X-Men: Dias de um futuro inesquecível

Escolha. Algo inerente a todo ser humano, cujas vidas são formadas por uma imensa amálgama de decisões de todos os tamanhos e repercussões. Algo capaz de nos transformar nos maiores heróis, nos piores vilões ou, na maioria dos casos, em membros de uma sociedade que, como reflexo de seus integrantes, também escolhe. E também erra, trazendo desgraça e dor.

Entretanto, encontramos esperança naqueles momentos, tão ímpares quanto sublimes, de acerto e avanço. Há tantas leituras quanto possíveis mutações para o conceito dos X-Men. Sempre foi assim. A saga dos mutantes no cinema veio para reforçar as mais fundamentais. Com “X-Men: Dias De Um Futuro Esquecido”, a santa trindade volta à baila com força, emoção e eficácia extrema: confiança, escolha e esperança.

O sucesso e a qualidade de “X-Men: Primeira Classe” são indiscutíveis. A revitalização da temática, o novo elenco e uma visão mais independente dos quadrinhos em relação aos primeiros filmes deram um passo evolutivo extremo na mitologia dos mutantes na telona.

O que foi bom, afinal, a Marvel está dominando o mercado com o conceito dos universos complexos e a Fox não podia ficar se contentando com uma franquia defasada – especialmente depois da inconsistência dos filmes de Wolverine –, logo, tudo mudou com o filme de Matthew Vaughn. E para melhor, pois foi o fôlego de “Primeira Classe” que permitiu o salto – sem paraquedas e sem volta – na mitologia da maior, e mais dramática, saga dos X-Men.

Bryan Singer no set

Bryan Singer no set

X-Men

“Dias do Um Futuro Esquecido” envolve tragédias, sacrifícios, muito drama e, claro, escolhas. Muito graças à dinâmica entre as versões sexagenárias de Professor X e Magneto, num clara referência à fé numa segunda chance e ao poder da amizade reconstruída por conta da experiência. É difícil torcer por Magneto – contanto que você não tenha tendências assassinas, claro –, mas, dessa vez, o roteiro permite que Ian McKellen redima o personagem e nos faça sentir com ele.

Os quadrinhos já discutiram praticamente todos os temas possíveis, mas quem escolhe os assuntos a serem tratados pelos filmes é o momento. Quais aspectos vão fazer sentido para quem nunca leu uma página? Como manter a crítica social e política sempre presente?

Curiosamente, “Man of Steel”, “Capitão América: O Soldado Invernal” e “X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido” entenderam a demanda atual e bateram forte na repressão, no medo do controle do Estado e nas ameaças que a alta tecnologia (em referência aos drones de combate) podem trazer contra os “inimigos”.

Aí entram as Sentinelas, muito mais próximas do visual do Destruidor, de “Thor”, do que dos quadrinhos, elas incorporam todos esses medos e conceitos. Isso permite que o filme vá além da mensagem constante da coexistência, sempre presente em X-Men, e discuta também a liberdade, os limites da sociedade e a importância da individualidade.

Singer mostra que é possível abordar temáticas sérias e ser socialmente relevante sem “Nolanizar” um filme de super-herói

Individualidade essa que, inevitavelmente, pode definir o futuro de milhões, afinal, Tio Ben precisa ser evocado. E, se com grandes poderes vem grandes responsabilidades, um ato impensado ou equivocado pode transformar o planeta. Isaac Asimov brincou com isso em “A Fundação”, quando, mesmo protegido por uma armada toda-poderosa e exércitos invencíveis, o Imperador Creonte é morto pela mais improvável das razões e a Galáxia segue um novo rumo.

X-Men

X-Men

As analogias não tem fim, afinal, escolher é nossa grande força. E nossa ruína, afinal, pode haver um oceano sem fim entre um sim e um não. Nesse ponto, Bryan Singer – de volta à franquia “boba” que ele elevou ao nível da seriedade e relevância cinematográfica – soube trabalhar muito bem o distanciamento dos personagens, preservando suas razões e convicções, sem ignorar a lógica e a história. Ou seja, nada de reviravoltas descartáveis só para satisfazer o roteiro.

“X-Men: Dias do Futuro Esquecido” mostra que é possível abordar temáticas sérias, colocar tudo em risco e ser socialmente relevante sem “Nolanizar” um filme de super-herói. E isso o diferencia brutalmente de “Capitão América: O Soldado Invernal” (o que não invalida o filme, claro; revi uma segunda vez e continua bastante interessante) ao apostar em estruturas próprias e igualmente efetivas. Há um diferencial, porém.

O Capitão é só um, enquanto os X-Men sobram em número e em níveis emocionais. Patrick Stewart e Ian McKellen brilham como nunca; James McAvoy e Michael Fassbender são duas forças descomunais; e Hugh Jackman rouba o filme de maneira tão arrebatadora que faz pensar por que a Fox insiste em roteiros tão mequetrefes para seus filmes solo?

Jackman, sempre simpático e modesto em entrevistas, emociona sem fazer esforço, faz rir nas horas certas e vive um dos maiores arcos dramáticos dessa Era de Ouro dos Heróis no cinema. Tony Stark que me desculpe, mas crise de ansiedade é brincadeira de criança perto do que Wolverine mostra em tela.

Singer e Peter Dinklage

Singer e Peter Dinklage

X-Men

É tudo uma questão de tom. De entender quando é preciso ser leve e quando a coisa é séria. O primeiro ato do filme é brilhantemente garantido por combates e pelo uso cirúrgico de Quicksilver, um dos personagens mais irreverentes dos X-Men no cinema.

A cena dentro do Pentágono é absolutamente fantástica, em todos os aspectos. Efeitos, roteiro, trilha, interpretação, edição, tudo. Em contrapartida, o terceiro ato é de uma melancolia impressionante, com grandes arcos sendo fechados e milhões de vidas em jogo de uma forma bem mais envolvente e crível do que o acidente aéreo previsível de “O Espetacular Homem-Aranha 2”.

O fanboy

Foi difícil não chorar do final do segundo ato até o final. Há uma sensação inexplicável de fim de ciclo, de sacrifício supremo e de dó. Nem todos ganham quando passado, presente e futuro são alterados, mas os poucos presentes que o destino reserva são valiosos demais.

Essa talvez seja a maior força de “X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido”: fazer com que o drama supere a roupagem dos super-heróis e envolva por si só. Bryan Singer está irreconhecivelmente aprimorado na melhor direção da carreira e o roteiro de Simon Kinberg (“Sherlock Holmes” e “X-Men: O U?ltimo Conflito”) funciona bem demais. Arrisco dizer que esse é o grande filme da franquia X-Men. É o filme a ser batido.

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Fábio M. Barreto é jornalista, autor de “Filhos do Fim do Mundo” e é orgulhoso dono do Wolverine #1.

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Facebook agora pode ouvir e reconhecer sons ao seu redor

As redes sociais têm evoluído para precisar de cada vez menos informações para contextualizar e complementar o que você compartilha com os seus amigos. Primeiro o Foursquare fez o Swarm, que detecta onde você está sem nem precisar de um check-in e avisa os seus amigos que você está na região. Agora é a vez do Facebook, que vai ouvir o que está tocando ao seu redor e identificará a música, filme ou programa de TV para que você possa adicionar essa informação à uma postagem.

Funciona assim: ao ativar a opção, o usuário vai ver um ícone que mostra que há um som tocando ao redor. Caso o sistema consiga associá-lo a um seriado, programa de TV, filme ou canção, mais detalhes sobre ela vão aparecer na tela, e o usuário poderá adicionar essa informação à sua atualização de status.

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É como se o Facebook tivesse colocado o app Shazam dentro do próprio app da rede social, e capaz de reconhecer tanto músicas quanto outras produções audiovisuais.

Já preparado para responder aos conspiradores de plantão – imagina, um microfone ativado, que reconhece sons ao seu redor, alguém mais pensou em ‘NSA’? – o gerente de produto do Facebook Aryeh Selekman esclarece que essa novidade só será ativada se  usuário escolher, o famoso ‘opt-in’, e que os sons não serão gravados.

As músicas identificadas terão um preview de 30 segundos, enquanto os seriados reconhecidos vão mostrar qual temporada e episódio está sendo assistido, mas com o cuidado de não trazer nenhuma visualização prévia para evitar spoilers.

a-new-optional-way-to-share-and-discover-music-tv-and-movies_4O ReadWrite lembra que esse detalhamento das atividades através de novas funcionalidades no Facebook pode ser uma informação interessante na hora de segmentar a audiência para anúncios e parcerias de mídia. A rede social já compartilha com algumas emissoras de TV dados sobre o principal assunto comentado durante a semana, e um maior detalhamento do entretenimento dos Facebookers pode ser uma interessante adição à linha de ‘serviços’ oferecidos por Mark Zuckerberg.

A nova funcionalidade será liberada aos poucos para usuários norte-americanos nos apps para Android e iOS – portanto, os brasileiros vão precisar aguardar um tantinho mais.

