A loja de quadrinhos da Tokyo’s Tokyo

Já falei aqui sobre como a falta de imaginação pode ser ruim para criar um bom projeto de Retail Design, e como usar elementos óbvios podem prejudicar bastante a identidade da marca. Mas não me parece que seja o caso da Tokyo’s Tokyo (em Tóquio, claro) projetado pelo escritório Ryo Matsui Architects.

Sim, usar o universo HQ como referência para uma loja de HQ’s é bastante óbvio, mas nesse caso as próprias referências parecem pedir por essa estética, digamos, caricata. Boa reinterpretação do tema, materias certos, cuidado com os detalhes e execução perfeita. Belo projeto.


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Elio Fiorucci e a invenção da Concept Store

Elio Fiorucci esteve no Brasil há poucas semanas para palestras e bate-papos em algumas universidades, e é uma pena que a repercussão da sua visita tenha sido tão aquém da merecida.

Ok, a última referência relevante da sua marca que tivemos por aqui foi uma “homenagem” dos Mamonas Assassinas (e ainda assim a calça Fiorucci ela não quis usar!). Além disso a marca foi adquirida por um grupo japonês no início dos anos 90, perdendo espaço no Brasil, e os mais jovens talvez nunca tenham ouvido falar da sua existência.

Pense nisso: foi Elio Fiorucci quem organizou a festa de abertura do mítico Studio 54, em Nova Iorque. Na festa de 15 anos da marca, também no Studio 54, a DJ foi uma jovem promessa da música chamada Madonna. Andy Warhol escolheu a vitrine da Fiorucci de Nova Iorque para o lançamento do seu jornal “Interview”, em 1977, e a noite de autógrafos contou com Truman Capote. Veja bem, estamos falando aqui da história da cultura pop como a conhecemos hoje. E Elio Fiorucci é um dos protagonistas.

Elio Fiorucci foi uma das primeiras pessoas a entender que o híbrido é importante para as culturas de massa, e sua ideia de vender lifestyle ao invés de um produto – que hoje pode soar batido e banal – foi pioneira. Levantando a bandeira “Contra a autoridade e a chatice” a Fiorucci rapidamente conquistou os jovens que se rebelavam contra os costumes burgueses no final dos anos 60. Tudo isso precedendo revoluções e contestações sociais no mesmo período, com um timing perfeito.

A primeira loja Fiorucci foi aberta em Milão, em 1967, com a pretensão de vender muito mais do que moda: a loja respirava atitude, e ali o caos era não só constante como muito bem-vindo. Nos jornais lia-se que o espaço era o “maior, mais louco e mais extravagante” que se tivesse notícia.

Poucos anos depois e sua segunda loja na cidade já contava com um restaurante e um teatro, uma prévia do que se veria anos depois em qualquer loja de departamentos e centros comerciais. Na época a revolução era tamanha e tão inusitada que foi decretado: “Fiorucci está destruindo a moda”. Na verdade, o que Fiorucci destruía eram velhos paradigmas e preconceitos.

As lojas da Fiorucci pelo mundo viravam pontos turísticos obrigatórios instantaneamente. Todos queriam poder fazer parte daquele mundo. Em um momento emblemático, em 1984, Keith Haring transformou a loja matriz em uma grande obra de arte, pintando todas as paredes e móveis durante 24 horas seguidas. A loja permaneceu aberta e curiosos podiam entrar, tomar os drinks que ali eram oferecidos, e apreciar o artista criando em tempo real. Tempos depois as pinturas foram literalmente arrancadas das paredes e vendidas em leilão. Assim como Haring, muitos outros artistas faziam da loja sua segunda casa, participando da festa em que havia se tornado a marca.

Elio Fiorucci criava desta forma, há 40 anos, a ideia de “concept store”, muito antes de o termo sequer existir. Em 2003 sua matriz tornou-se uma fast-fashion H&M, o que por si só é carregado até o pescoço de significado. Mas Fiorucci não desistiu da moda e, a poucos metros dali, reina colorida e plástica a sua Love Therapy, marca leve e despretensiosa.

Sobre seu legado, humildemente diz o seguinte:

“Espero, junto dos meus colaboradores e amigos, ter feito meu trabalho do modo correto e bem feito. Eu, certamente, me diverti!”.

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Um salto alto perdido na rua

 

Dia desses, recomendando livros à amigos, percebi que não lembrava praticamente nenhuma linha inteira de nenhuma obra. O que eu lembrava dos livros eram as pequenas cidades, do frio que fazia no inverno, o pé direito da sala do protagonista e até mesmo a textura das cortinas. Mas não vi nos livros essas coisas. Talvez, essas coisas, as páginas dos livros não tenham nem mesmo me sugerido. Mas essa foi a história que criei pra mim, e pra mim é a história real.

