Campanhas colocam assédio sexual em evidência

Inconveniente: que não é conveniente, que é importuno, impróprio. Acontecimento que embaraça, importuna, incomoda. É desta maneira que muitas mulheres definem o comportamento de um homem quando ele as aborda em um local público, usando um “elogio” como uma espécie de disfarce para a intimidação – às vezes, até muito mais do que isso, quando o verbal se transforma em físico. Agora, duas campanhas, uma nos Estados Unidos e outra no Brasil, resolveram colocar o assédio masculino em evidência, criando um grande zum-zum-zum na internet.

E como é que esse assunto veio parar até aqui, no Brainstorm9? Basta uma rápida busca pelo nosso arquivo e você irá encontrar diversas campanhas relacionadas à violência contra a mulher no ambiente doméstico, geralmente caracterizada por agressões verbais, psicológicas e físicas. O que a gente percebe nestas ações é que existe um grande incentivo para que as vítimas denunciem seus agressores, já que a maioria costuma ficar em silêncio por medo ou vergonha.

Romper o silêncio, entretanto, não é uma tarefa fácil. Significa ter de se expor, de admitir que não se é tão forte e segura quanto se gostaria, e ainda por cima ser julgada, como se fosse sua a culpa pela violência sofrida. São sentimentos confusos, muito parecidos com os de quem sofre assédio em locais públicos, um tipo de violência tão comum para muitas mulheres quanto ignorado pela sociedade em geral .

Seja para o bem ou para o mal, o assunto parece estar começando a ganhar certa atenção – apesar de as opiniões em relação a ele estarem longe de um consenso. À frente desta cruzada contra as abordagens intimidatórias estão a artista plástica Tatyana Fazlalizadeh, nos Estados Unidos, e a jornalista Juliana de Faria, no Brasil.

Nos EUA, Tatyana resolveu dar um basta – ou ao menos tentar – no assédio sofrido pelas mulheres nas ruas de Nova York e Filadélfia, usando a arte como sua principal arma. Stop Telling Women to Smile é uma série de cartazes com ilustrações e frases que falam diretamente aos ofensores, atualmente em fase de captação de recursos no Kickstarter para percorrer outras cidades dos Estados Unidos.

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Na descrição do projeto, a artista conta que começou o STWTS como uma forma de explorar o ativismo social por meio da arte nas ruas, usando ilustrações de mulheres – algumas, amigas dela – para dar rostos e vozes aos corpos sexualizados. As histórias dos assédios sofridos no espaço público inspiram o texto que acompanha a imagem da pessoa retratada.

Ao levar o Stop Telling Women to Smile para outros lugares, Tatyana planeja repetir o trabalho com as mulheres de cada cidade, ouvindo suas experiências e retratando-as nos cartazes, que depois serão espalhados localmente. Para a artista, será uma forma de aprender como o assédio acontece nas ruas e como as mulheres reagem a ele em diferentes pontos do país, e desta forma criar trabalhos que reflitam melhor aquela comunidade.

Na primeira leva, por exemplo, espalhada pela região de Nova York, as mensagens dizem “Pare de dizer às mulheres para sorrirem”, “Minha roupa não é um convite”, “As mulheres não estão na rua para o seu entretenimento”, “As mulheres não estão em busca da sua validação”, “Meu nome não é baby, pequena, docinho, querida, linda, buu, coração…”, “Críticas ao meu corpo não são bem-vindas”, “Mulheres não devem a você seu tempo ou sua conversa”.

Na primeira leva, espalhada pela região de Nova York, há mensagens como “Minha roupa não é um convite”

A princípio, Tatyana estabeleceu uma meta de US$ 15 mil no Kickstarter, a ser atingida até o dia 3 de outubro. A alguns dias do prazo final, ela já arrecadou mais de US$ 29 mil. Com o sucesso muito além do esperado, a artista está estudando formas de expandir o projeto, talvez incluindo outras cidades além das já definidas – entre elas Baltimore, Boston, Atlanta, San Francisco, Miami, Kansas City, Los Angeles e ?Chicago. Ela também não descarta a ideia de levar o STWTS para outros países, provavelmente no próximo ano. Amsterdã, na Holanda, e Berlim, na Alemanha, são dois destinos em potencial.

Em uma breve troca de mensagens com Tatyana, perguntamos se o Brasil também poderia estar incluído em seus planos. “Eu adoraria ir ao Brasil. Para que eu possa viajar para qualquer cidade ou país, entretanto, eu preciso ter recursos. Isso significa que se eu conseguir fazer alguns contatos, levantar recursos e encontrar pessoas ou organizações dispostas a trabalhar comigo por aí, então será muito mais viável”, explica. 

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Chega de Fiu Fiu

A disposição de Tatyana Fazlalizadeh em vir ao país é uma boa notícia, especialmente agora, quando os resultados de uma pesquisa realizada pela jornalista Karin Hueck e divulgada pelo site Think Olga estão em evidência: 99,6% das 7.762 mulheres ouvidas já foram assediadas em locais públicos. E tem mais: 81% já deixou de fazer alguma coisa por medo do assédio, que disfarçado de “cantada” é rejeitado por 83% das entrevistadas.

