular um filme mudo

O Festival de Cinema Mudo de Toronto aplicou uma antiga técnica a uma nova ferramenta para promover o evento. Uma cena de filme mudo foi dividida em dezenas de fotos no Instagram, ao rolar rapidamente a timeline, forma-se o clipe como num efeito flipbook. No final, a assinatura divulga o festival que acontece de 4 a 9 de abril.

São três perfis do Instagram que você pode brincar: tsff_1, tsff_2, e tsff_3.

Na prática a ideia não funciona muito, principalmente por causa dos outros elementos da interface do aplicativo que atrapalha a suavidade do movimento. Mesmo assim é um simpático artifício para chamar atenção.

A criação é da agência Cossette.

Toronto Silent Film Festival

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Diretor de “The Wolverine” publica teaser no Vine

Se a proposta do Vine, com seus vídeos de 6 segundos em looping, vai persistir, ainda é uma dúvida. Ainda assim, não lembro de ter visto uma ferramenta social ter sido abraçada pelas marcas de forma tão rápida. O Twitter demorou uma eternidade, assim como o Facebook. Instagram e Pinterest tiveram uma adesão mais ágil, mas nada parecido com o Vine, que já contava com experiências de empresas e agências no dia um.

Ontem o diretor James Mangold usou a rede social para publicar um teaser do trailer (?!) do filme “The Wolverine”. O trailer em si será revelado amanhã pela Fox, mas nada como uma palhinha do próprio criativo responsável – que chamou o post de “tweaser” – para gerar expectativa nos fãs.

Foge do conceito pretendido pelo Vine, que incentiva a criação de vídeos curtos direto com o aplicativo mobile, mas não deixa se ser um uso brilhante da ferramenta, expondo suas possibilidades como mídia.

Intitulado “Wolverine: Imortal” no Brasil, o filme estreia nos cinemas no dia 26 de julho.

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As Aventuras de Pi: O processo criativo dos efeitos especiais

Ganhador de 4 Oscar’s, incluindo Diretor e Efeitos Especiais, “As Aventuras de Pi” também foi o pivô de uma crise em Hollywood. Produtoras digitais e renomados profissionais da área entraram em colisão com a indústria, após a falência do estúdio Rhythm and Hues, responsável pelos premiados efeitos do filme de Ang Lee.

Entre protestos por revisão de pagamentos e melhor tratamento, o épico trabalho de “As Aventuras de Pi” sobrevive e encanta. Em um novo mini-site para promover o lançamento em home video, a Fox detalha o processo criativo e de produção dos efeitos especiais.

Basta rolar a tela para acompanhar diversas imagens com exemplos de antes e depois, além de informações sobre treinamento do ator Suraj Sharma, construção de cenários e truques técnicos para tirar os desenhos do storyboard e torná-los realidade.

Dá uma olhada: journey.lifeofpimovie.com

Life of Pi
Life of Pi
Life of Pi
Life of Pi

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Os créditos iniciais de “Oz: Mágico e Poderoso”

A abertura do filme “Oz: Mágico e Poderoso” de Sam Raimi, atualmente em cartaz, é uma espécie de diorama que apresenta pontos importantes da trama em pouco mais de dois minutos.

A inspiração estética veio do clássico de 1902 “Viagem à Lua”, de Georges Méliès, com a utilização de objetos físicos conectados por fios e hastes. O estilo vintage dos créditos iniciais, aliás, foi adotado até no aspecto de imagem, 4:3, e em preto e branco.

O estúdio yU+co, responsável pela trabalho, também criou as ótimas aberturas de “Watchmen” e a “As Aventuras de Pi”.

Oz
Oz

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O que a campanha crowdfunding de “Veronica Mars” nos diz sobre o futuro das indústrias criativas

Quando Amanda Palmer arrecadou 1.2 milhão de dólares através do Kickstarter há quase um ano – mais dinheiro do que uma gravadora gasta em média para lançar um artista pop – muitos se perguntaram se era esse “o futuro da música”. A afirmação estava estampada em um cartaz segurado pela própria cantora em sua campanha.

Na última semana, com um feito ainda mais impressionante alcançado por fãs da descontinuada série cult “Veronica Mars”, a dúvida foi novamente repetida, dessa vez em relação a indústria da televisão e cinema. Esse é mesmo o futuro?

Porém, qualquer que seja a mídia, ainda é pouco claro qual será o verdadeiro impacto de fãs pagando por suas obsessões na gargantuesca engrenagem pré-estabelecida das grandes companhias produtoras de entretenimento.

Amanda Palmer

Deveriam os fãs pagar pela produção de um filme de estúdio?