É recorrente: Quando ouço “High and Dry” eu me lembro perfeitamente de voltar pra casa de skate no fim de tarde de um sábado chuvoso, quando eu ainda morava na Califórnia. Acontece que eu nunca andei de skate, muito menos morei na Califórnia.

Não entra ciência nesse tema, que pouco tem a ver com razão. Não vem ao caso explicar por que acontece, mas acontece, e todo designer deveria levar isso em consideração: o universo que a gente inventa é mais real do que o universo em que a gente vive. E é dele que iremos lembrar no futuro.

Já dizia o Professor Martens*:

“Não existe em nenhuma mulher toda a mulher que existe em um salto alto perdido na rua”.


E o Retail Design com isso?

Andar pelo Brasil pesquisando ponto de venda é, em geral, decepcionante, e na maioria das vezes o motivo é o mesmo: parece que ninguém quer convidar o consumidor pra participar. É um monólogo.

Até pouquíssimo tempo atrás éramos um país relativamente pobre, e tudo leva a crer que nosso complexo de inferioridade e raro acesso ao que outros tinham em abundância, tenham feito com que buscássemos ingenuamente uma auto-afirmação de sessão da tarde, de Disney e Beverly Hills. Crescemos achando que um conto de fadas pode (e só pode) ser real se houver um enorme castelo.

Recentemente um amigo europeu, arquiteto, veio nos visitar no Brasil e passeando por um ponto turístico de Florianópolis constatou: “isso tudo parece o cenário faroeste de um parque de diversões”.
É mais ou menos assim: Se for restaurante Mexicano, tem mariachi. Se for moda Brasileira, tem calçada de Copacabana. Se for loja de artigos esportivos, é assustador: tem pista de corrida, quadras e vendedores com apitos (!).

Querer replicar perfeitamente uma realidade externa, seja ela qual for, em um projeto de design, acaba com tudo que o projeto deve ter de mais precioso: a autenticidade. Até porque, no final das contas, se estamos falando de retail design, estamos falando – ou deveríamos – de construção de marca.

Assim como em um livro ou em uma música, a história real de um projeto de design é a história que criamos pra ele. É Gestalt. É Ganzfeld. A nossa mente é viciada em sensações, e se não há nada pra sentir ela mesmo as cria.

Lojas com menos referências óbvias e mais histórias pra contar, por favor.
Porque um enorme castelo não faz do seu ponto de venda um conto de fadas.

“É como se o homem, que permanece ali encantado com aquele salto alto, fosse naquele momento ele mesmo” continuou o Professor Martens. “E tivesse a sua própria biografia. A sua própria memória”

* O Professor Martens é um personagem do livro City (Alessandro Baricco), muito provavelmente meu livro preferido.

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O futuro do varejo

A PSFK Consulting lançou hoje um interessante relatório sobre o futuro do varejo, que faz um retrato das mudanças que estão acontecendo com a experiência de compra.

Analisam o impacto das ferramentas digitais no varejo e o processo que faz os consumidores descobrirem novos produtos, experimentar, comprar e influenciar seu próprio grupo de novos potenciais compradores.

São 80 páginas, tudo em inglês, claro, mas vale o aprofundamento no tema. Se você prencher o cadastro no site, a PSFK te manda uma versão em PDF gratuitamente.

View more presentations from PSFK.

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Target se destaca no episódio final de “Lost”

Lost Target Ads Commercials

Hoje em que vivemos o primeiro dia, depois de 6 anos, sem “Lost”, o tema está por todos os cantos. Incluindo esses três comerciais da Target que foram veiculados durante os intervalos do episódio final.

E porque eles merecem destaque? Pelo simples motivo de terem sido totalmente relacionados a série, e mais, dirigidos pelo próprio Jack Bender, o diretor-master de “Lost”.

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Não parece, mas é uma Starbucks

Starbucks Stealth

No ano passado, a Starbucks deu início a sua estratégia de transformar algumas de suas lojas em locais, digamos, menos parecidos com uma gigante corporação padronizada presente no mundo todo.

A primeira experiência começou em Seatle, terra natal da marca, com uma loja chamada 15th Ave Coffee and Tea, e que rapidamente ganhou o apelido de “Starbucks camuflada”. Nada de logos da sereia ou baristas em uniformes verdes, apenas o que parece ser um simpático e artesanal café local.

A única coisa que dá a pista de ser uma Starbucks é a frase “Inspired by Starbucks” logo na porta, de resto, tudo é diferente. A intenção da marca não é criar uma nova rede, mas usar essas lojas locais como um laboratório para novas ideias. Um espaço com liberdade para inovar, e o aproveitar o que sair de melhor nas Starbucks regulares.

Já outros, indicam a estratégia como uma experiência artificial. Uma tentativa dissimulada de se parecer um café local e atrair novos consumdores.

No vídeo abaixo, Patrick Oppmann da CNN visita a “Starbucks camuflada” e conversa com Arthur Rubinfeld, presidente de desenvolvimento global da marca.

