Navegue pelo Bates Motel com a lanterna do iPhone

Para ajudar a promover o retorno da série de TV Bates Motel – que reimagina o protagonista de PsicoseNorman Bates, enquanto jovem – TVGla adicionou elementos interativos e transmídia no website da série.

Usando o web aplicativo de lanterna via iPhone é possível navegar nos cantos escuros do motel, recriado no site. Este mundo virtual, inclusive, foi composto com filmagens do cenário verdadeiro visando passar uma experiência mais real e envolvente.

Para conectar o iPhone com o site, basta começar a navegar pelo motel com o mouse e, quando os quartos e caminhos ficarem escuros, seguir as instruções: entrar em bit.ly/bateslight pelo navegador no celular, inserir o código gerado, testar sua lanterna e começar a circular. O dispositivo passa a ser, então, o controle de navegação no site, apontando a direção e iluminando cada detalhe escondido.

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A reformulação do site foi criada pensando em manter a mesma temática, estética e clima do seriado, sempre com o objetivo de criar um ambiente imersível e pelo qual valesse a pena sacar o celular e ligar a lanterna.

A criação usa linguagem HTML5 para criar um diálogo com o recurso do iPhone e torná-lo um controle da experiência do usuário.

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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Do Paranormal para o Terror

Tudo começou com “A Bruxa de Blair”, mas os filmes de “found footage” (vídeos pessoais encontrados depois que alguma desgraça aconteceu com o dono original) sobreviveram às décadas, fizeram fortunas e, inevitavelmente, como tudo que dá dinheiro em Hollywood, franquias. O caso mais recente é “Atividade Paranormal”, feito com orçamento mínimo e dono de bilheterias astronômicas ao redor do mundo.

Entretanto, depois de 4 filmes, o formato se desgastou e os sustos, originalmente já forçados, foram perdendo efeito e a saída foi tentar fazer algo ao qual a série nunca se propôs: ser um filme de terror decente. Essa é a premissa comercial de “Atividade Paranormal: Marcados pelo Mal” (Paranormal Activity: The Marked Ones), dirigida pelo roteirista mais prolífico da série, Christopher Landon.

Primeiro, uma curiosidade totalmente alheia ao assunto: o diretor é filho de Michael Landon, o “Homem que Veio do Céu”, lembra dele? Pois bem, Christopher cresceu ligado ao entretenimento e, claro, resolveu seguir essa vida. Landon saiu direto da faculdade de cinema (que não terminou!) para escrever roteiros e logo teve sucesso com “Parano?ia” (Disturbia). Aliado à fama do nome, e o acesso a muitos conhecidos no meio, começou a fazer filmes na base do favor, dos equipamentos emprestados e de orçamento quase inexistente.

Atividade Paranormal

Inevitavelmente, esbarrou em “Atividade Paranormal” e escreveu os roteiros dos filmes 2, 3 e 4. “Tínhamos modos bem similares de ver esse gênero, então todo mundo sabia qual era o objetivo e o que funcionava para esse público”, comenta Christopher Landon, em entrevista exclusiva ao B9, em Los Angeles.

“Uma das coisas mais únicas sobre essa série é o fato dela ter criado um espectador específico, que vai ao cinema para levar aquele susto, para participar de algo diferente dos demais filmes. Temos que entregar isso a eles, é uma troca justa”.

Mas algo mais precisava ser feito, pois a repetição começou a afetar o desenvolvimento e, a cada novo filme, o público precisava ser reconquistado, afinal, as pessoas tendem a crescer mais rápido do que os filmes e se distanciavam dessa demanda específica. “Fazer um filme de terror foi consequência direta, creio”, explica Landon, fruto claro do ambiente no qual escolheu viver. “Se temos um público que quer ser assustado, por que não explorar outros formatos? Aumentar a carga dramática e, sem tirar as características da série (found footage, câmera na mão), dar algo diferente a eles? Foi isso que fizemos”.

Atividade Paranormal

“Atividade Paranormal: Marcados pelo Mal” mistura elementos do catolicismo forte entre latinos na Califórnia, magia negra e conceitos demoníacos para forjar a história de jovens varões marcados para se tornaram soldados do capeta, ou algo assim. O resultado final é um filme de terror fraco, mas com ótimos momentos de humor graças à estupidez e falta de noção dos dois jovens co-protagonistas, e repleto das mecânicas e práticas da série: câmera na mão, longas tomadas sem nada acontecendo, sustos gratuitos e a tentativa de projetar vida real na tela.

