Por que não apostar em qualquer número que se vende por aí?

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Durante esta semana, a E-Life publicou um estudo sobre os hábitos dos internautas brasileiros em relação às Mídias Sociais. Uma das coisas interessantes de se ver é que o Twitter é bastante expressivo em lembrança entre a parcela mais heavy user de Internet, sendo o primeiro serviço lembrado por 38,5% dos entrevistados, sendo que pouco mais de 80% dos respondentes já possuem cadastro nele e 86% destes usuários fazem uso quase diário da ferramenta.

Conclusão interessante? Sim, se levarmos em consideração que outros serviços como o Orkut, YouTube, Facebook e afins têm espaço entre os internautas entrevistados, mas, apesar de já serem conhecidos até há mais tempo do que o Twitter, não possuem a mesma freqüência de uso.

Daí a considerarmos o Twitter a mídia social mais utilizada no Brasil, como ousaram afirmar o blog do Portal Exame (com o qual fiz contato) e a Época Negócios, existe uma grande diferença.

Como eu disse, eu entrei em contato com a repórter do Portal Exame via comentário, porque a reportagem continha dados errados: o texto original de Luiza Dalmazo fazia uma grosseira comparação entre o costume de uso entre Twitter e o Orkut. Afirmava o texto que a maior parte dos usuários do Twitter o utilizavam de 5 a 7 vezes por semana, enquanto os de Orkut utilizavam de 2 a 4 vezes. Eu chamo de grosseiro porque o gráfico que ilustra o post já desmentia de cara o parágrafo, apontando que mais de 72% dos usuários do Orkut o acessavam quase diariamente.

Então a repórter trocou o texto e respondeu-me via e-mail que passaria a utilizar estas porcentagens. Tendo em vista que o título continuava a querer mostrar que o Twitter havia passado o Orkut como “mídia social mais usada do Brasil”, respondi ao e-mail dela com mais alguns questionamentos, que agora trago ao leitor do Brainstorm #9.

O estudo aponta uma ligeira “liderança” na questão de uso diário do Twitter, mas é ligeira. Se considerarmos que o estudo deve ter uma margem de erro, podemos até chamar de empate técnico. Como? 86 contra 72 pontos percentuais? Não: 86% dos 80% que responderam ter Twitter contra 72% dos quase 90% que responderam ter Orkut.

Mas a anomalia da manchete da notícia não pára aqui. Uma outra pesquisa, um pouco mais abrangente, feita pelo Comitê Gestor de Internet do Brasil serviria para acabarmos de vez com esta brincadeira. Ao compararmos o perfil socioeconômico e a distribuição da população pelo território brasileiro da amostra da pesquisa da E-Life com a amostra da pesquisa TIC Domicílios 2008, fiel à real distribuição existente no Brasil, temos um choque: o público majoritário da pesquisa da E-Life corresponde a 1% da amostra de pesquisa do Comitê Gestor de Internet do Brasil.

Aí é só começar a pegar uns números por lá para continuar a surra nesta manchete surreal: ninguém perguntou ao pessoal da classe C (51% dos entrevistados da TIC Domicílios, sendo que 46% deles acessam diariamente a Internet e, segundo dados da Telefônica, já formam mais de 30% da base de Speedy e 80% das vendas atuais do serviço de banda larga) qual é o serviço que eles usam mais. Aí fica difícil.

É preocupante ver como anda a interpretação de dados por aí…

Mais sensato foi o G1 em apontar o Twitter como o queridinho da classe A ou a própria E-Life, em tirar como conclusão que 4 serviços podem ser destacados como os preferidos pela amostra.

Eu me pergunto se estariam todos os profissionais especializados em Internet dispostos a relatar dados sem maquiar um numerozinho sequer e se estariam todos os clientes de agências, ávidos por esta “novidade” chamada Mídias Sociais, preparados para filtrar montagens tendenciosas de gente querendo empurrar engodos como planos estratégicos ou querendo dar o furo do ano. Estariam?

A existência de tantos gurus de Mídias Sociais neste Brasilzão de Deus, a tentativa eloqüente da imprensa de tornar o Twitter o serviço mais popular do país e o número de retweets que a notícia com manchete equivocada teve dão dicas da resposta…

Brainstorm #9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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Resenha em 6 vs. Boteco São Bento, mais um episódio para aprender

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Durante a semana passada, o blog Resenha em 6 publicou uma nota curta sobre o bar Boteco São Bento, localizado em uma das esquinas mais famosas e disputadas da noite paulistana. Apesar do tom ácido, a nota assinada por Raphael Quatrocci fala sobre a experiência vivida por ele no bar.