O Kickstarter para transformar “Veronica Mars” em um filme de Hollywood bateu todos os recordes prévios do mais popular site de crowdfunding. Em apenas 12 horas, se tornou o mais rápido projeto a atingir tanto 1 milhão e 2 milhões de dólares. A cifra, aliás, foi a mais alta já pedida através da ferramenta. No momento em que finalizo esse artigo, o volume arrecadado já está na marca de 3.6 milhões.

É um acontecimento histórico para o mercado, sem dúvida, mas com uma dose de cinismo e polêmica extra. Ao contrário de projetos independentes financiados pelas pessoas, o filme de “Veronica Mars” não tem o desprendimento e liberdade que se imagina de uma iniciativa crowdfunding.

Desconhecemos qual é o acordo que o produtor e criador da série, Rob Thomas, tem com a Warner, porém não se engane: Será um filme pago pelos fãs, mas com benção do estúdio. Tudo só começou com a autorização da empresa, que detém os direitos da franquia, e após ver o sucesso da campanha online deu luz verde para as filmagens. A distribuição, por exemplo, geralmente o maior problema de um projeto independente, terá certamente a mão pesada da Warner.

É por causa disso que surge a controvérsia: Deveriam os fãs pagar pela produção de um filme de estúdio?

Para um projeto no Kickstarter, 2 milhões de dólares é dinheiro sem prescedentes. Para uma empresa como a Warner Bros é cafézinho. E se apenas esse montante é o suficiente para realizar o filme, é óbvio que poderiam tê-lo feito da maneira tradicional.

Mais do que o dinheiro envolvido, a campanha no Kickstarter provou para a Warner Bros que uma série cancelada ainda desperta interesse.

Dessa forma, alguns enxergam nisso um futuro em que uma empresa multibilionária repassa os riscos para os fãs, enquanto mantém todos os benefícios que um produto de sucesso pode gerar. Em resposta a isso, devemos considerar que, no caso de crowdfunding, o único risco embutido é a decepção. Se o projeto não conseguir dinheiro, ele simplesmente não acontece. Ninguém perde o investimento prometido.

Em comparação com produtores profissionais, que investem dinheiro em busca de retorno financeiro, um fã que coloca a mão no bolso por um filme só quer, bem, assistir o filme. Talvez ele não goste do roteiro, de uma cena, ou do final, mas não terá gasto muito mais do que o valor de um ingresso de cinema.

Mais do que o dinheiro envolvido, a campanha no Kickstarter provou para a Warner Bros que “Veronica Mars” ainda desperta interesse e tem apelo. É natural que o estúdio não aceitasse financiar um filme de uma série que foi cancelada por baixos números de audiência. Se crowdfunding significasse risco e perda do valor investido, a história seria bem diferente.

É notório também que diversos projetos do Kickstarter tiveram dificuldade em cumprir as contrapartidas no tempo estipulado. Ter uma empresa de grande porte participando de um projeto “independente” pode ser uma garantia da entrega dos produtos prometidos. Grande parte das 55 mil pessoas que deram dinheiro para tornar “Veronica Mars” realidade não quer só dinheiro: serão milhares de DVDs, Blu-rays, posters e até algumas sessões privadas de pré-estreia. Ou seja, o montante é grande, mas a conta não fecha só com a produção e lançamento do filme.

Amanda Palmer referenciou a campanha de “Veronica Mars” no Twitter dizendo que “o mundo está mudando e nós estamos assistindo”. É verdade, mas obviamente não para todos. Segundo dados do próprio Kickstarter, mais da metade dos projetos não atinge o mínimo solicitado.

Kickstarter

O modelo econômico do Kickstarter funciona bem em um ambiente livre de riscos, e uma campanha como a de “Veronica Mars” abre os olhos do mercado, mas difícil dizer se poderá ser replicado em uma escala que realmente altere o futuro da indústria financiadora de criatividade. Muitas criações artísticas de sucesso só foram possíveis quando alguém resolveu arriscar, ainda que todos os indicativos apontassem o fracasso.

Porém, ainda mais importante é o fato de que a luz verde das propriedades intelectuais mais valiosas do mundo continuará na mão de poucos. Nenhuma empresa abriria mão de influência e domínio a longo prazo, que valem muito mais do que 40 ou 50 dólares de apenas 55 mil pessoas uma única vez.

Sendo assim, aliado ao interesse dos fãs agora escancarado e somado a toda a exposição que o crowdfunding gerou, que eu apostaria que a Warner vai injetar mais dinheiro na produção do filme do que o que será arrecadado através do Kickstarter. Afinal, se o sucesso se estender além do oba-oba online, encomendar uma sequência ou remake no ano seguinte pode trazer ainda mais retorno.

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