O inspirador pessimismo de “True Detective”

Coincidência ou não, neste fevereiro tenebrosamente quente conheci duas coisas que conquistaram minha atenção: Emil Cioran, filósofo e escritor nascido na região da Transilvânia (mas francês de coração); e “True Detective”, nova série da HBO. E se você não entendeu a razão dessa suposta coincidência, saiba que chegarei nela em instantes. Portanto, continuem comigo.

Para muitos a idéia de “ser feliz” não está relacionada a estados momentâneos, mas é vista (e desejada) como algo permanente: uma condição que devemos lutar e perseguir até alcançarmos. E de fato, alguns buscam essa suposta felicidade num parceiro(a), família ou até mesmo em algum deus ou religião. Inclusive isso vende bem: basta olhar a quantidade de livros, palestras e até treinamentos motivacionais em busca desse pseudo nirvana.

Mas como conciliar essa idéia de felicidade permanente ao fato de que nossa própria existência definha dia após dia, em uma caminhada inevitável para a morte?

Esse pensamento radical – “ser feliz ou infeliz” – esconde de nós um meio termo dessa afinação sentimental. Uma espécie de conformismo de que, queira você ou não, a vida é mais complexa e profunda do que isto. E justamente por essa condição, precisamos aceitar e entender que esse estado não é necessariamente tenebroso.

True Detective
True Detective

“Minha consciência tem, para mim, mais valor do que a opinião do mundo inteiro”, – Cícero.

O universo de morte e sofrimento (pano de fundo em “True Detective”) é retratado nas obras de Cioran, em uma linguagem radicalmente íntima e pessoal, definida por ele como “a tradução de suas próprias sensações”. E, acreditem ou não, de um jeito pessimista (ou realista?) o autor mostra que é possível existir satisfação / aceitação com a própria vida, sem a real necessidade de perseguir qualquer outra resposta pré-formatada pelos meios.

“True Detective” segue a escola “Breaking Bad”, dando significados subliminares para tomadas, objetos, cores e até posicionamento de personagens e elementos.

Neste momento eu poderia estar falando tanto de Cioran, como do detetive Rust Cohle, protagonista interpretado de forma inacreditável pelo Matthew McConaughey. Já que eles compartilham a mesma idéia, espírito e motivação (ou a falta dela).

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Sombrio e misterioso, Cohle está mergulhado em um universo cínico, incoerente e mentiroso. Mas que, para muitos (como para seu parceiro Marty, interpretado por Woody Harrelson), deve ser aceito e respeitado. Pois “apenas seguindo as regras da sociedade poderemos encontrar paz e equilíbrio nas nossas vidas”. O que não acontece nem para Cohle (que nunca compra a idéia), nem para Marty (que a prega, mas não consegue colocá-la em prática).

“Me considero um realista, certo? Mas, em termos filosóficos, sou o que se chama pessimista. Acho que a consciência humana foi um erro na evolução. Nós nos tornamos muito auto-conscientes. E a natureza criou um aspecto da natureza separado de si mesmo. Nós somos criaturas que não deveriam existir pela lei natural”, – Detetive Rust Cohle

True Detective

“Todos os seres são infelizes. Mas quantos sabem disso?”, – Cioran

Nic Pizzolatto (criador da série) comprime nossos sentimentos e emoções em uma atmosfera que, embora rica em detalhes, não oferece nenhum atalho para descobertas ou considerações pessoais. Fazendo a alienação dos personagens ultrapassar a tela e contaminar nossas teorias. E o detetive Rust Cohle (que é ateu, como Cioran) nos despe por camadas, convidando-nos para questionamentos maiores sobre a vida, nossas ações e – ainda assim – nenhuma expectativa para conclusões profundas. Isso exige maturidade tanto de quem assiste, como dos criativos por trás da obra. E como vocês podem imaginar: esse cuidado e excelência não falta na produção.

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Com uma narrativa não linear de tempo e espaço, McConaughey surpreende na interpretação do detetive Rust Cohle

Sabemos que a “escola Breaking Bad influenciou muita gente depois de uma jornada absolutamente impecável. E por mais que ambas as séries não tenham ligação, “True Detective” segue padrões similares, nos presenteando com significados subliminares em diversas tomadas, objetos, acordes cromáticos e até posicionamento dos personagens e elementos. Tudo conversa.

Por outro lado, essa intensidade no roteiro (e principalmente nas atuações) deixa claro que não haverá fôlego o suficiente para carregar isto por muito tempo. Talvez seja uma série de uma ou no máximo duas temporadas. E assusta um pouco imaginar se a HBO teria o mesmo culhão que Vince Gilligan teve ao finalizar “Breaking Bad” – caso “True Detective” apresente um excelente resultado na audiência, é claro.

