Time terá anúncio bem na capa da revista

Cada um sabe o quanto lhe aperta o calo, e aparentemente a Time está disposta a arriscar ir contra algumas antigas diretrizes editoriais para alcançar uma maior verba dos anunciantes. A edição da revista que chegará amanhã às bancas nos EUA irá exibir um discreto formato publicitário bem na capa. Olhando de relance fica até difícil de reparar – é um retângulo acinzentado, logo abaixo do adesivo que traz as informações do assinante (ou o código de barras), e que remete o leitor para um anúncio mais avantajado, nas páginas internas da publicação.

O mesmo formato vai aparecer também na Sports Illustrated, outro título que também faz parte da Time Inc. A invasão da capa por um anúncio publicitário, por menor e mais discreto que seja, é uma ruptura com algumas das condutas sugeridas pela Sociedade Americana de Editores de Revista, que acredita que manter a capa isenta de propaganda ajuda a proteger a independência editorial das publicações.

O AdAge ressalta que o envelopamento de edições com capas removíveis que traziam propagandas já aconteceu anteriormente,  e que revistas menores já venderam espaços publicitários nas suas capas, mas que uma empresa jornalística do porte da Time ainda não tinha ‘se rendido’ a esse formato que ocupa a ‘vitrine’ do conteúdo editorial.

Uma empresa jornalística do porte da Time ainda não tinha ‘se rendido’ a esse formato que ocupa a ‘vitrine’ do conteúdo editorial

“A propaganda de capa tem o seu custo, e é obrigatório que o anunciante tenha um anúncio de página inteira ou uma página de conteúdo nativo naquela edição. Além disso, essa opção é oferecida apenas aos nossos maiores anunciantes, não está disponível para qualquer um”, esclareceu Norman Pearlstine, diretor de conteúdo da Time Inc.

O novo formato na capa da Time chega apenas duas semanas antes da Time Inc. fazer seu IPO na Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE), depois da separação da empresa do grupo Time Warner.

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Conteúdo em vídeo tem sido a nova aposta das publicações jornalísticas

Na mesma semana em que o New York Times apresentou um hub dedicado a conteúdos em vídeo, com direito até a uma adaptação do clássico logo do jornal, outros conglomerados da notícia também lançaram iniciativas semelhantes.

O Wall Street Journal anunciou a chegada da ‘video revista digital’ Signal, que deverá fazer uma curadoria dos melhores vídeos produzidos pela própria equipe do WSJ, além de algumas produções de terceiros. A Signal poderá ser acessada através da web ou de dispositivos móveis, mas há uma clara preferência dos produtores pela experiência através de tablets, já que a curadoria pretende privilegiar o modelo de uma revista. Apesar de já ter sido apresentada, a vídeo-revista do WSJ não deve estrear tão cedo – segundo uma porta-voz da publicação,  a Signal ainda está em estágios iniciais de desenvolvimento.

E não são apenas o NYT e o WSJ que estão interessados em conteúdos em vídeo – a Conde Nast, responsável pela publicação de revistas como a Vogue e a Vanity Fair, também terá uma plataforma similar, a The Scene, que vai reunir os melhores vídeos das suas revistas, além de conteúdos audiovisuais de sites parceiros da editora, como o BuzzFeed e ABC News. Outra interessada é a Time Inc.,  que deve apresentar em breve o The Daily Cut, que destacará as produções em vídeo do grupo.

O curioso é que essas empresas não tem exatamente dificuldades para produzir vídeos – só o WSJ é responsável por cerca de 18 mil novos conteúdos em vídeo todos os anos – mas sim de conseguir uma audiência extensa o suficiente para essas produções.

Será que os telespectadores serão convertidos em webspectadores?

Apesar do esforço ser louvável, Joshua Benton, diretor do Nieman Lab, provoca ao analisar um dos vídeos recentes do NYT. Ainda que seja um conteúdo divertido, as mais de 30 pessoas listadas nos créditos lembram do problema de ROI dessas iniciativas – assim como boa parte do bom jornalismo do mundo, o custo é muito maior do que o retorno do investimento.

Provavelmente a esperança é que, com a popularização de smart TVs e de caixinhas que conectam TVs tradicionais à web, esse tipo de notícia em vídeo possa ganhar alguma atenção da audiência.

Ainda que o número de telespectadores esteja em baixa, será que eles conseguirão ser convertidos em webspectadores desses vídeos informativos dos jornais?

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Facebook: pagar, afinal, vale ou não a pena?

