Estúdio retira paródias de “A Queda” do YouTube

Ó a ironia! Era uma vez um dos melhores filmes de guerra do século 21, o primeiro filme alemão de grande orçamento a colocar um ator representando Hitler falando alemão. Em “A Queda” (Der Untergang) vemos os momentos finais da guerra do ponto de vista do bunker do comando nazista. Hitler é informado que… bom, que a coisa está feia para o seu lado e tem um ataque de raiva. Acabou. Agora é cada um por si, saiam correndo, matem seus filhos, seus cachorros e depois metam uma bala na cabeça.

A galera na internet pega esta cena e transforma num meme que dura anos. Hitler dando ataque sobre tudo e qualquer coisa: limitações na Xbox Live, a morte de Michael Jackson e até o fato de não ter sido chamado para participar de um Nerdcast. Tutoriais são publicados. Gente do mundo todo entra na brincadeira e o filme que até então era mera peça de circuito alternativo descolex vira mainstream. Até hoje, seis anos depois de seu lançamento, é o segundo filme alemão mais vendido na Amazon.com. Se essa não é o melhor viral de um filme eu não sei qual é.

O que os adevogados do estúdio Constantin Film resolvem fazer então? Esmurram a mesa nein! nein! nein! e mandam tirar do ar todos os vídeos do YouTube. Ora bolas, as pessoas estão usando o material que pertence a eles! Como ousam?!?

O diretor do filme, Oliver Hirschbiegel confessa em entrevista à New Yorker ano passado que “esses vídeos são o maior elogio que um diretor pode receber”. Mas no final deixa escapar “eu ficaria mais feliz ainda se recebesse royalties por cada um, mas tudo bem”.

Ninguém vai deixar de ver “A Queda” porque viu 200 clipes diferentes da mesma cena com legendas diferentes. Como o filme é em alemão muita gente vai querer ver o original justamente para entender que raio de cena é aquela. Mas para o pessoal da Constantin copyright não é isso. Para eles copyright é decidir o que as pessoas podem e não podem fazer com sua obra, seja por diversão ou miséria. Não estranhe se aparecer em algumas semanas um site oficial onde, orgulhosos, os executivos vão oferecer um ambiente legítimo para as pessoas remixarem o conteúdo do filme. Desde que, claro, a legenda seja aprovada por eles. Nada de Hitler falando palavrão ou tento problemas intestinais. Isso não fica bem pra marca.

Assim como aconteceu com o outro “império” o destes executivos está ruindo por dentro e parece que ainda não se tocaram. Se eu fosse pastor alemão de executivo de cinema eu ficaria ligado. A casa está caindo.

Brainstorm #9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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