O pai da Luiza, aquela do Canadá, em comercial da Vivo

Pra fazer coisa boa a Vivo demora meses pra liberar verba e aprovar (quando aprova), mas pra colocar uma celebridade instantanea sentada no sofá falando como seus serviços são sensacionais é bem rápido. Tão fácil como a Luiza conseguiu voltar do Canadá.

Como eu falei nesse post mais cedo, o pai da garota estrela esse comercial com sérias restrições orçamentarias, e no final faz um apelo. Segundo consta, a história de que ele usava Vivo para se comunicar com a Luiza no estrangeiro é verídica.

A criação é da Africa.

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
Twitter | Facebook | Contato | Anuncie


Advertisement


Luiza no Canadá, o meme que morreu cedo demais

Hoje é sexta, e me parece ainda cedo para decretar que é o fim de uma das semanas mais bizarras da internet. Luiza, Canadá, SOPA/PIPA, discussões infindáveis sobre sexo sonolento, fim do Megaupload, Anonymous que tirou as calças, pisou em cima e atacou um monte de sites e, agora, algo a ver com suruba que eu ainda não me dignei a descobrir o que é (talvez o único tópico que eu não deveria perder).

E não querendo ter a empáfia de analisar e procurar uma explicação filosófica pra tudo, discordo do que disse o Nicolas nesse post, ontem. A Luiza no Canadá cansou sim, e eu não sou ranzinza por isso. É mais um sintoma gritante e atual da nossa neurose causada pelo excesso de informação.

Adoro memes e como as redes sociais colaboram para a criação e compartilhamento de conteúdo instantâneo, onde pessoas de toda parte podem fazer suas piadas, mas o exagero de repercussão e o circo gigantesco da cobertura da imprensa praticamente tornaram os meios inúteis nos últimos dias.

Com essa corrida e circo para ver quem consegue espremer mais a piada, o mistério acabou.

Não, eu não sou contra a popularização e alcance da rede, como se a internet devesse ser um clubinho fechado dominado pelos “analistas de mídias sociais” e frequentadores de fóruns obscuros, pelo contrário – também não me acho um imbecil por nunca ter ouvido Michel Teló, mas esse é outro assunto – só que todo excesso torna-se insuportável. Eu não consegui ler ou aproveitar nada do que foi dito em português no Twitter e Facebook essa semana, plataformas que justamente deveriam ajudar a me manter conectado com amigos e pessoas/marcas/veículos que julgo importantes para o meu conhecimento.

Por exemplo, mal descobrimos que a Luiza estava no Canadá, e a mídia já tinha falado com ela, com o pai dela e com família toda, já tinha descoberto seu paradeiro, comprado passagem de volta, e tão logo pisasse no Brasil – com direito a transmissão ao vivo de sua chegada – a adolescente de 17 anos tinha participação marcada em telejornais, comerciais, entrevistas, já sabíamos tudo sobre a sua vida, tinha vendido seis apartamentos e certamente já tinha combinado de preparar alguma receita culinária no programa da Ana Maria Braga ou algo que o valha.

Não só ferramentas sociais, mas grandes portais, jornais e toda a sorte de sites tinha sido invadido pelo efeito Luiza – quem não entrava na onda era bobo, feio e chato. A moça se tornou celebridade da noite pro dia, e agora é garota propaganda da Vivo (seu pai também vai ser) e da Fiat, por enquanto.

“É muito estranho…”

Não existe problema nisso. Um dos grandes trunfos da imprensa e da publicidade é aproveitar oportunidades para gerar audiência e atenção. A diferença é que antes o universo da internet não fazia parte desse radar. Um fato global ou um bordão de novela era capaz de gerar essas reações, mas uma piada ou uma bobagem qualquer surgida na internet dificilmente ultrapassava o cabo azul do computador – ou o sinal do wi-fi, para os mais modernos.

É bonito e revolucionário ver que agora isso acontece, mas com essa corrida para ver quem consegue espremer mais a piada, o mistério acabou. Não deu tempo nem de gostar da Luiza, e eu já estava odiando a coitada e jurado nunca pisar no Canadá. A brincadeira é saudável e diverte, mas precisamos mesmo dispensar tanto esforço por isso?

No começo de 2011, nos EUA, aconteceu quase a mesma coisa. Alguém encontrou um mendigo com uma voz radiofônica, gravou, publicou no YouTube e em 15 minutos o mundo inteiro conhecia Ted Williams. A imprensa americana caiu em cima querendo fazer todo tipo de atração com o cara, agências e empresas correndo para ver quem chegava nele primeiro, e todo o mesmo freak-show que acabamos de ver.

A diferença é que, pelo menos, Ted Williams realizou seu sonho: Ter um emprego e uma casa.

Sim, eu sei que pra fazer meme e humor não precisa ser solidário ou edificante. Que não temos que ser profundos e complexos o tempo todo. Como falei lá em cima, eu adoro o nonsense que a internet cria com tudo, todos os vídeos de bebês e filhotes fofos, todas as imagens de memeface, LOLcat, todos os double-rainbow, rickroll, arvores somos nozes e outros bordões repetidos nas redes sociais desde os primórdios do bebê dançarino. Mas quando aparecer uma outra Luiza vamos apreciar com moderação, senão o barato acaba rápido demais.

Se atualmente reclamamos da angústia de viver com excesso de informação – a dor de nunca saber o bastante – jamais saberemos mais, pelo menos um pouco mais, se insistirmos na repetição ad aeternum daquilo que pouco importa.

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
Twitter | Facebook | Contato | Anuncie


Advertisement


A Luiza não precisa voltar do Canadá

atualizado – Luisa é com z

Os dias passam, todos falam o tempo todo de algo muito engraçado: pode ser o choque do Lasier, o Lidio Mateus cantando uma música do Fresno, todo mundo falando qualquer coisa, só que ao contrário, ou mesmo descartando a Luisa, que está no Canadá.

Acho meio mágico milhares, talvez milhões, de pessoas rindo e produzindo conteúdo humorístico com a mesma deixa e raramente havendo alguma peça que não tenha graça. Foda. Pra gente que vive reclamando da vida mesmo vivendo muito mais e melhor que qualquer dos nossos antepassados jamais sonhou viver, deveria ser um alento e tanto. Mas não é.

Tem um momento que o tal do senso comum decide que acabou a piada, que ela cansou. Mas ela não cansou, em minha opinião. São alguns rabugentos cujas piadas não foram muito bem sucedidas ou que perderam a deixa.

Aliás, pior, que perderam a graça. E, dentre os mistérios da mente humana, está este: a tentação de aderir ao corte, o medo de passar a linha social do “basta”, de ir além do embargo pela repetição, de não se permitir rir e rir e rir da mesma coisa, que, no final das contas, esta sim, não perdeu a graça. Afinal, senhoras e senhores, uma das regras basilares do humor é a repetição.

Escrevo para decretar que, a despeito de toda babaquice vespertina global, para mim, a Luisa nunca vai voltar do Canadá. E tenho dito.

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
Twitter | Facebook | Contato | Anuncie


Advertisement