Não sou fã de carnaval. Odeio por sinal. Acho uma festa intelectualmente pobre, com dinheiro mal aproveitado, e com fundamentos ideológicamente míopes. No carnaval ninguém passa fome e toda e qualquer cagada humana é facilmente perdoada. Ao invés de ficar resmungando como estou fazendo agora, normalmente fico em silêncio, fico em São Paulo e se possível longe de tudo que me lembre disso. Lembrando que essa é a minha opinião e eu não to nem aí pra quem concorda ou não. Esse não é o assunto desse post.
Agora em março apareceram fotos do que restou por debaixo das águas de Salvador. Imagens chocantes (tem mais no flickr deles), que causam aborrecimento só de olhar, mostram milhares de latas de cerveja e materiais promocionais jogados no fundo do mar. Incrível a pobreza de espírito humana, a falta de educação das pessoas, e o desrespeito com um lugar – que para a maioria – não é chamado de casa.
A mesma indignação que eu senti ao ver as fotos, foi o fator motivador pro pessoal do Global Garbage, por onde tomei conhecimento da causa. Os caras foram lá, mergulharam e começaram a cuidar da casa deles, já que ninguém cuidou. Admirável e muito respeitável. Há esperança em ter gente assim por aí.
Mas tudo pode ser oportunidade para fazer boa comunicação – que não é demérito nesse caso. A F/Nazca, agência que cuida da Skol, indignada também pelas imagens, resolveu não ficar só olhando. Com apoio da própria marca – que certamente não poderia evitar a aprovação, depois da ação de sua controladora AmBev pintando jornais e sites de azul no começo dessa semana – organizaram um mutirão para esse final de semana (dias 27 e 28 de março) com a proposta de invadir as praias do Porto da Barra até a Praia do Cristo, munidos com mergulhadores profissionais, conscientizadores, catadores e voluntários. A dica é do pessoal que trabalha lá na agência e que mandaram o post no site da Skol.
A Skol certamente equilibra seu carma fazendo a ação e garante um lugar na cabeça e na vida das pessoas, que no ano que vem, vão lhe receber mais uma vez para curtir, consumir, contrair doenças e vomitar pelas ruas de Salvador, casa deles, mas também nossa. Independente de qualquer coisa, essa é uma ação madura, genuína e que merece palmas. Pela consciência do pessoal do Global Garbage e consequentemente do pessoal da F/Nazca e Skol.
Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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