Há aqueles que acreditam que tudo se resolve rotulando as mulheres de “mal-amadas”, “mal-comidas”, “frescas” e afins

O estudo pode ser conferido na íntegra aqui, e apesar de seus dados e informações não serem definitivos, eles serve de ponto de partida para debates importantes e que precisam ser feitos. Ao ler os comentários sobre a campanha Chega de Fiu Fiu, criada por Juliana de Faria e da qual a pesquisa faz parte, é possível encontrar todo tipo de opiniões sobre o assunto. Há aqueles que acreditam que tudo se resolve rotulando as mulheres de “mal-amadas”, “mal-comidas”, “frescas” e afins, aqueles que acham que essa história toda é um exagero e quem ainda está se esforçando para entender o motivo disso tudo.

Em comum, é perceptível que a maioria dos homens não consegue entender de verdade a razão de ser da campanha, e talvez ela devesse ter começado por aí: não basta apenas dizer para os eles que nós consideramos determinadas abordagens ofensivas, é preciso explicar para eles o que caracteriza uma abordagem ofensiva e a razão de as mulheres interpretá-las como tal.

É provável que isso seja um choque para alguns homens, mas mulher nenhuma gosta de ser encoxada por um estranho no metrô ou no ônibus. Mulher nenhuma gosta de receber assobios (o tal do fiu fiu), como se fosse um animal de estimação, ou de não conseguir ir de casa ao trabalho (ou a qualquer outro lugar) sem ouvir comentários do tipo “te chupava inteira”. E sabe aquela história de que a mulher quando está com a autoestima baixa passa em frente da construção, só para receber uns elogios? Lenda urbana.

É provável que isso seja um choque para alguns homens, mas mulher nenhuma gosta de ser encoxada por um estranho no metrô ou no ônibus

Se você é mulher, há grandes chances de ter alguma história para contar de abordagens invasivas ou toques indesejados em locais públicos. Se você é homem e duvida, pergunte para a mulher mais próxima. Eu tenho várias, do cara que tentou me cheirar no meio da rua até o cara que ficou passando o pé em mim no cinema. E essas são as mais leves.

No site Think Olga, as mulheres são convidadas a deixar depoimentos com suas histórias de abordagens invasivas – e são não são poucos os casos. Assim como o STWTS, o Chega de Fiu Fiu também conta com algumas ilustrações contra o assédio, assinadas pela designer Gabriela Shigihara. “Apesar de eu não conseguir entender o que está escrito, gosto da ideia por trás deste projeto. Eu adoraria encontrar uma forma de poder trabalhar com elas”, diz Tatyana Fazlalizadeh.

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Cantada x contexto

Se você leu este post com atenção, provavelmente percebeu que a palavra “cantada” foi usada apenas na apresentação dos resultados da pesquisa publicada pelo Think Olga, e agora neste trecho final. Em praticamente todos os textos que li, percebi que as pessoas se prenderam demais à ela e deixaram de prestar atenção ao que realmente importa: a questão do assédio sexual em espaços públicos, definição básica da campanha Chega de Fiu Fiu.

Enquanto todo mundo está discutindo semântica e filosofando sobre como as mulheres estão sendo injustas tentando acabar com um patrimônio antropológico-sentimental que é a cantada, a intimidação, o assédio e a violência continuam sendo ignorados pela maioria, fazendo parte apenas do cotidiano de suas vítimas.

Há várias formas de se abordar uma mulher em público e é possível iniciar uma conversa sem precisar chamá-la de linda, gostosa ou afins. É claro que essas palavras vão acabar aparecendo em algum momento, mas é sempre bom esperar para inseri-las em um contexto mais apropriado.

No final das contas, mulher nenhuma quer ser tratada como um pedaço de carne esperando para ser garfada por aí. O importante é que as pessoas se conscientizem de que o problema existe, sim, e que campanhas como Stop Telling Women to Smile e Chega de Fiu Fiu devem ser apenas um primeiro passo de uma caminhada que deverá passar, também, pela forma como a mulher é tratada no mundo publicitário. Mas isso é assunto para uma outra hora.

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Typography Game

Type:Rider est un jeu qui sera disponible sur smartphones/tablettes et qui a pour ambition de faire découvrir la typographie à travers une expérience interactive et transmédia. De la peinture préhistorique jusqu’au pixel-art, cette création, à l’univers graphique très réussi, a été réalisée par Cosmografik, le tout proposée par Arte.

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Site reúne pôsteres criados por Saul Bass

Dizer que Saul Bass foi um dos designers mais fodões que o mundo já conheceu é chover no molhado. Apesar de sua intensa produção criativa, são seus trabalhos para a indústria cinematográfica que costumam ser mais lembrados. Todo mundo sabe que ele fez história ao criar as sequências de abertura de filmes como Psicose, Anatomia de um Crime e Um Corpo que Cai, de Alfred Hitchcock, além de A Guerra dos Roses e da versão original de Onze Homens e um Segredo, só para citar alguns exemplos.

