Braincast 96 – Martin Scorsese

Ele pensou em ser padre, mas acabou se tornando um dos maiores diretores de cinema de todos os tempos. Martin Charles Scorsese transformou sua paixão em profissão, e é dono de uma filmografia inquietante – ainda que seja quase sempre visto como o “cineasta dos gangsters” – retratando personagens que continuam ecoando em nossas mentes depois que os créditos sobem.

No Braincast 96, dando início a terceira temporada do programa, Carlos Merigo, Saulo Mileti, Guga Mafra e Alexandre Maron conversam sobre a vida e obra de Marty, relembrando “Caminhos Perigosos”, “Taxi Driver”, “Touro Indoma?vel”, “O Rei da Come?dia”, “Os Bons Companheiros”, “O Aviador”, e tantos outros até chegar no recente “O Lobo de Wall Street”.

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O Lobo Mau de Wall Street

Há uma linha clara guiando a maioria dos indicados a Melhor Filme no Oscar: os roteiros têm caráter transformador e provocador. A única exceção é “O Lobo de Wall Street” (The Wolf of Wall Street, 2013), escrito por Terence Winter, de “The Sopranos” e “Boardwalk Empire”, que optou por um retrato de um sujeito desprezível, sem grandes arcos dramáticos ou envolvimento emocional do espectador com a história. Entretanto isso não impede que Martin Scorsese e Leonardo DiCaprio deem mais um show de cinema, mantendo um ritmo quase frenético por 3 horas de exibição.

A sensação contraditória é inevitável, pois a história é absolutamente previsível desde o primeiro momento e a persona de Jordan Belfort, o empresário picareta que constrói um império vendendo ações em Wall Street, se transforma rapidamente num catalizador para piadas físicas, humor à la Jack Ass e um ego do tamanho do mundo.

Ele é o vilão, logo, não faz nada digno de identificação ou piedade; só é herói para ele mesmo. Um sujeito que ultrapassa os limites da ganância em prol do sentimento de invulnerabilidade criado pela fortuna. Pronto. É isso. Mas, ao mesmo tempo, é impossível tirar os olhos de DiCaprio – e das beldades que o cercam ao longo do filme – e aguardar pelo próximo movimento de câmera maluco de Scorsese, que brincou bastante com pontos de vista (talvez um reflexo de Hugo? Leia mais aqui) e se portou quase como um analista do personagem.

Scorsese com DiCaprio e Margot Robbie no set

Scorsese com DiCaprio e Margot Robbie no set

Oscar 2014

Belfort incorpora o asco aos operadores de Wall Street, ainda mal vistos desde a última crise, e tinha potencial para permitir uma análise desse mercado, das más práticas e da reação do público a eles.

Terence Winter preferiu ignorar tudo isso e manter o roteiro focado apenas nas realizações, exageros e surtos comportamentais regados por quilos de cocaína e inúmeros comprimidos de quaalude (banidos depois da década de 80).

Ele também mostra o lado negro do “self-made man”, já que conseguiu sua fortuna por esforço próprio, mas apoiado no desespero alheio. Incapaz de manter o zíper fechado, mesmo casado com uma deusa, ele vive ao bel prazer do abuso, da falta de limites e da imbecilidade concentrada. Para descobrir tudo isso, não é preciso mais que meia hora de filme, pois ele é escancarado.

Não há camadas, não há sub-tons na vida de Belfort. Não há nada a ser descoberto. O que resta? Leonardo DiCaprio alucinando em cena. Transformando discursos motivacionais dentro da empresa em momentos de atuação suprema, envolvendo, quebrando tudo. As palavras pouco importavam perante um ator disposto a tudo para fazer o espectador acreditar na babaquice inigualável de seu personagem.

Martin Scorsese e Leonardo DiCaprio dão mais um show de cinema, mantendo um ritmo quase frenético por 3 horas de exibição.

A lavagem cerebral dos funcionários acontecia com razão, afinal, todo mundo queria dirigir a Ferrari de “Miami Vice”; era o sonho americano às avessas. Scorsese foi sábio ao escolher no exagero (tanto da atuação quanto do uso da baixaria) sua melhor arma, pois ele é o único elemento capaz de dar alguma razão para uma jornada tão desestimulante.