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Focado no drama humano, novo “Godzilla” relega monstro ao papel de coadjuvante

Foi-se o tempo dos atores fantasiados, do zíper aparecendo na TV ou dos monstros amarrados por cabos transparentes. Agora é hora do novo “Godzilla”, um espetáculo de proporções gigantescas, muita correria e aqueles confrontos tamanhos família capazes de fazer o cinema tremer e plateia delirar. Afinal, o que se esperar de um filme dedicado a monstros destruindo cidades? De cara, um aviso: deixe o 3D de lado e economize, não faz a menor diferença.

A paixão pelos monstros japoneses formou diversas gerações e, felizmente, não deve acabar tão cedo. Entretanto, essa paixão não se traduz em boas bilheterias nos Estados Unidos. O exemplo mais recente é o divertido “Pacific Rim”, de Guillermo Del Toro, que teve péssimo resultado a despeito do bom ambiente e da história simples, mas efetiva.

Bom, o que esperar de um filme com cenário principal em Hong Kong, cheio de estrangeiros, dirigido por um mexicano maluco e que não tem os norte-americanos como heróis? É aí que “Godzilla” tenta acertar, ao se apropriar do conceito do monstrão e colocar toda a carga arquetípica dos Estados Unidos tanto na ambientação quanto na resolução do problema.

É um festival de apropriações. O recente desastre na usina de Fukushima é um dos paralelos, assim como a mensagem original anti-nuclear e alguns elementos históricos, como os diversos testes nucleares no Pacífico depois do fim da Segunda Guerra Mundial. Tudo para justificar a existência de uma criatura gigantesca e ancestral, que precisa ser destruída pelo simples fato de existir e, bem, ser “gigantesca e ancestral”. É aí que entra a outra mensagem, de cunho ambiental. De qualquer forma, tudo isso é pano de fundo para um confronto colossal.

O diretor Gareth Edwards e Bryan Cranston no set

O diretor Gareth Edwards e Bryan Cranston no set

Godzilla

E ele demora. Demora muito. Quem reclamou do tempo que o “King Kong” de Peter Jackson demorou para aparecer em cena, pode levar os tomates para demonstrar indignação. Fosse a primeira aventura da franquia, talvez o roteiro de Max Borestein e argumento de Dave Callahan (cujas credenciais são o abominável “Doom” e os explosivos “Os Mercenários” 1 e 2) funcionasse melhor, mas todo mundo sabe que o Godzilla vai aparecer e os trailers fizeram o favor de mostrar o bicho sem o menor pudor.

Aliás, essa é uma discussão válida na produção atual: vale a pena trabalhar pesado numa reviravolta ou numa revelação de personagem/elemento-chave se o marketing, ou os spoilers, vai jogar tudo no ventilador?

Roteiros são avaliados e comercializados partindo do pressuposto que vão gerar bons filmes, que fazem sentido e serão capazes de cumprir a promessa inicial. Logo, o roteirista precisa construir a melhor história possível, tentando surpreender o leitor (seja a secretária do produtor, que é a primeira a ler, até o executivo do estúdio) e provocar reações nesses sujeitos. Claro que, em filmes menores e comandados pelo produtor, tudo vai ser remodelado, cenas invertidas e mudadas de lugar, personagens mesclados e etc, mas o objetivo do roteirista sempre é contar uma história.

“Godzilla” tenta acertar ao se apropriar do conceito do monstrão e colocar toda a carga arquétipica dos EUA tanto na ambientação quanto na resolução

Por outro lado, quem controla o produto final quer maximizar o resultado do produto e apela, sem o menor peso na consciência, de todas as formas para “criar awareness”. Fazer com que o público espere pelo seu produto é uma coisa, sobrecarrega-lo sem necessidade é outro totalmente diferente. Quem perde, no longo prazo, é o próprio estúdio, que vai prejudicando a relação com o espectador e, eventualmente, vai perder a atratividade, afinal, para que ir ao cinema ver um filme se já foi exposto a tantos clipes, cenas iniciais, fotos, mais clipes e etc?

Gareth Edwards e Ken Watanabe no set

Gareth Edwards e Ken Watanabe no set

Godzilla

Por outro lado, há os spoilers. Há algumas semanas, quando assisti “O Espetacular Homem-Aranha 2”, a Sony enviou um e-mail bem simpático pedindo para que não revelássemos o final. Já somos revistados, proibidos de levar o telefone celular para dentro da sala, vigiados com câmeras de visão noturna, precisamos assinar embargos e sabe se lá mais o que para ter acesso a filmes e entrevistas, agora não confiam nem mesmo o fim dos filmes à imprensa.

Aí, na primeira sessão para fãs, todos os spoilers vazam; na primeira exibição na Indonésia, alguém entra com uma RED para filmar (ok, exagero, mas você entendeu!) e, antes disso, alguém da empresa que está fazendo a autoração já copiou e passou para os amigos (existe um mercado negro gigantesco de troca de favores aqui) inevitavelmente, tudo vai inundar os torrents, o Twitter, o Facebook e os sites de memes. Não há mais controle.

Além disso, parece que os estúdios supervalorizam o poder de fogo da grande mídia, que já perde feio para as redes sociais. Basta ver o tamanho da repercussão da foto do novo Batman, que não foi anunciada à Vanity Fair ou Hollywood Reporter, mas sim divulgada diretamente pelo Twitter de Zac Snyder.

É um cenário tão catastrófico quanto um monstro gigante derrubando prédios como se fossem castelos de areia. Logo, “Godzilla” já perde o elemento de surpresa e precisa apostar na ansiedade e na construção de ambiente para que o espectador torça por duas coisas: o surgimento do monstro e pancadaria!

Godzilla

O artifício favorito do diretor Gareth Edwards foi o ponto de vista humano, o que significa câmera no chão – ou voando – observando as criaturas desesperadas ao redor

O roteiro optou pelo estilo Rocky Balboa de construção, ou seja, a Humanidade vai apanhar um bocado até encontrar um modo de lutar. E aí as gargalhadas começam, pois ver a toda-poderosa Marinha dos Estados Unidos incapaz de fazer qualquer coisa e ainda navegando em formação com o Godzilla é hilário! Tudo vira galhofa, o que não é de todo ruim, afinal, a diversão é o objetivo.

Mas ouvir a trilha sonora ficar tensa e profunda toda vez que o honorável e fantástico Ken Watanabe – o cientista pé no chão e preocupado com a moral e o futuro da Humanidade – aparece e solta diálogos saídos de um livro de “Momentos de Sabedoria Ambiental e Histórica” gera aquelas risadas involuntárias de tão batido. Ele é tão desperdiçado quanto Bryan Craston, que vai levar fãs de “Breaking Bad” ao cinema e ao ódio supremo. O outro nome conhecido do elenco é do versátil David Strathairn, que também aparece pouco e não convence.

“Godzilla” é um filme focado em nossas reações perante o surgimento de monstros que consomem energia nuclear e querem, como todo bicho de filme do gênero, se procriar e fazer mais monstrinhos. O artifício favorito do diretor Gareth Edwards foi o ponto de vista humano, o que significa a câmera lá no chão – ou voando – observando as criaturas conforme o cenário ao redor se modifica e portas se fecham.

Falta uma estética coerente e, por falar em coerência, as reações das pessoas também geram risadas. O que fazer quando um monstro gigante está vindo para a cidade? Fique no meio da rua esperando ele pisar em você! Um monstro vai escapar de uma instalação de pesquisa, quem você manda para pará-lo? Os bombeiros, claro!

Toda a galhofa e clichês pelo menos servem para valorizar o pouco tempo de tela do monstrão

Quando Godzilla aparece e a briga começa, o filme ganha um ritmo interessante e vira uma partida de futebol. Escolha um lado e torça. Muita gente bateu palmas ao meu lado e tudo se transformou numa experiência coletiva.

Nesse aspecto, toda a galhofa e clichês elevados à enésima potência serviram para valorizar o pouco tempo de tela do monstrão. Ele virou coadjuvante de seu próprio filme? Sim, mas funcionou quando apareceu e tirou aquele gosto amargo da pataquada de Roland Emmerich.

Assista com os amigos, leve muita pipoca e entre no espírito, afinal, tudo começa com fotos de um monstro gigantesco que parece uma ilha navegando pelo pacífico.

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Fábio M. Barreto gosta de “Godzilla vs Mothra”, delirou com as lutas, mas sabe que o roteiro é ruim de doer. É jornalista, autor de “Filhos do Fim do Mundo” e produz o canal de YouTube “Barreto Unlimited”

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Assista ao primeiro trailer de “Interestelar”

Depois do misterioso (e empolgante) teaser em dezembro passado, a Warner Bros. finalmente revelou o primeiro trailer de “Interestelar”.

A odisséia sci-fi do diretor que você mais conhece e confia, Christopher Nolan, vai explorar viagem no tempo e universos paralelos. Matthew McConaughey, Anne Hathaway, Jessica Chastain e Michael Caine (claro!) estão no elenco.

O filme estreia no dia 7 de novembro no Brasil.

Interstelar

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Novo trailer de “Planeta dos Macacos: O Confronto” mostra primatas evoluídos (e perigosos)

A Fox liberou hoje o segundo trailer de “Planeta dos Macacos: O Confronto” (Dawn of the Planet of the Apes), a sequência do reboot da série (confuso, eu sei), o excelente “Planeta dos Macacos: A Origem”, de 2011.