Assistir a qualquer um destes trabalhos é ver a arte em movimento.

Mas tem também os pôsteres… Entre o final da década de 1940 e começo dos anos 1990, Saul Bass aplicou sua filosofia de tornar as coisas belas em diversos cartazes de filmes, sendo que os mais significativos foram reunidos em uma galeria do site Film.com.

“O texto e as imagens em si foram muitas vezes tratadas de forma semelhante a um logo ou um símbolo forte, simples, memorável, metafórico, e facilmente aplicado a quaisquer outras aplicações gráficas”, diz o texto de abertura.

O site também chama a atenção que não foram incluídos nesta galeria os pôsteres que são erroneamente atribuídos a Bass, como é o caso de West Side Story. Abaixo, alguns dos cartazes reunidos pelo Film.com. A galeria completa você confere aqui.

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Wieden+Kennedy coloca funcionários trabalhando dentro de cubículo pop art

Você já se perguntou como seria viver dentro de um cartoon? Pensando nisso, a Wieden+Kennedy londrina desenvolveu, em parceria com as artistas Emily Forgot e Laurie D, a transformação da vida de escritório em uma história em preto e branco e inspirada por Roy Lichtenstein.

Em Real Life At Work, a rotina de escritório é transformada em performance artística.

O projeto Real Life At Work apresenta 60 variações de espaços inusitados que resgatam o estilo pop art, com tons monocromáticos e desenhos de duas dimensões. O famoso cubículo de escritório é completado com um relógio que move para trás, uma antiga máquina de escrever, papéis espalhados pelo chão e um telefone que parece tocar sem parar.

Tudo muda quando um humano entra neste mundo gráfico e se senta em sua mesa, resultando em um efeito surreal e de ilusão de ótica.

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Colocar humanos em um espaço animado cria um efeito contrário ao que estamos acostumados por filmes e televisão.

As atividades que acontecem dentro das salas são transmitidas via webcam, ao vivo pelo canal livestream da agência. Quem der sorte, além de bisbilhotar todo o cenário, poderá pegar um funcionário de fato sentado e atolado em sua rotina, preso em um cartoon. O que pode ser uma experiência tão curiosa quanto agonizante, além de levantar muitas questões existenciais.

A vitrine pop-up é parte da iniciativa Hello Neighbour da Wieden+Kennedy de 2012, em que se uniram à artistas e criativos para desenvolver apresentações únicas que modificassem a vista de suas janelas do escritório.

Real Life at Work pôde ser visto na 16 Hanbury Street, em Londres, durante o mês de agosto.

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Série de fotos revela mundo pós-apocalíptico criado sem Photoshop

Lori Nix é uma fotojornalista um tanto quanto obcecada com o apocalipse. Pelo menos é o que mostra seu último projeto, The City. Na série de fotos, ela transforma visões do mundo real em imagens recorrentes do fim do mundo, sem ajuda nenhuma do Photoshop.

De tão natural e realista, o projeto nos dá uma visão do que poderia ser nosso futuro próximo.

Abusando da habilidade de criar um novo mundo em vez de se basear em referências, Nix não utiliza manipulação digital para criar tais figuras pós-apocalípticas, escolhendo em vez disso construir pequenos e extremamente detalhados dioramas – ou seja, cenas modeladas à mão com materiais como madeira, plástico, tecido, tinta, areia, sujeira, etc.

Com dimensões de 45cm x 80cm à mais de 2 metros, cada diorama levou 7 meses para ser finalizado, somando ainda mais 2 ou 3 semanas para Nix fotografá-los, usando uma câmera 8×10 e constantes ajustes de luz até atingir o resultado esperado.

Os dioramas foram modelados seguindo seus próprios estudos e observações precisas de locais públicos como bibliotecas, bares, lojas, lavanderias e salões de beleza.

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O resultado é uma cidade inabitada onde fauna, flora e insetos se misturam com o que sobrou da cultura civilizada.

Depois das fotos serem produzidas, os dioramas são desmontados e descartados.

Como estas próprias construções, o trabalho de Nix se volta para um mundo que foi jogado fora. Antes casas, prédios e ambientes que formavam uma cidade, agora passam a ser pedaços de madeira e plástico sem donos, sem utilidade e sem futuro. Estaríamos nos aproximando disso?

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Art Everywhere troca anúncios por obras de arte em outdoors da Inglaterra

Durante duas semanas, obras de artes tomaram conta de 22 mil outdoors por cidades do Reino Unido, lugares antes reservados para propaganda. A ideia por trás do projeto Art Everywhere foi trazer 57 das pinturas inglesas mais famosas dos museus para as ruas, ocupando grandes espaços de mídia externa como em ruas movimentadas, pontos de ônibus, trens e metrôs. Resultado: a maior exposição de arte do mundo.