O resultado final é um filme de terror fraco, mas com ótimos momentos de humor graças à estupidez e falta de noção dos dois jovens co-protagonistas

“A primeira coisa que dizemos a todos os membros da equipe técnica, quando chegam à franquia, é: esqueça tudo que você aprendeu na escola de cinema. Aqui as coisas precisam ser feitas de um modo específico, ou não funciona”, explica Landon, mencionando a demanda por novas soluções para iluminação, movimentos de câmera e a criação da estética da câmera na mão; que, aparentemente, é carregada pelo ator, mas está a cargo de um operador. Tudo é minuciosamente planejado. “Assim como os ilusionistas, temos que distrair o espectador e fazê-lo acreditar em tudo que vê”.

Nesse caso, a ilusão é feita por boas trocas de ponto de vista – uma câmera portátil é utilizada como ótica da narrativa; começa com um dos protagonistas, depois passa para o melhor amigo – e muitos efeitos especiais mais fabulosos que nos filmes anteriores. “Fizemos uma mescla de super-herói com poderes satânicos e pudemos brincar com isso no primeiro ato, encontrar um humor físico pronto para os jovens e que justificou a parte mais dramática na conclusão”, justifica. Na grande perseguição final, a produção não poupou jogo de câmeras, sustos, efeitos, tiros, correria e uma interessante montagem que mascara dois cortes, dando a impressão de um plano sequência alucinante.

Atividade Paranormal

Como Landon diz, esse filme é quase um gênero à parte. Com suas regras e referências. Enquanto demais cineastas buscam inspiração em grandes mestres, clássicos e referenciam filmes da infância, Landon vai para outro lado.

“Sou o cara que fica fazendo buscas bizarras no YouTube durante a noite. Gosto de ver o que afeta essa nova geração, o que faz sentido para eles, o que os faz rir e sentir pena. Outro dia pesquisei ‘velhinhas caindo no banheiro’; e qual a surpresa ao ver que existem milhares de vídeos com esse tema?”.

Toda a estética e a linguagem – com vasto uso da câmera GoPro – de “Marcados pelo Mal” foi criada sob esse ponto de vista. É o público definindo o formato e a estrutura do produto, não o contrário; em mais um capítulo da tendência comercial da última década. Ao lotar cinemas, e comprar mais livros, os adolescentes – e suas práticas – transformaram o modo de se pensar vários aspectos da comunicação. Para bem ou mal, não se sabe, mas a influência é clara. Landon discorda: “O vídeo moderno fez nosso jeito de pensar mudar, somos os próprios diretores, mostramos o que é relevante, sem ficar brincando com truques de câmera. Ver esse material mostra como o sujeito comum vê o mundo. Ao levar essa estética para a tela, me vejo respeitando as escolhas dele”.

A reportagem do B9 teve a oportunidade de assistir à famigerada exibição cheia de fãs da franquia, que é filmada no escuro para gerar aquelas propagandas com o pessoal gritando e se assustando com os “momentos boo!”. Distante da realidade das cabines de imprensa, nas quais celulares são apreendidos e guardas com detectores de metal revistam os convidados, dessa vez, um DJ que falava em espanhol, anunciou que poderíamos usar o Facebook e o Twitter durante a exibição. Mas pedia apenas que ninguém revelasse o final (nem um pouco surpreendente).

É o público definindo o formato e a estrutura do produto, não o contrário; em mais um capítulo da tendência comercial da última década

As pessoas entravam no espírito, se acotovelavam por camisetas promocionais, um show bizarro. Os gritos dos mais envolvidos estavam em contraponto direto com duas pessoas, mais velhas (mas não passavam dos 40), que dormiam solenemente durante a seção. Na saída, os atores principais lutavam para tirar fotos com os fãs que conquistaram minutos antes. É o cinema espetáculo na melhor forma.

Antes de sair, a mocinha da boca de urna se aproximou com uma folha cheia de rabiscos e palavras-chave. Critiquei. Ela fez de conta que anotou (sem encostar a caneta no papel). Eu fiz de conta que acreditei. O circo continuou.

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Fábio M. Barreto gostou da entrevista com Christopher Landon, mas sofreu assistindo ao filme.