A nova trama continua acompanhando a saga de César, apenas alguns anos depois dos eventos do filme anterior, com a população de macacos evoluídos cada vez maior. No elenco, estão Gary Oldman, Jason Clarke, Judy Greer e, claro, Andy Serkis.

A direção é de Matt Reeves (“Cloverfield” e “Deixe-me Entrar”), e a estreia brasileira está marcada para 25 de julho de 2014.

Apes

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“Turn Your Phone 90 Degrees”, um clipe musical pra você nunca mais filmar na vertical

O Marco Civil da Internet já foi aprovado defasado, pois sequer pensou em tornar ilegal a prática nefasta de vídeos filmados na vertical.

Esse clipe musical, porém, pode ser peça chave para mudar o mundo. O grupo IFHT mostra a diferença entre filmar com o

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seu smartphone na posição retrato ou paisagem. Uma simples virada em 90 graus é o que separa a tosquice da beleza, é o que diferencia tudo o que está errado na sociedade com a visão mais ampla do mundo.

A música parece fofa, mas espere até a parte sobre quebrar os joelhos…

Turn Your Phone 90 Degrees
Turn Your Phone 90 Degrees
Turn Your Phone 90 Degrees

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Capitão América: Heróis em crise de identidade

O gênero dos super-heróis tenta encontrar lugar no mainstream da cultura pop há coisa de 20 anos. Falhou miseravelmente nas series live action de Homem-Aranha, Capitão América e o melhor representante foi o Hulk, de Bill Bixby. De acordo com Stan Lee, à reportagem do B9, “a virada de mesa só foi possível por causa da mistura entre efeitos especiais capazes de replicar as histórias em quadrinhos e uma geração de diretores criados em ambientes ricos em HQs e que assistiram às series fracassadas”.

Eles vieram, patinaram em alguns casos, mas desde “X-Men – O Filme”, os acertos vem se acumulando, culminando com o fenômeno de “Os Vingadores”. Com uma pipeline de várias adaptações e continuações a caminho – entre elas o reboot do “Quarteto Fanta?stico”, um filme solo da Viúva Negra, o tiro no escuro com “Guardio?es das Gala?xias” e o segundo “Os Vingadores” – não há mais dúvida na habilidade técnica ou na preferência do público.

Agora, a briga é outra: o que eles tem a dizer é relevante e pode ultrapassar o ambiente da ação desenfreada e da luta contra vilões canastrões ou maquiavélicos ao extremo? “Capita?o Ame?rica – O Soldado Invernal” é o mais novo capítulo dessa batalha.

Capitão América

Capitão América

Christopher Nolan carregou a bandeira do herói pé no chão, soturno e atribulado durante toda a trilogia de Batman. O Homem-Morcego começou como um paladino, foi transformado em vilão e precisou reencontrar a própria identidade – e as razões que o motivavam – para salvar o dia. Ou seja, Batman, eu e você passamos a ter os mesmos problemas. Se ele deu um passo em direção à Humanidade ou fomos permitidos nos aproximar dos heróis, o futuro vai dizer. O fato é que a aproximação aconteceu. E deixou marcas.

Quando o “Man of Steel”, de Zack Snyder, pousou na Terra, a temática continuou enquanto Kal-El buscava razões para confiar na Humanidade e pagou o preço por suas escolhas. Entretanto, diferente de Nolan, Snyder foi um pouco além com a última cena do filme. Nolan flertou com temas como invasão de privacidade, uso da força e a índole das pessoas, enquanto Snyder resolveu peitar o governo. Afinal, o Super-Homem foi construindo força política e consciente ao longo dos últimos 20 anos de maneira bem interessante. Não havia mais o embate entre dois lados fictícios: o herói e o vilão. Ao derrubar o drone norte-americano, ele abre a galeria de tiro municiada por críticas políticas e sociais declaradas.

É aí que “Capitão América – O Soldado Invernal” entra, pois carrega a bandeira levantada por Zack Snyder e vai pra cima dos assuntos mais polêmicos, problemáticos e relevantes dos últimos 4 anos: privacidade, segurança nacional e a própria identidade norte-americana. Precisamos lembrar que, embora filmes de Hollywood sejam consumidos mundialmente, o primeiro alvo é, e sempre será, o público dos Estados Unidos.

Logo, o roteiro de Christopher Markus e Stephen McFeely desce a lenha nesses temas usando a SHIELD com escudo (trocadalho do carilho!) para não atacar o governo diretamente, mas transmitindo a mensagem com clareza. Para isso, eles fazem uso de algumas artimanhas batidas, tentam transformar assuntos tão sérios em elementos de uma trama simplória de espionagem e “quem confia em quem”. Tudo isso serve apenas para despistar.

Capitão América

Steve Rogers é o catalizador perfeito para transmitir essa mensagem: ele viveu na época do Sonho Americano, deu “a vida” pela pátria, foi herói de guerra e, de quebra, é um super-soldado. Ou seja, a consolidação máxima do norte-americano perfeito. Quando esse cara não sabe mais em quem confiar, precisa de um caderninho com uma longa lista para se atualizar do que é viver no mundo moderno, está sendo usado para fins escusos e, não foi reintegrado ao Exército, mas sim a uma empresa paramilitar “acima do Bem e do Mal” é sinal de que tudo foi para o brejo.

“Capitão América – O Soldado Invernal” carrega a bandeira levantada por Zack Snyder e vai pra cima dos assuntos mais polêmicos, problemáticos e relevantes dos últimos 4 anos

Se o americano entende de uma coisa é da crise cultural que enfrenta há um tempo e do descaso do governo com os veteranos de guerra. Curiosamente, onde é que Rogers encontra apoio e razão para continuar na luta? Assistindo a uma palestra no VA (Veteran’s Administration, ou qualquer coisa que envolva veteranos, sejam encontros, peças teatrais, grupos de apoio e etc.)!

As relações de confiança estão em crise e ao ver dois melhores amigos colocados em rota de colisão é a alegoria mais descarada possível. E foi proposital. Os Estados Unidos estão enfrentando uma divisão política tremenda e a polarização só aumenta. Esse é o cenário perfeito para que, com a paranóia adequada, fique até fácil acreditar na existência de algo como a Hydra no mundo moderno. Há uma eterna briga do americano – especialmente os republicanos – contra o papel do governo e seus exageros.

Hoje em dia, só se fala em drones e postura mais reservada de Obama, que opta pela diplomacia na maioria dos casos e é até mesmo acusado de “agir de forma tão fraca, que os inimigos fazem o que bem entendem” (no caso da crise na Ucrânia), mas alguns medos antigos não se dissiparam completamente, assim como a mentalidade controladora. Rogers, porém, viveu na época que gerou todas essas ideias e, por não ter sido afetado pela doideira da Guerra Fria, só se lembra das verdadeiras razões, dos amigos que perdeu e por aquilo que lutou. É um sentimento mais puro, virgem. Sem o cinismo atual.

Capitão América

Steve Rogers é o catalizador perfeito: ele viveu na época do Sonho Americano, deu “a vida” pela pátria, foi herói de guerra e, de quebra, é um super-soldado

A todo momento, o Capitão América parece abrir mão do que lhe faz excepcional para divulgar essa mensagem. É como se algo tivesse se perdido no caminho e ninguém mais saiba onde está o mapa certo. Nesse contexto, é extremamente justo dizer que o tema central de “Capitão América – Soldado Invernal” cruzou a barreira do filme de super-herói e pretendeu ser algo mais sério e crítico.

Mas Batman, não fez isso? Sem criar polêmica, mas Bruce Wayne é um ricaço bom de briga e cheio de boas intenções, enquanto o Bandeiroso tem, de fato, poderes extraordinários; além de fazer parte de um projeto pontual da DC/Warner, enquanto Capitão América se encaixa na complexa estrutura narrativa da Marvel, que agora também envolve a TV com a série “Agents of SHIELD”.

E é justamente aí que aparece um elemento digno de debate. Como filme de super-herói e ação, “O Primeiro Vingador” funciona bem, define o personagem e esbanja correlações do filme com o universo da Marvel, já “Soldado Invernal” se apoia nas fraquezas da SHIELD, no caráter (e falhas) de seus líderes e depende, única e exclusivamente, da bússola moral de Steve Rogers para se guiar. É, basicamente, a estrutura de um daqueles filmes de policial que descobre as falcatruas na corporação e tenta, com ajuda de amigos de fora, resolver a parada.

É o primeiro filme da Marvel que ousou quebrar o formato e tem colhido frutos fantásticos nas bilheterias, embora seja apenas interessante e sem nenhuma surpresa

É uma boa estrutura, mas denota uma quebra de paradigma interessante nos filmes da Marvel. Até agora, eram heróis contra vilões. Heróis sendo heróis. Ainda é difícil dizer se essa mentalidade vai mudar, e afetar os próximos filmes, ou se foi pontual pelo fato de Capitão América permitir essa discussão (os X-Men também seriam ideias, mas estão nas mãos da Fox e, felizmente, estão mergulhando na mitologia dos quadrinhos e ganhando força graças ao reboot com “Primeira Classe”).

