Uma visita à Oficina Tipográfica

Marcos Mello é Diretor-Presidente da Oficina Tipográfica São Paulo, artista plástico e designer gráfico. Formado pela Waldorfschulen em Artes Gráficas; Curso superior de Artes Plásticas pela FAAP; Pedagogia (Unicastelo); Pós-Graduação em Design Gráfico na Faculdade de Belas Artes de São Paulo. É mestre em Educação, Arte e História da Cultura pelo Mackenzie. Doutorando em História Social – USP. Professor da Universidade Anhembi Morumbi e colaborador da revista Tupigrafia.

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Formada na década de 90 por Marcos Mello, Cláudio Rocha e Cláudio Ferlauto (que hoje não faz mais parte), a Oficina nasceu com o intuito de dar vazão a experimentação com a linguagem tipográfica. E dentro de um cenário de investigação e garimpo, um acervo fantástico surgiu ao longo dos últimos anos. Isto, somado ao interesse e curiosidade não só dos fundadores, mas de outros artistas, transformou o projeto em um laboratório: onde profissionais (mesmo de outras áreas), tipógrafos e criativos aqueciam o espaço circulando livremente, testando equipamentos, técnicas e discutindo idéias.

Não demorou muito para que surgisse a idéia de abrir o espaço para o público, oferecendo cursos e trazendo à tona esse universo – que possui uma forte carga histórica e cultural para a formação do design.

“O primeiro grupo de estudantes veio da ESDI, do Rio. Colocaram todos os alunos numa van e vieram para um curso de dois dias. Nossa idéia era fazer uma aproximação e uma abordagem diferente com tudo isso. Pois todo princípio que move e articula a página impressa e a linguagem da tipografia está aqui. Os princípios estão aqui.”, conta Marcos Mello.

Diferente do Brasil, várias escolas pelo mundo ainda mantém os mesmos princípios tipográficos do passado, garantindo que o ensino dos fundamentos do design gráfico comecem dentro de uma aula como as oferecidas na Oficina Tipográfica São Paulo. No entanto, Marcos comentou acreditar que nos últimos anos a preocupação com o estudo tipográfico começou a ganhar a devida atenção – graças ao mercado que exige respostas rápidas e alta capacitação de grande parte dos profissionais.

“Não pode haver distanciamento entre esses universos. A habilidade com tipografia surge a partir do momento em que você sabe manusear, distinguir, compor, observar e buscar estreitamento com esse assunto.”

Uma das centenas de caixas com tipos

“Não é a quantidade de fontes que você tem no computador que te transformará num bom designer.”

Apesar do Brasil ter um bom cenário tipográfico, é óbvio que não podemos nos comparar com países europeus (que antes de tudo foram o berço dessa tecnologia). No entanto, todo o trabalho realizado pela Oficina tem capacitado profissionais e pulverizando (em outras instituições e cidades) toda a importância do que está implícito na era do tipo móvel – e automaticamente inserido na linguagem e tecnologia que usamos hoje. E justamente por tudo isso fica claro que a missão mais importante da Oficina não é preservar equipamentos, mas sim o conhecimento.

A diferença entre as tecnologias é enorme. Hoje em dia podemos barbarizar num Illustrator e imprimir. Mas a composição de tipos móveis exige um raciocínio mais profundo: que esteja correto no sentido de estrutura física, pensando não só em cada letra, mas principalmente no espaço ao redor delas. E talvez essa seja a maior beleza nisso tudo.

Composição tipográfica pronta para ser transferida para a rama.

A composição da forma é tão importante quanto a do vazio.

O mundo digital representa o aprimoramento de outras tecnologias. E, analisando a conexão entre passado e presente, pergunto: será que para termos uma formação completa e quebrar as regras não é necessário dar um passo pra trás e conhecê-las a fundo? Talvez por isso a Oficina não ofereça cursos no sentido de formar tipógrafos como antigamente, mas sim de contextualizar os elos entre os dois mundos, para que a nova geração de profissionais entenda a origem e razão das coisas.