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AutoWay aposta em pegadinha para vender pneus

Pegadinhas parecem ter sido o grande hit da publicidade este ano, com diversas marcas apostando na “prankvertising” para se comunicar com o público. Aqui no B9, a gente mostrou várias, da Nívea perseguindo pessoas em um aeroporto até Chiquinho Scarpa lembrando da importância da doação de órgãos. Teve até agência criticando os excessos. Agora, mais um comercial entra para a lista, desta vez da marca de pneus japonesa AutoWay.

Dirigido pelo diretor e mestre do terror Takashi Miike, o comercial tem causado bons sustos no público. Em 30 segundos, ainda consegue ser melhor até que muito filme de horror por aí, com direito até a uma advertência para pessoas mais sensíveis, logo no começo. Vale o play.

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Os 35 anos de “Halloween”

Se você assistir “Halloween” hoje – o original – certamente não vai levar algum susto ou se impressionar com qualquer cena. É um filme simples, ainda mais se comparado ao volume de sangue, efeitos, cenas explícitas e ruídos excessivos das produções atuais. Porém, a criação de John Carpenter é a quintessência do cinema de horror e, até hoje, 35 anos depois, suas técnicas continuam influenciando o gênero.

“Halloween” não foi o primeiro terror do tipo. “O Massacre da Serra Elétrica”, “A Noite dos Mortos-Vivos” e “Aniversário Macabro” , por exemplo, já representavam um papel importante no cinema de baixo orçamento, mas nada perto do que Michael Myers fez em 1978. Com verba de apenas 325 mil dólares, “Halloween” levou multidões para as salas escuras, muito ajudado pelo boca a boca, arrecadando 70 milhões na época. Reajustando para hoje, seria algo como 240 milhões de dólares. É um dos filmes de horror mais lucrativos de todos os tempos.

John Carpenter tinha 30 anos quando seu “Halloween” estreou, e liderou uma avalanche de novos títulos do gênero ao longo de toda a década de 1980. Sem Michael Myers, não existiriam Freedy Krueger ou Jason, por exemplo. Carpenter tirou o terror da fantasia, e o colocou no “mundo real”. Myers não era um ser sobrenatural, era mais homem de carne e osso do que um monstro – e que adora matar gente promíscua.

John Carpenter no set

John Carpenter no set

Michael Myers nem era tão assustador, mas a trilha sonora mudou tudo

Com total controle criativo e inspirado por “Psicose” de Hitchcock, o diretor ousou visualmente. Desde a famosa primeira cena em primeira pessoa – quando o espectador ainda não faz ideia de que o assassino é apenas uma criança – até os enquadramentos que transformam todo o espaço vazio em uma ameaça. Carpenter manipula a audiência com sombras e, principalmente, som.

Halloween

A trilha sonora é, certamente, o legado mais marcante deixado por “Halloween”. Composta pela próprio John Carpenter, a inesquecível música comunica tensão como nenhuma outra já foi capaz. Ele mesmo revelou que, ao mostrar o filme para os produtores, todos foram taxativos: “Isso não é assustador”. Talvez fosse apenas uma história de adolescentes contra um homem de máscara, mas a música mudou tudo.

Além da trilha, o baixo orçamento ditou todas as outras decisões criativas da equipe. A icônica máscara custou apenas US$ 1.98. Era imitação em borracha do William Shatner, comprada em uma loja qualquer, e pintada com spray branco para o filme. Prova de que pouco dinheiro não é desculpa pra nada.

Recentemente, foi lançada uma edição comemorativa em Blu-ray de 35 anos de “Halloween. E se hoje não é capaz de impressionar os millenials, eu pelo menos tenho boas lembranças de que me diverti e perdi noites de sono quando mal tinha idade para assistir filme de terror. Já vi o original dezenas de vezes, mas evito as sequências, principalmente se tiver o nome do Rob Zombie nos créditos. Não quero estragar a magia.

Para quem é fã, vale ver o vídeo abaixo. É o primeiro take da cena inicial, quando Carpenter ainda estava testando a filmagem em primeira pessoa. O utilizado na edição final do filme foi o segundo take.

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Sabonete Lux salva a sua pele. Literalmente

Poderia ser mais um comercial qualquer de sabonete, com uma bela modelo se ensaboando e destacando as qualidades hidratantes e perfumantes do produto. Poderia. A história de Lux: Save Your Skin, entretanto, é outra. Após o play, o filme começa de uma forma bastante tradicional, até o momento em que surge um segundo personagem – que não é um galã – e a modelo ensaboada é transformada em mocinha de um conto arrepiante.

