Fome é personificada em filmes das Nações Unidas

O mundo está repleto de monstros e tiranos que ameaçam a paz, mas é a fome um dos problemas mais sérios e preocupantes, segundo as Nações Unidas. Para transmitir esta mensagem, o estúdio Platige Image criou dois filmes que personificassem os horrores da fome.

Em Hunger is a Monster, vemos uma variação da história de Chapeuzinho Vermelho, narrada por Elle Fanning. Aqui, a fome é representada pelo lobo. No segundo curta, Hunger is a Tyrant, Dakota Fanning narra a história de um ditador que destrói tudo a sua volta. Este segundo filme, aliás, tem um apelo muito maior.

Os filmes fazem parte do Zero Hunger Challenge e valem o play.

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Fundação das Nações Unidas quer saber o que o mundo mais precisa

Em 1967, os Beatles cantavam que tudo o que precisamos é amor. Hoje, 46 anos depois, a United Nations Foundation quer saber o que o mundo mais precisa, em nova campanha criada pela Leo Burnett NY. The World Needs More…faz parte das comemorações do Humanitarian Day, celebrado na última segunda-feira, e propõe transformar palavras em financiamento de projetos humanitários ao redor do mundo.

No site da campanha, transformado em uma plataforma de arrecadação, empresas e marcas do mundo inteiro têm a oportunidade de patrocinar uma palavra que complete a frase, definindo seu posicionamento sobre o que o mundo mais precisa hoje em dia. Força, educação, inclusão, diálogo, ação, escolhas, igualdade…

Até o dia 22 de setembro, os internautas podem compartilhar suas palavras favoritas, transformadas em hashtags. Toda vez que uma delas for compartilhada dentro da campanha, a marca patrocinadora irá doar um dólar para um projeto definido pelas Nações Unidas. Gucci, Barclays e Intel estão entre as participantes da iniciativa que pretende ajudar 73 milhões de pessoas em 24 países.

É uma forma bem bacana de divulgar a causa e levantar fundos ao mesmo tempo, realmente transformando palavras em ações. Uma boa ideia.

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Outros 90%

Rocinha, “Maior comunidade das Américas”, no Rio de Janeiro

No mundo, aproximadamente um bilhão de pessoas moram em assentamentos informais. A precariedade das condições de habitação de muitos já foi retratada no B9, quando o Saulo nos falou de um cemitério superpovoado – por vivos.

Diante desse cenário, uma exposição – “Design with the other 90%: Cities” (há um livro homônimo) – pretende apresentar os esforços mobilizados para interferir nessa situação. Apresentada nos corredores do prédio das Nações Unidas (cujo projeto teve participação do Niemeyer) entre outubro do ano passado e janeiro desse ano, atualmente está disponível para ser exibida na instituição que contatar os organizadores.

A mostra tem como mote seis temas: Trocar, Revelar, Adaptar, Incluir, Prosperar e Acessar. Visitando seu site, na seção “Soluções/Prosperar”, me deparei com algo familiar: A luminária “Cristal de Luz”.

Luminária Cristal de Luz “Lakshimi” (“Deusa da Prosperidade”)

Podemos parar pra pensar na discrepância entre as “nossas residências” e as moradias de 1 bilhão de outras pessoas

Descobri então que essa peça é um dos produtos da COPPA-ROCA – associação de mulheres moradoras da Rocinha (Rio de Janeiro). Foi olhar a foto e me lembrar de “Cruel”, o penúltimo espetáculo de dança produzido pela também carioca Deborah Colker.

Se espetáculo e exposição nos colocam a refletir sobre a crueldade das ações humanas e assim podemos parar pra pensar na discrepância entre as “nossas residências” e as moradias de 1 bilhão de outras pessoas, também podemos concluir: não há apenas com que se lamuriar, existem soluções exequíveis.

A existência de soluções, talvez não seja uma novidade tão grande. Mas muitas vezes elas ficam condicionadas a apresentação no meio acadêmico. Na televisão e outros meios de comunicação tradicional e de massa, é mais fácil encontrarmos divulgada a violência e a pobreza como situações aparentemente imutáveis, ao invés dos exemplos de mudança e orgulho.

Muitos se enganam ao pensar que os moradores dos assentamentos informais não possuem identificação e vínculo sentimental com o território urbano que ocupam.

Pensar na remoção como primeira alternativa denota falta de sensibilidade para com essa parcela da sociedade. Por que não pensarmos em como colaborar para a criação de espacialidades saudáveis e seguras nos lugares já apropriados/conquistados?

O site apresenta quase 20 soluções, das quais 4 aconteceram em solo brasileiro: Reurbanização de Diadema (Diadema-SP), Urban Mining (São Paulo-SP), Cristal de Luz (Rio de Janeiro-RJ), Favela Painting Project (Rio de Janeiro-RJ) (projeto que eu já conhecia, pois além de já ter circulado notícia dele pela internet, recebeu atenção especial da mídia tradicional). Através dessas estão representadas grandes comunidades brasileiras: Santa Marta e Rocinha no Rio de Janeiro, Heliópolis e uma série de comunidades de Diadema em São Paulo.

De fato é um recorte pequeno, focado apenas no sudeste, e isso não é à toa. Alguns fatos me chamaram a atenção: o interesse de estrangeiros em atuarem por aqui – como é o caso do projeto Urban Mining, o qual teve apoio de pesquisadores da universidade ETH Zürich; e do Favela Painting, o qual é uma intervenção de uma dupla de artistas holandeses – e a participação dos moradores nas intervenções. Característica que parece ser comum a todos os projetos.

Particularmente, a ideia que mais me atraiu foi o trabalho feito em Heliópolis: produção de módulos construtivos através da reciclagem de “lixo”. Atende aos princípios da sustentabilidade (e parece ser eficaz) e da inclusão social, além de algo muito significativo: respeita a estética e os hábitos de construção vernaculares.

“Como todas as sociedades estão divididas em classes, castas, etnias, nações, religiões e outras confrontações, é absurdo afirmar a existência de uma só estética que a todos contemple com suas regras, leis e paradigmas: existem muitas estéticas, todas de igual valor, quando têm valor”, Augusto Boal

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