Mas fica fácil entender as razões de tanto entusiasmo no fandom. Foi o primeiro filme da Marvel que ousou quebrar o formato e tem colhido frutos fantásticos nas bilheterias. Embora os irmãos Anthony e Joe Russo tenham entregue, de fato, um filme apenas interessante e sem nenhuma surpresa.

Mas, como a voz do povo deve ser ouvida, as decisões certas superaram a obviedade do roteiro (estruturalmente previsível de ponta a ponta) que, embora provocativo, ficou um pouco perdido entre a ficção e a realidade. E isso nos traz de volta à pergunta inicial: o que os super-heróis tem a dizer é relevante?

Parece que sim, entretanto, o mesmo processo de aprimoramento necessário para tirá-los da obscuridade das adaptações ruins vai precisar acontecer para que mensagem, visual e formato casem perfeitamente. O primeiro passo já foi dado. Quando eles se encontrarem e essa crise de identidade acabar, os heróis vão transcender barreiras.

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A metodologia por trás da criação dos efeitos especiais de “O Espetacular Homem-Aranha 2”

CULVER CITY, CA – Dois dias antes da finalização dos efeitos especiais para “O Espetacular Homem-Aranha 2 – A Ameaça de Eletro”, a Sony convidou um pequeno grupo de jornalistas para conhecer os meandros da produção e entender a metodologia por trás da criação dos efeitos especiais do novo filme de Marc Webb. O B9 foi o único veículo brasileiro no evento e o que vimos foi tão maravilhoso quanto assustador.

Há uma mentalidade interessante liderando a construção de cenas em CGI e os demais efeitos especiais na Sony: sempre ter um pé na realidade. Esse é o código de honra dos animadores, desenhistas e finalizadores dos efeitos liderados por Jereme Chen e David Schaub, que, inclusive, ministra um curso interno da “Física dos Super-Heróis”.

Basicamente, ele ensina a toda a equipe os princípios do mundo real a serem aplicados nos filmes. Claro, há elementos fantásticos na trama, afinal, Peter Parker aguenta o tranco de balançar de uma teia a outra sem estourar os braços, por exemplo, mas a maioria das circunstâncias tem que ser real.

O pensamento é válido, pois o grande desafio dos filmes de super-heróis é, de fato, mesclar o mundo fantástico com a realidade e possibilitar a crença na veracidade dos protagonistas. Por conta disso, especialmente o movimento do Homem-Aranha é estudado nos mínimos detalhes e criado para reproduzir um ser humano realizando tais ações, o que é uma vantagem, afinal, todo mundo lembra do aspecto de videogame criado pelo Neo falsificado em “Matrix Reloaded”. Anos-luz separam a falha dos Wachowski da primazia de Homem-Aranha, mas, conforme a tecnologia evolui e o público exige mais, é preciso manter o ritmo e evitar o distanciamento do espectador.

O software Katana, criado pela Sony Pictures Imageworks

O software Katana, utilizado pela Sony Pictures Imageworks

Spiderman

O resultado é impressionante. Na edição, Marc Webb percebeu que precisava de uma pequena transição com o Homem-Aranha. Em vez de chamar Andrew Garfield, ou seu dublê, para refilmar, a equipe técnica pediu a bola.

Quem entrou em cena foi a versão digital do personagem, que fez os movimentos necessários – utilizando motion capture – e executou a cena, com custo menor e, na prática, o mesmo resultado. Especialmente por conta da roupa do herói, a diferença é imperceptível. É uma situação bem parecida com a obtida em “Homem de Ferro” por conta da roupa. Mas a coisa muda de figura quando rostos “expostos” entram em jogo.

O lado negro surge rapidamente, pois o vilão do filme, Eletro, não tem fantasia e, para ajudar, é composto por inúmeras camadas de eletricidade, cor, vibração e movimento constantes. A Sony criou um software proprietário para trabalhar a eletricidade e transformar qualquer traço feito no programa em, bem, raios elétricos, o Mesch Light. Veio bem a calhar para manter um personagem tão presente no filme.

Jamie Foxx fez o trabalho habitual de atuação com as marcações para inserção posterior dos efeitos e, visualmente, ficou fantástico. É como se Eletro fosse uma mescla de carne com energia numa troca de energia sem fim. Mas aí veio o alerta vermelho: modelos em CGI.

Spiderman

A maior realização do filme foi a reconstrução de Times Square ao ponto em que é impossível dissociar a versão real da versão em CGI

Com tamanha presença de efeitos, todos os personagens ganharam modelos realistas em CGI, incluindo Gwen Stacy, para facilitar a transição entre tomadas, ou sets, reais e fictícios. Inevitavelmente, aquele pequeno momento que serviu bem ao Homem-Aranha, foi expandido com Eletro e Jamie Foxx, na maior parte das cenas, foi inteiramente substituído por seu modelo CGI. Isso explica a boca um pouco esquisita e algumas reações não-convincentes provocadas pelo personagem.

Para a equipe de produção, essa decisão possibilitou retirar as falhas da maquiagem, garantir a fidelidade dos efeitos e não alterou o resultado final, afinal, os animadores fizeram uma “mímica de absolutamente tudo” que Jamie Foxx fez.

A coisa não é tão simples assim, pois o exagero pode levar ao estranhamento. Se em “Tron Legacy”, o Flynn virtual teve alguns instantes de realismo, o Eletro CGI tem vários momentos de falsidade. No fim das contas, pode causar o mesmo estrago, pois coloca a experiência em risco.

Spiderman

Spiderman

Esse não é um problema definitivo para “O Espetacular Homem-Aranha 2”, mas leva a uma discussão na indústria. Já chegamos ao ponto em que um ator pode ser substituído facilmente. O MoCap fez isso pelo cinema.

Agora, quanto falta para que, de fato, atores deixem de poder mostrar o rosto em filmes de ação e super-heróis por conta da tremenda evolução de seus “modelos em CGI”? Tecnologicamente, não há problema algum. Entretanto isso pode tirar um pouco do charme do cinema, afinal, é através das nuances do ator e suas reações que nos envolvemos, ou não, com um personagem.

Ficaremos, então, à mercê não de bons atores, mas de bons animadores, mesmo nos filmes com “gente real”?

É uma pergunta válida, pois, embora o filme continue sendo feito e os efeitos melhorem a cada dia, tirar aquele sorriso delicado, uma piscadela reveladora ou algo mais mágico que alguns atores conseguem fazer pode, infelizmente, se perder por descuido do replicador… ou melhor, animador.

Spiderman

Recriando mundos

Outro aspecto do trabalho em “O Espetacular Homem-Aranha 2” foi a construção de cenários. E, nesse assunto, não há dúvidas ou críticas. Foi fenomenal. A maior realização desse filme foi a reconstrução de Times Square ao ponto em que é impossível – sem uso de framegrab e zoom – dissociar a versão real da versão em CGI.

A Sony mapeou toda a área, com diversas câmeras portáteis e até telefones celulares, reconstruiu cada prédio, cartaz, letreiro, placa de trânsito e efeito visual, para, então, recriar o que fosse necessário em estúdio. Nenhuma cena foi, de fato, filmada em Manhattan.

Esse é um dos melhores cenários fictícios que já vi, e foi feito pela mesma equipe que realizou “Eu Sou a Lenda”, entretanto, a adaptação de Richard Matheson foi mais “simples”, pois a área estava vazia e apenas iluminada pela luz do Sol.

Dessa vez, o desafio foi recriar Times Square em toda sua glória, de noite e, de quebra, destruir tudo no fim de uma das lutas entre Homem-Aranha e Eletro. Apenas as áreas e extras imediatamente próximas à cena foram recriadas em estúdio, cercado por gigantescos painéis de tela verde, todo o resto foi adicionado posteriormente.

Se o objetivo era ser realista, nesse aspecto, “O Espetacular Homem-Aranha 2 – A Ameaça de Eletro” promete um espetáculo à parte.

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Fábio M. Barreto é jornalista baseado em Los Angeles, autor de “Filhos do Fim do Mundo” e tem um canal de entretenimento no YouTube, o Barreto Unlimited

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“Divergente”: Massificação disfarçada de excepcionalidade

Não é segredo que o público jovem determina os rumos do cinema comercial. Desde a explosão do “Verão Americano” com as filas quilométricas para “Guerra nas Estrelas” e “Tubarão”, a mentalidade de agradar o principal cliente tem norteado as decisões de Hollywood e outros núcleos cinematográficos. As adaptações literárias, que já eram numerosas no final da década de 70 – uma realidade do mercado, não uma tendência como muitos apontam, aliás – foram um pouco apagadas por um grande surto criativo nas duas décadas seguintes, mas sempre estiveram por aí.

Foi preciso outro grande transformador cultural e comercial para virar a balança: “Harry Potter”. A porteira foi aberta pela razão mais óbvia: filmes com base de fãs pronta a ser explorada eram garantias de sucesso. “Crepúsculo” reforçou o modelo, assim como os livros que seguiram o mesmo caminho: “Jogos Vorazes” e, a mais nova estreia, “Divergente”. A chamada “crise criativa de Hollywood” não existe, pois, de fato, mascara o monstro do medo do fracasso. E nada como uma heroína pré-fabricada para salvar o dia.