É importante fazermos uma pausa aqui. Falando em bares, um ambiente que também agrada (e muito) este que vos escreve, podemos explicar que São Paulo possui bares para os mais variados gostos e estilos. Desde a carta, que pode incluir extensas listas de cachaças e cervejas importadas e acepipes de todos os tipos, à decoração. Contudo, os bares de uma determinada região tendem a guardar semelhanças entre si, seja por público freqüentador, tipo de serviço, aspectos qualitativos e preço. Por assim dizer, em minha opinião e deixadas as críticas diversas de lado, o Boteco São Bento é um retrato fiel da Vila Madalena: um bairro que já teve mais charme boêmio e menos holofotes da Vejinha e que hoje está entregue a quem procura aglomeração, algum tipo de status (verdadeiro ou não) e recomendações em guias semanais. Mas voltemos à questão do blog…

Um suposto administrador do bar passou a fazer ameaças via comentários, gerando a primeira horda furiosa de comentários contra o bar, no próprio blog e no Twitter. O mais importante daqueles primeiros relatos era perceber que este pequeno incidente foi o suficiente para que todos aqueles que tiveram experiências ruins com o dito bar começassem a mostrar a cara. Falso ou verdadeiro, o comentário do suposto administrador serviu para que os insatisfeitos se identificassem como um coletivo. E um coletivo barulhento.

Talvez com uma certa curiosidade mórbida, resolvi dar uma passada no Boteco São Bento na noite de sábado. Obviamente, o bar estava muito cheio. É: outra coisa que temos que enfatizar sobre bafafás na Internet é que os efeitos de um boca-a-boca raramente são sentidos da noite para o dia. Ou ainda podemos dizer que não é só porque você se considera formador de opinião que você forma a opinião de todo mundo.

Já nesta semana, a Época SP noticia que o bar notificará judicialmente os donos do blog Resenha em 6 para que eles apaguem os comentários de pessoas que dizem se passar por responsáveis pelo Boteco São Bento, uma vez que, segundo a assessoria de imprensa do grupo responsável pelo estabelecimento, tais relatos podem ser enquadrados no crime de falsidade ideológica e, diante de tantas outras decisões judiciais envolvendo blogs, os responsáveis pela publicação de comentários são os editores, não os comentaristas.

Caso o caso chegue a um processo, este não será o primeiro e nem o último caso.

Reação das pessoas

Confesso que não gosto de ser o advogado do diabo, mas os agora reais administradores do bar têm sua parcela de razão na notificação, uma vez que o blog não pode comprovar se os comentários supostamente escritos por um gerente são verdadeiros. Quer dizer, eles até podem tentar provar, num outro processo, provavelmente para descobrir os autores de ameaças sofridas.

O que está em jogo não é o post em si (uma vez que sua exclusão iria de fato contra a liberdade de expressão, tal qual aconteceu no caso Ag407 x Pristina.org), mas sim os comentários falsos.

Entretanto, palavras como processo e censura têm uma carga reativa enorme. Rapidamente, blogs passaram a escrever em defesa da liberdade de expressão do Resenha em 6. Não só isso: vídeos explicitando o atendimento ruim do bar começaram a pipocar no Twitter:

Eu sou da opinião de que nem tudo o que se chama de censura é censura. Mas isto é assunto para um próximo post.

Sobre o episódio apresentado aqui, ficam dois aprendizados: aos blogs, averiguar fontes. Um comentário recebido nem sempre é verdadeiro. E mesmo que seja, vale investigar antes de incitar a polêmica.

Já ao bar Boteco São Bento, fica a lição de que pouco adianta ser bem avaliado na Vejinha, no Guia da Folha, no Guia da Semana e o escambau se logo na primeira página de uma busca no Google, o resultado é a treta. Tem outra: quanto mais o bar se fechar ao diálogo, a tendência é que o barulho da horda furiosa aumente, ocasionando mais posts, mais aparições na primeira página do Google, mais pautas na imprensa… Vocês já conhecem o roteiro.

Talvez realizar uma noite de bar fechado para os críticos, para que eles possam tirar a sua má impressão sobre o bar e para que os donos dialoguem, expliquem e aceitem algumas das sugestões recebidas. Talvez até menos, como colocar um assessor para falar diretamente com os blogueiros do Resenha em 6. Talvez nada disso, mas algo para atenuar os efeitos das palavras de ordem como “censura não!” e “liberdade de expressão”, uma vez que o os verdadeiros donos disseram-se a favor do livre pensamento. Ou não levem a sério. São só idéias em modo de brainstorm.

No mais, torço para que o imbróglio acabe bem para os blogueiros e que o bar continue atendendo quem se dispor a ser atendido por ele, porque eu vou assistir a tudo de outro canto, já que eles não têm a minha cerveja preferida, e eu não faço bem o perfil de quem paquera em fila de espera. ABS.

Brainstorm #9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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Brain#9 no Reclame (Multishow) e no jornal O Povo

Na quinta-feira passada, o Brainstorm #9 encerrou o programa Reclame do Multishow. Na matéria, eu conversei sobre a proposta do blog e conteúdos em destaque, como o Braincast TV, com a apresentadora Bruna Calmon.

Eu gravei o último bloco do programa com o meu celular. A qualidade ficou razoável, mas dá para assistir. Confira abaixo a matéria na íntegra:

No mesmo dia, o Brain#9 foi destaque em uma matéria sobre “Blogs de Publicidade”, publicada pelo jornal O Povo, do Ceará. A pedido da publicação, publicitários, estudantes e professores de comunicação cearenses elegeram os cinco melhores blogs de publicidade da Internet, levando em conta o quesito conteúdo.

Clique na imagem para conferir a matéria completa da versão impressa, ou leia online.


O Povo Brainstorm #9 Blogs Publicidade

| Agradecimento a Kenzo Kimura, do Rafiado, que me enviou o scan da matéria