True Detective

Como espectadores, evoluímos a cada ano. Não por mérito nosso, mas dos atores e diretores, que aumentam o sarrafo do que fazem: alargando nossas expectativas cada vez mais. E não pestanejo em afirmar que Matthew McConaughey se torna, neste momento, um dos maiores atores dessa geração. Em uma narrativa surpreendente de tempo / espaço (a história é contada em épocas distintas), McConaughey surpreende com uma interpretação nada linear, que vive (sem forçar a barra) um mesmo personagem em épocas diferentes. Nos convencendo da sua deterioração física e espiritual em uma memorável construção de personagem.

“Nada prova que nós somos mais do que nada”, – Cioran

“True Detective” foi lançada em janeiro, e justamente por isso não contarei nenhum spoiler que estrague a experiência de vocês. Portanto, o único convite aqui é: ousem assistir, questionar e voltar aqui para compartilharem suas impressões.

E Ivan Mizanzuk: obrigado pela indicação.

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Seguem as Alterações do Cliente

A tarde mal começa e recebo um e-mail de um grande amigo do Recife (valeu, Gui!) com um link para um dos TCCs mais divertidos (e bem feitos) que vi nos últimos tempos. O trabalho é de Matheus Santana, para a Universidade Tiradentes (de Aracaju).

O vídeo fala por si. Não preciso explicar muita coisa. Só peço encarecidamente aos professores deste rapaz: dêem 10 para ele.

segue

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Sobre essa exigência velada (mas obrigatória) da superficialidade

Alegar que a rotina existe por pura comodidade é fácil. Mas vê-la como parte de um processo para o aprimoramento da qualidade de um trabalho, uma visão ou até mesmo uma doutrina profissional, não. Sair da rotina – ou como dizem, “se reinventar” – todos os dias tornou-se exigência no curriculum vitae. E não parece nenhum absurdo. Afinal, as pessoas flexíveis tem maiores chances nesse mundo tão dinâmico e articulado.

Toffler (autor do livro “Future Shock”) afirmou:

“Os analfabetos do futuro não serão os que não sabem ler ou escrever. Mas os que se recusarem a aprender, aprender e aprender novamente.”

E segundo a dúzia de profissionais veteranos que vi sendo descartados de suas empresas nos últimos anos (por motivos aparentemente banais, como não saber usar tão bem determinada ferramenta), nos faz acreditar que ele acertou em cheio sobre a forma de reação deste novo mercado.

Sem percebemos o conhecimento se tornou um commodity. E as empresas já não buscam estagiários para o aprendizado e aperfeiçoamento. Ele tem que falar inglês, espanhol, além de dominar Photoshop, Illustrator, InDesign, Flash, Dreamweaver, After Effects, Premiere, Audition, ser pontual, pró-ativo, dinâmico, não-fumante, sociável, com nota fiscal, carro próprio e disponibilidade, se necessário, nos fins de semana.

Overclocking mental impede o compromisso de poder “não ter um compromisso”

E assim, assoviar chupando cana passou a ter mais valor do que a experiência e a especialização – palavra praticamente morta. Criando assim um verdadeiro picadeiro mercadológico, onde os mais jovens (que buscam estagiar para crescimento e aprendizado, ao invés de acumular trabalhos de um veterano, ganhando pouco) não possuem as exigências “mínimas” das vagas, enquanto os mais calejados “ganham demais” e “são muito viciados na metodologia de trabalho”. “Não servem.”

Minha amiga (e editora do B9) Amanda de Almeida disse algo muito interessante sobre isso: “As empresas tem medo de investir na formação de um profissional e, finalizando o estágio, ele mudar de emprego. Parece que o estagiário passa a dever a própria alma depois de ter ganhado uma oportunidade. Como se a dedicação e vontade não contassem em nada.”

Muito se fala sobre “dobrar faturamento”, “triplicar prêmios”, “quadruplicar rentabilidade”. Mas “aumentar a satisfação dos clientes, com a qualidade da nossa entrega” parece utópico (ou conversa pra boi dormir). E sem romantismo, sabemos: números valem mais do que qualidade. “Future Shock” foi premonitório também sobre este novo ritmo das empresas e pessoas, inclusive alegando que essa sobrecarga de metas, conhecimento e informações nos deixaria mais desorientados, desligados e estressados. E vou além: superficiais, também.

Justamente por esse overclocking mental ser tão alto, muitos anseiam por aquele momento de “não pensamento” em algum minuto da semana. E pelo compromisso de poder “não ter um compromisso”.

Toda essa dissonância cria um ambiente instável, onde as pessoas não tem mais tempo para se dedicarem ao aprimoramento daquilo que fazem de melhor, mas vivem uma assimilação continua por algo novo. E, como já disse meu amigo Ronaldo Tavares (DM9) em um Braincast:

“… um oceano de conhecimento, com um palmo de profundidade”.