A relação dos habitantes com a arte e com a própria cidade mudou. Não há tempo e somos onipresentes. Será que as pessoas que passaram por estes pontos notaram a diferença?

Com a liderança de Sir Peter Blake – famoso por criar a capa do álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band dos Beatles – a iniciativa uniu grandes parceiros e colaboradores como o Tate Modern, o Art Fund, diversas agências de publicidade britânicas, e também empresas como Clearchannel e JC Decaux.

Para abrir o projeto, Blake revelou seu próprio trabalho datado da década de 80, The Meeting or Have a Nice Day Mr Hockney, em um enorme outdoor em Westfield London Shopping Centre.

As demais peças foram selecionadas pelo público, a partir da coleção da galeria nacional de arte britânica. Dentre elas, estão pintores do século 19 como Turner e Whistler, do século 20 como John Singer Sargent e até trabalhos do contemporâneo Damien Hirst. Uma das artes mais votadas foi a The Lady of Shalott, de 1888, por John William Waterhouse.

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Para aqueles que não encontram tempo para os museus ou ainda consideram as galerias de arte intimidadoras, essa é a chance.

Ocupando espaços normalmente reservados para publicidade, a competição com os diversos anúncios – de “última geração”, passando por gráficos em movimento, 3D e interação – que rodeiam a obra de arte, podem até fazer com que ela passe despercebida por muitos.

Para amantes de arte ou pessoas mais observadoras, a ideia é de puro prazer. Já para os apressados cidadãos da cidade grande – que se não estão encarando o trânsito, não desgrudam os olhos do celular – além de facilitar o acesso e o contato com a arte, o projeto oferece um tempo de contemplação em meio ao caos diário.

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Fazendo música com relíquias da tecnologia

Dirigido por James Houston e produzido por Bold Yin, o novo vídeoclipe do músico Julian Corrie é totalmente construído ao redor da boa e velha tecnologia.

No lugar do baixo, percursão e bateria, em “Polybius”Julian Corrie faz música ao tocar um Atari, um SEGA Mega Drive, um Commodore 64 e muitas outras relíquias como televisores de tubo, CDs e disquetes.

Uma homenagem nostálgica aos “amigos esquecidos.” – James Houston

No vídeo, o músico dá novos sentidos à tecnologia que costumava nos fazer companhia e hoje são vistas em cantos esquecidos e lixeiras.

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Uma música feita de carne, osso e artefatos mundanos.

O diretor James Houston ficou conhecido quando lançou o projeto “Big Ideas (don’t get any), uma performance sua tocando “Nude”, de Radiohead, usando impressoras de rolo, máquinas de escrever, rádios antigos, entre outros tesouros.

Sem negar que os objetos tecnológicos se tornaram cada vez mais descartáveis, isso não se explica somente pela obsolescência precoce de tanto avanço, mas sobretudo porque não há quem herde o sentido emocional que eles um dia materializaram.

Em “Polybius”, Houston faz da música um exercício de coleta de histórias e épocas, construindo uma melodia que funciona como colcha de retalhos do tempo e suas mudanças.

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Converse pinta murais em Berlim com máquina que atira balas de tinta

A Converse saiu colorindo as ruas de Berlim com desenhos de seu icônico tênis, feitos com uma máquina que dispara balas de tinta.

Chamado de Facadeprinter, o dispositivo foi desenvolvido pelo estúdio alemão Sonice Development, composto por artistas e inventores que focam em criar “robôs-desenhistas” e instalações interativas que borram as barreiras entre arte e tecnologia, e físico e virtual.

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Ao disparar as balas de tinta, a máquina desenha ponto por ponto na parede, criando uma enorme obra de arte. Integrada à um computador, ela lê os gráficos virtuais da composição e consegue corrigir perspectiva e distorções balísticas em tempo real.

Assim, o desenho consegue ser adaptado para cada situação arquitetônica em que será pintado.

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A Facadeprinter funciona como extensão e reprodução do processo criativo e também do próprio artista.

As novas tecnologias ampliaram significativamente as formas de expressão dos artistas contemporâneos, publicitários e criativos, assim como nossa percepção da realidade. Um painel gerado por algoritmos e comandos eletrônicos que dispara balas de tinta extrapola a arte enquanto resultado final, existindo enquanto processo e reprodução. E, ao se “moldar” a cada superfície que pinta, a máquina toma emprestado do artista as características de imprevisibilidade e tempo real.

A ação faz parte da campanha Just Add Color, que mistura guerrilha, graffiti e tecnologia com o objetivo de colorir as ruas com arte, e não anúncios. Seria interessante se o desenho de extendesse para além do simbólico tênis.

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As histórias por trás de itens à venda no eBay

Uma intersecção entre antropologia digital e analógica, usando o ambiente online para compartilhar memórias, reconfigurando objetos, dando novos contextos e transformando o consumo.

