Mark Ronson, Creators Project: Um pouquinho de música e de criatividade

Primeiro deixa eu explicar. Esse post vai daqui pra lá e de lá pra cá, sendo “aqui” o B#9 ou o A Day in the Life e o “lá” o contrário disso mesmo.

Neste sábado fui com o Merigo conhecer a edição brasileira do Creators Project, um lance feito pela revista Vice com apoio da Intel. No mundo todo eles selecionam artistas de várias áreas, produzem mini documentários sobre moda, música, design, cinema, arte, games e fazem eventos em cada lugar que a revista é representada. Os eventos são uma mistura de galeria de arte digital, com baladinha e claro, experiência criativa do projeto.

Lá na Barra Funda, algumas instalações chamavam atenção, enquanto outras talvez fossem “artísticas” demais pra serem chamadas de arte mesmo. Até aí ok. A idéia é muito mais reunir pessoas inquietas, criativas e dispostas do que exatamente fazer curadoria de fotos digitais.

Os trabalhos dos brasileiros, Muti Randolph (o cara que fez o projeto da balada mega velha que eu cheguei há uns 10 anos “U Turn” e também do D-Edge) e do Ricardo Carioba (um painel de LEDs alucinante) foram de longe os visualmente mais impactantes, principalmente por trazerem obras que envolviam as pessoas.

Por sinal essa é uma conclusão que tenho sobre praticamente todo o mercado artístico: é preciso sacar que as pessoas querem participar. (Se você já sacou, por favor continue sendo inteligente e não comente dizendo que isso é óbvio). As pessoas todas já compartilham e colaboram em toda e qualquer situação social (seja digital ou não) e temos inúmeros exemplos de iniciativas que trazem o público para um envolvimento muito mais ativo do que jamais tivemos, vide o projeto “House of Cards” do Radiohead ou jogos como Rock Band e Guitar Hero que fazem a experiência de consumir música um lance muito maior.

Outro pilar do projeto é o da criação coletiva, e em todas as edições do evento existe um momento da noite que um bando de gente se junta no palco e criam e gravam uma música em apenas 1 hora. Esse foi um dos momentos altos da noite. O chamado Pop Panel, recebeu uma menina linda da platéia, que foi lá e emplacou o refrão junto com Emicida, DJ Zegon, Mc Kamau e o maluco da Vice, Eddy Moretti. Pra quem nunca viu um processo como esses acontecendo, o momento foi sensacional. Disseram que a música estará disponível para download lá no site, mas até o momento desse post, o som não estava por lá.

Além da parte das instalações, painéis e obras de arte digital, o evento recebeu o guitarrista, produtor e DJ Mark Ronson. Mark é um playboyzinho inglês, que há pouco mais de 10 anos vem trabalhando e se consagrando como um produtor extremamente importante e detentor da estética vintage-motown-retro nos sons atuais.

Depois de ter produzido o mega boga disco de estréia da doidinha da Amy Winehouse, e também de uma extensa lista que conta com nomes como Lilly Allen, Christina Aguilera (o Back to Basics é um discão), Robbie Williams, Macy Gray, Estelle, Solange Knowles, Kaiser Chiefs, Adele e vários outros, o cara começou a fazer seus próprios discos e em 2010 lançou seu 3o trabalho: Record Collection.

Eu realmente não sei se o trabalho de Mark Ronson foi inteligentemente planejado para ser cirurgicamente acertivo com as inúmeras tendências de retro-pop-hype que só cresceram nos últimos anos, ou se ele é justamente um dos maiores geradores dessas tendências.

O fato é que o som que o cara faz ilustra uma das regiões mais ricas do pop atual, e é responsável pelo nascimento de uma série de artistas que fazem música pop e moderna, mas que continuam mantendo vivas as origens musicais. Gente como Rox, Mayer Hawthorne e Codeine Velvet Club, que abusam de de cordas, metais, orquestras, instrumentos analógicos, equipamentos valvulados, enfim: a busca por fazer hoje o que era impensável se fazer no passado.

Brainstorm #9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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