Em 2012 “O Poderoso Chefão” completa 40 anos desde sua estreia. Para muitos críticos (e claro, grande parte da audiência) esse é o filme mais emblemático do cinema americano. Dirigido por Francis Ford Coppola, a obra de Mario Puzo na tela revela, além da história brilhante, uma sequência de nuâncias e detalhes que dão a este trabalho o aval de Obra Prima.
Fruto de um processo criativo caótico, carregado de energia e intensidade de cada um dos atores (e de uma equipe técnica tão importante, como Gordon Willis, Dean Tavoularis, Angelo Graham e Theodora Van Runkle), esse foi o tema do Braincast número 12. Com Carlos Merigo, Saulo Mileti, Vini Melo, Luiz Yassuda e Léo Ribeiro.
Quando vi o teaser de “Looper”, escrito e dirigido por Rian Johnson, fiquei desconfiado. Parecia mais um novo “Jumper” (lembra dessa trolha?), apesar de todo o papo sobre a maquiagem para tornar Joseph Gordon-Levitt um jovem Bruce Willis.
Com o trailer completo, minha percepção mudou completamente. A viagem no tempo será inventada daqui 30 anos, e Joe (Gordon-Levitt) trabalha para organizações criminosas no presente, eliminando hoje as vítimas enviadas pelas gangues do futuro. O problema é quando o próprio Joe do futuro é enviado para ser morto pelo Joe jovem.
A premissa é excelente – tem muito paradoxo para discutir – só espero que não se transforme em tantos filmes que tenho visto ultimamente: A primeira hora, de apresentação do universo, é genial, mas na segunda metade vai tudo pelo ralo com sequências tediosas de porrada e correria sem sentido.
Sobre a maquiagem, Gordon-Levitt passava por sessões diárias de 3 horas para ser transformado em um “John McLane”, como contam o próprio ator e diretor nessa entrevista.
Antes de “Looper”, Rian Johnson dirigiu o ótimo “The Brothers Bloom” (que no Brasil ganhou o péssimo título “Vigaristas” e nem pelos cinemas passou) e também o episódio mais nonsense das quatro temporadas de “Breaking Bad”: “Fly”.
“Looper” estreia no dia 28 de setembro. E se você, como nós aqui do B9, se interessa pelo processo criativo e de produção, o Tumblr do filme oferece diversas fotos e comentários de bastidores.
De maneira muito singela, os produtores do La Pompadour prestaram uma homenagem “Dedicada a todos os monstros que ferraram com nossas noites”, mas que ainda assim são amados por todos. É o vídeo ABC Monsters, que reúne de maneira muito bacana alguns dos principais monstrinhos do cinema. Tente descobrir quem são eles…
“Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios”, novo filme da dupla de diretores Beto Brant e Renato Ciasca, estreia nos cinemas no dia 20 de abril trazendo a história de um triângulo amoroso envolvendo Cauby (Gustavo Machado), um fotógrafo de passagem pelo interior da Amazônia, a bela e instável Lavínia (Camila Pitanga) e seu marido, o pastor Ernani (Zecarlos Machado), que acredita ser possível consertar as contradições do mundo. Lavínia, o corpo; Cauby, o olhar; Ernani, a palavra – os três vértices de uma paixão incandescente, em meio à natureza ameaçada de devastação.
Um dos destaques do filme é a grande atuação de Camila Pitanga como a ex-garota de programa Lavínia, no que já é considerado seu melhor papel no cinema. Camila pode explorar todos os seus recursos como atriz com o personagem, que possuí múltiplas personalidades e facetas. Sua performance já lhe rendeu prêmios no Festival do Rio 2011 e no Amazonas Film Festival.
Quem quiser saber mais sobre o filme antes da sua estreia nacional pode utilizar a internet. Os perfis de “Eu Receberia…” no Facebook, Twitter, YouTube e Instagram já estão no ar e podem ser acessados por todos. Além de seguir o filme nas redes sociais, os fãs também podem participar do concurso cultural criado para divulgar seu lançamento na web.