Nas últimas semanas, diversas marcas têm expressado sua fúria contra o Facebook. O pontapé inicial foi com a Eat24, que decidiu encerrar a sua página no Facebook devido à recente diminuição no alcance orgânico das postagens. No Brasil, a Do Bem expressou seu descontentamento deixando uma provocação: “é melhor 100 mil fãs verdadeiros ou 1 milhão de fãs comprados?”

Diante desse cenário, acho importante lembrar que um dos principais lemas do Facebook é ‘move fast and break things’ – algo como ‘mova-se com velocidade e quebre coisas’, em tradução livre. A ideia principal é não ter medo de errar ou de perder oportunidades, o que costuma fazer com que algumas empresas sejam mais lentas na tomada de decisões.

Portanto, não é exatamente um absurdo que o Facebook simplesmente tenha decidido mudar as regras no meio da partida, sem se importar com o que os usuários ou clientes vão pensar. É aquela filosofia de que é melhor pedir desculpas do que pedir permissão. Eles vão se movendo rápido, e podem sair quebrando algumas coisas. Atualmente, essa coisa tem sido a confiança das marcas e publicações.

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No entanto, será mesmo que as reclamações procedem, do ponto de vista de negócios?

Bryan Maleszyk, diretor de estratégia da Isobar, acha que não. Em um artigo para o Digiday, ele explica que a base de fãs adquiridas pelas páginas no Facebook não é uma forma de aumentar o alcance orgânico, mas sim de tornar os anúncios pagos mais eficientes, já que assim eles ganhariam um melhor contexto social.

“A maioria das pessoas não visita as páginas de marcas no Facebook. Talvez eles nem se lembrem de ter curtido aquelas páginas. Mas quando você apresenta um conteúdo interessante, eles querem compartilhar, sejam eles fãs ou não. É nisso que o Facebook consegue ser valioso”, explica Bryan. E ele ainda completa com algumas especulações numéricas:

“Você precisa medir impressões e mídia orgânica para ver o que você está ganhando com isso. Se você pagar 5 milhões de dólares por mídia no Facebook e alcançar 5% mais pessoas quando aquele conteúdo é compartilhado, você acaba de receber cerca de 250 mil dólares em mídia gratuita”

 

A argumentação é interessante, mas ela funciona apenas se o Facebook for considerado uma mídia, o que não parecia ser a proposta da rede social há algum tempo atrás. “Primeiro vieram as campanhas de curtidas, com o próprio Facebook sugerindo que ‘você tem de conectar seus fãs com a sua marca’. Daí, depois de milhões terem sido gastos na retenção de fãs, a empresa decide que não é porque a pessoa é fã da marca que ela vai ver as publicações, e retira o alcance dos posts. Me sinto enganado por ter investido dinheiro na plataforma”, reclama Pedro Brito, responsável pelo marketing online da iQuilibrio.

Apesar dos anunciantes terem investido pesado, isso não lhes dá o direito de comandar como uma plataforma funciona ou não. As ‘chaves do reino’, nas palavras de Bryan, continuam nas mãos de Mark Zuckerberg, e agora a nova e rápida decisão feita por ele é que o conteúdo da rede social precisa ser interessante e engajador, sob pena de afastar os seus mais de 1 bilhão de usuários.

 Apesar dos anunciantes terem investido pesado, isso não lhes dá o direito de comandar como uma plataforma funciona ou não. As ‘chaves do reino’ continuam nas mãos de Mark Zuckerberg.

“Seria exaustivo para quem usa o Facebook ficar fazendo o microgerenciamento do que ele curte e quer ler, o que ele curte, mas é só entusiasta, o que ele curte, mas quer ver só de vez em quando, entre outros detalhes”, argumenta Thiago Leite, consultor de mídias digitais. “Se eu tivesse que controlar o fluxo de mensagens das mais de 1 mil páginas que eu curto e dos mais de 1,2 mil amigos que tenho, eu simplesmente sairia do Facebook”, confessa.

Nesse cenário, cada marca e publicação precisa rever seus objetivos para decidir se vale ou não a pena investir no Facebook. Ele continua sendo uma das principais fontes de tráfego de muitas publicações, mas a entrega ‘em massa’ de conteúdo provavelmente vai diminuir cada vez mais. Vale a pena manter a ‘lojinha’ no Facebook e tentar destacar apenas o que for importante? Quem sabe investir uma graninha e ver resultados um pouco melhores? Ou simplesmente desistir e migrar para outras redes que entreguem todo o conteúdo?

