Eduardo Kobra Mural

Afin de rendre hommage au défunt architecte brésilien Oscar Niemeyer, l’artiste Edouardo Kobra a réalisé cette superbe peinture murale de 52 mètres de haut sur 16 de large. Située à Sao Paulo sur Paulista Avenue, cette création colorée est un magnifique clin d’oeil à ce grand monsieur de l’architecture.

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Coca-Cola faz homenagem a Oscar Niemeyer

Ontem a Coca-Cola postou em seu Facebook um lindo poster em homenagem à Oscar Niemeyer.

A ilustração pegou carona na curva do edifício Copan, uma das mais conhecidas obras de Niemeyer, e fez uma junção com a curva da identidade da Coca-Cola. Lindo!

“Se a reta é o caminho mais curto entre dois pontos, a curva é o que faz o concreto buscar o infinito.” Oscar Niemeyer

A criação é da JWT Brasil e da Mutato, com idéia de Pablo Lobo Filipe Cuvero.

 

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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O drywall do Niemeyer

Nota do Editor: Ontem, logo após o anúncio da morte de Oscar Niemeyer, vi o glorioso Pedro Guerra contando no Twitter sobre uma breve experiência profissional e publicitária com o arquiteto. Na mesma hora pensei, essa história merece um post no B9. Enchi o saco dele, e aí está. Um belo exemplo de que nem tudo está à venda, e podemos até nos orgulhar quando um trabalho dá “errado”. [Carlos Merigo]

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O trabalho de naming (nomear, dar nome, caraio!) é dos mais ingratos. Embora tenhamos que obedecer certos critérios estabelecidos pelo brief, todo o resto é absolutamente subjetivo. Pepsi mais parece nome de enzima. Tem certeza que Picanto é um bom nome para um carro ou para qualquer outra coisa? E Cafusa? Uma bola tem que pelo menos saber para onde vai… Meu dupla e grande compadre Kleyton Mourão é exemplo vivo de que pais e mães não raramente se dão mal neste departamento.

Pois bem, anos atrás recebemos um pedido para criar e desenvolver a programação visual para um novo serviço de um grande banco estatal, destinado a clientes do segmento que normalmente se chama de premium. O Banco Real tinha o Van Gogh, o Itaú tinha o Personalité. Esse banco queria criar o seu. E para isso pediu um nome que fosse sinônimo de brasilidade, que designasse elegância e que fosse internacionalizável, de expressão global.

Fizemos dezenas de exemplos, e dentre alguns escolhidos para apresentarmos ao cliente tinha o “Niemeyer”. Eles adoraram, aprovaram na hora. Voltamos para a agência começamos o trabalho visual. Lembro que o logo foi feito com aquelas linhas frágeis, traçadas meio sem força ou convicção, com as quais normalmente o Niemeyer desenhava os seus croquis. Eram linhas brancas num fundo azul marinho, representando uma menina tentando alcançar uma estrela. Tudo muito elegante: envelopes, timbrados, placas de sinalização, letreiros, enfim.

Meu fiapo de ligacão com o gênio se partiu como se fosse feito de drywall.

Fizemos o famoso book (livro, porra!) com todas as peças, tudo aprovado pelo cliente. Agora era apresentar para o próprio Niemeyer e ver o que um dos maiores expoentes da arquitetura moderna tinha a falar sobre o assunto. E ele respondeu assim, ó:

– Não.

Lembro até que o “til” era bem sinuoso, meio parecido com o Copan. Ficamos decepcionados. O Niemeyer disse que não queria ter seu nome associado a um banco, mesmo que fosse um banco estatal. Há outra versão para a reprovacão. Ele teria dito que não era tão importante para merecer tal distinção.

O fato concreto, sem trocadilho, é que meu fiapo de ligacão com o gênio se partiu assim, como se fosse feito de drywall. E se me perguntarem qual das duas versões da recusa do Niemeyer eu acredito, digo que é a segunda. Aí eu posso falar pros meus filhos, acochambrando um pouco a realidade, que o Niemeyer não se sentia a altura do trabalho que eu tinha feito.

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Adeus, Oscar Niemeyer

Carioca, nascido em 1907, Oscar Niemeyer foi, inquestionavelmente, sinônimo de arquitetura: não só para nós, brasileiros, mas para outras nações que tem a honra de abrigar criações desse mestre. Perspicaz, inteligente, audacioso e decisivo (chegou a mandar Gropius, fundador da Bauhaus, a merda) assinou boa parte dos mais impressionantes projetos arquitetônicos do país, não só com um grande toque de liberdade em seu traço, mas também com um estudo muito apurado nas tecnologias aplicadas: como o concreto armado. Pôde, assim, criar projetos singulares, como o MAC em Niterói, o Museu Niemeyer em Curitiba e tantos outros.

“A gente tem que sonhar, senão as coisas não acontecem.”

“Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein.”

“Existem apenas dois segredos para manter a lucidez na minha idade:
o primeiro é manter a memória em dia. O segundo eu não me lembro.”

