Se você é fã de Star Wars e ainda tem pesadelos com Jar Jar Binks, Hayden Christensen como Anakin Skywalker ou qualquer coisa relacionada aos episódios I, II e III, e ainda sente calafrios só de pensar no que pode vir por aí no Episódio VII, tenha certeza de uma coisa: você não está sozinho. Na verdade, a agência Sincerely Truman, de Portland, criou uma campanha endereçada ao diretor JJ Abrams com um pedido bastante singelo: por favor, não f*** com Star Wars.
Na verdade, os criativos conseguiram unir o útil ao agradável, prestando um serviço de utilidade pública aos fãs da franquia criada por George Lucas ao mesmo tempo em que divulgam mundialmente nome da agência.
A campanha conta com um vídeo em que são listadas quatro regras básicas essenciais para que JJ Abrams retome a grandiosidade de Star Wars. Resumidamente: como todo bom western, a ação de verdade ocorre longe da civilização, na fronteira. O futuro é velho, não tem nada de moderno ou limpo. A força é misteriosa e não precisamos de uma explicação para tudo. E provavelmente a mais importante de todas: Star Wars não é bonitinho ou fofinho. Entrar em um bar pode custar seu braço. E Han Solo sempre atira primeiro.
Há, ainda, um hotsite, o Dear JJ Abrams, onde os fãs podem assinar uma petição online apoiando a campanha. Por enquanto são pouco mais de 10 mil, mas se o número chegar a 1 milhão, a equipe da Sincerely Truman irá ao escritório da Disney para entregar o documento pessoalmente, munidos de uma câmera, é claro. Com a hashtag #dearjjabrams, qualquer pessoa pode participar nas redes sociais.
Se vai dar certo ou não, é difícil saber. Se por um lado JJ Abrams tem condições de fazer um ótimo trabalho, é preciso lembrar que a Disney tem uma agenda e dificilmente irá ignorá-la. Os Vingadores é uma prova disso. Agora, é torcer. E muito.
A produtora Bad Robot – de “Lost”, “Fringe”, “Star Trek”, “Super 8″ – lançou hoje um misterioso teaser. Chamado “Stranger”, o vídeo monocromático mostra um homem aparentemente amarrado numa praia, com uma locução que questiona sua identidade, e logo após vemos outra figura com a boca costurada.
Ainda não é possível saber do que o teaser trata, mesmo entre os projetos que a Bad Robot está relacionada. Uma nova série? Filme? De qualquer forma, a produtora de J.J. Abrams, Damon Lindelof, Carlton Cuse, Alex Kurtzman, Roberto Orci e Bryan Burk deve estar sempre no nosso radar.
Gostar de J.J. Abrams implica em conhecer uma de suas maiores teorias sobre o ato de contar histórias: a caixa misteriosa (mystery box). Ela consiste na preservação do mistério, da vastidão das possibilidades e na magia que isso provoca durante um filme. Muitos diretores a chamam de “mccguffin”. É a maleta de Tarantino ou de “Ronin”, é o Charlie de “As Panteras”, é a força motriz por trás da maioria dos filmes de Hitchcock. É algo que todos querem saber e procuram.
Falando nos universos de J.J., o monstro de “Cloverfield”, por exemplo, se encaixa nesse conceito. Manter o mistério e a atenção do espectador é uma arte cada vez mais complicada especialmente por conta da avalanche de histórias “de origem” aparecendo nos blockbusters. E isso não é coisa nova, basta lembrar da lambança de George Lucas, em 1999, com os midi-chlorian em “Episódio I”.
Então J.J. resolve encarar “Star Trek” e entrega um primeiro filme revigorado, repleto de ação e, felizmente, conseguiu manter a atenção mesmo numa história de origens. Tentou repetir a dose e caiu na mesma armadilha dos demais diretores. E levanta a pergunta: até que ponto há mérito na revelação, ou explicação, de ícones ou elementos históricos de filmes, séries ou livros?
A pergunta é ampla e complexa, tendo em vista que, mesmo com uma eventual resposta, Hollywood vai continuar explorando todas as possibilidades ad nauseum, entretanto, faz pensar pelo aspecto da criatividade. Evitando totalmente os spoilers, “Star Trek: Além da Escuridão” explica e redefine um personagem irretocável do universo de Gene Roddenberry. Ponto.
J.J. Abrams na USS Enterprise
Orci, Kurtzman e Lindelof foram corajosos ao extremo. Mas ficaram devendo.
Pelo aspecto prático, J.J. Abrams e os roteiristas Bob Orci e Alex Kurtzman fizeram isso com toda a tripulação original no primeiro filme da retomada. Entretanto, o ponto de ruptura com a linha temporal clássica era revigorante por si. Havia um novo vilão, os desafios eram novos e, por conta da redefinição dos personagens, novas dinâmicas foram bem-vindas e funcionaram na maioria das vezes. Olhar para o filme novo por essa ótica provoca sérios questionamentos e coloca o roteiro, agora também co-escrito por Damon Lindelof, em cheque. Quase um mate criativo.
A razão é simples: com uma nova linha temporal e todas as opções da galáxia para manter o senso de novidade, os roteiristas optaram por revisitar um ícone. Aliás, revisitar é pouco, pois ao também roubar cenas, inverter dinâmicas e recolocar falas em novos personagens, perderam a chance de criar; optando pela simples reciclagem. A caixa misteriosa não só foi aberta, como a surpresa ficou muito a desejar, afinal, fica complicado entender o porque da “jogada de segurança” ao precisar referenciar os filmes clássicos. Teoricamente, todo o esforço da redefinição de Star Trek tinha como objetivo permitir a renovação.