Por conta disso, as grandes disputas da bilheteria trocaram “o filme mais surpreendente” pela “adaptação menos problemática”. Se bem feito, o longa-metragem em questão vai agradar aos fãs mais moderados (os radicais vão odiar de qualquer jeito, mesmo) e romper a barreira do nicho, arrecadando mais e se sustentando por mais tempo nas bilheterias. Caso contrário, desaparece rapidamente e sepulta eventuais continuações (quem lembra de “Coração de Tinta”, de Cornelia Funke? Um bom livro com execução questionável. Ou mesmo “A Bússola de Ouro”, o fracasso que matou a New Line?).

O diretor Neil Burger com a atriz Shailene Woodley

O diretor Neil Burger com a atriz Shailene Woodley

Divergente

É bem nesse cenário que Bella Swan, e suas herdeiras, mudaram o jogo. Quando os livros mais ousados ou provocadores fracassaram, a história de amor adolescente impossível ou de revolta ao sistema opressor ganharam força e a fórmula mágica caiu nas graças dos produtores, do público e dos jovens escritores, que, prontamente, se prostituíram ideologicamente em troca da promessa de sucesso, fama e fortuna.

Tudo nisso é ruim? Não. Os estúdios encontraram a jogada de segurança para guia-los através da tempestade da mudança de modelo de negócios (que ainda está longe de ser concluída), das perdas causadas pelos downloads e o novo perfil de consumidor, que prefere ver o filme em casa e tem se afastado dos cinemas por diversas razões (preço, público problemático, filas, preguiça, comodismo e desinteresse puro e simples).

Logo, a proporção para cada “Ela” é de cinco “Jogos Vorazes”; e o produtor do “Ela” ainda entra na jogada com todo o receio do mundo, enquanto quem trabalha no outro lado sabe que vai poder explorar todo o licenciamento por meses a fio, tem um mínimo garantido de bilheteria e, inevitavelmente, vai ter uma estreia lotada. São dois exemplos extremos, mas que convivem no mesmo mercado, sendo produzidos pelas mesmas pessoas e disputando as mesmas salas de cinema.

As grandes disputas de bilheteria trocaram “o filme mais surpreendente” pela “adaptação menos problemática”

Também existe a outra conta: um sucesso comercial pode financiar até 10 filmes menores, que vão girar o catálogo do estúdio, manter o pessoal empregado e sustentar as finanças no longo prazo. Logo, eles são necessários e muito bem-vindos.

Mas qual o custo? Muito alto. Um dos maiores problemas é amplificar vozes sem conteúdo ou mensagens contraditórias geradas pela obrigatoriedade da fórmula mágica. As heroínas pré-fabricadas mostram que é preciso lutar, literalmente, até descobrir que cada garota é a única capaz de derrotar regimes autoritários, revolucionar sociedades e garantir a individualidade independente das consequências.

Divergente

Claro, tudo isso se origina na mensagem válida da independência feminina e na, bem-vinda, mudança de paradigma social moderno e tais conceitos devem ser reforçados. Mas, de certa forma, isso se transformou numa desculpa para histórias ruins serem elevadas a dramas relevantes.

A mensagem se contradiz com as circunstâncias da criação da personagem, uma mera resposta comercial a um gênero que fez sucesso

Tris, a heroína de “Divergente”, é uma alusão clara à luta contra os rótulos, uma mulher capaz de encontrar seu próprio lugar na sociedade e disposta a tudo para não se conformar com imposições externas. Entretanto a mensagem se contradiz com as circunstâncias da criação da personagem, uma mera resposta comercial a um gênero que fez sucesso: adolescente feminina + sociedade autoritária + teste que vai definir seu futuro + habilidade especial + luta pela sobrevivência + papel fundamental na subversão do sistema.

É só inventar novas possibilidades para cada um desses moldes e a história se mantém. É a cópia da cópia da cópia. Talvez, tentar entender as razões sociais e a presença da força feminina seja ir além do que a proposta original sugere, o que só piora a análise e enfraquece a relevância da história.

Qual a lição de tanta “luta contra o governo e em prol da individualidade?” Estamos cercados por “comunistas bobos e feios”? E, se fazer parte de algum rótulo é tão ruim, por que as fãs andam todas juntas, vestem as mesmas roupas inspiradas nas personagens e repetem as mesmas frases de efeito? “Sou Divergente!”, ouvi uma garota dizendo com orgulho. Não, querida. Você é massa. Você e todas as outras.

A fórmula está pronta e significa algo bem ruim para roteiristas e autores criativos

Embora tenha uma direção com dois ou três bons momentos, “Divergente” é desinteressante até mesmo dentro de sua proposta. A personagem principal não se encaixa na sociedade, logo, deve ser exterminada. Há um golpe militar em andamento, para “salvar a sociedade”, que, aparentemente, se recuperou muito bem de uma guerra distante.

Divergente

Se ser diferente é um problema tão grande no futuro proposto (e algo amplamente aceitada hoje), qual a razão de tudo isso? Continue sendo você mesma? Como se as novas gerações não soubessem o que querem e como querem.

As liberdades sociais, as milhares de carreiras que surgem com a inovação tecnológica e o acesso a informação faz isso por elas, permite que se encaixem onde quiserem ou vivam vidas distantes de grupos sem se privarem dos benefícios modernos. É tudo uma questão de opção.

“Divergente” fala um pouco disso, da responsabilidade na escolha e talvez seja seu único ponto positivo, mas que se dissipa em meio a tantos estereótipos, sacrifícios pouco dramáticos e uma sociedade que não dá ao espectador razões para torcer por sua continuidade ou lutar por sua destruição. Tudo tão artificial quanto os efeitos questionáveis, a trilha ineficaz e um romance que dói de tão previsível.

Nada disso, porém, impediu “Divergente” de abrir liderando as bilheterias norte-americanas e já acumula mais de US$ 125 milhões. A fórmula está pronta e significa algo bem ruim para roteiristas e autores criativos. Quer vender? Escolha um público, entregue algo de fácil digestão, faça de conta que está ensinando algo, mas, na verdade, massifique ainda mais. Não se esqueça da história de amor e de sugerir que TODOS os seus leitores/espectadores podem ser algo especial, único e mágico. A fortuna te espera. E a fila anda.

———
Fábio M. Barreto gosta de bons autores, aprendeu muito com Alan Moore, se divertiu com J.K. Rowling, quer ver mais filmes de Chuck Palahniuk nos cinemas e sabe que seu próprio livro, Filhos do Fim do Mundo, não se encaixa na fórmula mágica!

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Lista de afazeres do Capitão América em ‘Soldado Invernal’ é diferente em cada país

Um redditor percebeu uma curiosa brincadeira no longa-metragem “Capitão América – O Soldado Invernal” – na lista de afazeres do super herói, que inclui momentos que ele havia perdido enquanto dormia, os 5 primeiros itens mudam de acordo com a região em que o filme é exibido.

Nos EUA, a lista conta com menções ao seriado ‘I Love Lucy’, o muro de Berlim e o CEO da Apple, Steve Jobs, enquanto a versão britânica da lista destaca os Beatles e Sean Connery. Na Rússia, Yuri Gagarin aparece em primeiro lugar, e a dissolução da União Soviética também é mencionada.

Nos EUA

EUA

Reino Unido

Reino Unido

Rússia

Rússia

Também existem versões para a França (que destaca a copa de 1998 e Daft Punk), para a Coréia do Sul (Oldboy e Copa de 2002), Itália (Vasco Rossi e Roberto Benigni), México (Shakira e Octavio Paz), Espanha (Rafa Nadal e Chupa Chups), Austrália (AC/DC, Steve Irwin) e até para o Brasil – a listagem brazuca do Capitão América lembra de Ayrton Senna, Wagner Moura, Xuxa, Mamonas Assassinas e Chaves.

França

França

Coréia do Sul

Coréia do Sul

Itália

Itália

México

México

Espanha

Espanha

Austrália

Austrália

Brasil

Brasil

Os cinco últimos itens, contudo, se mantêm os mesmos, dando uma impressão de importância global – comida tailandesa, Star Wars e Star Trek, Nirvana, o filme Rocky e Troubleman (a trilha sonora).

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“Noé”: Filme grande, fé, magia e… Transformers!

Superação é uma constante na obra de Darren Aronofsky que atinge seu ápice em “Noé”, uma lenda atemporal utilizada para estudar o sujeito moderno e sua obstinação. Mesmo cercado pela magia divina, ao se considerar as decisões de Noé, vivido por Russell Crowe, é impossível não olhar o homem e suas limitações. E essa é a proposta do diretor, aparentemente tão obstinado quando seu protagonista e tão fiel à arte como Noé a Deus.

Mas as duas línguas são compatíveis? A pergunta é para a posteridade, mas baseada num fato: entrar para assistir “Noé” para julgar verossimilhança ou a lógica bíblica é um tiro no pé, pois fé e magia – além dos transformers/ents! – são peças fundamentais do universo criado pelo diretor, no qual a presença do Deus judaico-cristão é tão latente e palpável quanto a água dos rios.