O que não parece ser viável é tentar segurar a velocidade do Zuck. Talvez ele mude de ideia daqui a alguns meses, e volte a entregar todo o conteúdo, e quem fechou seu puxadinho vai precisar começar o trabalho todo do zero. Ou talvez ele não mude de ideia.

Quem sabe uma solução seja passar a se movimentar tão rápido quanto eles, na torcida de conseguir não quebrar nada muito importante.

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Lego “sequestra” intervalo comercial britânico para divulgar filme

Para divulgar a estreia de Lego – O Filme no Reino Unido, a Warner Bros. comprou uma das ideias mais bacanas dos últimos tempos: sequestrar um intervalo comercial inteiro do programa Dancing on Ice, exibido pelo canal ITV.

Ao longo dos três minutos de intervalo, os comerciais originais da The British Heart Foundation, Confused.com, BT e Premier Inn foram recriados com as minifiguras de Lego, antes do trailer original do filme ser exibido.

Apesar de não haver créditos nos comerciais, tudo indica que eles foram produzidos pela Animal Logic, também responsável pelo filme. O resultado ficou sensacional, como você poderá conferir no vídeo acima.

Abaixo, os filmes originais.

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AntiCast 116 – Feminismos e Gêneros na Mídia

Olá, antidesigners e brainstormers!

Neste programa, Ivan Mizanzuk se reúne com os convidados Liber Paz, Poderoso Porco (do Melhores do Mundo), Cris Peter e a Ana Luiza Koehler para conversar sobre Feminismo(s) e discussões de Gêneros na mídia, especialmente nos quadrinhos.

Aliás, foi isso que nós gostaríamos de ter feito, mas o papo correu mais para explorarmos as possibilidades, diferenças e importâncias das discussões nessas áreas. Debatemos sobre a representação midiática da mulher, negros, transgêneros, qual o limite do humor quando abordam-se tais temas e por aí vai. Se você acha que “feminismo” é tudo igual e/ou exagero, este programa é altamente recomendável.

Faça download do episódio aqui
>> 0h07min31seg Pauta Principal
>> 2h16min10seg Música de encerramento: “Every You Every Me”, da banda Placebo

Links
Texto do Ivan no B9: Coca-Cola e Racismo
Feminist Frequency – Vlog com análises feministas em video-games (e tem legendas em português!)

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Google testa mídia display gigante nos resultados de busca

O Google está testando um banner gigante (parecido com o formato panorama aqui do B9 ;)) na página com resultados das buscas, certamente o espaço mais valioso da companhia.

É uma veiculação específica para pesquisas diretamente relacionadas a marca em questão, e o Google diz que por enquanto é apenas um experimento que está sendo feito somente nos Estados Unidos.

Trata-se de uma exibição inédita de mídia display nos resultados de busca, que até então contava apenas com anúncios em texto. Ainda não há perspectiva da continuidade do formato, e nem se um dia ele será oferecido amplamente para as marcas.

Mais publicidade sempre gera reclamações por parte dos usuários, mas em situações específicas, como essa diretamente relacionada ao termo buscado, não deve causar tanta polêmica.

Veremos.

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Seria o Print On Demand o próximo passo na evolução da mídia impressa?

Ano após ano pesquisas trazem números alarmantes de como as pessoas estão lendo menos. Se lêem menos de fato eu não sei. Mas que lêem diferente isso é certo. A internet mudou o jeito de ler como Homo Sapiens mudou a vida do Australopitecus. Nada que Darwin já não tivesse vociferado lá em 1859. Mas ao invés de ficar chorando sobre o impresso derramado nas bancas, já era hora de fazer alguma coisa.E que bela coisa a tal da MegaNews fez.

De maneira bem resumida – como os leitores cada vez mais preferem – eles inventaram a revista on demand. Como funciona? Com um sistema de impresão instantânea. Você escolhe o que quer ler entre mais de 200 títulos disponíveis, paga somente pelo que escolheu e em dois minutos está com o exemplar na mão.

Meganews

Pode ser melhor? O melhor é que pode. Tudo isso pagando cerca de 60% do custo de uma revista “normal”, pois são eliminados os custos de distribuição, do encalhe na banca e da reciclagem do que não foi vendido. Ah, claro. Além de ter o quase mandatório componente do politicamente correto por não derrubar árvores desnecessariamente.