O que se segue, então, é um roteiro que prende a atenção do público, e o sabonete deixando o tradicional status de coadjuvante no esfrega-esfrega com modelos para, finalmente, ganhar merecido destaque de protagonista e herói da história.

Certamente seria um daqueles filmes para entrar para a minha lista de “comerciais de produtos de higiene que têm salvação”, a não ser por um detalhe: assim como aquele filme da Mercedes-Benz, em que o carro atropela um inocente e indefeso Adolf Hitler, Save Your Skin também foi produzido por estudantes alemães, desta vez da Filmakademie Baden-Württemberg.

Se o comercial chegou a ser exibido além da internet e do meio universitário, para o grande público, eu não saberia dizer. Mas uma coisa é certa: ele é mais um daqueles que me ajuda a ter fé de que, um dia, sairemos da mesmice criativa de alguns segmentos, como o de produtos de higiene.

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“Shhh”, um curta de terror baseado nos sonhos de Guillermo del Toro

Depois de rodar festivais pelo mundo, o curta de terror “Shhh” foi publicado online pelos diretores Freddy Chávez Olmos e Shervin Shoghian.

Inspirado pelos sonhos lúcidos de Guillermo del Toro, revelados em uma entrevista para a BBC em 2010, o filme conta a história de um garoto que, além de ter uma irmã escrota, precisa enfrentar um monstro que vive no banheiro. O monstro cobra um pedágio, que é o cabelo do menino. Mas um dia ele tem uma ideia.

É um curta de baixo orçamento, mas com um excelente design de produção. O próprio Guillermo del Toro assistiu e aprovou. Dê o play no vídeo acima, em inglês e sem legendas.

Shhh
Shhh
Shhh

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O filme de terror em que os personagens usam a lógica e o pensamento crítico

Um grupo de amigos sai para passar o fim de semana em um chalé nas montanhas. Chegando lá, o lugar é horripilante, escuro, rodeado de maus elementos e o senso de VDM entra em alerta máximo. O que eles fazem? Se fosse em Hollywood, entrariam e teriam mortes horríveis. Já no trailer paródia “Hell No”, eles simplesmente vão embora.

Alguém chega dizendo que tem uma fita que se você assistir irá morrer em 7 dias. O que você faz? Destrói a fita; Um monstro lhe persegue pelas ruas da cidade. O que você faz? Sai correndo, em vez de ficar filmando tudo pra colocar no YouTube depois; Uma amiga – do tipo líder de torcida – lhe chama para jogar Ouija em um hospital mental abandonado no meio da noite. O que você faz? Diz não.

Essas e outras boas decisões, com personagens cheios de senso crítico, estão no divertido trailer falso acima, dirigido por Joe Nicolosi. O filme de terror mais realista já visto. Spoiler: Todos ficam vivos no final.

Hell No
Hell No
Hell No
Hell No

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Monstros & Monstruosidades

Aconteceu algo curioso em 2009. Depois de muito tempo, uma franquia tradicionalmente sanguinária e focada num nicho bem específico rompeu as barreiras mais importantes: fez sucesso nas bilheterias e conquistou moderadamente a crítica.

O autor da façanha foi “Sexta-Feira 13”, mais recente aparição de Jason Vorhees aos cinemas. Público e imprensa precisavam de um bom motivo para voltar a se divertir com o gênero e ele veio. Pelo ponto de vista estratégico, esse longa-metragem havia aberto a porteira para um revival de qualidade. Os estúdios entenderam o recado e os remakes começaram a invadir os cinemas em toque de caixa concorrendo com algumas histórias originais. A qualidade foi passear. O dinheiro veio aos montes. Acredite, por pior que pareça o filme, a maioria deles deu resultado com média de 2x o valor do investimento inicial.

O nível de diversão gerado por “Sexta-Feira 13” deixou muita gente empolgada, afinal, era possível misturar o bom e velho slasher movie com o cinema moderno e dar boas risadas. Pelo aspecto da produção, ele foi um divisor de águas pois com os US$ 19 milhões de investimento, faturou mais de US$ 90 milhões no mundo todo. 29% desse valor foi arrecadado nos mercados internacionais. Foi um bom indicativo, mas alguns vícios são difíceis de serem deixados para trás, então, enquanto o fenômeno “Atividade Paranormal” se formava puramente baseado nos sustos gratuitos, a onda de filmes inspirados por esse momento começou.