Comunista, sempre aplicou seus ideais políticos aos projetos: grandes espaços e dimensões exageradas, que mostravam preocupação com “o povo”, e não apenas “com o homem” – conceito comum na história da arquitetura que antecede Dührer. Chegou a se exilar na França durante a ditadura brasileira, aproveitando o período na Europa para conhecer a URSS e parte de seus líderes socialistas. Pouco tempo depois recebeu um convite para lecionar arquitetura na Yale, mas teve seu visto negado por conta de sua posição política. Ainda assim chegou a assinar projetos para os americanos, como a Sede das Nações Unidas, em parceria com Le Corbusier.

“Não me sinto importante. Arquitetura é meu jeito de expressar meus ideais: ser simples, criar um mundo igualitário para todos, olhar as pessoas com otimismo. Eu não quero nada além da felicidade geral.”

Primeiro brasileiro a vencer um Pritzker (prêmio arquitetônico mais importante do mundo; seguido pelo segundo e último brasileiro a vencer, Paulo Mendes da Rocha, já citado aqui no B9), Niemeyer deixa esse mundo com uma infinidade de obras a serem contempladas e estudadas.

E provavelmente uma mente que nunca será compreendida, graças ao seu brilhantismo e sua visão única. Um gênio.

Que viveu mais do que se esperava.
Criou mais do que o possível.
E desse forma, reinventou também o sentido de viver.

Adeus, Oscar Niemeyer.
(1907 – 2012)

“A vida é um sopro.”

Listamos abaixo algumas de suas criações mais importantes, que merecem ser recordadas:

Museu de Arte Moderna de Niterói

Museu de Arte Moderna de Niterói

Museu Oscar Niemeyer

Igreja São Francisco de Assis

Edifício Niemeyer

Esplanada dos Ministérios

Museu Nacional da República

Memorial da América Latina

Ponte Juscelino Kubitschek

Palácio da Alvorada

Edifício Copan

Catedral de Brasília

Auditório Ibirapuera

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Quando Oscar Niemeyer mandou o fundador da Bauhaus a merda

Em 1951 o arquiteto Oscar Niemeyer projetou sua nova residência em São Conrado, no Rio de Janeiro. E apresentou o projeto, conhecido como “Casa das Canoas”, assim:

Minha preocupação foi projetar essa residência com inteira liberdade, adaptando-a aos desníveis do terreno, sem o modificar, fazendo-a em curvas, de forma a permitir que a vegetação nelas penetrasse, sem a separação ostensiva da linha reta.

Dois anos depois, o fundador da Bauhaus Walter Gropius – que havia recentemente abandonado seu cargo como Diretor da Escola de Arquitetura de Harvard – veio ao Brasil para ser jurado do Prêmio de Arquitetura da 2ª Bienal de São Paulo. E como era de se imaginar, os dois genios se encontraram e Niemeyer o convidou para uma visita na Casa das Canoas.

Gropius, precursor do funcionalismo e radicalmente contra o pensamento singular e individualista na arquitetura e no design, conheceu a tal casa, e comentou:

“Sua casa é bonita, mas não é multiplicável”.

Niemeyer ficou puto. E nitidamente ergueu essa discussão como uma bandeira. E disse ao Correio Braziliense:

E o chefe do negócio, o Walter Gropius, era um babaca completo.

“A Bauhaus, que é a turma mais imbecil que apareceu, chamava a arquitetura de a casa habitat. Não interessava a forma, desde que o quarto estivesse perto do banheiro, a cozinha perto da sala e funcionasse bem. Foi um período de burrice que conseguimos vencer. A escola que eles construíram nunca ninguém pensou nela, porque não tem interesse nenhum, ninguém nunca ouviu falar. E o chefe do negócio, o Walter Gropius, era um babaca completo. Ele foi na minha casa nas Canoas, subiu comigo e disse a maior besteira que já ouvi: “Sua casa é muito bonita, mas não é multiplicável”. Pensei: que filho da puta! Para ser multiplicável teria que ser em terreno plano, teria que procurar um terreno igual e meu objetivo não era uma casa multiplicável, era uma casa boa para eu morar. Eles eram assim, sem brilho nenhum. E o trabalho que ele deixou é um monte de casas que se repetem. Foi um momento que ameaçou a arquitetura, mas Le Corbusier e os outros reagiram. Foi um momento em que a burrice queria entrar na arquitetura, mas foi reprimida.”

É claro que nenhum deles estava certo – ou errado. Tanto Gropius quanto Niemeyer são nomes cravados na história da arquitetura, com pensamentos e características únicas. E mesmo Niemeyer, que criticou com mão de ferro a Bauhaus, com certeza a usou como inspiração para desenvolver os Ministérios de Brasília, assim como toda a gama de prédios residenciais e comerciais na nova capital do país: projetos multiplicáveis, funcionais e pensados para o “todo”, e não no indivíduo.

E quanto a nós, mortais, resta continuar pesquisando, estudando e (com sorte) um dia começar a entender tudo o que esses caras deixaram para nós. :)

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