O concurso pede que seus participantes mandem fotos que retratem o tema “paixão” e premiará as melhores imagens. As fotos podem ser enviadas por um aplicativo criado para a fan page do filme no Facebook ou através da hashtag #EuReceberia no Instagram. As cinco fotos mais curtidas tanto no Facebook como no Instagram ganham kits exclusivos do filme. E a melhor foto, escolhida por um júri técnico, leva o grande prêmio: uma câmera semiprofissional Sony SLT-A35k.
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Com a fusão entre os bancos, já se sabia há tempos que os cinemas patrocinados pelo Unibanco se transformariam em Itaú. Sendo assim, o que era Espaço Unibanco de Cinema virou… Espaço Itaú de Cinema (duh!).
A Interbrand São Paulo ficou responsável pela nova identidade visual dos cinemas, presentes em Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
Pelo tamanho do investimento do Itaú em comunicação, podemos dizer que pouca coisa merece destaque, além do saco de pipoca. A Interbrand justifica o preto, por exemplo, dizendo que remete ao escuro das salas de cinema.
De qualquer forma, vale o registro pela notoriedade dos espaços.
Voici ce concept de Buro Ole Scheeren avec la création d’un cinéma flottant. Situé au bord de l’île de Yao Noi en Thaïlande, ce projet “The Archipelago Cinema” donne envie de passer quelques heures devant cet écran en plein air, le tout dans un cadre féérique. Plus d’images dans la suite.
LOS ANGELES – O reinado de “Shrek” pode ter chegado ao fim depois de quatro filmes, mas a DreamWorks já prepara um substituto: “A Origem dos Guardiões” (Rise of the Guardians), animação programada para estrear em 30 de novembro do Brasil.
A primeira impressão é de uma animação profunda e envolvente, daquelas que tenta provocar mudanças no espectador.
Curiosamente, esses dois títulos tem muita coisa em comum e reforçam alguns conceitos apreciados pelos funcionários de Jeffrey Katzenberg. Ambos subvertem contos de fadas, revitalizam ideias seculares ou milenares pelo aspecto cômico e, quando podem, mostram seu lado sombrio e emocional. Ah, claro, tratam-se de duas adaptações literárias. Dessa vez, o autor escolhido foi William Joyce que, veja só, acabou de ganhar o Oscar de Melhor Curta-Metragem de Animação por “The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore”.
A DreamWorks conseguiu algo virtualmente impossível nos dias de hoje: manteve “A Origem dos Guardiões” em sigilo por praticamente três anos, enquanto desenvolvia o projeto e já começava a animar. Ontem o BRAINSTORM9 foi o único veículo escrito brasileiro a participar da exibição de algumas cenas em 2D e do fantástico trailer em 3D, dentro do Directors Guild of América (DGA), aqui em Los Angeles.
O conceito da história é bem interessante, embora nada inovador, ao mostrar as versões guerreiras e apaixonadas de Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, Fada do Dente, João Pestana (também conhecido como Sandman) e de Jack Frost, uma figura folclórica do panteão nórdico e anglo-saxão inexistente no Brasil por razões óbvias, afinal, não temos um inverno tão rigoroso e neve como no Hemisfério Norte.
Ilustração original da série literária The Guardians of Childhood
Para resolver esse problema de localização, a equipe comandada pelo diretor Peter Ramsey deve usar a boa e velha artimanha de apresentar os personagens. Tivemos a oportunidade de ver o “nascimento de Jack Frost”, que abre o filme, e a narrativa beira a poesia. “Precisamos levar em conta as diferenças culturais ao redor do mundo, ignorar esse fato é irresponsabilidade”, comenta Ramsey, à reportagem do Brainstorm9.
“Cada cultura vê esses personagens de uma maneira, então, teoricamente, a releitura de Bill Joyce acaba nivelando o conhecimento da platéia e todo mundo pode mergulhar numa história única”.
O mais curioso dessa preocupação, não só da DreamWorks, mas também da Illumination Studios – que fez “Meu Malvado Favorito” e “The Lorax” – estão altamente atentas à performance internacional de seus filmes. Chris Melandandri, chefão da Illumination, deixa claro que “nossos filmes são internacionais, feitos por uma equipe internacional [baseada na França] e com histórias mais universais”.
