Parklife: a obra-prima do Blur

O Blur está se reuindo para alguns shows na Inglaterra e vai ter a honra de fazer a apresentação de encerramento das Olimpíadas de Londres. Certamente uma honra para a banda, e certamente um presente para o evento e para os fãs, de ter a chance de ver mais uma vez ao vivo um dos grupos mais emblemáticos do Reino Unido nos últimos 20 anos.

O primeiro disco do Blur é de 1991. Era o início de uma década que foi muito generosa para o rock.

Começou premiando bandas consagradas (Metallica, Red Hot Chili Peppers) com um sucesso mundial inédito, como recompensa por suas contribuições à cultura roqueira. Depois mostrou que o rock ainda sabia se re-inventar, com o advento do grunge e do surgimento de bandas ótimas como Soundgarden, Nirvana e Alice in Chains e Pearl Jam. E, finalmente, reafirmou a fertilidade da Inglaterra como a maior fornecedora de inovadoras e criativas bandas pop do mundo.

Em meados de 1994-1995, um fenômeno chamado Oasis conquistava o planeta com sua Wonderwall e trazia todos os holofotes da Terra para Londres. Naquela cidade, o povo acompanhava de perto cada lançamento dos irmãos Gallagher e de seus arqui-rivais, o Blur. Era a “briga do momento”. A cada single, uma banda queria superar a outra, queria mostrar que era mais criativa que a outra (essa o Blur ganhou fácil), queria mostrar que era mais amada que a outra. E, enquanto disparavam música atrás de música na conquista pelo gosto do público, injetavam uma dose cavalar de qualidade na música pop daquele país.

Um dos frutos dessa efervescência criativa é uma pequena obra-prima chamada Parklife.

Versátil até não poder mais, Parklife é o disco que consagra a inteligência e a evolução do Blur desde a crueza de Leisure, e transforma esta numa das mais brilhantes bandas inglesas que já existiram.

As 16 músicas dó álbum traçam um minucioso retrato do cotidiano britânico dos anos 90. E, graças à esperteza lírica de Damon Albarn e à inacreditável e surpreendente criatividade de Graham Coxon para compor elegantes linhas de guitarra, o Blur fez um álbum extremamente coeso.

Com letras espertas e pegajosas, músicas como a dançante Girls & Boys e a vigorosa End Of a Century se transformaram em clássicos instantâneos entre o público jovem inglês.

Eram, enfim, os versos que aqueles jovens queriam berrar há tempos, mas ninguém ainda havia escrito.

Finalmente eles tinham uma banda porta-voz. Uma banda que tinha traduzido fielmente seus sentimentos, que falava sobre eles, que mostrava quem eles realmente eram, que valorizava o que eles pensavam. E, assim, sentiam orgulho de gostar da banda mesmo quando eram satirizados por ela. A música Parklife é uma hilária e inteligente paródia sobre a tradição e o jeito de ser do inglês.

É tão boa, tão provocativa que fica impossível não render-se ao brilhantismo da idéia. Só uma banda muito auto-confiante e muito segura do que está fazendo pode se atrever a cutucar o seu público desta maneira. E Parklife – a música tornou-se um hino de sua época.

Além da faixa-título, o álbum transborda brilhantismo em músicas divertidas (Tracy Jacks, Bank Holiday e Magic América), em músicas épicas e densas (This Is a Low) e em músicas melancólicas, como Badhead e To The End. Esta última, em particular, a minha preferida do disco e talvez da banda. É um pop que chega a ser violento de tão bonito. É mais um gratificante presente da versatilidade desta banda incrível.

Apesar do inevitável discurso passional, eu garanto que você pode acreditar em mim. Parklife é um primor pop.



Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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Novidades musicais da terra da Rainha. : )

 

Keane, Strangeland

O ex-trio Keane volta à cena depois do trágico Night Train, de 2010,  para anunciar seu novo disco, Strangeland. Vendo o trailer de divulgação, dá um alívio para fãs do som mais antigo da banda (como eu): os trechos que eles mostram revelam aquele mesmo cuidado e apuro melódico que os catapultou para o mundo com o megahit Somewhere Only We Know, lá em 2004. Se o álbum é mesmo uma volta à boa forma, só o tempo vai dizer. Dia 7 de maio o disquinho chega nas prateleiras britânicas, vamos ver quando chega por aqui.

 

 

 

Graham Coxon, What’ll It Take

O mestre Graham Coxon, guitarrista do Blur, se juntou com Ninian Doff e produziu um interessantíssimo clipe para sua nova música. Feito com trechos de videos mandados por 85 fãs de 22 países, é uma divertida colagem que se passa nas ruas de Londres. Como se não bastasse a sacada visual, a música também é divertidíssima.

 

 

The Ting Tings, Sounds From Nowheresville

O duo dançante de Manchester finalmente lança seu segundo disco 4 anos depois de uma estreia bombástica em 2008, quando seu single That’s Not My Name invadiu as paradas inglesas vertiginosamente e lhes rendeu até uma indicação para o Grammy de melhor banda revelação daquele ano. Agora, Sounds From Nowheresville abandona um pouco o lado pop-chiclete dos primórdios da dupla para visitar referências mais densas, como Beastie Boys.

 

 

Field Music, Plumb

Para quem gosta de rock progressivo, o Field Music é uma salvação da nova era musical. Pra mim, eles são o Gentle Giant dos anos 2000 e já têm uma discografia sólida e respeitável. Este Plumb, seu quarto álbum, foi lançado com pouco alarde mas muita ansiedade por parte dos fãs desta banda que esbanja técnica e deixa muito neguinho-que-nao-toca-nada-mas-adora-fazer-careta no chinelo. Pode soar meio estranho no começo, mas vale a pena.

 

 

 

(Union Jack por Lord Colin Oneal)

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