
Antes vista como um risco às pretensões de bilheteria da série, desta vez a natureza dos personagens serve de trunfo: outrora relativamente desconhecidos do grande público, o Senhor das Estrelas e companhia agora são encarados como figuras cheias de personalidade e dignas de atenção. O primeiro filme, embora concentrado na missão central do grupo, cumpria sua função de introduzir seus integrantes e estabelecer as bases das relações entre eles. O segundo, ciente dos méritos e limitações da empreitada inicial, usa isso a seu favor. Uma vez definida a premissa, é a hora de deixar suspenso o vínculo com o universo cinematográfico da Marvel e abrir o leque de opções a partir da mitologia dos próprios Guardiões.
Essa talvez seja a principal qualidade da continuação. Gunn, que também assina o roteiro, se mostra ainda mais focado nas particularidades dos seus heróis — o que acentua a curiosidade sobre o tratamento que será dado a eles como coadjuvantes no próximo “Vingadores”, comandado por Joe e Anthony Russo. No volume um, desde a sequência de abertura, Peter Quill (Chris Pratt) lida com a ausência da mãe. Agora, ele se divide entre as interações envolvendo a nova família, em especial Gamora (Zoe Saldana), e a relação com o pai, antecipando ainda uma relação semelhante com Groot (voz de Vin Diesel). Sem dúvidas, o interesse nos personagens é mais amplo, e o longa dedica generoso tempo de tela a cada um deles.