Ele defende essa prática desde que capitaneou o primeiro “Era do Gelo”, que apresentava os primeiros traços dessa estrutura mais globalizada. “O cinema é muito mais abrangente hoje em dia e precisamos transferir essa realidade para as histórias”, disse ao Brainstorm9 numa visita à sede americana do estúdio, em Santa Mônica.
“Especialmente pelo tempo envolvido na execução de um longa de animação, não podemos dedicar três ou quatro anos a um produto que vai surtir efeito apenas nos Estados Unidos; é um jeito de aumentar a responsabilidade, e o orgulho, de nossa equipe e garantir algo realmente duradouro”, completa Melandandri.
O argumento mais matador nesse cenário é do ator britânico, radicado em Vermont e invejado por meio mundo por ser casado com a Jennifer Connelly, Paul Bettany:
“Muita gente não liga para o que a bilheteria ou os críticos americanos acham de um filme, e há muito mais gente morando fora daqui. É só fazer as contas. ‘O Turista’ foi destruído no mercado local, aí estourou no resto do mundo. Há uma lição a ser aprendida aí”.
Né?
Não é a toa que a DreamWorks selecionou “A Origem dos Guardiões”, originalmente influenciado por diversas culturas e sotaques, e “Madagascar 3 – Europe’s Most Wanted”, para formarem seu line up de 2012. O Coelhinho da Páscoa badass, por exemplo, é dublado por Hugh Jackman em seu sotaque australiano original; o Papai Noel lenhador de Alec Baldwin é meio russo, meio nórdico; e a Fada do Dente de Isla Fisher é bem americana.
“Tudo está ficando muito homogêneo, estamos perdendo a noção do que nossa imaginação é capaz em todos os aspectos, especialmente no entretenimento. Aplicam-se formulas torcendo pelo mesmo resultado. Não há espaço para criatividade e imaginação quando a bilheteria do filme é mais importante que sua paixão, envolvimento e fé na história em questão”, concordam Ramsey e a produtora Christina Steinberg, que trabalhou em “Bee Movie” e “A Lenda do Tesouro Perdido”. “Se conseguirmos mostrar para pais e filhos que imaginar faz bem, já me dou por satisfeita”, completa Christina.
Arte conceitual da adaptação animada, por Jayee Borcar
Sem dúvida, a qualidade da animação despertou o interesse, por conta de cenas belíssimas como o nascimento de Jack Frost ou o trenó do Papai Noel. Entretanto, é impossível julgar sem ver o produto final. É aí que o trailer ainda inédito cumpriu sua função e vendeu a história de forma bem grandiosa. O maior trunfo é lançado logo de cara: dos mesmos criadores de “Como Treinar Seu Dragão”, um dos melhores filmes desse século!
Eles têm um grande desafio de marketing pela frente para definir o perfil público, pois, aparentemente, o filme tem apelo mais adulto que infantil – algo reforçado pelo primeiro pôster, com Papai Noel mostrando tatuagens de Nice e Naughty em seus braços e pela escola de Chris Pine para dublar Jack Frost, um personagem visualmente adolescente. Ser universal pode aumentar suas chances de atingir mais que um segmento, mas complica a campanha e pode prejudicar o desempenho, assim como aconteceu com “Hugo”, claramente vendido com filme infantil e cujo conteúdo entregava outro produto.
A primeira impressão é de uma animação profunda e envolvente, daquelas que tenta provocar mudanças no espectador, com uma técnica efetiva. Enfim, plantou a semente. Gosto de pensar que se é para continuar adaptando livros, que, pelo menos, escolham livros dignos e proveitosos e o conceito básico de “A Origem dos Guardiões” se vende rapidinho para quem adora mitologia, folclore, contos de fadas e ainda acredita na imaginação como parte necessária no dia a dia.
