Campus Party Brasil: Ford apresenta o Developer Program

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Pela primeira vez em seis edições, uma montadora de carros participa da Campus Party Brasil. Se à primeira vista pareceu uma estranha associação, na verdade começou a fazer sentido depois que Scott Monty, líder global de mídias sociais da Ford, apresentou aos campuseiros o Developer Program, anunciado no início do mês na CES.

Em resumo, a montadora criou um kit para que os desenvolvedores criem aplicativos para smartphones, acessíveis por comandos de voz e que funcionem de maneira integrada com os carros pelo sistema Sync AppLink. O B9 esteve por lá e conversou com exclusividade com Scott Monty sobre a Ford, mídias sociais e o futuro do marketing digital.

Antes de continuar lendo este post, eis o que você precisa saber: além do trabalho na Ford, Scott Monty é blogueiro, podcaster e colaborador de vários veículos, como The Wall Street Journal, CNN e NBC, entre outros. Em 2011, esteve na lista dos top 10 influenciadores em social media da Forbes. Mesmo falando de mídias sociais de uma forma geral, seus exemplos em algum momento esbarram nas experiências da Ford, onde está desde 2008.

Estratégia

Existe uma crença hoje em dia de que uma marca só existe de verdade se está presente nas redes sociais. Criar um perfil ou página e postar qualquer coisa por lá não é o suficiente, é importante ter uma estratégia.

“É preciso pensar o que motiva você como empresa e onde as redes sociais se encaixam no seu plano de negócios. Na Ford, tudo o que fazemos em mídias sociais está ligado às metas que precisamos atingir: melhorar a reputação da empresa e ajudar a divulgar as vantagens do produto. Fora isso, é perda de tempo. Não fazemos social media porque é legal”.

Outro ponto importante é que cada rede social tem suas particularidades que devem ser levadas em conta na hora de produzir conteúdo, mas conhecer e entender seu público é fundamental para tornar essa comunicação eficiente. E, falando em público-alvo, você sabe onde o seu está?

“É claro que todas as marcas querem estar onde as pessoas estão. Mas se o seu público não está em determinada plataforma, não perca seu tempo com ela. Todo mundo acha que precisa ter uma página no Facebook, mas por quê? Você já fez uma pesquisa, verificou os números para ver se vale a pena?”, questiona.

Um bom analytics combinado com um instinto apurado sobre como seu conteúdo está sendo recebido são ferramentas eficientes para verificar se a estratégia está funcionando ou se precisa ser revista.

ford

Contexto é rei

Em 1996, Bill Gates escreveu um texto chamado “O conteúdo é rei”. Quase duas décadas depois, o conteúdo permanece importante, mas o que define sua relevância é o contexto. “Todo mundo está falando ao mesmo tempo. O contexto ajuda a nos livramos dos ruídos, a sintonizar a conversa e criar relações de confiança com as pessoas”, explica o executivo.

Quem fica com as mídias sociais?

Quem deve ficar com a bola das mídias sociais, o departamento de marketing ou de relações públicas? E o serviço de atendimento ao consumidor, onde entra? Para o executivo, esta divisão é equivocada e o ideal seria um trabalho integrado.

“O social não se dá em um único departamento. Eu sou da comunicação, mas o marketing tem um lugar na mesa, assim como o atendimento ao consumidor. Ignorar o marketing quando você está fazendo social significa que você está deixando para trás uma chance de ver aquele conteúdo amplificado”.

Nos próximos anos, inclusive, a Ford conta com um plano bastante ambicioso: fornecer meios para que todos os funcionários e departamentos da empresa que assim quiserem possam estar nas redes sociais, do design à manufatura. Sob uma orientação centralizada, é claro.

Ford x Social Media

A estratégia de ter pessoas de diferentes setores falando pela empresa – aliado ao fato de a família de Henry Ford ainda ser dona da maior parte das ações – permite que a Ford se posicione de uma maneira mais humana do que qualquer outra montadora, criando uma relação de confiança com o consumidor. “Hoje em dia, em tudo o que fazemos, nós tentamos ajudar as pessoas a entenderem quem são os funcionários por trás da marca, quem cria o design do carro, quem são os outros consumidores com os quais você pode se relacionar, que também são proprietários de carros da Ford.”

Isso não quer dizer que o fator humano irá funcionar para todas as marcas. “Não importa quem você é como marca nas mídias sociais, mas depende de você ser verdadeiro. As pessoas vão perceber se você não for autêntico.”

#SteerTheScript

Desde os anos 1990, a Lincoln não anuncia no Super Bowl. Agora com o nome Lincoln Motor Co., a marca caminha para um renascimento que será marcado pelo comercial que vai ao ar no jogo de domingo. No final do ano passado, Jimmy Fallon foi encarregado de pedir que as pessoas tuítassem suas “road stories” com a hashtag #SteerTheScript.