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Catálogo da IKEA com realidade aumentada

Isso (infelizmente) nem existe (ainda), é uma proposta conceitual dos diretores de arte Reinier Gorissen e Marlon von Franquemont. Porém, é de longe a melhor aplicação de realidade aumentada que esses seus olhos já viram.

É melhor porque faz sentido, porque tem função, porque tem uma utilidade real além de ficar vendo figurinhas animadas na tela do computador.

Você pega o código de realidade aumentada de um produto no catálogo da IKEA, joga no chão da sua casa e, com o iPhone, vê como ele ficaria na sua sala, ou onde quer que você queira.

Então ficamos combinados: quando você for criar algo com realidade aumentada, lembre-se disso.

IKEA Realidade Aumentada

| Via [w]tomia

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Richner e o humor suiço

Richner

Em tempo de campanhas insossas, politicamente medrosas e criativamente incorretas, eis que surge uma voz dissonante. Porque fazer filmes com humor é fácil, mas fazer humor negro requer requintes de crueldade. E isso tem de sobra.

É a campanha de lançamento da Richner, uma loja de cozinhas e banheiros de luxo na distante Volketswil, na Suíça. Os filmes são simples e lançam uma promoção: se você casar no showroom da loja (sim, você leu certo: casar na loja) ganha prêmios super especiais.

Parece mais um briefing de filmes bundões desses que tão cheios no ar. Mas vendo os filmes talvez você mude de idéia. A criação é da Walker Werbeagentur, com produção da Cobblestone, Hamburg & Social Club, de Estocolmo.

Assista o primeiro comercial abaixo, e outros dois depois do jump:

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JC Penney | Return To The Doghouse

JC Penney Doghouse

No ano passado, com a campanha de Natal intitulada “Beware Of The Doghouse”, a JC Penney promoveu a sua linha de jóias com diamantes como presentes ideais para esposas e namoradas. Homem que não dá presente certo, vai parar direto na casinha do cachorro.

Em 2009, a Saatchi & Saatchi New York nos leva de volta para o quintal, mostrando como funciona o “julgamento” que decide quem sai e quem continua condenado a viver na casa do cachorro. Desta vez, um personagem que já passou por lá aprendeu como se faz.

Humor esperto e nonsense, que faz jus ao filme original. A produção é da Hungry Man. A campanha, que é exclusivamente online, também volta com seu site, bewareofthedoghouse.com, em uma versão renovada.

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UNIQLO Tokyo Collection 2009

UNIQLO Tokyo Collection 2009

E a UNIQLO sobe o sarrafo novamente.
Para mostrar a coleção um filme do desfile foi feito.
Usando o tracking dinâmico de objetos do vídeo no Flash, você pode interagir com o desfile clicando nos modelos e isolando-os num desfile específico para cada um deles. Nesse momento um menuzinho simples mostra os itens do look com link para a loja. Simples assim, dá até raiva.
UNIQLO Tokyo Collection 2009

Cenário sensacional. Produção incrível. Programação de fazer inveja. O vídeo carrega numa velocidade impressionante. Grande idéia. É assim que o dia-a-dia tem que ser.

(via @raphav )

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Saraiva online faz “achou, ganhou” no Twitter

saraiva

A Saraiva está com uma promoção estratégica bem interessante no ar. Exclusivamente via Twitter, eles estão promovendo uma caça ao tesouro pelo site da loja.

Mecânica super simples:
– Prêmios (legais) são “escondidos” em páginas de outros produtos pelo site.
– Dicas são tuitadas pelo @saraivaonline.
– A primeira pessoa que tuitar o código do produto encontrado através das pistas, ganha o prêmio do dia.

Tem uma página explicando tudo: livrariasaraiva.com.br/11-ANOS e o twitter também: twitter.com/saraivaonline

Fui atrás de um velho amigo, Eme Viegas que trabalha na iThink, pra saber mais sobre a promo. E pra minha surpresa a ação era dele mesmo. Me contou que em apenas 3 dias já tiveram um aumento de 4000 seguidores no twitter, sem robô.

A criação é dele, com direção de criação de André Galhardo, pela iThink.

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Mömax | Virgin e Tights

A Mömax é uma rede varejista de móveis com uma proposta bem parecida com a da IKEA. Até nas campanhas publicitárias as duas concorrentes se assemelham.

Por exemplo, em dois novos comerciais, a Mömax resolveu dizer que você deve ter bons móveis para manter as suas coisas organizadas, e assim, não passar vergonha. A IKEA fez algo praticamente igual bem antes, em 2001, com a campanha “Tidy Up” (relembre aqui e aqui).

Não importa, podemos até reclamar, mas os filmes da Mömax também são bem divertidos e dignos de nota. A criação é da agência austríaca Demner, Merlicek & Bergmann. Assista abaixo:

| Virgin

| Tights