O festival de nudez, sexo, sacanagem e comportamento imbecilóide permeia o filme, com direito a um ator de suporte abaixar as calças no meio de uma festa e resolver se masturbar ao ver uma mulher estonteante. Rir ou sentir nojo fica a critério do espectador, mas esse é o tom definido pelos exageros relatados no livro auto-biográfico de Belfort e mantidos no filme. Esse ponto criou muitas comparações com “Scarface”, mas elas caem por terra ao se assistir ao filme, afinal, Tony Montana é um titã da maldade perto do carente Belfort.

Wolf of Wall Street

O festival de nudez, sexo, sacanagem e comportamento imbecilóide permeia o filme

Seria fácil imaginá-lo como um retrato do homem capitalista, mas, mesmo dentre eles, o personagem é exceção à regra. Destrói o casamento sem perceber – talvez num dos poucos erros de Scorsese, ao ignorar a construção de um arco dramático para mostrar essa derrocada – e se cerca por adoradores que pensam da mesma maneira. Esse é, de fato, o roteiro mais fraco entre os concorrente à estatueta.

Num dos excessos, durante os primeiros estágios da overdose de uma dose cavalar de pílulas, DiCaprio desaba e precisa se arrastar – literalmente – até o carro para evitar que o FBI escute ligações telefônicas comprometedoras.

Wolf of Wall Street

O resultado poderia ser triste e até desesperador, mas é apenas hilariante, pois rir é a única opção. A cena coroa o trabalho de DiCaprio, que enfrenta páreo duro no Oscar. E também define o filme: veja como o homem a quem você confia seu dinheiro é problemático.

Scorsese trabalha bastante as cores e os filtros para estilizar bons momentos do filme, transforma o ambiente a seu favor, dá um show de técnica e mostra sua competência usual. Mas sem surpreender, como fez nos recentes “Hugo” ou “Ilha do Medo”. Muitas escolhas remetem a “Os Bons Companheiros”, por exemplo, sem garantir nenhuma cena genuinamente antológica.

Para complicar um pouco a situação, erros crassos na edição e no som comprometem os poucos bons diálogos do filme. É um bom filme? Claro. E deve ser visto. Entretanto está distante do Scorsese criativo e desbravador que sempre nos contou histórias irresistíveis. Dessa vez, o verdadeiro teste está no seu senso de humor.

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Fábio M. Barreto é correspondente em Los Angeles, está torcendo por DiCaprio no Oscar e escreveu o romance “Filhos do Fim do Mundo”.

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Martin Scorsese discute com Siri em novo comercial do iPhone 4S

A Apple continua desfilando um hall de celebridades para promover a Siri do iPhone 4S.

Dessa vez temos Martin “Deus” Scorsese reagendando compromissos dentro de um táxi em Nova York.

A criação é da TBWA/Media Arts Lab.

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A magia de “Hugo”


Desde que falei sobre “Hugo” pela primeira vez aqui no B9, a expectativa para ver o filme só aumentou.

Meu favorito dessa temporada de premiações ainda é o belo “O Artista”, mas creio que isso pode mudar depois de assistir a adaptação infanto-juvenil de Martin Scorsese, indicado a 11 Oscars.

No post de julho passado mostrei algumas comparações entre o livro de Brian Selznick e o design de produção do italiano Dante Ferretti. E quem gostou não pode deixar de ver o vídeo abaixo, publicado pela Paramount essa semana.

Ele mostra os bastidores e o processo criativo por trás do filme, com depoimentos da editora Thelma Schoonmaker, o produtor Graham King, o supervisor de efeitos especiais Robert Legato, o compositor Howard Shore, e claro, com o próprio Ferretti.

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Martin Scorsese em 4 minutos

Martin Scorsese

No Globo de Ouro, ontem, Martin Scorsese foi homenageado pelo seu conjunto da obra, com o prêmio especial Cecil B. DeMille.

Uma das mentes mais brilhantes e criativas que o cinema já viu, falou sobre o seu trabalho de preservação, e viu na tela uma espetacular montagem com os seus clássicos. Inclui ainda cenas do novo filme, “The Shutter Island”.

Dá o play aí, e veja a obra de um gênio compilada em pouco mais de quatro minutos. No final, tem o discurso de agradecimento.

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