Terror

Terror

Sam Raimi foi o primeiro a apanhar da crítica com o corajoso “Arraste-me Para O Inferno” (Drag me to Hell). O filme em si era uma execução da mesma fórmula de “Evil Dead”, com alterações, mas dentro do princípio: há uma entidade maléfica vinda dos quintos dos infernos, precisamos derrota-la! Nada fantástico, cumpriu tabela. Claro que fiquei feliz, afinal, por causa disso, bati um longo papo com Sam Raimi, Justin Long e Alison Lohman.

Gente boníssima o Raimi, diga-se de passagem. Vestindo o terno característico e extremamente devotado ao que faz. Foi bacana. Já o Justin foi divertido, pois falamos mais sobre “Galaxy Quest” que do terror em questão. Enfim, o filme foi “ok”, certo? Adivinhem o faturamento: $90 milhões no mundo todo, contra $30 milhões de orçamento. Ou seja, US$ 60 milhões de lucro! Curiosamente, o nome internacional de Raimi fez valer na hora do sucesso e 53% do valor foi arrecadado fora dos Estados Unidos.

O filme mais caro dessa leva de 2009 foi o remake de “A Nightmare on Elm Street”, estrelado por Jackie Earle Haley, de “Watchmen”. Custou $35 milhões. Filme sem graça, dependente do saudosismo de uma série que marcou a adolescência de muita gente e que, aposto, já foi esquecido. Nada de cenas marcantes. Nada de inovação no estilo de Freddy Krueger. Apenas mais uma versão do velho ícone. No máximo, outro “ok”. Foi um desbunde financeiro, garantindo aos cofres da Warner $115 milhões no mundo todo.

Terror

Evil

Para os produtores a coisa caminhou bem, afinal, o objetivo é o faturamento. Se o filme funcionar, ótimo! Se não, o próximo já está em produção mesmo. Depois de bons resultados, veio a primeira porrada: “Don’t Be Afraid of The Dark” não conseguiu nem se segurar com o nome de Guillermo del Toro no roteiro e Katie Holmes no elenco.

Produzido pela FilmDistrict e distribuído pela Disney, o terror psicológico deixou de lado as facadas e as presepadas dos filmes anteriormente mencionados e se lascou nas bilheterias. Filme inexplicavelmente fraco (ou incompreendido?) custou $25 milhões e só se salvou por causa da bilheteria internacional, chegando a um total de $36 milhões. Faturou só $24 milhões nos Estados Unidos.

Aí veio o grande teste de fogo para se saber se há alguma demanda por roteiro diferente, e minimamente inteligente, ou se o importante são as lacerações, desmembramentos e o sangue. “O Massacre da Serra Elétrica 3D” é uma das maiores porcarias já feitas em Hollywood e merece a alcunha de ofensivo perante os filmes originais.

Digno de ficar restrito ao mercado de home entertainment, a Lionsgate resolve apostar no cinema e os executivos devem estar sorrindo até agora. Partindo da média de orçamento do gênero ($16 milhões), esse caça-níqueis faturou $34 milhões só nos Estados Unidos e se pagou. Isso sem contar nos trocados que ainda está fazendo no exterior. Entrou em cartaz a pouco no Brasil, aliás.

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Para fechar a listinha, precisamos falar de “A Morte do Demônio” (Evil Dead), dirigido por Fede Alvarez, aquele diretor uruguaio que fez “Ataque de Pânico!”, o curta-metragem alucinante dos robozões em Montevidéu. Custou $17 milhões e, mesmo sendo um festival de sustos previsíveis, “A Morte do Demônio” arrecadou $92 milhões no mundo todo.

Como prequel, traz novas informações e merece destaque por um dos personagens mais sinceros que já vi no gênero. O sujeito faz a besteira que inicia a trama e é pé no chão o suficiente para ir contra as bobagens sempre ditas em filmes desse tipo. “Está tudo bem!”, diz o mocinho. “Não, não está! Só está piorando”, devolve o realista.

Essa talvez seja a melhor ideia desse longa. “Qualquer manifestação cinematográfica tem que ser baseada em boas ideias; se você pensa em algo que vai gerar interesse na tela, você vai obter um resultado”, comenta o diretor uruguaio, em entrevista ao B9.

