Artistas se juntam à Casa Branca em campanha contra violência sexual

Em março, mostramos por aqui HeforShe, iniciativa da UN Women em que homens assumiam o papel de porta-vozes da igualdade de gêneros. A ideia era que muitas vezes os homens conseguem ser mais ouvidos do que as mulheres, provavelmente a razão que levou a Casa Branca a criar uma campanha contra a violência sexual em que apenas ouvimos vozes masculinas.

Daniel Craig, Benicio Del Toro, Dulé Hill, Seth Meyers e Steve Carell se juntaram ao presidente Barack Obama e ao vice-presidente Joseph Biden para explicar o que caracteriza a agressão sexual/estupro, e lembrar que as mulheres não são culpadas, mas vítimas.

O filme conta com legendas em inglês e vale a pena prestar atenção na mensagem.

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Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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Estupro? A culpa é sua!

Se você acompanha o noticiário internacional, deve perceber uma certa frequência em notícias sobre estupros na Índia. E, por incrível que pareça, a mulher continua levando a pior, já que não basta ser vítima deste crime, mas de acordo com alguns setores indianos, elas também são as responsáveis. O absurdo é tão grande que virou piada pelas mãos do coletivo de humor All India Bakchod (AIB 365), que trata o assunto com sarcasmo e humor em It’s Your Fault.

Já tem algumas semanas que o vídeo criado por Tanmay Bhat, Gursimran Khamba, Rohan Joshi e Ashish Shakya tem rodado a internet. Com uma pegada de televenda, elas transformaram os comentários infelizes de lideranças do país em uma espécie de cartilha de prevenção à violência contra a mulher. Detalhe: ao mesmo tempo em que apresentam as sugestões dos conservadores, elas explicam porque as mesmas não vão funcionar.

O roteiro é muito bem amarrado, com argumentos ora inteligentes, ora tão absurdos quanto os comentários que os originaram:

“Estudos científicos sugerem que mulheres que usam saias são a principal causa de estupro. Você sabe por quê? Porque homens têm olhos.”

O vídeo também mostra alguns exemplos de roupas provocativas que poderiam resultar em algum crime de violência sexual.

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Em outro momento, a apresentadora ensina que, se ao chamar os estupradores de Bhaya (irmão), eles cessarão imediatamente com a violência. Este trecho é uma referência direta ao guru indiano Asaram Bapu, que destacou que uma estudante estuprada e morta por cinco homens em um ônibus no ano passado também foi culpada pelo crime, uma vez que ela não deveria ter resistido, mas sim rezado para Deus e pedido que os homens que a atacaram a deixassem em paz, referindo-se a eles como Bhaya.

A lista de “razões” para que as os estupros ocorram também é surreal: comida, filmes, celulares… Sem esquecer, é claro, os horários em que as mulheres estão na rua, trabalhando – afinal, para que ser independente se você pode ter um marido para te sustentar… “Fato divertido: se é o seu marido, não é estupro”.

A mensagem final é clara e séria: parem de culpar a vítima. Vale para a Índia e para qualquer lugar do mundo.

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Não significa não

Sempre que a gente mostra uma campanha de relevância social por aqui, é quase impossível não ficar pensando se ela atingiu seu objetivo. Então, é muito bom poder mostrar uma campanha já sabendo que ela teve um resultado tão positivo, como é o caso de No Means No, que a TRY/Apt criou para ajudar a Anistia Internacional a mudar a lei do estupro na Noruega.

A temática não é nada fácil: por lá, mesmo que uma mulher proteste e diga não, o sexo forçado não é considerado estupro. O que caracteriza o crime é o uso de ameaças ou violência – o que vai contra uma definição simples e eficiente feita pela Lowe da África do Sul há alguns anos:  “se você precisa forçar, é estupro”.

Ou seja: em um país considerado de primeiro mundo, as mulheres não tinham direito de dizer não à uma investida sexual. Para mostrar os efeitos disso, a TRY/Apt apresentou uma situação em que a garota dizia não, mas quando isso acontecia, o som ficava no mudo.

Além de chamar a atenção da população, as autoridades também começaram a se movimentar para mudar a lei do estupro. Oito meses depois, isso está prestes a acontecer, segundo mostra o vídeo acima.

Tomara que, com a mudança desta lei, ao menos os homens noruegueses possam entender que não realmente significa não. Infelizmente, sempre haverá aquele que não aceita um não como resposta, ou pior ainda, aquele que justifica seus atos com “ela disse não querendo dizer sim”.

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