“Noé” é o maior “projeto ego” de Darren Aronofsky, começando pela fixação pela passagem bíblica desde a juventude e terminando com a retomada dos épicos religiosos, dez anos depois da controversa estreia de “A Paixão de Cristo”, de Mel Gibson. Aronofsky utilizou uma leitura judaica que prevê a inserção de outros trechos relevante ao assunto para a complementação e interpretação da história do dilúvio, que não tem mais de três páginas na bíblia cristã.

Mas, embora ele tenha ganhado a guerra para lançar a sua versão nos cinemas, precisou incluir alguns elementos claramente hollywoodianos para gerar drama e motivar a história ao longo da longa jornada vivida pela família de Noé desde o sonho divino até a chegada do dilúvio.

Darren Aronofsky no set

Darren Aronofsky no set

Noé

E por que tudo isso é relevante? Noé faz as vezes do homem atribulado e perante uma sequência de escolhas fundamentais, entretanto apenas duas serão de fato transformadoras em escala histórica (pelo aspecto bíblico). Todos vivemos cercados por decisões, por dilemas e muitas dúvidas, e Aronofsky transferiu todas essas características para o mito.

Por mais que a missão e o incentivo para as decisões de Noé sejam originadas do criador, o livre arbítrio se faz valer e a decisão é dele. Só dele. Curiosamente, é isso que mais atribula o personagem de Russell Crowe. Qual é a escolha certa? Qual a vontade do criador? Vida ou morte? Fé espiritual ou fé na força do homem? Muitas dessas perguntas, que ecoam na obra de J.R.R.Tolkien, por exemplo, se fazem presentes na leitura de Aronofsky.

Entretanto, “Noé” também tem sua cota de respostas e reações previsíveis, afinal, ele segue a lógica de que os descendentes de Noé repovoaram o mundo após o dilúvio divino. Há elementos interessantes ali, como a tentativa de conciliar as teorias criacionistas com a ciência moderna, mas falha justamente por precisar do maior Deus Ex Machina do cinema para justificar o surgimento do homem.

Outro ponto é a raiz da desavença entre Noé e o filho a quem é atribuída a origem dos povos africanos (que seria improvável por conta de um erro narrativo do filme). E é justamente aí que a tentativa de julgar o roteiro pelo que é lógico e o que não é fica problemático.

A sequência dos anjos caídos, transformados em transformers recalcados de pedra, testa a disposição do espectador. Quem resiste a essa, vai superar todas as outras invenções ou adaptações bíblicas. Pelo menos oferece uma teoria de como 8 pessoas teriam construído uma arca gigantesca e mantido milhares de animais em cativeiro durante um bom tempo.

Darren Aronofsky e Russel Crowe

Darren Aronofsky e Russel Crowe

É forte, no aspecto cinematográfico, a impressão de que Aronofsky ficou tão obcecado por Noé quanto o personagem por sua missão

A impressão de que Aronofsky ficou tão obcecado por Noé quanto o personagem por sua missão, é forte no aspecto cinematográfico. A obra é quase um grande ponto de vista, tentando compreender as decisões das pessoas à sua volta, contanto que elas ajudem o protagonista a ter forças para realizar a tarefa hercúlea. Noé se transforma em alguém tão industrial (elemento maléfico, de acordo com o roteiro) quanto os homens maus que justificaram essa carnificina bíblica.

Mas até que ponto ele é melhor apenas por estar seguindo os ensinamentos do Jardim do Éden e de seus antepassados? A questão é deixada em aberta em boa parte da trama e tanta criar uma ponte entre o arquétipo bíblico com o homem moderno, que carrega o mal dentro de si, mas pode optar pela bondade. É um jeito interessante de tratar a velha luta entre Bem e Mal, mas centrada num único personagem que, na mão de um diretor menos obstinado, teria sido apenas um arauto silencioso do criador.

O mesmo não pode se dizer da maioria dos demais personagens, que tem pouca variedade dramática e se mantém os mesmos durante toda a exibição. Logan Lermann acaba sendo o ponto mais fraco ao antecipar seu desfecho logo na primeira cena. Lembrou Sméagol vendo Um Anel pela primeira vez, corrupção instantânea.

É um filme grande e revelador sobre Aronofsky, mas não um grande filme inesquecível, distante dos grandes trabalhos do diretor

Jennifer Connely tem bons momentos, mas estava ali apenas para apoiar o marido, tendo apenas uma oportunidade de brilhar, que aproveita bem. O destaque mesmo fica por conta da “estranha” da família, vivida por Emma Watson, num papel impressionante e que, sozinha, justifica a ida ao cinema.

É estranho analisar uma história seminal que, sejamos religiosos ou não, moldou o caráter humano em tantas maneiras distintas e, por si, reflete as dúvidas e atribulações que enfrentávamos há mais de 5 mil anos. Algumas coisas parecem não mudar, mas o desejo de escolher a opção correta nunca vai nos abandonar.

Era preciso um filme desse tamanho para uma discussão tão “simples”? Não, mas os épicos religiosos sustentaram Hollywood por tanto tempo e, quando bem feitos, marcam o cinema para sempre, imortalizando contos, enaltecendo personalidades e realizações que, independente da crença, são seminais para a Humanidade (vide a presença de dilúvio em pelo menos três das grandes religiões atuais). É um filme grande e revelador sobre Aronofsky, mas não um grande filme inesquecível, distante dos grandes trabalhos do diretor.

‘Wolf of BuzzFeed’ faz piada do ‘império’ compartilhável criado por Jonah Peretti

O sucesso do BuzzFeed, site que surgiu em 2006 como uma grande fonte de listas e de gatinhos e que tem expandido como uma plataforma de conteúdo, foi o mote para a crítica do canal Half Day Today. Essa vídeo-paródia faz um paralelo entre o CEO do BuzzFeed, Jonah Peretti, e o personagem Jordan Belfort, de ‘O Lobo de WallStreet’.

Apesar do tom divertido ao imitar o trailer do longa de Martin Scorsese, as críticas são bastante ácidas. Logo no começo, o narrador avisa que o BuzzFeed trabalha com o segmento mais fácil de atingir no mundo inteiro – os usuários do Facebook – e que o principal cuidado dos redatores seria o de não fazer nenhuma lista com números pares.

Em meio às brincadeiras, saem mais farpas. “Apesar de tudo isso, será que algum desses conteúdos era mesmo interessante?”, se questiona o personagem que interpreta Peretti, respondendo logo em seguida: “claro que não!”.

buzzfeed first

As mensagens cortantes continuam ao longo dos quase 2 minutos de vídeo, como o trecho que destaca que o trailer foi feito ‘baseado na resposta de um quiz’ do BuzzFeed, e que o roteiro da história fora escrito por pessoas que poderiam ter sido ótimos jornalistas (!).

Divertido e altamente provocador.

buzzfeed 2

Cena deletada de “Gravidade” redefine o significado do filme

Alfonso Cuarón bem que tentou, mas como quase sempre na batalha criatividade vs. máquina, o estúdio o impediu de colocar sua verdadeira visão artística em “Gravidade”.

Krishna Shenoi, porém, recuperou a cena cortada e apresenta agora imagens inéditas do filme.

Sem dar spoilers, eu diria: Que edição fantástica.

Gravidade

O climão de “RoboCop”: Padilha mentiu no Roda Viva?

Em fevereiro desse ano, o Roda Viva realizou uma entrevista extensa e aprofundada com o cineasta brasileiro José Padilha, que dirigiu “RoboCop”, “filme brasileiro de US$ 130 milhões”, de acordo com ele.

Pude acompanhar boa parte do papo na época, graças à transmissão ao vivo disponibilizada pela TV Cultura, e gostei bastante do resultado, mesmo perante uma bancada não tão preparada e com um péssimo “especialista de cinema”. Inclusive, o programa é extremamente recomendado e está disponível, em 4 partes, no canal do Roda Viva. Mas nem tudo que foi dito ali pode ser considerado verdade absoluta.

No primeiro bloco, por volta de 15m48s, alguém pergunta sobre o “clima no set”, partindo daquela premissa deslumbrada de quem nunca pisou num estúdio norte-americano. Em vez de falar sobre o mito das entourages dos atores, José Padilha optou por explicar a importância do ensaio com o elenco e da preparação antes das filmagens.

“Depois de aborrecer muito o estúdio, consegui ensaiar [assim como diz ter feito em Tropa de Elite]”, diz Padilha ao programa, também afirmando que ensaios são raros nos Estados Unidos por causa do custo; algo já questionável. “Estávamos numa sala, com sofás, algumas mesas, o Gary Oldman, o Joel Kinnaman e todo mundo. O roteirista sentava ao lado, o Josh Zetuman, e a gente ia ensaiando e mudando a cena. Isso foi criando uma intimidade e a gente foi entendendo a história cada vez mais”.

Como consequência desses ensaios, Padilha diz ter sido capaz de filmar “Robocop” como um “filme brasileiro”, no qual cenas são reescritas no set, diálogos alterados e novas cenas filmadas no improviso. Mas nem todo mundo do elenco concorda com essa visão e a resposta ao Roda Viva é colocada em xeque.