Se isso vai realmente revolucionar a indústria ou pelo menos garantir uma sobrevida aos impressos eu não sei. Mas num momento em que a gente vê a Editora Abril descontinuando revistas como Alfa e Bravo!, qualquer tentativa para mudar o panorama é valida.

Afinal, como bem dizia Charles Darwin:

“Não são as espécies mais fortes que sobrevivem nem as mais inteligentes, e sim as mais suscetíveis a mudanças”.

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AntiCast 93 – Videogames e Violência: Chega!

Olá, antidesigners e brainstormers!
Neste programa, Ivan Mizanzuk, Marcos Beccari, Rafael Ancara, e os convidados Pablo de Assis e Zamiliano, conversam sobre a polêmica (e cansativa) tentativa da mídia tradicional em relacionar videogames e violência, assunto que voltou em pauta após o caso do menino de 13 anos que teria, supostamente, matado sua família. Discutimos sobre casos de psicopatia infantil, Freud dando pulos de alegria do túmulo, banqueiros jogadores de Banco Imobiliário, e as influências da família e da sociedade na formação da psique infantil. Ah sim, e tentamos falar sobre videogames também.

>> 0h11min46seg Pauta Principal
>> 1h27min24seg Leitura de Comentários
>> 1h32min36seg Música de encerramento: “And the Hero Will Drown”, da banda Story of the Year

Arte da episódio por Brads | Fan Page

Links
Curso de Tarô do Beccari e Workshop/Lançamento do livro “Filosofia do Design”, com Marcos Beccari e Daniel Portugal
O garoto
Vídeo mostrando como é dar um tiro com a arma supostamente usada pelo menino
Album “Games em Foco”, do Guilherme Oliveira, satirizando a situação toda
Tumblr “Matei porque joguei”
Renegados Cast (podcast do Zamiliano)
Site pessoal do Pablo
Mitografias, site do podcast Papo Lendário, que o Pablo participa, falando sobre Mitos

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Compartilhando o “anúncio incompartilhável” do BuzzFeed

Hoje, esta foto acima foi encontrada na timeline do meu Instagram. É um anúncio do BuzzFeed em uma revista – que eu não sei dizer qual é – exaltando as qualidades sociais de se anunciar em sua plataforma, quase que exclusivamente composta por conteúdos compartilhados por seus usuários.

Vale então uma reflexão sobre qual é a proposta do BuzzFeed neste bem-humorado ataque à mídia tradicional:

O modelo de anúncio, conforme descrito no site, pode ser resumido em: pague-me para viralizar o seu conteúdo. Como o serviço já possui alcance e usuários suficientes para que a performance dos anunciantes seja razoavelmente boa, seria fácil incluir ali no meio do conteúdo bizarro que circula por lá alguns links interessantes.

Só que, apesar de prometer viralização, o BuzzFeed utiliza-se de subterfúgios para alcançar os números prometidos, como títulos quase pornôs para fotos aparentemente inofensivas e outras inutilidades para uma determinada marca. A questão sobre o que é agregado a uma determinada marca utilizando compartilhamento pelo compartilhamento, que nos proporciona aquelas incríveis imagens “curtir/compartilhar” tão disseminadas por aí, é completamente válida: será que funciona mesmo ou estamos apenas colecionando números que dizem pouco?

buzzfeed

O outro segredo da viralização, segundo relatou o Atlantic Wire, é comprar mídia do Facebook para os posts patrocinados. Mas se o Facebook vende likes à granel, a própria empresa poderia administrar suas metas em vez de terceirizar o serviço a um veículo (perceba que a linha que separa veículo e agência virou uma grande área cinza na Internet).

Se funciona ou não funciona, o tempo e os resultados dirão. Mas a provocação é válida em tempos digitais/sociais de consumidores cada vez mais conectados e departamentos de marketing ainda conservadores. Não que eu acredite que mídia em revista não funcione mais: ela ainda pode ser importante dentro de um mix que deveria, sim, contemplar mais opções digitais. E se trouxer um elemento inesperado e não um QR Code ou uma lista-de-canais-sociais-que-não-dá-para-clicar, quem sabe não seja um meio efetivo de impacto e interesse como foi hoje?

BuzzFeed

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Seria “obesidade” a melhor maneira de descrever nosso consumo de informação?

Dieta de informação já é um termo usado há algum tempo para falar dos itens de conteúdo (ingredientes, vai) que consumimos durante o dia, só que normalmente num foco de mídia: X horas de TV por dia, Y de revistas, Z de internet… Agora o auto do livro “A Dieta da informação” (lançado nos EUA no fim do ano passado), Clay Johnson, defende um conceito que se encaixa bem com a relação que temos com a informação online: obesidade. No vídeo acima o autor fala um pouco desta visão.