O homem pós-vitoriano é um sujeito interessantíssimo. Embora absurdamente distante da tecnologia moderna, havia um senso intrínseco de aventura e a necessidade pela exploração. Também pudera, o mundo era menor, as comunicações ocorriam de forma lenta e apenas entre grupos seletos e tudo levava mais tempo. Naquele tempo, sonhar era mais que simples exercício mental e demonstrava certa fé na potencialidade humana, sempre representada por pioneiros genais como o Viajante do Tempo, na “Máquina do Tempo”, de H.G. Wells e o guerreiro John Carter, de “A Princesa de Marte”, de Edgar Rice Burroughs.
A Disney não brincou em serviço e simplesmente entregou uma das melhores direções de arte da história da ficção científica
Com a relativa baixa circulação de conceitos, muito a ser descoberto e sem ninguém por perto para ficar comparando tudo que era escrito no resto do mundo, os autores da virada do século 19, assim como seus personagens, extrapolavam os limites de seu tempo e, sem querer querendo, definiram não apenas o gênero da ficção científica, mas tudo que entendemos por grande jornadas, heróis intergalácticos e até mesmo os menos em relação ao futuro do planeta.
Nascido em folhetim e consagrado como romance, “A Princesa de Marte” reúne um pouco de tudo isso e garante um ótimo exercício de perspectiva social tanto no livro de Burroughs quanto na adaptação zilhardária “John Carter: Entre Dois Mundos”, dirigida por Andrew Stanton (estreando em live-action depois de entrar para a história com “Wall-E” da Pixar), a maior aposta da Walt Disney nesse ano – basicamente, o estúdio gastou meio bilhão de dólares!
Alegoria clara à Guerra Civil norte-americana e socialmente relevante para permanecer relevante até hoje, a história mostra que nossos desejos não mudaram tanto nos últimos dois séculos. O formato pode ter sofrido alterações, afinal, os super-heróis são figuras culturalmente fundamentais há pelo menos 50 anos e sua multiplicidade garante a cobertura e análise em foco de praticamente todas as variáveis relevantes ao tema, mas o cerne não muda: queremos acordar de um sonho e nos descobrirmos donos de algum poder especial; queremos ser especiais e nos destacar.
Andrew Stanton no set de John Carter
Obviamente, todas as histórias seriam as mesmas se esse fosse o único argumento, afinal, assim como seus criadores, as narrativas tem que encontrar seu diferencial. Aí entra a humanidade do protagonista, suas falhas, seus desafios, seus fantasmas. Isso também não mudou. O homem do século 19 sofria da mesma forma que o sujeito tecnológico atual. Por definição, John Carter é uma alma perdida no tempo e, ao fim de sua história, também no espaço. Ele é praticamente um ronin em busca de um novo senhor, um valente descrente. Toda a saga épica desenvolvida por Burroughs vai desvendando essa busca pela identidade depois de um insuperável trauma pessoal e, claro, isso vai envolver paixão, luta, superação e perigo por todos os lados.
Por mais clássica que a narrativa seja, há uma lição a ser aprendida com “John Carter”.
Você já viu essa história, certo? Com certeza! “A Princesa de Marte” é uma das estruturas narrativas mais seminais da literatura e, em especial, da ficção científica e que, anos depois, foi assimilada por completo pelas HQs. Manter boa parte do ritmo e do encadeamento original foi uma das decisões mais arriscadas de Andrew Stanton, pois “John Carter” vai parecer com absolutamente tudo que fez sucesso nos últimos 30 anos nesse gênero. Ou quase tudo, já que “O Senhor dos Anéis” escapa um pouco. “Guerra nas Estrelas” leva na cara e “Avatar”, então, nem se fala.
O importante é entender que, nesse caso, tais semelhanças não são demérito. Algumas histórias precisam ser recontadas por sua natureza formativa, o que acontece é estarmos vendo a original depois de tantas outras por ela “inspiradas”. Do mesmo modo que a propaganda, a moda e a música se renovam, reinventam ou revolucionam, o cinema precisa fazer o mesmo; é utopia demais ficar achando que o primeiro “Guerra nas Estrelas” vai causar o mesmo efeito na garotada de hoje assim como fez em 77, e por aí vai.