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A iluminação básica em um filme noir

Foi Nino Frank (crítico francês) que apelidou/batizou esse estilo de cinema, muito presente entre 1940 e 1959, como Film Noir. A tradução literal seria “cinema negro”. Mas, como sabemos, não é tão simples definir o que essa estética realmente engloba.

Principalmente porque os diretores (e responsáveis) por essas criações não tinham idéia de que seus trabalhos seguiam uma tendência visual naquela época. E diferente do que muitos pensam, nem sempre “noir” são filmes P&Bs. Temos clássicos coloridos, como “Um Corpo que Cai”, por exemplo (confira uma cena abaixo)


Noir

O film noir apresenta personagens desesperados num universo desapiedado. Crime, geralmente assassinato, é um elemento que permeia a maioria dos films noirs, geralmente carregados de ciúmes, corrupção e fraqueza moral. A maioria dos films noirs contém certos personagens arquétipos (femme-fatales, policiais corruptos, maridos ciumentos, corretores de seguros e bodes expiatórios), locações famosas (Los Angeles, New York e San Francisco), e temática recorrente nos roteiros (tramas de assaltos, histórias de detetives, filmes de gangsters e de julgamentos).

Normalmente são personagens vivendo uma crise, em um universo cruel. Geralmente com tons de ciúme, violência, falta de moral e corrupção.

Para explicar um pouco mais o sistema de iluminação, volume e dramaticidade que esses filmes possuem, o FilmMaker IQ produziu um vídeo falando um pouco mais sobre isso. E, embora não tenha legendas, é bem legal e fácil de entender (assista acima).

E se você se empolgar, e quiser assistir alguns desses clássicos filmes, vale a pena conferir essa lista do IMDB.

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Sobre a versão 6.3 do Brainstorm9

Podemos dizer que na maior parte dos casos as mudanças são traumáticas. Depois de habituado com determinada coisa, muitos de nós sofremos um choque na experiência de conhecer o novo. No entanto, evolução é a regra máxima para quase tudo. E adaptar um projeto ao longo do tempo é uma missão esperada – e desejada. E é justamente o que temos feito no B9 desde 2010.

Depois de muitos layouts, testes e trabalho, colocamos no ar a versão 6.3 do site. E a real mudança está na página principal: na forma como o conteúdo é exibido para vocês. Um número maior de posts por página, de forma ainda mais sintética e objetiva. Com uma melhor distribuição, fazendo com que a experiência da leitura e garimpo de conteúdo seja mais agradável.

Como vocês bem sabem, trabalhamos no desenvolvimento do site com cronogramas de criação + desenvolvimento bem longos (normalmente de 10 meses de trabalho). E essa mudança é “apenas” parte do que vocês encontrarão na versão 7.0. Que não só está em desenvolvimento faz um bom tempo, mas aponta para uma evolução ainda mais madura, simplista e sofisticada do B9.

Então, é isso. Aproveitem!

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Braincast 57 – Profissão: Social Media

Na última década vimos a forma de se relacionar (usando diversas plataformas sociais) alterar por completo o manual de etiqueta e comportamento de todo mercado. Sejam agências, clientes ou mesmo profissionais, todos foram sugados para dentro de um novo universo, cheio de possibilidades e que, por estar em constante transformação, continua nos ensinando e surpreendendo dia após dia.

No começo esse profissional atuava sozinho. Hoje se transformou em equipe. Em agência especializada. E justamente por saber que esse é só o começo, Saulo Mileti, Guga Mafra, Luiz Yassuda e Gabi Bianco conversam sobre essa área em constante expansão no Braincast 57.

Faça o download ou dê o play abaixo:

> 0h02m15 Comentando os Comentários?
> 0h24m20 Pauta principal
> 1h27m20 Borracharia do Seu Abel?
> 1h37m20 Qual é a Boa?

Recadinhos da Paróquia: Para se matricular no workshop9 “Design: origem, funcionalidade e princípios da estética” em Recife, clique aqui.

Críticas, elogios, sugestões para braincast@brainstorm9.com.br ou no facebook.com/brainstorm9.
Feed: feeds.feedburner.com/braincastmp3 / Adicione no iTunes

Quer ouvir no seu smartphone via stream? Baixe o app do Soundcloud.

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Os 80 anos da Nikkor

Pra quem não conhece, a Nikkor é a marca que produz lentes dentro do grupo Nikon Corporation. Quando criada, a idéia era investir nessa frente de negócios como a linha de mais alta qualidade e tecnologia na produção de lentes. Mas nos últimos anos, praticamente todas as lentes Nikon possuem a mesma qualidade de produção.

E vendo esse vídeo, fica claro porque essas belezinhas custam tão caro.

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Black Sabbath 2013

Tem o que falar? Não tem. O Black Sabbath, que nasceu em 1968, volta aos palcos em 2013: com Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler (todos da formação original) e Brad Wilk (batera do Rage Against the Machine).