Como o time de colaboradores do B9 é basicamente formado por gordinhos (menos as meninas, que estão com tudo nos lugares certos) esta comparação é bem pertinente. Johnson defende que não dá para levantar os braços e dizer “Oh não! É muita informação, eu não dou conta!” — a responsabilidade é nossa, da mesma maneira que não podemos dizer “Eu vi aquele franguinho frito, crocante e brilhante na minha frente, eu tive que comer!” Estamos preferindo ler sobre ex-BBBs ou ver vídeos de gatinhos fofinhos e a responsabilidade e, por que não dizer, falta de educação alimentar é nossa. Se passamos o dia vendo esse tipo de conteúdo estamos dizendo aos publicadores de conteúdo, votando com nossos clicks, que é isso mesmo que queremos. Da mesma maneira que um supermercado tem mais ou menos prateleiras de gordices ou frutas de acordo com as vendas.

O argumento do autor diz que temos que ser responsáveis o suficiente para comer aquele sorvetinho com calda de caramelo de vez em quando, sem esquecer de ter sempre fibras e vegetais no prato. Ler textos mais longos e de vez em quando um que discorde da nossa opinião, ou corrermos o risco de virarmos bitolados-obesos-de-informação. Nas palavras de Johnson:

Pense por um instante: quem quer ouvir a verdade quando podemos ouvir que estamos certos?

Se seu Feice está cheio de mensagens idiotas ou de ódio, se as marcas se comunicam em redes sociais dizendo “compartilhe esse post se você também acha que sexta-feira é daora” é que você compartilha, porque funciona, porque a pessoa que publicou se sente recompensada pelos curtir dos leitores. Se você lê um longo e belo texto da Piauí ou da New Yorker (e do B9, óbvio) e não passa adiante você está dizendo para os editores de conteúdo que o que dá acesso (e, portanto, dinheiro) é colocar foto dizendo que Luana Piovani não desgruda do celular nem para atravessar a rua. Sites estão no negócio de vender pageviews. Se algo não dá pageview, não dá lucro.

A informação online não está a tanto tempo assim em nossas vidas, por isso gosto de pensar que é tudo uma questão de tempo e educação, que e a cada geração as pessoas vão aprendendo mais e mais como conviver melhor com a grande oferta de informação e carboidratos que a modernidade nos trouxe. Agora deixa eu ir ali refletir sobre ele enquanto zero um pote de doce-de-leite argentino que ganhei.

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Braincast 22 – Veículos: do Papel ao iPad

No Braincast 22 falamos de como as publicações das duas maiores editoras do país estão se adaptando ao mundo digital, de como este é o melhor momento para ser jornalista e de como o tão aclamado “jornalismo cidadão” veio para somar e não para dividir. E para manter o alto nível nesta discussão, Cris Dias e Saulo Mileti receberam os ilustres: Alexandre Maron (Editora Globo) e Sergio Gwercman (Editora Abril). Confira!

Faça o download ou dê o play abaixo:

[00h02m10] Comentando os Comentários
[01h04m30] Qual é a Boa?

Críticas, elogios, sugestões para braincast@brainstorm9.com.br ou no facebook.com/brainstorm9.

Feed: feeds.feedburner.com/braincastmp3 / Adicione no iTunes

Quer ouvir no seu smartphone via stream? Baixe o app do Soundcloud.

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Luiza no Canadá, o meme que morreu cedo demais

Hoje é sexta, e me parece ainda cedo para decretar que é o fim de uma das semanas mais bizarras da internet. Luiza, Canadá, SOPA/PIPA, discussões infindáveis sobre sexo sonolento, fim do Megaupload, Anonymous que tirou as calças, pisou em cima e atacou um monte de sites e, agora, algo a ver com suruba que eu ainda não me dignei a descobrir o que é (talvez o único tópico que eu não deveria perder).

E não querendo ter a empáfia de analisar e procurar uma explicação filosófica pra tudo, discordo do que disse o Nicolas nesse post, ontem. A Luiza no Canadá cansou sim, e eu não sou ranzinza por isso. É mais um sintoma gritante e atual da nossa neurose causada pelo excesso de informação.