Jay Baruchel

Duas semanas depois, tive a oportunidade de entrevistar o ator Jay Baruchel, que interpreta um gerente de marketing em “RoboCop”. Ele faz a voz de Soluço, o protagonista do ótimo “Como Treinar Seu Dragão” e é fã declarado de Padilha. “Quando soube que Padilha estava filmando no Canadá, pertinho da minha casa, fui com tudo atrás da produção e queria participar”, diz Baruchel, em entrevista exclusiva ao B9. “Assisti aos dois Tropa de Elite no Netflix e gostei demais do trabalho dele”.

Vendo um ator tão empolgado, e dedicado à direção – que será o futuro de Baruchel no cinema – acabei perguntando sobre os ensaios. Curiosamente, há alguns anos, Gary Oldman havia reclamado sobre “diretores que ensaiam na câmera” para a reportagem do B9. Logo, Padilha enaltecendo o trabalho, Oldman concordando, uma resposta muito legal estava por vir, não? Mas algo inesperado aconteceu! Vou colocar o diálogo na íntegra para expor:

Fábio Barreto: – Gary Oldman havia reclamado de diretores que ensaiam na tela e José Padilha falou bastante sobre a importância do ensaio outro dia. Como foi…?

Jay Baruchel: – Ele falou isso? (gargalhadas absurdamente altas)

FB: – Sim, falou.

JB: – Okay. (com cara de “então tá, então!”)

FB: – Então não rolaram ensaios?

JB: – Não, pois quando sentamos para a primeira, e única, “table read” [quando o elenco lê o roteiro junto], ele ficou repetindo “Não fazemos isso no Brasil”. Ele me disse isso várias vezes, que ninguém ensaia no Brasil. E ele repetia “Isso é fantástico!” [imitando Padilha em deslumbre], então é estranho vê-lo falando sobre a importância dos ensaios.

Bizarro, não? Ele pode ter confundido os termos? Table read é um elemento inicial na preparação e pode até ser considerado ensaio, mas o ensaio propriamente dito acontece quando a cena é encenada, com movimentação, num cenário similar ou espaço aberto. Muitos diretores ensaiam antes e durante a produção, pouco antes da cena ser rodada, já com iluminação sendo definida e movimentos de câmera.

De qualquer forma, a contradição soou estranha e me fez questionar outras explicações dadas por Padilha durante o Roda Viva, afinal, ninguém ali estava pronto a contrapor suas explicações, pois, infelizmente, o painel tinha caráter mais curioso do que investigativo, especialmente por se tratar de um cineasta tão engajado e informado sobre violência, política e, claro, cinema.

A reportagem do B9 procurou José Padilha para comentários, ou alguma explicação sobre a contradição, mas ele não estava disponível para entrevistas sob alegação de que “o período de divulgação de Robocop acabou e ele não fala mais sobre o assunto”.

“Free to Play”, um documentário da Valve sobre o milionário torneio de “Dota 2”

No ano passado, na ocasião do campeonato brasileiro de “League of Legends”, falamos um pouco aqui no B9 do crescimento e importância das competições de games, os chamados eSports.

Se você não ficou convencido, um documentário produzido pela Valve certamente vai abrir a sua cabeça. “Free to Play: The Movie” segue a rotina de três competidores profissionais durante o primeiro torneio internacional de “Dota 2”.

Benedict “hyhy” Lim Han Yong de Cingapura, Danylo “Dendi” Ishutin da Ucrania, e Clinton “Fear” Loomis dos Estados Unidos perseguem o grande prêmio de 1 milhão de dólares. O documento retrata como um torneio milionário é capaz de impactar a indústria, e todo o esforço exigido para ser considerado um jogador de elite.

O filme está completo acima, com 1 hora e 15 minutos de duração, incluindo legendas em português.

Free To Play
Free To Play
Free To Play

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App do Cinemark dá brindes para quem desliga o celular durante o filme

Tem gente que vai ao cinema para simplesmente assistir a um filme, mas também tem quem vá para realmente apreciar a obra cinematográfica. Essa diferença de objetivos acaba causando problemas quando alguém decide atender uma ligação (e fazer barulho) ou ficar mandando mensagens de texto (e fazer do celular praticamente uma lanterna), atividades que incomodam os cinéfilos mais exigentes, interessados na experiência imersiva do longa.

Para incentivar que haja respeito dentro da sala de cinema, o Cinemark norte-americano criou o Cinemode, uma ferramenta dentro do aplicativo da marca que permite monitorar se você deixou mesmo o seu celular desligado durante a sessão. Quem conseguir se controlar leva um refrigerante, pipoca ou ingressos com desconto como agrado.

No entanto, o app tem uma falha básica – ele não checa a sua geolocalização na hora de creditar o tempo de ‘celular desligado’. Espertinhos dos EUA descobriram que se deixarem o app ligado durante a noite, enquanto dormem, o Cinemode oferece as recompensas do mesmo jeito.

E você achando que só os brasileiros eram malandrinhos, né?

O app está disponível gratuitamente para iOS e Android, mas infelizmente só funciona nos EUA.

cinemode

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Assista ao primeiro teaser de “Peanuts”, o retorno 3D de Charlie Brown e Snoopy

A Fox revelou hoje o primeiro teaser de “Peanuts”, a estreia 3D de Charlie Brown, Snoopy e seus amigos no cinema.

De cara já se percebe que o estilo de Charles Schulz foi mantido, mas contando com a adição de texturas e profundidade, ao mesmo tempo que quase imita um stop motion.

Dirigido por Steve Martino da Blue Sky Studios, o filme tem estreia marcada para 6 de novembro de 2015, bem a tempo das comemorações dos 65 anos da tirinha de Schulz.

Vale dizer que, os filhos do autor, Craig e Bryan Schulz, estão envolvidos na criação do roteiro.

Peanuts
Peanuts

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AntiCast 121 – Her

Olá, antidesigners e brainstormers!
Neste programa, Ivan Mizanzuk, Marcos Beccari, Rafael Ancara e Mau Saldanha conversam, analisam e filosofam sobre o filme “Her”, última obra de Spike Jonze que ganhou o Oscar por Roteiro Original.

>> 0h07min50seg Pauta principal
>> 1h35min25seg Leitura de comentários
>> 2h05min00seg Música de encerramento: “The Moon Song”, de Karen O
Download do episódio

Links
R Design “Geração” – Rio 2014
Curta “Are You the Favorite Person of Anybody?”
Spike Jonze sendo entrevistado na BBC
Site This Is Not a Conspiracy Theory

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Assista ao primeiro trailer de “Sin City – A Dame to Kill For”

O primeiro trailer de “Sin City – A Dame to Kill For”, sequência do aclamado longa de 2005, não conta detalhes sobre a história, mas deixa claro que vai trazer o que os fãs esperam – a estética em preto e branco, mulheres bonitas e muita barbárie. O filme é baseado nos quadrinhos de Frank Miller (que também dirige a produção, ao lado de Robert Rodriguez) e deve incorporar alguns detalhes do conto ‘Just Another Saturday Night’, que aparece no quinto volume da série, além de histórias inéditas, feitas especialmente para o longa.

A voz rouca de Marv, interpretado por Mickey Rourke,  inicia a narrativa no trailer, que segue por pouco mais de um minuto, mostrando também outros atores que fazem parte do elenco, como Jessica Alba e Bruce Willis (que estiveram no primeiro filme), além de outros novos personagens, interpretados por Joseph Gordon-Levitt, Ray Liotta e Josh Brolin.

Há rumores de que Lady Gaga fará uma aparição no finalzinho do filme, ainda que a cantora não tenha aparecido em nenhuma parte do trailer.

A estréia de “Sin City – A Dame to Kill For” está prevista para 22 de agosto nos EUA, mas ainda não tem data para chegar ao Brasil.

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“RoboCop”: Padilha Ex Machina

As ideias de gente como Gene Roddenberry e Arthur C. Clarke, por exemplo, sempre fizeram a ficção científica contemporânea olhar para a frente e para o futuro. Ambos criaram mundos tão críveis quanto distantes, um pouco conectados por uma aparente fé na evolução da Humanidade. Até agora, sobram argumentos para contrapor esses visionários.

Violência urbana, pequenas – e constantes – guerras em áreas de grande miséria, corrupção e muita incerteza na política internacional com Coréia do Norte e Irã ameaçando desestabilizar o cenário. Logo, a ficção começou a olhar o amanhã com cinismo, aquela sombra soturna pairou sobre heróis e os futuros deixaram de ser promissores, quase ecoando a onda do “cinema contra as corporações” da década de 1980 ou vendo as trevas em qualquer sombra, no “efeito Nolan”.

E é daí que surge o argumento para a estreia de mais um diretor brasileiro em Hollywood: “RoboCop”, dirigido por José Padilha e fotografado por Lula Carvalho.

Com uma carreira brasileira marcada pela pesada crítica social, a ausência total de fé no sistema de segurança e no claro desdém pelo trabalho da imprensa, Padilha assumiu a missão de dirigir um remake do clássico de Paul Verhoeven. O processo foi abertamente atribulado com diversas alterações de data e muitas discussões sobre os rumos da história e, mesmo com tudo isso, saiu.