As cinco melhores foram escolhidas para fazer parte do roteiro do comercial do Super Bowl, que poderá ser visto já a partir de sexta-feira. “Foi um risco que corremos”, admite.

“É sempre um risco quando você entrega sua marca nas mãos do consumidor, especialmente se é uma marca que ainda está buscando se firmar como a Lincoln, que quer mostrar que é progressiva, moderna e ao mesmo tempo aconchegante”.

Futuro Mobile

Ao se falar em futuro do marketing digital, Scott Monty tem apenas uma palavra: mobile. Hoje em dia os dispositivos móveis estão cada vez mais presentes no dia a dia das pessoas, o que exige das marcas um maior entendimento sobre como seus consumidores se relacionam com eles.

Nos próximos anos, será muito difícil pensar em experiências de marca sem incluir o mobile. A Ford está apostando nessa ideia com o lançamento do Ford Developer Program, pois defende que o Sync AppLink pode tornar a experiência de dirigir um carro melhor e mais segura, já que o motorista pode usar comandos de voz para acessar seu smartphone.

Por enquanto, o programa está trabalhando com três categorias (tanto nos sistemas iOS quanto Android): Notícias e Informação, Música e Entretenimento, e Navegação e Localização. Todos os aplicativos passarão pela análise da Ford, que depois irá trabalhar em parceria com os desenvolvedores para providenciar a distribuição.

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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Campus Party 5: Diário de Campo

Segunda, 06.02.12

Primeiro dia, chego curiosa para conhecer as novas instalações, este ano foi no Anhembi. Como já aprendi em outras edições, melhor chegar à noite, assim não demora tanto para registrar o equipamento e ocupar minha barraca. Apesar da chegada tranquila, parece quase impossível achar um lugar com cabo de rede vago na bancada, e olha que estamos apenas no primeiro dia.

Ao dar meu check-in do Foursquare sou avisada por um campuseiro que a latinha de refrigerante custa R$5,00. Só falta agora ter que trazer comida e bebida para a Campus. Dentro da arena, além de dois quiosques de alimentação bem improvisados, tem algumas vending machine de energético, dois carrinhos de açaí e dois de sorvete.

Os gritos de “Ooooooohhhhhh” não são mais novidade, também já não era nas últimas duas edições. Aliás, pelo que parece não tem novidade alguma, não sei se isso é pessimismo, mas acho melhor deixar a semana rolar para saber se terá algo de diferente. Até amanhã.

Terça, 07.02.12

Primeiro dia de palestras, oficinas e debates. Minha agenda está lotada mas não sei bem por onde começar então resolvo seguir meus instintos. A escolha é começar pela palestra de Andreu Veà no palco principal às 13:00. Faço meu check-in do Foursquare e libero o badge Super Duper Swarm, correspondente a 500 pessoas checked-in de uma só vez. Fico sabendo que o desafio é conseguir o badge de 1.000 pessoas (Epic Swarm), estão comentando que para isso temos que fazer um checked-in na sexta-feira dia 10 às 21:00.

O calor aumenta exponencialmente, sentada na plateia do palco principal, me arrependo de estar com meu note ligado no colo. A palestra é um tanto estranha um tanto interessante, Andreu diz que muita coisa sobre a história do surgimento da internet é lenda. Ele fala de sua pesquisa em Stanford. Não sei como está aguentando o calor vestindo seu terno abotoado e gravata. No final vou falar com ele, o cara é uma figura e muito simpático. A disputa por vagas na bancada é acirrada, nunca foi tão difícil conseguir uma tomada e um cabo de rede.

Cai um temporal e cai também a divisória da área dos stands, mas o vento frio veio como um alívio então nem me abalei com o ocorrido. Finalmente consegui um lugar perto e longe o suficiente do palco principal. Quero assistir a palestra de Sugata Mitra, mas graças a transmissão ao vivo resolvo fazer isso de lá mesmo. O cara tem uma proposta interessante, experimentos em favelas com um computador e câmeras registrando a reação das crianças em contato com a máquina. Ele chega comentar que os professores podem ser substituídos pelas máquinas, claro com acesso a internet. É para se pensar no assunto.

Quarta, 08.02.12

Sigo com a minha fiel escudeira Carol Higo, companheira de longa data e das minhas quatro edições na Campus. Ela é super sociável e basta um segundo para estar conversando com alguém diferente. Neste momento ela conheceu o Campuseiro de credencial Nº 01 do evento. Ele diz que os kits do evento serão distribuídos a partir de amanhã, o pessoal estava estranhando bastante não ter recebido nada na chegada. Além disso outra informação deixa todo mundo preocupado, barracas estão sendo rasgadas e roubadas na área do camping. A segurança este ano realmente não é um ponto forte do evento.