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> Para conhecer a Oficina e o processo de criação, assista ao vídeo acima.
> Para conhecer o projeto e os cursos, acesse o site.
> Assista outras edições do B9 TALK:
B9 TALK #1 > A divergência entre Hitler e a Bauhaus.
B9 TALK #2 > Música e Cultura nos anos 70.

Direção: Saulo Mileti
Fotografia: Cláudia Capuzzo
Trilha: Dennis Ortega
Áudio: Henrique Ribeiro
Edição e finalização: Colosseo.
Conteúdo: BRAINSTORM9

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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B9 TALK: Música e Cultura nos anos 70

Benny Fischer é Gerente de Conteúdo do portal SWU, publicitário e também colecionador de discos. Foi o segundo convidado para o B9 TALK.

Pauta da Entrevista: A influência pós The Beatles nos anos 70; O momento sócio-político americano; A invenção do Jazz Elétrico; A convergência da Blaxploitation com a música; Disco Music; O nascimento do Heavy Metal; A música Industrial Alemã; A ideologia, cultura e música do movimento Punk.


Roteiro: Saulo Mileti
Direção: Carlos Merigo / Saulo Mileti
Fotografia: Cláudia Capuzzo
Trilha: Alessandro Ortega
Edição e finalização: MEDIA9
Conteúdo: BRAINSTORM9

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B9 TALK: A divergência entre Hitler e a Bauhaus

Giovanni Bagnoli é Mestre em História da Arte, Design e também Artes Plásticas. Italiano, vive no Brasil há bastante tempo e é nosso primeiro convidado para o B9 TALK.

Pauta da Entrevista: A razão que levou o governo nacional socialista de Hitler fechar a Bauhaus; A “Arte Degenerada” do Ministro Joseph Goebbels; As consequências e implicações desse desmantelamento no meio artístico; A influência dos diretores, professores e alunos da Bauhaus nos Estados Unidos da América; A comunicação Bolchevista durante o Stalinismo.


Roteiro: Saulo Mileti
Direção: Carlos Merigo / Saulo Mileti
Fotografia: Cláudia Capuzzo
Trilha: Alessandro Ortega
Edição e finalização: MEDIA9
Conteúdo: BRAINSTORM9

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Um breve pensamento sobre o B9 TALK

Não posso reclamar da liberdade que o Brainstorm9 me deu desde que entrei para a equipe (em março de 2011). Inventamos app pra iPad com a TaxiLabs, mudamos por completo o layout do site, do logo, as novas categorias (como fotografia, arquitetura) e nunca faltou o apoio total do Merigo, dirigente do B9 Futebol Clube.

E com o B9 TALK – projeto que apresentarei para vocês – não foi diferente.

Em agosto de 2011 publiquei um texto debatendo sobre como o excesso de conteúdo que consumimos diariamente na web é, em grande parte dos casos, raso e superficial. E chegamos até a discutir sobre esse assunto no NBC, com o Cris Dias, Saman Rahmanian (Tribal DDB/NY) e o Tom Le Bree (Rehab Studio).

O tempo passou e eu fiquei com aquela pulga atrás da orelha. Afinal, como comunicador, existe uma responsabilidade muito grande na hora de clicar em “publicar”.

E justamente por isso (no final de novembro) comecei a rabiscar este projeto, batizado de B9 TALK: Uma série de 10 entrevistas, com convidados inusitados e que não pertencem ao mainstream. Tudo desenvolvido meticulosamente no sentido de levar à audiência do site a reflexão de um conteúdo profundo, inteligente e rico em opiniões.

Estou absolutamente feliz em entregar isto para vocês… amanhã. :)

E se preparem, pois na sequência virão outros 9 programas! Obrigado Cláudia CapuzzoAlessandro Ortega e Merigo. Sem vocês isso jamais teria saído do papel.

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