Em sua próxima edição, a revista Wired vai contar a história de Matthew Alan Sheppard, 42 anos, um gerente de segurança e saúde ambiental que trabalhava na Eaton. Sheppard tinha um casamento feliz e uma filha de 7 anos de idade, família com a qual vivia em uma confortável casa em Searcy, no Arkansas.
Coordenando mais de 30 filiais da Eaton entre a América do Norte e do Sul, Sheppard logo teve um aumento, o que elevou seu salário para perto dos 6 dígitos. Para seus colegas, Matthew Sheppard parecia um cara amigável e com uma carreira em expansão.
Acontece que com sua promoção na empresa, Sheppard passou a sentir o stress das novas responsabilidades e viagens frequentes. Em pouco tempo ele engordou, chegando a 135 kg, e viu sua saúde financeira entrar no vermelho.
Amante de gadgets, gastava mais do que ganhava com produtos eletrônicos, e começou a colocar todas as suas despesas pessoais no cartão de crédito corporativo. De refeições a bebidas nas baladas, da lavanderia as férias da família, tudo entrava na conta da Eaton.
Em fevereiro de 2008, quando a empresa enviou um email para Sheppard questionando tais despesas, ele resolveu planejar sua fuga. Sheppard forjou a própria morte, e iria esperar sua esposa receber o dinheiro do seguro para abrir uma fábrica de tequila no México, iniciando assim uma nova vida, uma nova identidade.
A história não terminou como ele planejava, e Sheppard acabou preso. 10 anos por roubo e fraude no seguro.
O que a Wired quer provar é que, com a quantidade de informações e bancos de dados sobre a vida das pessoas nos dias de hoje, é praticamente impossível conseguir fugir de si mesmo. Todo passo que você dá, toda ligação que você faz, toda a transação comercial realizada, tudo fica registrado em algum lugar.
Para mostrar na prática, o jornalista Evan Ratliff, que escreveu a matéria sobre Matthew Sheppard, também desapareceu. Deixou amigos, família e trabalho, e desafiou os leitores da revista a rastrearem seus passos.
Ratliff sumiu no dia 15 de agosto, e vai ficar escondido por 30 dias. Ninguém, nem mesmo os editores da Wired, sabem onde ele está. Ratliff vai continuar online regularmente, usando Facebook e Twitter.
Todas as informações que um investigador teria, os interessados em encontrar o jornalista terão no site wired.com/vanish. Atividades bancárias, ligações telefônicas, etc. “Isso claro, se eu for tolo o bastante para usar essas coisas”, avisa Ratliff.
Ele vai continuar nos EUA, em lugar comum, de convívio social, e o prazo para encontra-lo é 15 de setembro. Quem achar deve tirar uma foto, dizer a senha “fluke”, e esperar pelo segundo código em resposta. Aí então basta mandar a foto com a nova senha para o editor nicholas_thompson@wired.com.
O vencedor do desafio, ou seja, quem encontrar Evan Ratliff, ganha 5 mil dólares e uma matéria na Wired para contar como foi todo o processo investigativo. Além de ser uma iniciativa curiosa e ousada, mostra até onde uma publicação pode ir para promover seu trabalho e provar suas teorias.
Se quiser saber mais sobre o concurso, tem tudo no wired.com/vanish. E para acompanhar em detalhes como Matthew Sheppard tentou desaparecer do mundo (e foi encontrado pela polícia), leia a matéria do jornalista, agora, também desaparecido.
Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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