José Padilha no set

José Padilha no set

RoboCop

Antes de ver o filme, o instinto dizia ser impossível dissociar uma obra da outra, ou seja, comparar o original com o novo. Depois, isso cai por terra. Alguns elementos continuam presentes, mas, felizmente, o novo ?“RoboCop” se sustenta com as próprias pernas e podemos olhá-lo como obra única. Mas isso não quer dizer que o diretor conseguiu, necessariamente, transferir seu estilo provocador para a tela nessa mistura de ficção científica, filme de ação e drama familiar.

Gene Roddenberry idealizou um mundo no qual o humano deixasse de ser violento. Padilha se alimenta do oposto, vendo uma sociedade derivada diretamente dos efeitos dessa agressividade. Ele parece buscar por uma utopia inexistente, tal como Roddenberry. Mas, ao ponto que o criador de “Jornada nas Estrelas” viu esse homem “evoluído”, Padilha tem como maior “devaneio” em “RoboCop” a cena de abertura, na qual veículos de combate não-tripulados (drones) e soldados robóticos norte-americanos patrulham e pacificam as ruas de Teerã, capital do Irã, um dos maiores opositores aos Estados Unidos (esse será o único spoiler do filme, prometo).

O cenário é fantasioso ao extremo, quase um mundo paralelo no qual décadas de desavenças foram superadas sem conflito (o roteiro deixa claro que a Guerra do Afeganistão foi a última travada ao custo de “vidas americanas”) em apenas 14 anos. Mas serve para passar um recado direto: Padilha quer criticar o uso atual dos drones.

O tema é justo, atual e relevante. A administração de Barack Obama tem ampliado o uso dos veículos para eliminar ameaças fora dos Estados Unidos (é proibido o uso desse recurso em território americano e contra cidadãos onde quer que estejam) e as críticas acontecem com frequência. Padilha também fala a respeito – mas não mostra – de uma sociedade violenta, repleta de crimes e sofrendo por isso. A tese central é: usar os drones ou não.

RoboCop

Elementos do original continuam presentes, mas, felizmente, o novo ?“RoboCop” se sustenta com as próprias pernas e podemos olhá-lo como obra única.

Para debater o tema, ele utiliza o âncora de TV da extrema direita, o empresário capitalista até o último fio de cabelo, a corrupção na polícia, a família destruída, o sucesso em outros “mercados” e a repetição do discurso dos políticos. Muito bem. Tudo está lá. Mas a superficialidade reina. Não há novidade, não há nenhum novo argumento para a discussão. Não há sinal do impacto da mensagem de “Tropa de Elite” – quando o Capitão Nascimento fala de fazer uma escolha… e opta por “ir para a guerra”, ele faz mais diferença do que toda a discussão em “RoboCop” – e o que sobra é uma chuva no molhado. Algo muito aquém da proposta inicial.

O tema não permeia o filme como uma presença sombria e problemática, ele desaparece quando Jackson sai de cena e só volta se jogado na cara do espectador. O resultado é artificial, como se apenas o elemento radical importasse. A América, que tanto é mencionada, não tem voz própria, se tornando uma marionete da mídia, numa crítica descabida se contraposta às mídias sociais. O argumento soa didático, feito por quem acabou de ler as primeiras linhas sobre o tema, quase professoral (assim como Padilha fez com as ‘cenas de professor’ em “Tropa de Elite”), portanto, desinteressante para quem vive essa realidade.

E existe mais um agravante: Padilha gosta de vilanizar o sistema (com méritos!), mas dessa vez faltou um vilão digno. Falta uma ameaça. Falta algo maior em jogo. Esse elemento é extremamente problemático para a composição de um filme impactante e socialmente relevante, pois se o inimigo é invisível e “maior que tudo”, ele se torna praticamente imbatível e invalida a jornada do herói. Tira força de todos os argumentos e, de certa forma, justifica o desempenho mediano nas bilheterias norte-americanas.

RoboCop

Ao criticar o papel da imprensa, Padilha acaba utilizando um recurso a là “Tropas Estelares”, com Samuel L. Jackson dando um show tecnológico e defendendo seus ideais extremos. A alusão clara a Rush Limbaugh está lá, entretanto, em alguns momentos, ele é muito mais Datena do que sua contrapartida republicana.

Padilha gosta de vilanizar o sistema, mas dessa vez faltou um vilão digno. Falta uma ameaça. Falta algo maior em jogo.

A tentativa de porrada é para todo mundo, não exclusiva dos americanos. Assim como a escorregada. O debate nunca decola e a denúncia nunca acontece. E daí que o apresentador é caricato e exagerado? Isso sempre existiu. O que ele fala e faz importa e, nesse caso, o roteiro falha ao não enxergar essa necessidade, de ir além, de forçar a barra, de apelar.

Muito dessa culpa está tanto na ausência do vilão, que personificaria ou causaria alguns desses problemas, quanto no fato de Padilha optar por não mostrar essa sociedade norte-americana varrida pela criminalidade. Não vemos as ruas de Detroit destruídas, famílias acuadas, gente com medo. Nada.

Na única prisão que “RoboCop” faz, ele está na frente da delegacia, em meio a um evento público. Onde está a realidade? Quais mazelas afetam esse futuro? Como se alinhar à crítica de que “ninguém quer ser RoboCop, nem mesmo Alex Murphy”, de acordo com o diretor, se não vemos a necessidade dele propriamente dita? É o mesmo que acreditar na guerra de “1984” sem questionar, coisa impossível com a noção moderna de comunicação.

Paul Verhoeven no set do RoboCop original

Paul Verhoeven no set do RoboCop original

RoboCop

Falta essa conexão da crítica com sua relevância, com a perda de Murphy, que foi desumanizado ao se tornar um ciborgue tecnológico from hell. E isso fecha a sequência responsável pela atenuação do filme: como sentir pela família? Mesmo repletos de decisões acertadas, e um belo trabalho de Abbie Cornish, a família sofre da mesma superficialidade dos pontos críticos. É um problema estrutural, enfatizado por um primeiro ato extremamente longo e focado na reconstrução de Murphy.

Padilha pode ter falhado em dar a carga crítica ao filme, isso é fato. Porém, ele não falhou ao entreter. Como obra de ação, funciona bem. Como filme de ficção científica, fez bom uso dos efeitos, teve bom gosto na construção da tecnologia, nos efeitos que ela causa no mundo – e se distancia, e muito, do fraco “Elysium”, de Neil Bloomkamp – e na criação do universo bélico em torno do RoboCop. Como filme policial, nem tanto, pois a corrupção é mais um dos temas com execução duvidosa e desfecho simplório. O filme é divertido, tem boas piadas e, como mencionado anteriormente, se sustenta sem problemas.

Logo, é um êxito comercial, com um visual digno de Hollywood – feito pela visão de Lula Carvalho, o mesmo diretor de fotografia dos dois “Tropas de Elite” –, sem escorregadas no som, com trilha sonora também brasileira e um elenco de nome trabalhando bem. Gary Oldman é fantástico, como sempre; embora também tente assimilar a carga de vilão sem de fato o ser. Joel Kinnaman, o herói, tem uma interpretação neutra, sem muita variação ou profundidade suficiente nas cenas mais dramáticas.

A refilmagem era necessária. O “RoboCop” original é um dos filmes mais datados de seu período e, se me permito aqui uma única comparação, Padilha dirigiu muito melhor que Verhoeven. E isso, em si, já é uma boa realização. Nota altíssima para a nova versão da “morte” de Alex Murphy. A atualização da temática fez bem ao personagem, assim como a tecnologia e um elemento que o filme de Padilha transborda: humanidade x artificial.

Enquanto o primeiro RoboCop lutava contra a sua programação, sem nenhuma perspectiva de voltar a ter uma família ou uma vida normal, a versão atual está no outro extremo, fazendo de tudo para conciliar a nova realidade com o lado emocional. “Eu, Robô” é muito mais efetivo nesse quesito, porém. Ou mesmo “O Homem Bicentenário”. Duas obras de Asimov. Dois tratados sobre Humanidade, pois escolheram um tema e mergulharam nele.

“RoboCop” conseguiu fugir do estigma de ser uma nova versão de “Tropa de Elite”, e se distanciou de forma positiva do original.

A história, e a realidade desse 2028, permitem que vejamos essa esperança no horizonte da família Murphy, embora de forma – novamente – muito sutil. E esse é o maior problema desse filme, o roteiro do estreante Joshua Zetumer (numa derrapada gigantesca da Sony Pictures).

Não havia espaço para sutileza nessa história, Padilha é o diretor que sabe dar a martelada como ninguém. Então, por que insistir nessa vasta gama de temas e retirar a profundidade de todos eles? É como se houvesse o desejo de que a história fosse o mais neutra possível para evitar uma tragédia, mas o resultado pode ser um filme que caia rapidamente no esquecimento do público norte-americano. Padilha deveria ter notado isso, mas ele teve suas guerras a travar e é possível entender, e acreditar, que poderia ter sido muito pior.

“RoboCop” conseguiu fugir do estigma de ser uma nova versão de “Tropa de Elite”, se distanciou de forma positiva do original e abriu espaço para uma nova série, muito mais pé no chão e – por conta dos aprendizados do passado – melhor que a original. Mas poderia ter sido melhor, muito melhor.

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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