Viva como seu avô vivia, recomenda Coca-Cola

Em mais um esforço para incentivar um modo de vida mais saudável entre seus consumidores, a Coca-Cola está lançando um novo filme, recomendando que as pessoas vivam como nossos avós viviam. Grandpa usa o recurso da tela separada ao meio para contar a história de dois homens, um dos anos 1950 e outro da época atual.

O cotidiano dos dois, em si, não muda muito: ambos acordam cedo, tomam café da da manhã, vão trabalhar, almoçam, voltam para casa, jantam…. A grande diferença está na forma em que eles fazem essas coisas. E, é claro, que na época do vovô ele ia de bicicleta ao trabalho, comia frutas em vez de salgadinhos e café (ironicamente um dos grandes vilões da época moderna), parava para almoçar, etc.

Ao som de It’s Not Unusual, de Tom Jones, de repente a gente se vê desejando ter vivido nos anos 1950, mesmo… A mensagem final recomenda:

“Viva como vovô vivia: mexa-se mais, viva melhor, vá com calma e não se esqueça de aproveitar a vida”.

A criação é da David The Agency de Buenos Aires.

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Coca-Cola: E se nos levantarmos?

Em uma noite qualquer, o garoto trabalhando até mais tarde ouve uma voz que o chama até a sala do chefe. Ele vai até lá e recebe a ordem para sentar, enquanto a cadeira presidente está virada para o lado oposto. Começa o discurso: ”Você sabe quem nós somos? Nós somos o poder. Estamos nos grandes centros de decisão. Por séculos temos controlado você, no trabalho, quando você está em casa, quando você sai… nós controlamos tudo. Nós somos… as cadeiras. E agora é hora de conquistar você”. É esta a maneira que a Publicis Espanha encontrou para falar sobre o posicionamento da Coca-Cola na luta contra a obesidade.

Foi uma bela sacada tirar o foco do refrigerante e jogar todo o peso da culpa, literalmente, na cadeira. E mostrar que, no final das contas, é o próprio consumidor que decide se vai ou não ser “conquistado” pela cadeira. É o que mostra o garoto do comercial ao perguntar: ”E se nos levantarmos?”

“Se vocês se levantarem, nós perdemos”, responde a cadeira.

E dá-lhe todo mundo levantando. A ideia é bacana, bem executada pelo diretor Nacho Gayan, da Agosto, e digna da Coca-Cola. Eu só me pergunto se realmente terá algum efeito, na prática. Afinal, nem sempre a beleza de um discurso o torna eficiente. Ainda assim, é um bom começo.

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Seria “obesidade” a melhor maneira de descrever nosso consumo de informação?

Dieta de informação já é um termo usado há algum tempo para falar dos itens de conteúdo (ingredientes, vai) que consumimos durante o dia, só que normalmente num foco de mídia: X horas de TV por dia, Y de revistas, Z de internet… Agora o auto do livro “A Dieta da informação” (lançado nos EUA no fim do ano passado), Clay Johnson, defende um conceito que se encaixa bem com a relação que temos com a informação online: obesidade. No vídeo acima o autor fala um pouco desta visão.

Como o time de colaboradores do B9 é basicamente formado por gordinhos (menos as meninas, que estão com tudo nos lugares certos) esta comparação é bem pertinente. Johnson defende que não dá para levantar os braços e dizer “Oh não! É muita informação, eu não dou conta!” — a responsabilidade é nossa, da mesma maneira que não podemos dizer “Eu vi aquele franguinho frito, crocante e brilhante na minha frente, eu tive que comer!” Estamos preferindo ler sobre ex-BBBs ou ver vídeos de gatinhos fofinhos e a responsabilidade e, por que não dizer, falta de educação alimentar é nossa. Se passamos o dia vendo esse tipo de conteúdo estamos dizendo aos publicadores de conteúdo, votando com nossos clicks, que é isso mesmo que queremos. Da mesma maneira que um supermercado tem mais ou menos prateleiras de gordices ou frutas de acordo com as vendas.

O argumento do autor diz que temos que ser responsáveis o suficiente para comer aquele sorvetinho com calda de caramelo de vez em quando, sem esquecer de ter sempre fibras e vegetais no prato. Ler textos mais longos e de vez em quando um que discorde da nossa opinião, ou corrermos o risco de virarmos bitolados-obesos-de-informação. Nas palavras de Johnson:

Pense por um instante: quem quer ouvir a verdade quando podemos ouvir que estamos certos?

Se seu Feice está cheio de mensagens idiotas ou de ódio, se as marcas se comunicam em redes sociais dizendo “compartilhe esse post se você também acha que sexta-feira é daora” é que você compartilha, porque funciona, porque a pessoa que publicou se sente recompensada pelos curtir dos leitores. Se você lê um longo e belo texto da Piauí ou da New Yorker (e do B9, óbvio) e não passa adiante você está dizendo para os editores de conteúdo que o que dá acesso (e, portanto, dinheiro) é colocar foto dizendo que Luana Piovani não desgruda do celular nem para atravessar a rua. Sites estão no negócio de vender pageviews. Se algo não dá pageview, não dá lucro.

A informação online não está a tanto tempo assim em nossas vidas, por isso gosto de pensar que é tudo uma questão de tempo e educação, que e a cada geração as pessoas vão aprendendo mais e mais como conviver melhor com a grande oferta de informação e carboidratos que a modernidade nos trouxe. Agora deixa eu ir ali refletir sobre ele enquanto zero um pote de doce-de-leite argentino que ganhei.

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