Algumas coisas me emputecem profundamente, e a violência contra a mulher é uma delas. E foi este sentimento de revolta que acabou despertado pelo vídeo acima. Publicado há alguns dias no YouTube, por um usuário “anônimo”, Jedna fotografija dnevno u najgoroj godini života ou Uma foto por dia no pior ano de minha vida registra imagens que revelam a cruel realidade da violência doméstica. O detalhe é que o vídeo viralizou – já são mais de 3 milhões de views -, mas ainda não se sabe se ele faz parte de uma campanha, já que ninguém assumiu a autoria.
Na verdade, espera-se que esta hipótese se confirme em breve, apesar de a polícia estar envolvida tentando determinar se a garota ou alguém próximo a ela sofreu o abuso. O Telegraph localizou a garota do vídeo – é a tradutora e modelo Mia Hujic – que não quis se pronunciar a respeito. Como o próprio jornal apontou, independentemente do que esteja por trás dessa história, é possível notar pessoas tentando se mobilizar ao longo dos quase 5 mil comentários para ajudar de alguma maneira a vítima dos abusos.
Outra coisa que é preciso frisar é que as imagens mostram o que muita gente já sabe, mas que as vítimas se negam a aceitar: abusadores que batem uma vez, batem duas, três, várias. E batem cada vez mais forte – o que pode se notar pela escalada dos ferimentos de Mia.
No final do vídeo, uma mensagem diz “Me ajude. Eu não sei se o amanhã virá”.
É um material forte, revoltante, mas é extremamente válido, assim como outras campanhas relacionadas ao tema que já mostramos por aqui, como a do cinema – em que escolhemos ou não enxergar a violência – ou a da garota ensinando no YouTube como usar a maquiagem para esconder os ferimentos.
[ATUALIZAÇÃO] Depois de ler alguns comentários sobre este post, resolvi acrescentar algumas informações. Em primeiro lugar, acredito que não importa se este vídeo é “fake” ou real, campanha ou apenas uma iniciativa isolada. O que realmente importa é o conteúdo, a mensagem que ele traz.
Normalmente, o primeiro comentário das pessoas ao saberem que uma mulher apanhou é: “se fosse comigo, eu reagia”. Ou “se fosse comigo, eu largava ele”. Na prática, não é assim que funciona. A violência doméstica geralmente começa com abuso verbal. É algo tão terrível que a vítima costuma acreditar que é culpada pelo que acontece com ela e que merece apanhar. É quando começa a escalada da violência. Quando isso acontece, dificilmente elas conseguem escapar.
Outra coisa: abusadores raramente demonstram quem realmente são. Geralmente eles são caras legais, que tratam todo mundo bem e só revelam sua verdadeira personalidade para suas vítimas. Se alguém tiver interesse em saber mais sobre o assunto, a Agência Patrícia Galvão tem um bom material para começar a entender essa infeliz realidade.
Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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