Desde 2007, Emily Spivack tem usado o eBay como fonte para descobrir notáveis histórias e segredos que carregamos por trás de cada objeto que já tivemos um dia. Seu projeto, o site Sentimental Value, é uma curadoria de itens que estão à venda no ecommerce, junto aos comentários e descrições pessoais dos usuários sobre seus objetos, o que significam à eles e porque o estão vendendo.

Spivack começou o projeto por acaso, buscando por roupas vintages. Seu interesse pelas descrições pessoais que os usuários adicionavam aos seus objetos a levou a colecionar histórias, interessada na ideia de como o eBay também era uma plataforma que indiretamente havia se tornado um repositório para compartilhar memórias e histórias.

Hoje, Sentimental Value saiu da internet para o museu, convertido em uma exposição no Philadelphia Art Alliance que está acontecendo até o final de agosto, compartilhando com o público 23 itens de roupas e as histórias que carregam.

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O projeto mostra como o eBay, plataforma online baseada em transações e consumo, se transformou em um baú de histórias efêmeras.

Durante a exposição, as roupas se tornam objetos de arte e os visitantes ganham detalhes de cada uma delas, de forma a construir suas próprias narrativas. Alguns dos itens expostos: vestido verde de chiffon com sangue de um assassinato, óculos de sol tocados por Michael Jackson, tênis Nike com as bolhas de ar estouradas por uma ex-namorada, um vestido preto comprado por engano durante um momento de abuso de drogas.

Enquanto as camisetas mais básicas tendem a carregar lembranças mais ricas do que as peças de grandes designers, o projeto oferece às pessoas uma forma de reconfigurar o valor de um objeto, ao olhar para seus armários, pausar, e relembrar as histórias por trás de cada um. Um antídoto à cultura do consumo, onde etiquetas tendem a nos definir e dividir.

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Campus Party espalha graffiti inspirado nos enigmas de Turing pela Inglaterra

Para promover sua edição inglesa, a Campus Party espalhou arte pelas ruas da Inglaterra. Chamadas de Code Graffiti, cada mural pintado foi inspirado nos enigmas de Alan Turing e contém uma mensagem criptografada na forma de código binário.

Quem decifrar a mensagem pode compartilhar a informação neste site e aguardar. Se estiver correto, o usuário ganha ingressos para o festival.

As artes foram criadas por Ollie Ross e Sam Falconer, em parceria com Samuel Morse (do código Morse), Nolan Bushnell (fundador do Atari), Jon ‘Maddog’ Hall (co-fundador do Linux) e Tim Berners-Lee.

Os graffitis podem ser vistos em Londres, Manchester e Birmingham durante o mês de Agosto.

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Para Gary Book, Diretor de Marketing da Telefónica O2, que está por trás do evento, a ideia é trazer a criptografia e a quebra de códigos para as massas, ampliando a base de competências e celebrando o papel essencial da comunicação e da ruptura na tecnologia.

Para quem não lembra, além de criptoanalista, Alan Turing foi uma das grandes influências no desenvolvimento da ciência da computação, consolidando o conceito de algoritmo e desenhando o que temos hoje como o computador, a partir da Máquina de Turing. Sempre importante retomar às origens em momentos de tantos avanços.

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Museu de Arte em Tóquio deixa a Mona Lisa de cabelo em pé

“Ghosts, Underpants and Stars” é uma exibição do Museu de Arte Contemporânea de Tóquio que incentiva o rompimento de todas as regras convencionais de comportamento dentro de uma galeria.

Criado e executado pela empresa Torafu Architects, todo o ambiente foi desenvolvido para agradar especialmente as crianças: é permitido correr, falar alto e, mais do que isso: tornar-se parte integrante das obras de arte.

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De forma tecnológica e inusitada, a garotada aparece nas telas, altera os quadros, pinta as paredes e brinca de forma interativa e completamente fora do comum.

Uma maneira divertida e mágica de aproximar a arte do dia-a-dia infantil e deixar a Mona Lisa literalmente de cabelo em pé.

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Principal livro sobre teoria das cores vira aplicativo para iPad

Josef Albers, da escola de Bauhaus, foi um dos principais artistas e acadêmicos que contribuíram para o campo da geometria abstrata, deixando como legado um dos principais livros sobre teoria das cores do mundo: Interaction of Color, publicado em 1963. Para comemorar os 50 anos do livro, a Yale University Press em parceria com a Potion relançou o título em uma edição modernizada, como aplicativo para iPad.

Com dedos em vez de pincéis e touchscreen no lugar do papel, usuários podem manipular mais de 125 paletas de cores.

No aplicativo é possível selecionar entre duas categorias para iniciar a leitura: “texto” ou “paletas e comentários”. A partir daí, a navegação é lógica e intuitiva, com 27 capítulos de textos acompanhados de vídeos didáticos e outros recursos multimídias, além de ilustrações que servem de estudo e dão abertura para que o usuário crie seus próprios designs e experimentos em uma tela em branco.

