American Airlines apresenta nova identidade visual

Recebi com grande pesar a notícia sobre o rebrand da American Airlines. E digo: por mais que eu deteste (quem lê meus textos sabe disso) mijar em projetos de design após vê-los por apenas uma hora, dessa vez será diferente.

Quando digo que detesto criticar rápido demais, me apoio no fato de que essas construções não nascem do dia para a noite, e justamente por isso precisamos de tempo e pesquisa sobre o projeto para entender tudo o que quiseram representar com ele.

American Airlines

Mas este é um caso específico. E não importa o que a Futurebrand tentou representar com esse trabalho. A verdade é que o fato absurdo está na substituição de um dos maiores projetos de branding realizados nas últimas cinco décadas. Sim, um projeto com CINCO DÉCADAS de vida.

Nunca foi novidade para ninguém que o resultado atingido pelo Massimo Vignelli foi, com poucos elementos, criar um símbolo que atravessou céus, décadas e manteve sua modernidade e objetividade intacta desde sua concepção, em 1967. E num mercado onde projetos de rebrand são cada vez mais frequentes (provavelmente pela falta de visão ou percepção de seus criadores), a mudança de um totem como este é uma tragédia.

American Airlines

Além da identidade visual, a American Airlines lançou uma campanha de apresentação da nova marca:

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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“Up In The Air” e o papel fundamental de American Airlines, Hilton e Hertz

O acordo da American Airlines com a Paramount e o diretor Jason Reitman (“Juno”, “Obrigado Por Fumar”) foi um dos assuntos recorrentes durante a produção de “Up In The Air”. Olhado com desconfiança, o que parecia é que o filme se tornaria um grande comercial da companhia aérea.

E não pense o contrário, é sim um comercial que a American Airlines jamais poderia sonhar. Porém, de uma forma tão pertinente e carismática, que fica impossível imaginar a história contada de outra forma.

Intepretado por George Clooney, Ryan Bingham trabalha para uma empresa especializada em demitir pessoas. Sendo assim, ele viaja o país para realizar o trabalho sujo que os donos das companhias não tem coragem de fazer, bem na época da crise econômica norte-americana.

Com tanto vôos no currículo, Ryan Bingham virou um mestre em aeroportos, e criou uma meta: acumular 10 milhões de milhas. Segundo conta o próprio filme, apenas 7 pessoas conseguiram tal façanha, o que dá direito a um cartão da American Airlines com passagens vitálicias e ter o próprio nome grafado em um dos aviões da companhia.

Up In The Air

A importância da empresa no roteiro de “Up In The Air” é vital, contando com cenas que detalham os programas de fidelidade, o tratamento especial dado aos clientes leais, e até um personagem dedicado com bons minutos de tela durante o climax do filme.

Apenas contando, a tal parceria de marketing pode parecer exagerada e forçada, mas jamais soa assim durante as quase duas horas de filme. Raras vezes se viu uma simbiose tão marcante entre conteúdo e publicidade.

O mais impressionante é que a American Airlines conseguiu tudo isso sem gastar um único centavo. Tudo o que a Paramount e Jason Reitman queriam era livre acesso aos terminais, aviões e salas especiais da companhia nos aeroportos, além do transporte do elenco, equipe de filmagem e equipamentos para diversas cidades americanas.

Up In The Air

Esse mesmo acordo não foi exclusivo da companhia aérea. A rede de hóteis Hilton e a locadora de automóveis Hertz também se beneficiaram da história de “Up In The Air”, sem gastar nada da verba de marketing. São participações menores, mas também de importância fundamental para o filme e desenvolvimento dos personagens.

Porém, mais importante do que a presença em si, é a forma como essas marcas são apresentadas. Se transformaram em parte intrínseca de uma história madura, ao mesmo tempo melancólica e bem humorada, contada com uma marcante atitude século 21.

O filme, que estreia no Brasil na próxima sexta com o infeliz título “Amor Sem Escalas”, é um dos grandes candidatos da temporada de premiações do cinema. Ontem mesmo ganhou o Globo de Ouro de Melhor Roteiro, além de outras tantas indicações, incluindo Melhor Diretor e Melhor Filme.

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