Isso não “promete” ser incrível. Isso CERTAMENTE SERÁ INCRÍVEL. E o vídeo acima, sobre o processo criativo, já nos deixa com essa curiosidade do que escutaremos em breve. Não só em um novo disco, mas também em conversas sobre um provável show aqui no Brasil.

Preparem suas carteiras.

Ozzy

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American Airlines apresenta nova identidade visual

Recebi com grande pesar a notícia sobre o rebrand da American Airlines. E digo: por mais que eu deteste (quem lê meus textos sabe disso) mijar em projetos de design após vê-los por apenas uma hora, dessa vez será diferente.

Quando digo que detesto criticar rápido demais, me apoio no fato de que essas construções não nascem do dia para a noite, e justamente por isso precisamos de tempo e pesquisa sobre o projeto para entender tudo o que quiseram representar com ele.

American Airlines

Mas este é um caso específico. E não importa o que a Futurebrand tentou representar com esse trabalho. A verdade é que o fato absurdo está na substituição de um dos maiores projetos de branding realizados nas últimas cinco décadas. Sim, um projeto com CINCO DÉCADAS de vida.

Nunca foi novidade para ninguém que o resultado atingido pelo Massimo Vignelli foi, com poucos elementos, criar um símbolo que atravessou céus, décadas e manteve sua modernidade e objetividade intacta desde sua concepção, em 1967. E num mercado onde projetos de rebrand são cada vez mais frequentes (provavelmente pela falta de visão ou percepção de seus criadores), a mudança de um totem como este é uma tragédia.

American Airlines

Além da identidade visual, a American Airlines lançou uma campanha de apresentação da nova marca:

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O ABC dos Arquitetos

Essa simpática animação lista, em ordem alfabética, alguns dos mais importantes arquitetos da história – assim como um de seus edifícios. E, embora muitos nomes tenham ficado de fora, os criadores fizeram uma seleção inteligente no sentido de abranger diferentes nacionalidades. E claro: Niemeyer está lá.

Projeto de Andrea Stinga e Federico Gonzalez.

A lista completa você confere aqui:

A: AAlto, Alvar – Säynätsalo Town Hall (Finlândia)
B: Barragán, Luis – Satellite Towers (México)
C: Calatrava, Santiago – Satolas Airport (França)
D: Domènech i Montaner, Luís – Antoni Tàpies Foundation (Espanha)
E: Eduardo Souto de Moura – Casa de Histórias Paula Rego (Portugal)
F: Foster, Norman – London City Hall (Inglaterra)
G: Gehry, Frank – Guggenheim Bilbao (Espanha)
H: Herzog & De Meuron – Beijing National Stadium (China)
I: Isozaki, Arata – Palau Sant Jordi (Espanha)
J: Johnson, Philip – The Glass House (EUA)
K: Kahn, Louis – National Parliament (Bangladesh)
L: Le Corbusier – Villa Savoye (França)
M: Mies van der Rohe, Ludwig – Barcelona Pavilion (Espanha)
N: Niemeyer, Oscar – Congresso Nacional (Brasil)
O: Olbrich, Joseph Maria – Secession Building (Áustria)
P: Pelli, César – Petronas Twin Tower (Malásia)
Q: Quarenghi, Giacomo – The Smolny Institute (Rússia)
R: Renzo Piano + Richard Rogers – Pompidou Centre (França)
S: Siza, Álvaro – Fundação Iberê Camargo (Brasil)
T: Tange, Kenzo – Tokyo Olympic Stadium (Japão)
U: Utzon, Jørn – Sydney Opera House (Austrália)
V: Van Alen, William – Chrysler Building (EUA)
W: Wright, Frank Lloyd – Guggenheim (EUA)
X: Xenakis, Iannis – Philips Pavilion (Bélgica)
Y: Yamasaki, Minoru – World Trade Center (EUA)
Z: Zaha Hadid – The Pierres Vives Building – França

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Hatfields and McCoys: Uma história de honra, justiça e vingança

Dirigida por Kevin Reynolds (O Conde de Monte Cristo e Waterworld) e produzida por Kevin Costner, a série Hatfields and McCoys conta a história verídica da guerra entre essas duas famílias, respectivamente da Virgínia e de Kentucky, que ocorreu entre 1863 e 1891 – mas só teve um “tratado de paz” selado oficialmente poucos anos atrás, em 2003, pela sexta geração de “Devil Anse” Hatfield e seu arqui-inimigo, Randolph McCoy (chefes das famílias em questão).

Além de produzir, Kevin Costner também atua no papel de Anse, e talvez seja prudente dizer este é seu melhor papel desde Dança com Lobos – filme que produziu, atuou dirigiu e lhe garantiu duas estatuetas, de Melhor Filme e Melhor Diretor.