Do livro original, todo o conteúdo foi mantido, tendo sido preservado até a tipografia original e as colunas de texto como layout. O círculo de amostras de cores, um dos principais recursos, agrega tatialidade à leitura ao transformar o espaço de estudo em tentativa e erro. Aqui, as cores cores podem ser ajustadas, trocas e manipuladas, até que se entenda suas combinações e chegue nos resultados esperados.

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O trabalho de Albers já era feito para meios como este, móvel, interativo e imersivo.

De acordo com a Yale University Press, Albers sempre teve a intenção de que seu livro fosse usado como ferramenta de ensino, com papeis espalhados pela mesa, junto aos textos e comentários. Algo mais limitado e complexo de se entregar com livros de papel, passíveis de uma experiência mais linear, mas que foi atingido com sucesso neste aplicativo.

Interaction of Color está disponível para iPad por $9.99. Há uma versão gratuita também, que se concentra mais na parte de estudos e experimentos, cortando um pouco dos textos e teorias.

 

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O Grande Gatsby redesenhado na Era do Jazz

Há poucas obras da literatura que evocam tanto uma determinada época musical como O Grande Gatsby. De alguma forma, a música da Era do Jazz parece pulsar de cada momento da história.

O projeto Gatsby Generative leva essa música para às páginas do livro, permitindo que as palavras de Fitzgerald dançem ritmicamente ao som de uma trilha sonora das canções mais aclamadas do jazz.

Uma experiência visual que estuda como a música desta época, seus ritmos, síncopes e padrões podem alterar a prosa e novas fronteiras tipográficas.

Baseando-se nos conceitos de design generativo, o artista russo de 35 anos Vladimir Kuchinov usou nove músicas de grandes nomes como Ella Fitzgerald, Jelly Roll Morton, Cab Calloway e Count Basie para influenciar e modificar a tipografia da obra.

Usando as partituras autênticas das músicas, Kuchinov examinou cada uma por qualidades como duração, posição, velocidade e passo. Esses dados foram, então, usados para redesenhar as palavras dos nove capítulos da história, através de algoritmos criados no Processing, que foram transpondo o conteúdo de acordo com os atributos das notas.

Usando fontes autênticas ou inspiradas pela Era do Jazz para capturar a sensação da época, cada tipo de letra representa um instrumento, evocando seus atributos visuais e emocionais.

Para a bateria, foi usada a Remington Typewriter, com os sons das teclas simbolizando o ritmo de percursão. Para instrumentos de corda, Brandon Grotesque Thin and Brandon Grotesque Bold foi usada para contrastar a diferença na espessura das cordas. Já para os vocais, Century Schoolbook foi uma homenagem aos livros de canções publicados no começo do século 20.

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Um livro que utiliza algoritmos estruturados como forma de se contar histórias traz resultados únicos, baseando-se em verdadeiros significados – a literatura – e executando cada palavra através de um código-ideia – a música.

Por enquanto, há apenas três cópias do livro, não sendo possível comprar um. Kuchinov comentou que estava pensando em lançá-lo via Kickstarter. Esperamos que sim.

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Voice Tunnel, instalação audiovisual interativa, ocupa subterrâneo de Nova York

No próximo mês, o túnel de 425 metros da Park Avenue, em Nova York, será interditado aos finais de semana e ocupado por uma instalação audiovisual interativa da artista Rafael Lozano-Hemmer, o Voice Tunnel.

Nos momentos de exibição, até 90 visitantes terão acesso ao subterrâneo e poderão gravar mensagens de voz a serem convertidas em ondas de som e arcos de luz.

Ao entrarem no túnel a pé, os visitantes serão levados ao meio do ambiente para gravarem uma mensagem através de um interfone. As mensagens serão transmitidos ao longo do túnel em forma de onda do audiovisual, com 360 holofotes prontos para acenderem com a intensidade de acordo com o volume da voz.

As mensagens serão gravadas e irão rodar em looping através de 180 auto-falantes. As luzes ficarão posicionadas ao redor das paredes e do teto, interativas devido aos diferentes níveis de intensidade das vozes.

O resultado será uma espécie de código Morse, espalhando flashes sincronizados pelo túnel.

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Voice Tunnel é parte do festival de verão que toma as ruas de Nova York no meio do ano. O evento promove tours de bike, festas nas ruas e enormes zonas e novidades a serem exploradas por pedestres.

Ao caminhar, o visitante irá ouvir sussurros de vozes que andaram por ali antes dele, vivendo o espaço com novos olhos, e tendo em mãos o poder de reconfigurá-lo. O tempo se comprimi e, quase estacionado, transforma um túnel no eco da sociedade apressada que vive logo acima.

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Beach Boys como você nunca viu

Graças ao Alexander Chen, Diretor Criativo do Google Creative Lab em Nova York, é possível apreciar de uma nova forma a genialidade de Brian Wilson enquanto líder dos Beach Boys, marcado pelo apurado ouvido ao criar melodias que sempre que escutadas, algo de novo é percebido.