Adoro memes e como as redes sociais colaboram para a criação e compartilhamento de conteúdo instantâneo, onde pessoas de toda parte podem fazer suas piadas, mas o exagero de repercussão e o circo gigantesco da cobertura da imprensa praticamente tornaram os meios inúteis nos últimos dias.

Com essa corrida e circo para ver quem consegue espremer mais a piada, o mistério acabou.

Não, eu não sou contra a popularização e alcance da rede, como se a internet devesse ser um clubinho fechado dominado pelos “analistas de mídias sociais” e frequentadores de fóruns obscuros, pelo contrário – também não me acho um imbecil por nunca ter ouvido Michel Teló, mas esse é outro assunto – só que todo excesso torna-se insuportável. Eu não consegui ler ou aproveitar nada do que foi dito em português no Twitter e Facebook essa semana, plataformas que justamente deveriam ajudar a me manter conectado com amigos e pessoas/marcas/veículos que julgo importantes para o meu conhecimento.

Por exemplo, mal descobrimos que a Luiza estava no Canadá, e a mídia já tinha falado com ela, com o pai dela e com família toda, já tinha descoberto seu paradeiro, comprado passagem de volta, e tão logo pisasse no Brasil – com direito a transmissão ao vivo de sua chegada – a adolescente de 17 anos tinha participação marcada em telejornais, comerciais, entrevistas, já sabíamos tudo sobre a sua vida, tinha vendido seis apartamentos e certamente já tinha combinado de preparar alguma receita culinária no programa da Ana Maria Braga ou algo que o valha.

Não só ferramentas sociais, mas grandes portais, jornais e toda a sorte de sites tinha sido invadido pelo efeito Luiza – quem não entrava na onda era bobo, feio e chato. A moça se tornou celebridade da noite pro dia, e agora é garota propaganda da Vivo (seu pai também vai ser) e da Fiat, por enquanto.

“É muito estranho…”

Não existe problema nisso. Um dos grandes trunfos da imprensa e da publicidade é aproveitar oportunidades para gerar audiência e atenção. A diferença é que antes o universo da internet não fazia parte desse radar. Um fato global ou um bordão de novela era capaz de gerar essas reações, mas uma piada ou uma bobagem qualquer surgida na internet dificilmente ultrapassava o cabo azul do computador – ou o sinal do wi-fi, para os mais modernos.

É bonito e revolucionário ver que agora isso acontece, mas com essa corrida para ver quem consegue espremer mais a piada, o mistério acabou. Não deu tempo nem de gostar da Luiza, e eu já estava odiando a coitada e jurado nunca pisar no Canadá. A brincadeira é saudável e diverte, mas precisamos mesmo dispensar tanto esforço por isso?

No começo de 2011, nos EUA, aconteceu quase a mesma coisa. Alguém encontrou um mendigo com uma voz radiofônica, gravou, publicou no YouTube e em 15 minutos o mundo inteiro conhecia Ted Williams. A imprensa americana caiu em cima querendo fazer todo tipo de atração com o cara, agências e empresas correndo para ver quem chegava nele primeiro, e todo o mesmo freak-show que acabamos de ver.

A diferença é que, pelo menos, Ted Williams realizou seu sonho: Ter um emprego e uma casa.

Sim, eu sei que pra fazer meme e humor não precisa ser solidário ou edificante. Que não temos que ser profundos e complexos o tempo todo. Como falei lá em cima, eu adoro o nonsense que a internet cria com tudo, todos os vídeos de bebês e filhotes fofos, todas as imagens de memeface, LOLcat, todos os double-rainbow, rickroll, arvores somos nozes e outros bordões repetidos nas redes sociais desde os primórdios do bebê dançarino. Mas quando aparecer uma outra Luiza vamos apreciar com moderação, senão o barato acaba rápido demais.

Se atualmente reclamamos da angústia de viver com excesso de informação – a dor de nunca saber o bastante – jamais saberemos mais, pelo menos um pouco mais, se insistirmos na repetição ad aeternum daquilo que pouco importa.

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Criando e produzindo uma revista em apenas 48 horas

Utilizando novas ferramentas que transpõe os limites das velha mídia, é possível escrever, fotografar, ilustrar, diagramar, editar e enviar uma revista em apenas dois dias?

A resposta está nesse experimento mostrado no “pocket documentário” acima (em inglês, sem legendas), com todo o processo de produção da revista 48HR.

A conclusão é simples: não existem barreiras para que, qualquer grupo talentoso de pessoas, possa fazer aquilo que megacorporações fazem, de maneira mais ágil e mais barata.

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