Sou vencida pelo cansaço e pelo calor e resolvo passar o dia em casa. Já em casa e muito bem instalada assisto a palestra que seria de longe a melhor do evento. Neil Harbisson, o 1º Ciborgue reconhecido por um governo. Esse artista audiovisual e presidente da Fundação Cyborg tem um defeito na visão chamado acromatopsia  que faz com que ele só enxergue as cores preto, branco e cinza.

Ele tem um equipamento acoplado em sua cabeça chamado eyeborg que registra as cores e transmite sons, assim ele pode “enxergar colorido”, através dos sentidos. A colocação mais interessante que ele fez foi dizer, que nós somos laranja, que brancos são laranja claro e negros laranja escuro. A apresentação foi brilhante e sua  visão única é uma aula de magia e perseverança.

Quinta, 09.02.12

Nesta noite a área de camping foi invadida por um bando de gente sem noção, fazendo barulho sem deixar as pessoas descansarem em paz. A organização se ateve a enviar um email pedindo silêncio na área de camping. A boa notícia é que a Sabesp irá disponibilizar um caminhão para entregar água de graça na frente do pavilhão.

A organização poderia também distribuir mais ventiladores pela arena e avaliar se não seria melhor realizar o evento no mês de junho. Hoje estou bem dispersa, acho que é o efeito de ficar fechada no mesmo lugar. Começo então a reparar mais nos participantes, tentando avaliar se mudou alguma coisa da edição anterior.

O número de mulheres aumentou, mas isso tem acontecido no decorrer dos anos. Os grupos parecem maiores e as pessoas cada vez mais novas, tem até uma menina de 11 anos. Todo o momento, vemos pessoas correndo atrás de brinde, na sua maioria promoções relâmpago divulgadas via Twitter. A camiseta mais usada na arena tem os dizeres: “Nerd sim, e daí?”

A luta por um cabo de rede e uma tomada está cada vez mais demorada.

Sexta, 10.02.12

Mais um dia como sobrevivente no deserto do Sahara!

Pelo menos, tenho me divertido com o Tumblr que criaram aqui na CP o cpbraovivo.tumblr.com. O fato de estar por aqui, ver as pessoas e os palestrantes retratados fica bem mais engraçado. Por causa do problema de lugar nas bancadas o meu grupo se dividiu, estamos cada um em um canto torcendo para que mais tarde o número de pessoas diminua.

Hoje teve um debate com web-celebridades. Participaram Rafinha Bastos, Rodrigo Fernandes (Jacaré Banguela), PC Siqueira, Maurício Cid (Não Salve) e Rosana Hermann (Querido Leitor). O ponto mais importante que eles ressaltaram foi o fato de que os comediantes não podem sofrer censura, seria um risco muito grande de suas piadas perderem a graça. Até aí nenhuma novidade.

A tarde acompanhei a curta apresentação de Leila Nachawati, blogueira sírio-espanhola.  Esta corajosa mulher é defensora dos direitos-humanos, e ressaltou a importância da internet como fonte de informação e também o poder das câmeras de celulares registrando fatos reais para alertar o mundo.

Para finalizar o ciclo de palestras de hoje assisti a apresentação de Julien Forgeau, executivo da Rovio responsável pelo aclamado jogo “Angry Birds”. Ele é um cara do bem, nada egocêntrico, que valoriza muito mais o companheirismo do que simplesmente uma carreira de sucesso. Quando perguntado se tivesse que dar um único conselho, qual seria ele disse: “fracasse, quantas vezes você puder, fracassar é a melhor lição que você pode levar”.

Fico por aqui, mas espero voltar em breve pois minha tradição na Campus é tentar passar a noite de sexta para sábado acordada, veremos se conseguirei desta vez.

Sábado, 11.02.12

O sábado começa e estou aqui acordada firme e forte. A movimentação do momento fica por conta do flashmob da maior festa do pijama de todos os tempos. O pessoal está em fila vestindo os pijamas que vieram no kit do evento, enquanto de fundo toca AC/DC.

A mocinha da pizza delivery passa gritando “muzzarela quem vai querer?”, aí não tem como não pensar que estou no meio de uma feira livre. Agora são 2:40 e a trolada da madrugada é de um grupo de pessoas em fila brincando de sombra. Às 5:00 sou vencida pelo cansaço e vou dormir.

Acordo com aquela sensação de maresia nos olhos e pronta para uma palestra da área de astronomia e descubro que ela foi cancelada. Tomo café me instalo na bancada para esperar a palestra de Michio Kaku no palco principal. Considerado o “físico do impossível”, sua tarefa é transmitir para o mundo grandes teorias na área. Hoje ele se ateve a falar sobre suas previsões sobre o futuro, por exemplo que daqui a dez anos não existirão computadores e sim óculos e lentes com acesso a internet fornecendo qualquer tipo de informação.

Game over, decidi ir para minha casa, porque a última noite na Campus costuma ser terra de ninguém. Todos os anos eu penso: I’m too old for this, mas no primeiro dia de inscrição lá vou eu comprar o meu pacote para a próxima edição.

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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