Chen criou uma visualização dos sons com as famosas harmonias gravadas pela banda. Baseando-se no conceito de sinos, em que seu tamanho corresponde ao tom da nota que produz, Chen usou uma série de círculos para representar as notas de cada parte da música.

Uma relação matemática entre circunferência e tom, onde cada nota é um círculo e o seu tamanho varia de acordo com o tom.

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“Eu me pergunto se visualizar as diferentes camadas de música ajuda a ensinar nossos ouvidos a serem capazes de identificar as peças que a compõe de forma individual para, quem sabe, se tornar um melhor ouvinte.” – Chen

Escolhendo a música “You Still Believe in Me” como teste, por ter sido inspirada em coro de igreja, os vocais foram isolados e as harmonias foram meticulasamente transcritas, nota por nota, para posteriormente serem renderizadas e tocadas usando o software open source Processing.

Diferente daquelas animações que saltam na tela de forma descoordenada, o resultado do experimento mostra de fato o que você está ouvindo, e somente o que você está ouvindo, nota por nota.

Especialmente no final desta música, múltiplas camadas de harmonias entram em ação e vemos coisas que nem sequer nos damos conta de que estamos ouvindo – como todas aquelas vozes distintas se fundindo em uma só no final.

Em uma era obcecada por dados, este é um dos projetos que melhor cuida para relacionar o campo da visualização com a música, em uma busca por traduzi-la visual e fisicamente, oferecendo novos olhares sobre cada nota.

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Fotografias criam realidade alternativa de Lego

De primeira, ao olharmos a série de fotos In Pieces, dos artistas Nathan Sawaya e Dean West, falhamos em encontrar um segredo escondido em plena vista. Inicialmente uma foto documental de uma cena banal em um cenário qualquer, o olhar atento e mais demorado percebe que há pelo menos um elemento nestas imagens que é feito de Lego. Aqui, Sawaya faz a arte dos pequenos tijolos plásticos, enquanto West cuida da câmera.

O embrião do projeto nasceu em 2009, quando West se deparou com a escultura feita em Lego de um homem rasgando seu peito. Era uma obra de Sawaya. West o contatou e eles passaram a buscar por diferentes locações para servirem de cenários e embasarem as histórias que queriam contar.

Tanto os modelos quanto as esculturas de Lego foram fotografados em estúdio, para posteriormente serem fundidados aos cenários registrados.

Para construir um cachorro, foram usados 9500 peças de Lego. Em um ano, o projeto usou mais de 1 milhão de peças.

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As esculturas, especialmente em seus ecos de imagens de computador pixelizadas, enfatizam que a cultura é uma construção, não apenas socialmente, mas literalmente: manipulação de imagem é totalmente difundida, sutil e difícil de detectar.

As fotos retratam pessoas em situações comuns, fazendo parte de paisagens familiares aos americanos. Porém, é olhando de perto que notamos que estamos todos rodeados de acessórios, cachorros e árvores de plásticos, como parte de um cenário totalmente manipulado.

Uma história de aparências, onde cada tijolo – mesmo que de Lego – carrega um propósito.

Atualmente, a série In Pieces está sendo exibida na Galeria Vered Contemporary, em Nova York.

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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Dronestagram: uma rede social de fotos áreas tiradas por drones

Muitos dos projetos focados em drones parecem usar a tecnologia como forma de protesto contra os ataques militares, causa real do seu nascimento.

Mas o Dronestagram está estimulando a criatividade dos entusiastas dessa tecnologia, oferecendo um lugar para compartilhar fotos áereas de tirar o fôlego capturadas com drones.

O site espera construir uma vista inteira da Terra através de fotografias enviadas por qualquer usuário que tenha câmeras em drones. Mesmo no começo, já vemos desde imagens artísticas às mais variadas e incríveis paisagens.

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Em uma referência ao Instagram, Dronestagram também funciona como uma rede social aonde as pessoas podem compartilhar, buscar, visualizar, curtir e comentar em imagens.

Abaixo, algumas das fotos que vemos na rede.

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Não é por acaso que somos fascinados pelas vistas mais altas e infinitas.

A visão de um drone faz encolher até o mais alto prédio, transformando toda a cidade em um grande mosaico. Embora essas imagens costumavam ser limitadas aos filmes de Hollywood e suas caríssimas tomadas de helicópteros, a comunidade entusiasta dos drones hoje ganha cada vez mais fama pela arte capturada em cima de suas máquinas voadoras.

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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Le Communique Art Show

De uns tempos pra cá, o mundo da publicidade vem perdendo seu status e passando por uma espécie de “crise”: cada vez menos pessoas desejam entrar para o nosso mercado.

Para tentar reverter esse cenário, foi criado o The 4A’s TruthBrief Competition, projeto que anualmente publica um briefing aberto para que pessoas e agências de todo o mundo pensem em como vender a própria publicidade. E mais do que isso: mostrem seu real valor não só para a economia, mas também para a sociedade. Tudo isso com o objetivo de atrair uma nova geração de talentos.