“O importante é fazer um filme pelo que ele é, não como meio para alcançar esse resultado. Sempre filmei por paixão, não para conseguir um emprego ou ser visto. Fazer as coisas como catapultas não funciona para mim” – Fede Alvarez

Ele pode dizer isso, mas foi exatamente o que aconteceu. Entrando pelo terror, como tantos outros jovens talentos, Alvarez já começou a fazer nome por aqui. Ele é um dos maiores casos pessoais de sucesso gerado pelo YouTube, no cinema.

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Curiosamente, outro bom resultado direto do YouTube foi o longa-metragem “Mama”, nascido a partir de um dos curtas mais assustadores que já vi! Ainda não fui assistir ao filme pelo desespero causado pelo vídeo espanhol. De qualquer forma, “Mama” não convenceu a crítica, mas os US$ 145 milhões arrecadados nas bilheterias mundiais contam sua história.

Ver tantos filmes e milhões resultantes de um gênero, até segunda ordem, desinteressado em trazer algo além das características obrigatórias é algo, inicialmente, difícil de entender, afinal, produzir lixo deveria gerar resultado similar. Mas aí você tira o idealismo de lado, lembra de novela, Big Brother, revistas de fofoca, e daquele monte de filme de artes marciais que ninguém nunca ouve falar, e tudo fez sentido.

Não tenho absolutamente nada contra o cinema, ou a literatura, de gênero. Sempre apoiei ao longo da carreira. Vivo disso como escritor e me especializei no “fantástico” no jornalismo. Mesmo sem envolver as franquias como “Atividade Paranormal”, “Premonição” e “Jogos Mortais”, por exemplo, estamos diante de um mercado prolífico e eficaz. A Asylum herdou o legado de Roger Corman e continua produzindo em grande escala, fazendo as vezes de maior “escola prática” de Hollywood. O importante lá é filmar e abastecer o mercado de DVDs e Blu-Ray. Funciona e, de fato, é um dos poucos lugares onde o antigo sistema de estúdios ainda funciona. Tanto por influencia de Corman quanto dos resultados, o maior gênero, surpresa!, é o terror.

A preocupação com o nicho deixou de existir e, pelo que diretores e produtores falam em Los Angeles, o alvo do “filme de medo” agora é gerar a experiência; ou seja, recriar aquela sensação da galera que encarou o cinema para ver Michael Myers, Jason Vorhees e Freddy Krueger pela primeira vez. Há algo especial nessa resposta tão positiva a mortes e sangue. Alívio social? Diversão? Desejo de ver algo do qual fugimos na vida real? Parece um grande teste de força de vontade. Assistir, e encarar até o final, é questão de honra. E isso me lembra de um outro clássico. No fim das contas, gostamos da experiência do “Pague para Entrar, Reze para Sair”. ?

N.E.: Confira no nosso Letterboxd a lista dos filmes de terror citados nesse artigo.

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Fábio M. Barreto é jornalista, cineasta e autor do romance de ficção “Filhos do Fim do Mundo”

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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Filmes de horror, a nova “dieta” da moda?

Fazer dieta pode ser um horror para muita gente, atividade física, então, nem se fala. Mas, acredite, o sofá pode ser seu amigo na luta contra a balança. Bem, o sofá e alguns filmes de terror/suspense. Pelo menos é o que diz uma pesquisa da University of Westminster, segundo o jornal Telegraph. O estudo foi encomendado pela locadora LOVEFiLM, e mediu o total de energia gasto por 10 pessoas quando eles assistiram à uma seleção de filmes – o que inclui batimentos cardíacos, consumo de oxigênio e emissão de CO2. Assim, foi possível descobrir o número de calorias gastas durante as exibições.

Quando assistimos a um filme de terror/suspense, nossos batimentos cardíacos aumentam, o sangue bomba mais rapidamente pelo corpo e a adrenalina é liberada. Nesses breves momentos de estresse, o apetite diminui, a taxa de metabolismo basal aumenta e calorias são queimadas.

Os dez filmes indispensáveis a você que está querendo seguir o que pode ser a nova “dieta” da moda, aí vai:

1. O Iluminado – 184 calorias

2. Tubarão – 161 calorias

3. O Exorcista – 158 calorias

4. Alien – 152 calorias

5. Jogos Mortais – 133 calorias

6. O Pesadelo – 118 calorias

7. Atividade Paranormal – 11 calorias

8. O Massacre da Serra Elétrica – 107 calorias

9. A Bruxa de Blair – 105 calorias

10. [Rec] – 101 calorias

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