Set de John Carter montado no deserto de Utah, EUA
Tecnologia faz diferença, infelizmente. E é aí que “John Carter” merece uma rasgação de seda meio forte, mas merecida. Misturar história épica, com tudo grandioso e, bem, uma porrada de efeitos especiais, tela verde, alienígenas, naves e aquele pacote todo típico do gênero pode terminar em lambança, assim como provado por George Lucas nos novos “Star Wars”.
A Disney não brincou em serviço e simplesmente entregou uma das melhores direções de arte da história da ficção científica, ficando pau a pau com “Avatar” em termos visuais. Nunca foi tão fácil acreditar num ambiente alienígena como nesse filme e digo isso com sinceridade. Foi uma das melhores surpresas, pois, por saber a história e não parar de ver similaridades com filmes recentes, qualquer escorregada me faria perder o interesse e aconteceu o oposto.
Aproveitando o ambiente criado por Burroughs, que optou por não encher seu protagonista com cacarecos tecnológicos cafonas e transformou Marte, ou Barsoom, num planeta habitável, a equipe pode criar à vontade e inserir Carter em situações e locais plenamente plausíveis dentro de sua proposta. Essa é uma característica bastante interessante sobre a visão do espaço e do futuro de escritores como Wells, Burroughs ou Arthur Conan Doyle.
As “semelhanças” entre os mundos e suas dinâmicas permitiam que seus personagens não precisassem transformar seu modo de agir ou pensar, podendo apenas se adaptar e, baseados em suas descobertas, atingirem o potencial do qual eram privados na Terra ou em sua sociedade de origem. Sherlock Holmes era ótimo nisso, aliás; destacando-se dos demais policiais com seus “poderes” intelectuais e um desejo insaciável por aventura e descoberta. ?
Seguindo um pouco a estrutura proposta por Joseph Campbell, Carter é o herói relutante, mas, diferente de Luke Skywalker ou Neo, um sujeito maduro e pronto para cair na porrada. Ele passa pelo encontro que vai lhe arremessar em sua jornada, na qual precisará passar pelo submundo, enfrentar seus demônios e sair de lá renovado e decidido a lutar pela nova causa. De modo prático, estar em Marte permite que ele faça a diferença. O sujeito comum deixa de existir, o herói se define e ele é recebido como igual pelo novo grupo.
Normalmente, trata-se de um gigantesco rito de passagem, mas no caso de Carter ele atravessa uma purificação motivado pela necessidade de liberar seu ódio e aliviar sua consciência. Isso faz dele alguém altamente próximo e passível de compaixão, especialmente para o público adulto. Para os mais jovens, sobram batalhas e, claro, o agrado universal: o cachorro, ou melhor, um equivalente marciano de cachorro, Woola, um sidekick fantástico e bom de briga!
Por mais clássica que a narrativa seja, há uma lição a ser aprendida com “John Carter”. Houve um tempo em que era importante imaginar o que encontraríamos lá fora, na infinidade do espaço, e como faríamos de tudo para encontrarmos nosso lugar, em vez de se concentrar apenas nas mazelas e problemas inerentes ao ser humano.
Burroughs propõe alternativas à guerra, modos de exorcizar a tristeza, valoriza a força de vontade e vislumbrou um futuro no qual o livre arbítrio fosse, de fato, algo valioso. Ao longo dos anos, mesclar todos esses conceitos transformou-se em clichê de história infantil ou autor iniciante, porém, existe uma razão para que essa jornada seja contada e recontada tantas vezes, de tantas formas, em tantas línguas: precisamos, e sempre precisaremos, dela.
Qual é a primeira coisa que vem na sua cabeça quando você pensa em “Star Wars”?
a) Darth Vader
b) Luke Skywalker
c) Han Solo
d) Estrela da Morte
Qual a primeira coisa que vem na sua cabeça quando você pensa em “Indiana Jones”?
a) Harrison Ford
b) A cena onde ele come cérebro de macaco
c) Sean Connery
d) O Santo Graal
Qual a primeira coisa que vem na sua cabeça quando você pensa nos filmes do “Superman”?
a) Cristopher Reeve
b) Gene Hackman como Lex Lutor
c) A cena onde ele suspende a Torre Eiffel
d) O colchão cinza onde ele dorme
Pois, pra mim, a primeira coisa que me vem à cabeça pensando nesses filmes é a trilha sonora espetacular de cada um.