Aliás, Oscar esse que coloca Costner no “departamento de atores que nunca ganharam uma estatueta por atuação, mas sim por direção”, como Mel Gibson (Melhor Filme e Melhor Diretor por Coração Valente), Robert Redford (Melhor Diretor por Gente como a Gente) e Clint Eastwood (Melhor Filme e Melhor Diretor por Os imperdoáveis e por Menina de Ouro).

Anse & Rand

Acima os verdadeiros “personagens” dessa guerra: Anderson “Devil Anse” Hatfield e Randolph McCoy.

É importante deixar claro que se você nunca ouviu falar dessa história (o que era meu caso), provavelmente a série te deixará com aquele gosto de “preciso ler mais sobre o assunto”.

Não apenas pela intensidade dos fatos ou da ótima atuação de boa parte dos atores, mas também pela realidade construída pela trilha sonora, produção, figurino e principalmente pela direção de fotografia (que usa e abusa da luz natural, criando um grão peculiar nessa narrativa).

Embora o pano de fundo seja próximo a Guerra Civil dos Estados Unidos, a decisão foi de filmar fora do país: nos campos da Romênia. E se você não tivesse lido isso, acredite: nem perceberia ao ver a série.

Claro que filmar algo dessa proporção aumenta o custo (e é importante dizer que a produção é do History Channel), e provavelmente por isso vemos tantas caras novas atuando – que, embora não sejam famosos, a grande maioria executa seus papéis maravilhosamente bem.

Fotografia que usa e abusa das luzes naturais

Detalhe da Fotografia

hatfield008

Entre os grandes nomes da série, Kevin Costner está acompanhado de Bill Paxton (que faz um papel honesto, sem se destacar todo o tempo no papel de Randolph McCoy) e Tom Berenger, que está irreconhecível (vide foto ao lado) e mantém uma qualidade de altíssimo nível vivendo Jim Vance.

E dessa forma prepara o terreno para que jovens atores possam brilhar ao seu lado com interpretações memoráveis – como é o caso de Boyd Holbrook (Milk) e principalmente Noel Fisher (que deixa pra trás as atuações infantis e sem personalidade dos vampirinhos de Amanhecer, para te deixar impressionado com a intensidade que vive na pele de Ellison “CottonTop”).

Li muitas críticas negativas sobre Hatfields & McCoys. E quase todas diziam que um determinado acontecimento “era clichê”. Mas rebato (sem dar spoilers) dizendo que não é clichê: é história. Aconteceu, foi documentado e narrado de forma inteligente e fiel a realidade.

Aqui, a arte imita a vida.

Melhor série do mundo? Certamente não. Mas cumpre seu papel entregando uma história comovente, com uma produção de altíssimo nível e atuações que te prenderão durante 290 minutos (ou 3 capítulos, se preferir).
Aproveitem!

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Adeus, Oscar Niemeyer

Carioca, nascido em 1907, Oscar Niemeyer foi, inquestionavelmente, sinônimo de arquitetura: não só para nós, brasileiros, mas para outras nações que tem a honra de abrigar criações desse mestre. Perspicaz, inteligente, audacioso e decisivo (chegou a mandar Gropius, fundador da Bauhaus, a merda) assinou boa parte dos mais impressionantes projetos arquitetônicos do país, não só com um grande toque de liberdade em seu traço, mas também com um estudo muito apurado nas tecnologias aplicadas: como o concreto armado. Pôde, assim, criar projetos singulares, como o MAC em Niterói, o Museu Niemeyer em Curitiba e tantos outros.

“A gente tem que sonhar, senão as coisas não acontecem.”

“Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein.”

“Existem apenas dois segredos para manter a lucidez na minha idade:
o primeiro é manter a memória em dia. O segundo eu não me lembro.”

Comunista, sempre aplicou seus ideais políticos aos projetos: grandes espaços e dimensões exageradas, que mostravam preocupação com “o povo”, e não apenas “com o homem” – conceito comum na história da arquitetura que antecede Dührer. Chegou a se exilar na França durante a ditadura brasileira, aproveitando o período na Europa para conhecer a URSS e parte de seus líderes socialistas. Pouco tempo depois recebeu um convite para lecionar arquitetura na Yale, mas teve seu visto negado por conta de sua posição política. Ainda assim chegou a assinar projetos para os americanos, como a Sede das Nações Unidas, em parceria com Le Corbusier.

“Não me sinto importante. Arquitetura é meu jeito de expressar meus ideais: ser simples, criar um mundo igualitário para todos, olhar as pessoas com otimismo. Eu não quero nada além da felicidade geral.”

Primeiro brasileiro a vencer um Pritzker (prêmio arquitetônico mais importante do mundo; seguido pelo segundo e último brasileiro a vencer, Paulo Mendes da Rocha, já citado aqui no B9), Niemeyer deixa esse mundo com uma infinidade de obras a serem contempladas e estudadas.

