Depois de focar na direção de comerciais e curta-metragens, Spike Jonze está de volta com seu novo longa, que pinga novamente no território da ficção científica e dos relacionamentos no mundo moderno, como fez no “I’m Here”, em recente parceria com a Absolut.
O filme foca em como relacionamentos funcionam na era digital, mas sem acusar que a tecnologia nos priva de experiências mais reais.
Desta vez, Jonze nos faz viajar no tempo para um futuro próximo com “Her”, onde Joaquin Phoenix interpreta Theodore, um homem um tanto desaventurado, que falhou em seu último relacionamento e acaba por se apaixonar por uma inteligência artificial criada a partir de seus próprios gostos, preferências e testes de personalidade – a Samantha, na voz de Scarlet Johannson.
Soa familiar? Serviços que já fazem parte do nosso dia a dia estão cada vez mais perto de serem tão personalizados e sob medida que toda essa pessoalidade e compatibilidade podem naturalmente gerar dependência e proximidade.
O conceito de amor entre um ser humano e uma inteligência artificial não é novo. Além dos grandes mestres da literatura de ficção científica já tanto traduzidos para o cinema, a mesma ideia pode ser encontrada em um conto escrito por E.T.A. Hoffman, The Sandman, publicada em 1816. Nela, um jovem se apaixona por uma mulher quase muda, que mais tarde ele descobre ser uma máquina.
“Her” explora um território muito rico, enquanto inteligências artificiais se tornam cada vez mais sofisticadas e suscetíveis à gerar afeto nos humanos – seja um carinho pelo celular, pelo laptop ou pelo videogame.
Em tempos atuais, temos a série inglesa “Black Mirror”, de Charlie Brooker, que recentemente abordou o mesmo tema no episódio “Be Right Back”, contando a história de uma mulher que começou a usar um serviço online que quase perfeitamente reproduz o discurso e a personalidade de seu falecido namorado ao se basear em dados e posts de suas redes sociais.
Curiosamente, a data de estreia do filme, 20 de novembro de, cai próxima do lançamento do Xbox One pela Microsoft, que já vem ganhando fama como a máquina “projetada para atender a todas as necessidades do usuário”, funcionando por interpretar quase que perfeitamente comandos verbais e linguagem corporal. O tipo de máquina que terá legiões de apaixonados.
O longa ainda tem trilha sonora do Arcade Fire e os nomes Amy Adams, Olivia Wilde e Rooney Mara também no elenco.
Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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