Já imaginou a clássica cena do “ET” na bicicleta SEM aquela música de fundo (que você sabe de cor e que está tocando na sua cabeça agora), ou as aberturas do Star Wars com as letras amarelas subindo na tela SEM aquela música de arrepiar a espinha tocando junto?
São trilhas tão fortes e tão marcantes que ficaram tão importantes quanto seus próprios filmes. Quantos filmes você vê cuja trilha sonora original realmente gruda na sua cabeça?
Bem, se o compositor dessa trilha for o mestre John Williams, é provável que a estatística aumente. Ele é um dos maiores nomes da indústria da música e do cinema, já assinou mais de 100 trilhas e já foi indicado ao Oscar por melhor trilha sonora quarenta e sete vezes. (Das quais ganhou 5, por “Star Wars”, “Tubarão”, “A Lista de Schindler”, “ET” e “Um Violinista no Telhado”)
Ah, e se você foi ao cinema recentemente para ver “As Aventuras de TinTin”, saiba que a trilha também é do John Williams. Este senhor de 80 anos continua na ativa e trabalhando como nunca. Seu job agora é a trilha do próximo filme do “Superman”, previsto para ser lançado ainda este ano. Vamos ver.
Que o Adam Sandler faz filmes embaraçosos você já sabe. Que ele é o rei de fazer product placement em suas bobagens você também sabe.
O que não dá pra entender é o Al Pacino aceitar participar disso, e da maneira mais vergonhosa possível.
O ator – que um dia foi Michael Corleone – atuou na última “obra” de Sandler: “Jack & Jill”, que no Brasil ganhou o belo título de “Cada Um Tem a Gêmea Que Merece”. No Rotten Tomatoes o filme tem a incrível cotação de 3%, mas, mais uma vez, esse não é o caso.
O caso é que o senhor Pacino faz dentro do filme um triste product placement do tamanho do mundo para promover uma bebida do Dunkin’ Donuts, o Dunkaccino.
Eu reclamava de sempre vê-lo em filmes ruins nos últimos anos, mas isso é o de menos depois de assistir o vídeo abaixo. É a prova definitiva de que Al Pacino deve mesmo estar com o nome no Serasa.
Também conhecido como contra-plongée, o plano em que a câmera filma o objeto de baixo para cima – geralmente abaixo do nível dos olhos do espectador – é um dos preferidos de Tarantino.
O triunfo e superioridade de seus personagens não poderiam acontecer de melhor maneira, e o vídeo acima reúne esses melhores momentos dos filmes do nosso querido Quentin.
Tornou-se comum dizer que a cerimônia do Oscar em 2012 seria um olhar nostálgico para o cinema, depois de a Academia de Hollywood muito tentar, em vão, rejuvenescer a sua audiência com apresentadores, atrações e indicados mais aptos ao paladar jovem adulto nos últimos anos. A mudança na categoria mais importante, que aumentou de 5 para 10 indicados (9 nesse ano) com o intuito de incluir alguns blockbusters na salada dramática, marca o movimento maior nessa direção.
A nostalgia desse ano foi representada principalmente pelos filmes indicados: obras tradicionais e/ou homenagens ao cinema em si, alguns praticamente uma metalinguagem. Os 5 merecidos prêmios para “O Artista” comprovam isso, e mesmo “Hugo” de Scorsese, com o melhor 3D que já vi no cinema e seu punhado de prêmios técnicos, também é uma ode ao passado.
Sem nenhuma surpresa, a distribuição dos homenzinhos de ouro foi bem feita. “O Artista” mereceria primeiramente pela ideia audaciosa e coragem de fazer – o próprio diretor Michel Hazanavicius admite que enfrentou risos e piadas quando falou em fazer um filme mudo e preto e branco. E as escolhas para atores, atrizes e categorias técnicas também foram barbadas – exceto pela boa surpresa de ver “The Girl with the Dragon Tattoo” levar o prêmio de Montagem.