Isso tem tudo a ver com a discussão que já tivemos aqui (e em diversas mesas de bar nos happy hours pós-expediente) sobre os ambientes de trabalho dentro de agências, o ritmo que muitos profissionais impõem a si mesmos e principalmente – ainda mais filosófico – qual o real papel de um publicitário.

“Não me parece fazer do mundo um lugar melhor ou mais bonito.”

Este ano, para responder ao TruthBrief, a Leo Burnett de Chicago pegou algumas de suas melhores criações, tirou o logo ou packshot do cliente para quem as campanhas foram feitas e montou uma exposição de “arte” no campus de uma faculdade.

O resultado está no vídeo acima, abrindo com depoimentos sobre o que as pessoas acham da publicidade e sua baixa relevância, seguidos pelas reações do público ao ver as obras de arte e analisar a técnica usada, as emoções despertadas, a mensagem genial que o artista quis passar.

De certa forma, beira o engraçado ver as pessoas em uma postura tão contemplativa diante de peças publicitárias, tirando foto pra publicar no Instagram e colocando várias camadas de interpretações possíveis a cada imagem. Mas é muito interessante voltar a ver a publicidade como algo que entretém, que deixa de ser superficial e que de fato comunica conceitos. Dá um sentimento quase nostálgico ver que, mesmo sem logo, aquelas intermináveis discussões em reuniões de brainstorm podem, no final das contas, valer a pena.

 

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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Em Like to Death, da Adidas, dar “like” mata

Invertendo toda a lógica do “curtir” nas atuais campanhas de redes sociais, não “curtir” o projeto significa preservar sua vida digital.

Like to Death é um novo projeto criativo da Adidas, com participação do artista Geoffrey Lillemon e do coletivo e marca de roupa Stooki. A colaboração resultou em uma experiência baseada na sensação de mortalidade e do tempo, a partir dos conceitos da era digital e das redes sociais.

O projeto traz a figura da Morte destruída lentamente, envolvida em chamas e se desintegrado em partículas, a medida que os usuários dão “curtir” no projeto pelo Facebook.

Ao carregar o site, o texto na tela recorre à dependência que temos das redes sociais e à necessidade de se conectar com todos a todo instante ao mesmo tempo em que se está, na verdade, sozinho em ao computador.

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Após esperar a Morte carregar – em uma velocidade lenta que pode irritar heavy users – uma figura de sombras aparece junto à um pequeno botão de “Like”. Ao clicá-lo, a Morte irá sofrer pixel por pixel, desintegrando-se à medida que a quantidade de “curtir” cresce.

Para cada usuário é possível curtir apenas uma vez. Ao atingir os 20 mil likes, o projeto irá desaparecer de vez.

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Se as pessoas curtirem muito, sumirá para sempre. Se não curtirem, então continuará existindo.

Like to Death começa como uma simples e ameaçadora declaração sobre como as redes sociais se tornaram parte de nossas psiques – do anseio ao medo, da expectativa ao prazer, da vida à morte.

Invertendo valores e ironizando rastros, dados e arquivos que deixamos online, o projeto nos faz repensar sobre as personas online que criamos e em como acabamos alimentando nossos próprios demônios em rede.

 

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Absolut Open Canvas leva arte para ruas de NY

“A Absolut acredita que o futuro é livre para ser criado. Open Canvas é sobre dar inspiração às pessoas, para construírem com as suas próprias mãos o ambiente em que querem viver e ser parte.” – Maxime Kouchnir

O lançamento da nova campanha da Absolut, Transform Today, tomou conta de Williamsburg, em Nova York, com o evento Absolut Open Canvas. O projeto leva à cidade alguns dos melhores talentos criativos da região em uma exibição interativa e multidisciplinar.

Como um festival de arte ao ar livre, são mais de 20 artistas expressando suas ideias criativas em suportes que vão de muros à carros, tudo sendo visto como uma tela em branco, pronta para ser preenchida com arte.

Fachadas brancas recém-pintadas foram retrabalhadas por artistas como Jonah Freeman & Justin Lowe, Craig Damrauer e Ara Dymond. O grafiteiro KATSU deu uma demonstração de seu talento em um live-painting. E o icônico artista do Brooklyn, OLEK, contribuiu com instalações de crochês feitos em cercas, bicicletas e até em um Mercedes Benz Sprinter.

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“Me senti livre para dizer o que quisesse, praticando o diálogo, ao saber que minha arte ficaria próxima e aberta ao público desta forma.” – Craig Daumrauer

Open Canvas reflete a mistura entre fine art com street art que vemos ascender globalmente hoje. Uma mistura que tira do pedestal obras que ficam trancadas em museus, e transforma nossas ruas, carros e calçadas em telas em branco, esperando para serem transformadas naquilo que nos inspiram todos os dias.

As artes ficaram em exibição pelas ruas do Brooklyn até semana passada. A próxima parada do projeto será em São Francisco.

 

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