Da ideia ao protótipo, agora em tempo real

Para a maioria dos designers, ter ideias é fácil. A parte difícil é transformá-las em protótipos que as vendam. Etapas como Precisar aprovação de rascunhos, trocar de softwares diversas vezes e até construir modelos físicos acabam transformando o processo em algo demorado e com um resultado que nem sempre é o esperado.

Context permite ver e alterar seu trabalho em 3D e dentro do ambiente real, durante todo o processo criativo.

Joshua Distler, designer que já passou pela Apple e IDEO, resolveu tornar o longo caminho da ideia ao mock up em algo mais simples, fácil e eficiente. O objetivo era reduzir o tempo e a complexidade de se obter um design totalmente pronto, deixando mais tempo de sobra para as ideias.

Distler passou 2 anos desenvolvendo o Context, um aplicativo para Mac que transforma designs em protótipos, apresentando-os em ambientes do mundo real, de forma rápida como nunca antes.

Com isso, a ferramenta permite que designers visualizem seu trabalho de forma tridimensional e em tempo real, ou seja, durante o próprio processo criativo e sem nem precisar sair do Adobe Illustrator.

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O desenvolvimento de um protótipo se torna mais fluído, rápido e aberto, bem como o das ideias.

O aplicativo possui diversos recursos, como uma janela que permite visualizar a renderização do protótipo em tempo real, bem como uma enorme variedade de efeitos, ambientes e contextos para torná-lo ainda mais real e ter liberdade para experimentar diferentes ideias. Assim, o desenvolvimento de um protótipo se torna mais fluído, rápido e aberto.

A ideia por trás do Context mostra que, de fato, cada meio criativo tem sempre um componente de invenção que permite inovar e ir além do próprio meio. Segundo Distler, era inevitável que os designers passassem a ser mais inventivos, construindo seus próprios softwares e hardwares, como é o caso.

Context App está disponível de graça na versão trial ou $9 por mês / $89 por ano.

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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Em stop motion, Pictures revela um deslumbrante arquivo fotográfico

Ao longo de três anos, o fotógrafo e cineasta Gioacchino Petronicce criou um arquivo com mais de 80 mil fotos, registrando o cotidiano de cidades como Paris, Barcelona, Hossegor, Veneza, Toulouse, Martinica, Nova York e Montpellier, entre outras. Agora, ele nos convida a descobrir este arquivo com Pictures, um vídeo em stop motion que revela um pouco do raciocínio do fotógrafo, da ideia original até a imagem final.

“Pictures fala sobre a fotografia e o fotógrafo. Aqui, o fotógrafo está se movimentando pelo espaço para descobrir um evento em particular. Quando ele o encontra, ele apenas aperta o botão e… click! Com este experimento, eu tentei descrever minha visão sobre ‘como eu posso fazer uma fotografia?’ É como um jogo, com tempo, aceleração, pausa e recomeço”, diz ele na descrição do Vimeo.

Ao som de Clair de Lune, de Debussy, o vídeo parece um projetor que avança rapidamente ou demoradamente para chegar ao momento decisivo. Aliás, a escolha da música aqui não poderia ter sido mais adequada, combinando perfeitamente com as belíssimas imagens em preto e branco. Deslumbrante.

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Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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A história secreta dos brinquedos

Parece difícil de acreditar que, a esta altura do campeonato, com a tecnologia tão presente em basicamente todas as áreas das nossas vidas, que a indústria de brinquedos ainda mantenha algumas tradições. Mas é exatamente isso o que mostra The Secret Story of Toys, curta dirigido por Anthony Ladeisch que explora os estágios iniciais da produção de figuras de ação e os artistas por trás deste trabalho.

Antes de chegar ao PDV acompanhado por uma publicidade maciça, tornando-se objeto de desejo de crianças e adultos, antes de ganhar a embalagem mais bacana, colorida e atraente, antes até de ir para a linha de produção, todo brinquedo passa pelas mãos de um artista que o esculpe a partir da massa disforme da argila. E são estes escultores e designers de protótipos que falam sobre seu processo criativo neste documentário curioso e imperdível, que responde às perguntas que a gente nem sabia que tinha.

O trabalho é meticuloso, nenhum detalhe pode ser esquecido. Afinal, aqueles brinquedos não são apenas para crianças, mas também objetos para colecionadores exigentes, como os próprios artistas que os criam. Como todo trabalho criativo, a prototipagem é cercada de paixões e frustrações, erros, acertos e muitos recomeços.

Mas apesar de responder a muitas perguntas, The Secret Story of Toys também levanta outras. É o caso, por exemplo, de como uma impressora 3D pode afetar o trabalho destes artistas. Será que esta tecnologia é uma ameaça à arte? Espero que não.

O documentário é em inglês, sem legendas.

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Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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Um ganhador do Oscar nos pântanos da Louisiana

Se não fosse um contador de histórias, William Joyce poderia ser um James Bond, um Robin Hood, um Groucho Marx ou qualquer um dos maridos de Ava Gardner – nesta ordem, como ele mesmo colocou. Fato é que, como um contador de histórias, ele resolveu que poderia ser tudo isso e muito mais ao construir universos inteiros com sua imaginação, moldando personagens fantásticos, prontos para viver histórias inesquecíveis.

E com tantas boas histórias para se contar, ele percebeu que não poderia se prender a uma única arte ou meio. Hoje vemos suas criações em livros, aplicativos e animações, como é o caso de The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore, que em 2012 levou o Oscar de melhor curta de animação, A Origem dos Guardiões, Reino Escondido, The Numberlys, entre outros projetos.