Mas o problema da Academia não foi com justiça, e começou bem antes da noite de ontem: Nenhum dos indicados a Melhor Filme conquistou o público. Apenas “Histórias Cruzadas” (The Help) – baseado num livro já best-seller – ultrapassou a marca de US$ 100 milhões em bilheteria.
Isso pôde ser visto até aqui no Brasil na semana passada. Com uma porção de filmes indicados ao Oscar nas salas de cinema – teoricamente a seleção daquilo que teve de melhor no ano – as pessoas preferiram assistir “O Motoqueiro Fantasma 2″ ou mais uma bobagem do Adam Sandler. Esse tipo de situação escancara a sempre gritante diferença de “gosto” dos votantes da academia – brancos com mais de 60 anos em sua maioria – com o público.
Não estou dizendo que a mediocridade precisa vencer, mas alguma teimosia precisa acabar. Achei que estava se resolvendo quando indicaram “O Cavaleiro das Trevas”, “A Origem” e, mesmo detestando, “Avatar” em categorias principais – óbvios chamarizes de público para a cerimônia – mas cadê o Andy Serkis indicado por “Rise of the Planet of the Apes”, por exemplo? O TOP 10 de bilheteria de 2011 é sim rídiculo, mas o único que merecia algum reconhecimento foi completamente esnobado.
A situação então está instalada: O filmes que Hollywood quer premiar não tem apelo popular; A competição pela atenção das pessoas é cada vez mais brutal na indústria do entretenimento, e, com tantas opções, é natural que os números passado não se repitam mais; E se falarmos em pirataria aí é que a indústria chora de vez.
Com esse quadro pintado, eu não me espantei quando comecei a notar em cada movimento da cerimônia do Oscar, um quase desespero para nos mostrar como o cinema e toda o mercado é importante. No momento mais óbvio, vinhetas com atores dizendo qual o primeiro filme que se lembram de ter assistido promoviam, quase num tom choroso de despedida, como aquela experiência na sala escura era única e marcante.
Eu concordo – assistir filme no celular é uma babaquice sem tamanho – mas o problema vai bem além da tela em que se vê, e passa a ser simplesmente não ver. Dessa forma, passaram as 3 horas e 8 minutos da premiação gritando para o mundo – inclusive com a Sandra Bullock arriscando um mandarin – porque você deveria gastar o seu dinheirinho com ingresso de cinema.
E teve até a política da pena, com a valorização e holofotes para os profissionais da indústria, principalmente daqueles que nunca aparecem. No anúncio dos indicados, víamos cenas e depoimentos de cada um em relação ao processo criativo daquele trabalho em si. Algo sempre mostrado, é verdade, mas com um tom ainda mais sóbrio e centrado no talento artístico que você não verá em mais lugar nenhum.
Eu vou no cinema praticamente toda semana, e apesar da distribuição brasileira não colaborar em nada me emprenhei para assistir todos os filmes indicados. E, ainda assim, não consigo ser tocado por esse apelo. O trabalho criativo deve ser valorizado e premiado sempre, mas a indústria que o comercializa patina para tentar se adaptar.
A audiência da cerimônia em si é outro problema para a Academia, mas isso é algo que eu me importo bem menos. A ironia do Oscar nesse ano é que, mesmo sendo um dos mais curtos da última década, faltou ritmo, e praticamente nada que o Billy Crystal tenha feito funcionou – o retorno dele aliás foi outra nostalgia da noite.
A única luz de que tudo poderia ser melhor foi quando Chris Rock pegou no microfone e, se a Academia for um mínimo esperta, já o fez sair dali com o contrato assinado para apresentar a festa em 2013. Em 2005 poucos gostaram dele como host, mas já que esses parecem tempos de medidas desesperadas, eu não me surpreenderia. Uma coisa é certa: a perna da Angelina Jolie deveria voltar.