E provavelmente uma mente que nunca será compreendida, graças ao seu brilhantismo e sua visão única. Um gênio.

Que viveu mais do que se esperava.
Criou mais do que o possível.
E desse forma, reinventou também o sentido de viver.

Adeus, Oscar Niemeyer.
(1907 – 2012)

“A vida é um sopro.”

Listamos abaixo algumas de suas criações mais importantes, que merecem ser recordadas:

Museu de Arte Moderna de Niterói

Museu de Arte Moderna de Niterói

Museu Oscar Niemeyer

Igreja São Francisco de Assis

Edifício Niemeyer

Esplanada dos Ministérios

Museu Nacional da República

Memorial da América Latina

Ponte Juscelino Kubitschek

Palácio da Alvorada

Edifício Copan

Catedral de Brasília

Auditório Ibirapuera

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Uma visita à Oficina Tipográfica

Marcos Mello é Diretor-Presidente da Oficina Tipográfica São Paulo, artista plástico e designer gráfico. Formado pela Waldorfschulen em Artes Gráficas; Curso superior de Artes Plásticas pela FAAP; Pedagogia (Unicastelo); Pós-Graduação em Design Gráfico na Faculdade de Belas Artes de São Paulo. É mestre em Educação, Arte e História da Cultura pelo Mackenzie. Doutorando em História Social – USP. Professor da Universidade Anhembi Morumbi e colaborador da revista Tupigrafia.

– – –

Formada na década de 90 por Marcos Mello, Cláudio Rocha e Cláudio Ferlauto (que hoje não faz mais parte), a Oficina nasceu com o intuito de dar vazão a experimentação com a linguagem tipográfica. E dentro de um cenário de investigação e garimpo, um acervo fantástico surgiu ao longo dos últimos anos. Isto, somado ao interesse e curiosidade não só dos fundadores, mas de outros artistas, transformou o projeto em um laboratório: onde profissionais (mesmo de outras áreas), tipógrafos e criativos aqueciam o espaço circulando livremente, testando equipamentos, técnicas e discutindo idéias.

Não demorou muito para que surgisse a idéia de abrir o espaço para o público, oferecendo cursos e trazendo à tona esse universo – que possui uma forte carga histórica e cultural para a formação do design.

“O primeiro grupo de estudantes veio da ESDI, do Rio. Colocaram todos os alunos numa van e vieram para um curso de dois dias. Nossa idéia era fazer uma aproximação e uma abordagem diferente com tudo isso. Pois todo princípio que move e articula a página impressa e a linguagem da tipografia está aqui. Os princípios estão aqui.”, conta Marcos Mello.

Diferente do Brasil, várias escolas pelo mundo ainda mantém os mesmos princípios tipográficos do passado, garantindo que o ensino dos fundamentos do design gráfico comecem dentro de uma aula como as oferecidas na Oficina Tipográfica São Paulo. No entanto, Marcos comentou acreditar que nos últimos anos a preocupação com o estudo tipográfico começou a ganhar a devida atenção – graças ao mercado que exige respostas rápidas e alta capacitação de grande parte dos profissionais.

“Não pode haver distanciamento entre esses universos. A habilidade com tipografia surge a partir do momento em que você sabe manusear, distinguir, compor, observar e buscar estreitamento com esse assunto.”

Uma das centenas de caixas com tipos

“Não é a quantidade de fontes que você tem no computador que te transformará num bom designer.”

Apesar do Brasil ter um bom cenário tipográfico, é óbvio que não podemos nos comparar com países europeus (que antes de tudo foram o berço dessa tecnologia). No entanto, todo o trabalho realizado pela Oficina tem capacitado profissionais e pulverizando (em outras instituições e cidades) toda a importância do que está implícito na era do tipo móvel – e automaticamente inserido na linguagem e tecnologia que usamos hoje. E justamente por tudo isso fica claro que a missão mais importante da Oficina não é preservar equipamentos, mas sim o conhecimento.

A diferença entre as tecnologias é enorme. Hoje em dia podemos barbarizar num Illustrator e imprimir. Mas a composição de tipos móveis exige um raciocínio mais profundo: que esteja correto no sentido de estrutura física, pensando não só em cada letra, mas principalmente no espaço ao redor delas. E talvez essa seja a maior beleza nisso tudo.

Composição tipográfica pronta para ser transferida para a rama.

A composição da forma é tão importante quanto a do vazio.

O mundo digital representa o aprimoramento de outras tecnologias. E, analisando a conexão entre passado e presente, pergunto: será que para termos uma formação completa e quebrar as regras não é necessário dar um passo pra trás e conhecê-las a fundo? Talvez por isso a Oficina não ofereça cursos no sentido de formar tipógrafos como antigamente, mas sim de contextualizar os elos entre os dois mundos, para que a nova geração de profissionais entenda a origem e razão das coisas.