Orci, Kurtzman e Lindelof foram corajosos ao extremo. Mas ficaram devendo. Sair do cinema com a sensação de ter visto um remake do mundo bizarro é a pior coisa que poderia ter acontecido. E aconteceu. Kirk tornou-se um personagem desinteressante. Ele aparece num momento de busca pelo auto-conhecimento, mas não sofre o suficiente ou ousa o suficiente para justificar a indecisão. Ele sempre foi o carro-chefe da franquia clássica por ser o personagem mais forte. Ignorar isso chega a soar ingênuo. Assim como a necessidade de se incluir o maior número de referências, e personagens, possível num roteiro só.
Chris Pine e J.J. Abrams
Por que quase ninguém está falando sobre o filme com todo aquele afinco que só a internet permite?
É realmente estranho comentar essas coisas envolvendo nomes tão queridos e respeitados. Sempre busquei muita inspiração nos roteiros da dupla Orci-Kurtzman e costumava respeitar Lindelof. Até que ponto eles puderam, de fato, criar uma história do zero ou sentiram a necessidade de fazer essa reciclagem? Apontar para pressão do estúdio é juvenil demais, embora possa ter acontecido; ou eles, ao lado de J.J. realmente acharam que esse seria o caminho? Falta uma conexão.
Os filmes não encaixam dramaticamente. A assinatura visual é sólida e constante. Os flares também, aliás, eles aumentaram. Um deles chega a ganhar mais destaque que a atriz num dos diálogos-chave. Entretanto os personagens estão distantes uns dos outros e tão desconexos em relação ao filme anterior que piadas e citações diretas são necessárias para se criar uma conexão.
Há um elemento estrutural que, de fato, incomodou e me surpreendeu por estar num filme desse tamanho. O roteiro optou por uma muleta narrativa tão bizarra que deu medo. Num momento de crise, um personagem “liga para um amigo para pedir ajuda”.
Demorei a assistir “Star Trek: Além da Escuridão” e fiquei me perguntando: por que quase ninguém está falando sobre o filme com todo aquele afinco que só a internet permite? Bem, talvez essa seja uma das razões. É difícil embarcar nessa história depois da revelação surpresa. As correlações são inevitáveis e quando os diálogos reciclados entram em cena, chega a ser triste pela repetitividade.
É possível rir com boas piadas, algumas referências bem posicionadas (fãs de Sulu vão amar algumas delas) e há uma comparação a ser feita com “Homem de Ferro 3”. Um dos elementos de “Star Trek: Além da Escuridão” é a vingança. Nisso o roteiro acerto. Quer ir à forra com um inimigo? Vá para cima dele com toda sua ira! O acerto existe por conta da discussão sobre obrigação moral versus ordens.
Elenco lê o B9 durante o trabalho
“Star Trek: Além da Escuridão” abre a maldição do filme par?
Nesse aspecto há o reflexo da política norte-americana e o cenário militar atual, numa clara alusão, e questionamento, ao ato patriótico e aos controversos ataques com os reaper drones. Roddenbery acreditava na projeção de uma sociedade pacifista. Essa linha temporal de J.J. Abrams ainda está muito longe desse ponto, enfrenta o risco da militarização e a aparentemente inevitável guerra com o Império Klingon. A proximidade com o tema foi tamanha que, numa cena que mostra a cerimônia em homenagem aos heróis mortos durante o filme, J.J. chamou seis veteranos das guerras do Iraque e Afeganistão para replicar o procedimento do dobramento da bandeira.
Curioso comparar a efetividade da mensagem política contra a opção pela reciclagem. Medo de criar um inimigo próximo demais da realidade? Talvez, embora exista um atentado terrorista na trama. Devoção extrema ao personagem escolhido? Também pode ser.
Mas se a história nos ensina uma coisa é que erros do passado não devem ser repetidos. Hitler não aprendeu com Napoleão e perdeu na Rússia. J.J. deveria ter se lembrado de George Lucas. Darth Vader apavorou gerações. Transforma-lo num garoto incompreendido, concebido aos moldes de Jesus Cristo, e que matou criancinhas sem piedade não foi a melhor das ideias.
“Star Trek: Além da Escuridão” é sério candidato a iniciar a “maldição do filme par” – normalmente, os filmes ímpares eram os mais fracos da franquia -, mas, mesmo assim, merece o ingresso. Se tudo correr como de costume, no próximo longa, ímpar, eles voltam à boa forma! Só resta saber se, desta vez, irão realmente onde nenhum homem jamais esteve, ou vão voltar a visitar velhas praias.
Saiu o primeiro teaser trailer de “Star Trek: Into Darkness”, sequência do filme de 2009 também dirigido por J.J. Abrams. Essa versão é exclusiva para web, já que no dia 14, antes das sessões de “O Hobbit: Uma Jornada Inesperada”, deve estrear um novo trailer.
O filme traz de volta os Chris Pine, Zachary Quinto, Zoe Saldana, Karl Urban, Simon Pegg, Anton Yelchin e John Cho, com as adições de Benedict Cumberbatch, Peter Weller e e Alice Eve.
Veja a sinopse oficial:
“Quando a tripulação da Enterprise é chamada de volta para casa, eles descobrem que uma incontrolável força de terror dentro de sua própria organização detonou a frota e tudo que ela representa, deixando nosso mundo em um estado de crise. Com problemas pessoais a resolver, o Capitão Kirk lidera a caça para capturar uma arma de destruição em massa em uma zona de guerra. Enquanto nossos heróis são empurrados para um jogo de xadrez de vida e morte, o amor será desafiado, amizades serão destruídas e sacrifícios devem ser feitos para a única família que restou a Kirk: a sua tripulação.”
Star Trek: Além da Escuridão” estreia em 26 de julho de 2013. Enquanto não chega, relembre a nossa entrevista com o diretor J.J. Abrams.
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