O cinema pode não estar passando por uma fase muito criativa, mas tudo estará garantido enquanto pessoas estiverem dispostas a colocar ideias absurdas na rua.
Com os seus mashups nonsense, o autor Seth Grahame-Smith vai tomar bastante dinheiro de Hollywood nos próximos anos. Seu primeiro livro adaptado para o cinema é “Abraham Lincoln, o Caçador de Vampiros” – e já pode apostar em “Orgulho e Preconceito e Zumbis” para breve – ambos sucessos literários.
Misturando história, fábula e fantasia, o Lincoln assassino comanda a Guerra Civil americana destroçando vampiros em camera lenta. Produzido por Tim Burton, o filme está sendo dirigido pelo russo Timur Bekmambetov, de “Wanted” e do duo “Day Watch” / “Night Watch”.
A estreia está marcada para 22 de junho nos EUA, e o primeiro trailer acaba de sair. Agora estou ansioso para ver mashup de políticos brasileiros com monstros e lendas de todo tipo.
Desde que falei sobre “Hugo” pela primeira vez aqui no B9, a expectativa para ver o filme só aumentou.
Meu favorito dessa temporada de premiações ainda é o belo “O Artista”, mas creio que isso pode mudar depois de assistir a adaptação infanto-juvenil de Martin Scorsese, indicado a 11 Oscars.
No post de julho passado mostrei algumas comparações entre o livro de Brian Selznick e o design de produção do italiano Dante Ferretti. E quem gostou não pode deixar de ver o vídeo abaixo, publicado pela Paramount essa semana.
Ele mostra os bastidores e o processo criativo por trás do filme, com depoimentos da editora Thelma Schoonmaker, o produtor Graham King, o supervisor de efeitos especiais Robert Legato, o compositor Howard Shore, e claro, com o próprio Ferretti.
Saiu ontem o trailer de “Moonrise Kingdom”, o novo filme do diretor preferido dos publicitários de camisa xadrez é óculos desproporcional: Wes Anderson.
A história se passa no verão de 1965 e acompanha um casal de namorados de apenas doze anos de idade que, depois de um pacto secreto, resolvem fugir da cidade na Nova Inglaterra.
O elenco já vale o ingresso, com Bruce Willis, Edward Norton, Bill Murray, Frances McDormand, Tilda Swinton e Jason Schwartzman.
Mas a pergunta que não vai nos abandonar o dia todo é: Onde diabos está o Owen Wilson?
Em 2011 saíram diversos documentários musicais. Com material biográfico de quem até não saiu das fraldas, teve filme do Justin Bieber, por exemplo.
Mas se você quer um registro realmente importante, deveria colocar esse “Shut Up And Play The Hits” na lista para assistir em 2012.
O documentário, dirigido por Dylan Southern e Will Lovelace, mostra o fim do LCD Soundsystem com um último show no Madison Square Garden em 2 de abril do ano passado.
James Murphy decidiu acabar com a banda no auge da popularidade, e garantiu uma despedida ambiciosa e emocionante de quase quatro horas de duração. Eu que não sou fã, me impressionei com o trailer:
A adaptação de David Fincher para “Os Homens que não Amavam as Mulheres” (The Girl with the Dragon Tattoo) estreou nos Estados Unidos em 27 de dezembro (aqui no Brasil chega em 27 de janeiro).
Isso significa que o Blur Studios teve quase 6 meses para criar a sequência de abertura no filme, encomendada pelo diretor em julho de 2011 e acompanhada em cada detalhe tipográfico.
Inclua aí o período de brainstorm, refação e aprovação, e um semestre não é muito menos do que o tempo que o longa toda levou para ser produzido. Ou seja, a vida em Hollywood deve ser fácil.
Na trilha sonora, uma versão de “Immigrant Song” do Led Zeppelin feita pelo Trent Reznor.
Après l’excellent Filmography 2010, voci cette superbe compilation de Matt Shapiro comprenant des images de tous les films de 2011 dans une seule et même vidéo. Dynamique, bien montée et de qualité, celle-ci permet de se rappeler des films qui ont pu nous marquer cette année.
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