Após trabalhar com estúdios como a Disney, Twentieth Century Fox, DreamWorks e Pixar – onde ele participou de pequenos projetos que talvez você conheça, como Toy Story e Vida de Inseto -, desde 2010 ele está à frente do Moonbot Studios, ao lado de Brandon Oldenburg e Lampton Enochs, onde diariamente coloca em prática a filosofia de desenvolver histórias para livros, filmes, aplicativos e jogos com narrativas envolventes e um visual à altura.

E tudo isso bem longe de Nova York, Los Angeles e dos grandes investidores, em Shreveport, Louisiana. William Joyce e sua equipe nos ajudam a lembrar – e também a acreditar – que talento e capacidade para realizar grandes projetos não dependem de geografia, e que não é preciso estar nos grandes centros para dar certo.

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A galera da Royalpixel teve uma oportunidade de conversar com William Joyce sobre processo criativo, imaginação e o que faz boas histórias. Confira o que ele nos disse:

Na sua opinião, o que torna uma história ótima?
Aquela sensação de desespero para descobrir o que acontece em seguida.

Acredito que aplicativos ou qualquer nova tecnologia são apenas novas formas para se contar uma história. Se isso pode interessar não-leitores e torná-los leitores, então bravo!

Você se sente mais como um escritor que ilustra ou um ilustrador que escreve?
Eu pinto. Eu escrevo. Ambas as artes contam uma história. Então, sou um contador de histórias.

O que influencia você como um artista e um autor? O que você assistia quando criança?
Eu precisaria de uma enciclopédia. Sou a primeira geração de crianças com televisão. Meu cérebro foi soldado ao circuito de nosso aparelho de TV preto e branco RCA Viewmaster. Todos os dias e noites eu via toda a polpa do passado, presente e futuro que a televisão tinha a oferecer. Também havia os quadrinhos, minha família e outros ilustradores.

Eu pinto. Eu escrevo. Ambas as artes contam uma história. Então, sou um contador de histórias.

Quem são seus heróis na animação com que você já trabalhou?
Max Fleischer. Gustaf Tenggren. Windsor McKay. Lotte Reiniger. Maurice Sendak. Steven Spielberg. Eu acredito que Hitchcock, Frank Capra e John Ford seriam diretores de animação. Seus filmes são tão estilizados. Eles são tão fora da realidade quanto os desenhos, mas eles fazem com que você acredite em suas realidades.

O que você acredita que estaria fazendo se não fosse um contador de histórias?
Não tenho ideia, mas gostaria de ser várias coisas, em ordem de preferência:
1. James Bond
2. Robin Hood
3. Groucho Marx
4. Qualquer um dos maridos de Ava Gardner.

De onde vem sua inspiração criativa?
De tudo. De todos. De qualquer lugar.

Quanto de sua experiência pessoal você usa nas histórias que você cria?
Mais do que eu gostaria ou do que estou consciente.

Eu acredito que Hitchcock, Frank Capra e John Ford seriam diretores de animação. Seus filmes são tão estilizados

Até aqui, você já produziu livros, ilustrações, animações, filmes, programas de TV e aplicativos. Há uma aproximação diferente para cada uma delas? Qual é a mais satisfatória?
Todas elas têm seus prazeres em particular. Todas elas têm um jeito diferente de se apresentar uma história. A questão é como cada meio pode ser melhor utilizado para envolver e encantar o público.

Como é o processo inicial de desenvolvimento e produção de um projeto para você?
É o paraíso. Você está inventando um mundo em que você gostaria de estar.

O que você acha do processo direcionado pelo storyboard?
Eu acredito que é consideravelmente mais divertido que varrer, limpar ou cavar valas.

Você pode falar sobre o processo de desenvolvimento de Reino Escondido (Epic)? É difícil ver suas ideias mexidas, adaptadas e transformadas em algo novo?
O processo foi longo. Foi bastante colaborativo. Só era difícil quando eu estava certo e eles errados. Mas com Epic e Rise of the Guardians (A Origem dos Guardiões) isso não aconteceu com muita frequência.

Qual a contribuição que a tecnologia traz para a leitura e como o Moonbot Studios a usa em seus aplicativos?
Acredito que aplicativos ou qualquer nova tecnologia são apenas novas formas para se contar uma história. Se isso pode interessar não-leitores e torná-los leitores, então bravo!

Trabalho bem-feito.

O que você aprendeu com o lançamento da Moonbot?
Que ser o chefe é muito divertido, muito satisfatório, nos faz mais humildes e é muito enriquecedor em cada experiência e emoção. E algumas vezes é também um pouco solitário.

Quais as vantagens e desvantagens de se trabalhar na Louisiana?
A comida é maravilhosa. As pessoas são deliciosamente estranhas e gentis. Shreveport é um ótimo lugar para se observar a condição humana, em toda sua glória peculiar.

Ser o chefe é muito divertido, muito satisfatório, nos faz mais humildes e é muito enriquecedor em cada experiência e emoção. E algumas vezes é também um pouco solitário.

O que vem por aí?
A curto prazo, para mim é:
No outono, um livro ilustrado chamado The Mischievians, sobre todas aquelas coisas que todo mundo se pergunta – para onde vão aqueles pé de meia perdidos, e de onde vem aqueles fiapos de algodão do umbigo? – Também será lançado o próximo livro da série Guardians of Childhood, Sandman and the War of Dreams. O Moonbot está produzindo diversos curtas, um deles baseado no aplicativo The Numberlys.

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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