Novo álbum do Strokes traz a banda desacelerada e mais madura

O The Strokes de 2013 pouco se parece com aquela banda que exalava fúria e energia pelos poros em 2001 – e que conquistou o mundo com sua indefectível Last Nite. Isso, no entanto, não quer dizer que a banda piorou ou melhorou – seria juízo de valor – mas é apenas um sinal de que ela resolveu se adaptar a um novo ambiente. E, para isso, assumiu de vez as influências oitentistas e abusou sem medo de recursos eletrônicos para fazer seu quinto álbum, Comedown Machine.

Claro que isso também não é nenhuma novidade. As influências eighties sempre estiveram lá, mas desde Angles (de 2011) elas vêm ganhando mais e mais força na sonoridade de Julian Casablancas e cia., e provavelmente vão decepcionar quem espera um novo Is This It ou Room On Fire.

Mas quem quiser acompanhar a viagem da banda pela nostalgia pós-punk, new wave e pop colorida na qual ela embarcou vai descobrir muitos motivos para se deliciar com Comedown Machine.  Mas esteja avisado: se em Angles este tempero 80’s já era carregado, aqui ele faz você quase engasgar.

O disco tem o mesmo DNA de Angles, (e até a sequência das músicas delineia uma estrutura parecida com o trabalho de 2011), mas soa um pouco mais morno. Com exceção de 50 50, falta no disco aquela fagulha de energia que fazia de Under Cover Of Darkness um single tão bom e contagiante.  Mas mesmo que a excelente All The Time não consiga repetir a proeza, ela ainda é uma música que traduz a essência divertida do Strokes e seu talento nato para fazer refrões que grudam logo na primeira audição e ficam tocando em loop na sua cabeça.

E as ótimas Happy Ending, Partners In Crime e Tap Out surtem o mesmo efeito, mas vezes dá vontade de dar uma chacoalhada no iPod pra ver se a banda se empolga um pouco mais. Mas a aparente falta de energia é compensada com uma performance e produção impecáveis, e mostram que os garotos amadureceram e resolveram deixar um pouco da rebeldia para trás.

E quando a gente entende que essa é a nova proposta e postura da banda, Comedown Machine começa a valer a pena. E muito. Cada vez que se ouve, fica melhor.

Pode não ser o Strokes explosivo que todo mundo espera, mas ainda é Strokes fazendo pop competente e acima da média.

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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Pelados e Famosos

Chamar qualquer banda de “fenômeno”, no século XXI, é no mínimo um abuso da hipérbole.

Então, quando eu ouvi dizer que o The Naked and Famous era o novo fenômeno da música indie/pop da atualidade, eu já filtrei a informação: ok, é a banda legal do momento. Vamos ver qual é que é.

Sexta-feira os neozelandeses desse grupo (que parece ter saído de um DeLorean vindo direto de 1986) tocaram aqui em São Paulo, no charmoso Cine Joia, mostrando as músicas de seu primeiro álbum: Passive Me Aggressive You.
(Disco este que, aparentemente, já é um clássico entre 11 de cada 10 pessoas que estavam lá.)

Fui pego de surpresa. Todo mundo cantando, berrando todas as músicas, verso por verso, pulando, ovacionando, dançando como se fosse o último show de suas vidas. E tenho que dizer: ponto pros neozelandeses. O publico saiu de lá realizado.

A banda fez uma apresentação competente, tocando muito bem e sendo bastante fiel às gravações de estúdio. Às vezes a fidelidade era tanta que eu me perguntava se não estaria rolando ali um playbackzinho pra segurar os vocais. Mas prefiro acreditar que não e manter imaculada a boa impressão que eles me causaram.

Surgido em Auckland em 2008, o The Naked And Famous conquistou sua terra natal com a música Young Blood, em 2010, para então conquistar o mundo (olha a hipérbole aí) no ano passado. O single vendeu 15 mil cópias e rendeu à banda o prêmio australiano Silver Scroll, e quando o álbum foi lançado eles foram direto para o primeiro lugar das paradas da Nova Zelândia. No ano passado, a BBC a incluiu a banda entre as revelações do ano, e finalmente o álbum deles chegou à iTunes Store americana.

Agora, estão viajando o mundo e aproveitando a fama e o sucesso, enquanto o próximo fenômeno não aparece para tomar seu lugar.

Se você gosta de pop 80’s, aqui está sua nova banda preferida. Divirta-se.





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