– – –

> Para conhecer a Oficina e o processo de criação, assista ao vídeo acima.
> Para conhecer o projeto e os cursos, acesse o site.
> Assista outras edições do B9 TALK:
B9 TALK #1 > A divergência entre Hitler e a Bauhaus.
B9 TALK #2 > Música e Cultura nos anos 70.

Direção: Saulo Mileti
Fotografia: Cláudia Capuzzo
Trilha: Dennis Ortega
Áudio: Henrique Ribeiro
Edição e finalização: Colosseo.
Conteúdo: BRAINSTORM9

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Obama bate o recorde de retuites após sua vitória

Então é isso: Obama conquistou sua reeleição e, de quebra, bateu o recorde do tweet mais retuitado da história: com uma foto e uma pequena frase:

“Four more years.”

O Buzzfeed apontou que ela já foi compartilhada mais de 500 mil vezes, quebrando o detentor da marca, Justin Bieber.

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Sejam bem-vindos ao novo B9

Em 2012 – mais precisamente no próximo dia 18 de novembro – completamos 10 anos de vida. E entre muitos projetos que foram colocados em prática neste ano, o foco estava na atualização do site. Algumas ideias eram novas, já outras foram planejadas logo após a última atualização, em agosto do ano passado.

De uma forma geral todas as mudanças podem ser resumidas em dois pilares: A obsessão em tornar o site mais rápido; E a ideia de valorizar ao máximo a experiência na leitura dos posts. O aumento da velocidade pediu mudanças e otimizações em absolutamente todos os detalhes do B9.

Controle na requisição de APIs, menos plugins, mais programação nativa, otimização das imagens, etc.

E quanto ao conteúdo: Deixamos para trás o formato padrão de posts, onde tinhamos uma única coluna (com 630 pixels), preenchida por foto + texto + foto + texto, e desenvolvemos um módulo que ocupa quase o dobro do tamanho, permitindo alinhar texto, imagens, citações e demais elementos em duas colunas – e inúmeras possibilidades.

Três layouts diferentes, para seu celular, laptop ou desktop ter uma experiência adequada com o conteúdo do B9.

Outras mudanças significativas estão diretamente ligadas ao responsive design que o B9 passa a oferecer. Por isso, convido você a aumentar e diminuir seu navegador para perceber essas mudanças – além de acessar o site usando seu smartphone. Criamos três versões diferentes do site: Uma mobile; Uma para monitores entre 8″ e 13″; E a última para monitores acima de 15″.

É importante contar que em todas os posts são 100% valorizados, possibilitando uma leitura agradável, que utiliza melhor o espaço da sua tela, e não incomoda banners piscando, widgets ou qualquer outra interferência visual.

O site faz parte das comemorações dos 10 anos do B9.

Também dobramos o tamanho das imagens e vídeos, nos dando a possibilidade de apresentar de forma muito mais consistente as campanhas, criações, artigos e pirações que já postávamos no dia-a-dia. São mudanças que mostram bem a preocupação do novo site com a experiência de leitura. Por isso, convidamos vocês para assistirem ao vídeo de apresentação acima. E claro, a aproveitarem ao máximo a versão 6.0.

Já temos planos para o B9 6.1, é claro, mantendo essa base mas com alterações importantes que virão nos próximos meses em um projeto contínuo de atualização e adequação com as novas tecnologias.

Esperamos que gostem.

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Skyfall: 007 por Sam Mendes

Embora seja fã dos primeiros filmes dessa franquia (se é que posso chamar assim) feitos pelo Sean Connery, confesso que a entrada do Pierce Brosnan detonou minha vontade de assistir aos filmes do agente britânico. E não vou questionar a qualidade do ator, afinal, é uma opinião pessoal: Às vezes você simplesmente não gosta, e ponto. No entanto, meu interesse retornou em 2006 com “Casino Royale”, apresentando o novo Bond, Daniel Craig; Novamente em 2008, com “Quantum of Solace”; E agora, terceira vez, em “Skyfall” – último filme da série.

É verdade que Daniel Craig faz (e muito) bem o papel, mas, tomando o maior cuidado para não dar spoilers, acredito que qualquer comentário sobre este filme mereça dois outros temas: Sam Mendes e Javier Bardem.

Entre o portfólio de Sam Mendes, filmes como “Estrada para Perdição” e “Beleza Americana” dão uma boa dica do que se pode esperar assistindo ao 007: É um diretor diferenciado, que compõe cenas como se fossem obras de arte. E se lembrarmos do que ele já fez por aí, talvez realmente sejam.

Javier Bardem: Vilão a altura do 007.

