Os criadores de criaturas

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Imagine que alguém lhe pergunte o que você faz da vida, e a resposta em seguida seja: “sou designer de criaturas”. Parece um trabalho bem específico e hermético, certo? Não se você estiver na mira dos grandes diretores de ficção e dos maiores estúdios de cinema.

Neville Page é um desses caras, um dos mais requisitados da atualidade. Formado pela Art Center College of Design, na Califórnia, ganhou fama depois de ter criado o monstro de “Cloverfield”. Seu trabalho vai desde a arte conceitual no papel até a impressão de um modelo 3D. A biologia da Terra é que serve de inspiração para criar monstros gigantescos, com vários braços, pernas e olhos para garantir um impacto visceral na platéia.

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Creative Commons License imagem: Neville Page: Primeiros rascunhos de “Cloverfield”

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Em mais uma parceria com J.J. Abrams, Page também é o responsável pela besta que vimos no novo “Star Trek”. O briefing era: “uma criatura com a boca mais nojenta já vista”. Na Wired deste mês, Neville conta um pouco do processo de produção do alien que batizou de Big Red, contendo mais de 200 olhos pelo corpo. Foram cerca de 9 meses de trabalho no desenvolvimento da criatura e, além de “Star Trek”, poderemos conferir mais dos monstros de Page no “Avatar” de James Cameron, que estréia em dezembro.

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Creative Commons License imagem: Neville Page: Rascunho do monstro de “Star Trek”

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Creative Commons License imagem: Neville Page: Desenho final do Big Red de “Star Trek”

O sucesso de Neville Page é atual, apesar de ele não ser novo nesse meio, mas suas referências são clássicas e responsáveis por verdadeiros ícones do cinema. Uma delas é Rick Baker, uma lenda quando se fala em design de criaturas antropomórficas, da cena da cantina em “Star Wars” aos aliens de “Homens de Preto”, dos zumbis de “Thriller” de Michael Jackson aos fantasmas de “Os Espíritos” de Peter Jackson.

Baker começou seu trabalho com maquetes mecatrônicas, se especializando em animais de mentira, principalmente símios com emoções como “King Kong”, “O Planeta dos Macacos”, “O Poderoso Joe”, etc, mas não demorou para adotar os efeitos digitais. Desde seu primeiro trabalho como assistente em “O Exorcista” até hoje, Baker já ganhou 6 Oscars de Melhor Maquiagem e/ou Efeitos Especiais.

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Seu novo trabalho é transformar Benicio Del Toro em um lobisomem no filme “The Wolf Man”, que estréia em novembro desse ano. Pra ele que ganhou um de seus Oscars com “Um Lobisomem Americano em Londres”, em 1976, parece moleza. Não é toa que Baker é hoje um dos profissionais de design de produção mais respeitados da indústria do cinema.

E claro, é impossível falar de design de criaturas sem lembrar do genial H.R. Giger. A pintura “Necronom IV” do artista suiço, publicado em seu livro “Necronomicon”, foi o que fez Ridley Scott decidir como “Alien” seria. Um desenho que virou ícone, e além de suas características sombria, foi escolhido porque poderia representar ambos os sexos. Um alienígena masculino ou feminino.

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Assim como todo o trabalho de Ginger, o design de “Alien” era surrealista, biomecânico, assustador e monocromático, ideal para o que os produtores queriam. Porém, inicialmente, a Fox achou o monstro perturbador demais para o público e queria alterações. Ginger finalizou o desenho, concebendo uma criatura alienígena vagamente humana, sem olhos, e com uma espécie de armadura.

O animatronic de “Alien” foi construído com cerca de 900 peças móveis, e posteriormente digitalizado pelo especialista em efeitos digitais Carlo Rambaldi. Além de alçado a clássico do cinema, o filme rendeu o Oscar de Efeitos Especiais para Ginger em 1979, influenciando para sempre o design de terror. Ainda assim, o artista nem sempre tem o seu trabalho respeitado, penando na mão da Fox nos anos seguintes. Se quiser saber mais, recomendo o documentário “H.R. Giger’s Sanctuary”.

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Talvez você nunca tenha imaginado que poderia ser um designer de criaturas, uma profissão tão específica mas que é vital na indústria de entretenimento. Além do cinema, as produtoras de games investem muito dinheiro e tempo para imaginar os monstros mais assustadores e nojentos possíveis.

Se lhe interessa, vale dar uma olhada no The Gnomon Workshop, um site/evento que reúne tutoriais, treinamento e entrevistas com os melhores profissionais da área, mantido pela Gnomon School, escola de efeitos visuais em Hollywood. E também conhecer outros designers de criaturas como Carlos Huante (e seu livro “Monstruo”) e Jordu Schell.

Brainstorm #9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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