Em “Skyfall” não foi diferente. É possível perceber esse cuidado estético em muitos takes, e sair do cinema pensando nas nuâncias de luz, cores e construções que o diretor oferece. E, embora isso já pudesse ser suficiente, ainda temos Bardem.

Com uma atuação digna de um Heath Ledger em “The Dark Knight”, em muitos momentos você simplesmente esquece de tudo e se envolve com a qualidade de um ator deste porte.

Portanto, “Skyfall” não será o filme do ano. Mas certamente essa obra de Sam Mendes merece a sua atenção.

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Adeus, Hebe Camargo

Somos comunicadores. E boa parte do crescimento que conseguimos diariamente em nosso mercado se dá pela análise criteriosa das referências que encontramos nos mais diversos âmbitos.

E tanto faz se você assistia ou não o programa da Hebe: Certamente sabia da importância dela como referência na comunicação. Uma mulher que conseguia o respeito dos mais diversos públicos, faixas etárias e classes sociais, de forma maestral.

Me lembro de começar a ter idéia da grandiosidade dela assistindo aos programas de humor (quase sempre lado lado do Golias), em que (de forma extremamente natural) arrancava gargalhadas de qualquer um. Sem apelação, técnicas ou qualquer outro artifício. Hebe era puro feeling. Talento nato.

Fosse como cantora, apresentadora, atriz ou humorista, ela sempre brilhou e elevou o nível, qualidade e importância do trabalho. Uma pessoa sem igual, respeitada por todos os profissionais e emissoras do país. Coisa rara.

Algo que não podemos (e não iremos) esquecer nunca.
Descanse em paz.

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Obrigado, Seagulls Fly!

A Seagulls Fly comunicou ao mercado seu encerramento ontem, após 14 anos. Uma notícia triste para todos nós, que assistimos de camarote boa parte dos incríveis projetos que esses caras desenvolveram; e principalmente para os publicitários que tiveram a oportunidade de entregar suas idéias para que “as gaivotas” transformassem em realidade.

É fato de que essa empresa foi um marco em nossa história gráfica / digital, e sei que posso falar isso em nome de todos os criativos que lêem o B9:

Obrigado, de verdade, por toda a inspiração que vocês nos deram durante esses anos! Vocês foram únicos.

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A nova identidade do eBay

O eBay completa 17 anos de vida neste mês. E o serviço que começou com o propósito de ajudar pessoas a venderem (ou comprarem) praticamente qualquer coisa assume uma nova postura, segundo o presidente da empresa, Devin Wenig:

“- Comprar a qualquer hora, em qualquer lugar? Esse é o novo eBay.”

É uma mudança significativa, que trouxe uma simplificação ao original, além de uma readequação na paleta de cores.

Não gosto de elogiar ou criticar projetos que não vi o sistema completo. E esse é um caso. De qualquer forma, muitas percepções são óbvias numa primeira olhada: Existe uma nova postura, com um “Q” mais global e contemporâneo, sem aquele espírito adolescente presente na identidade anterior.

Ainda não rolou uma atualização no site. Mas isso deve ser questão de tempo.

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O ponto de fuga de Stanley Kubrick

Kubrick (de longe, meu diretor predileto) fez 13 filmes em seus 46 anos de trabalho. O que é pouco se compararmos a outros diretores – Spielberg, por exemplo, dirigiu 51, produziu 133 e escreveu 21 títulos nos últimos 48 anos. E isso tem uma razão: Stanley era perfeccionista como poucos. Do tipo que levava atores, produtores e funcionários a completa exaustão. O próprio Jack Nicholson surtou com o diretor, depois de refazer um take centenas de vezes, dizendo:

“Just because you’re a perfectionist doesn’t mean you’re perfect!”

E talvez o ponto principal desse cuidado minucioso fosse “apenas” a preocupação com o envolvimento do espectador. Pois ele não via a obra apenas como um artista, mas também como um psiquiatra. Kubrick sabia exatamente como entrar nas nossas mentes e causar desconforto, medo, aflição e excitação. Tanto pela atuação dos atores (como o próprio Jack, em “O Iluminado”), pela fotografia (como a luz natural de “Barry Lyndon”), pela trilha sonora (“De Olhos Bem Fechados”) ou pela visão imposta por suas lentes.

O vídeo acima (One-Point Perspective) mostra uma prática comum do diretor, centralizando o ponto de fuga da cena como em uma pintura renascentista. Primeiro por encarar seus filmes como pura arte. Mas principalmente por saber que essa é a melhor forma de nos puxar para dentro de suas construções.

Kubrick não se provou gênio por um ou outro filme. Na verdade, temo que nós ainda não entendemos tudo o que ele nos disse em sua obra. E é bem provável que achados como o “One-Point Perspective” surgirão durante as próximas décadas, quando nós, pobres mortais, perceberemos mais e mais detalhes (como a história do banheiro, que já postei aqui) que esse mito deixou para nós.

Amém.

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