WhatsApp, doc? Stickers e marcas

Se há uma coisa clara hoje em dia é que os aplicativos de mensagens são as reais redes sociais, onde as pessoas constroem menos a sua persona e são bem perto de como são na vida. Ao contrário do mundo perfeito do Instagram, Facebook e, por que não, LinkedIn, o WhatsApp – a outra estrela …

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Na gig economy, nem todo mundo está sendo Rappi o suficiente

Sempre achei essa história de gig economy bem interessante. Depois que ouvi o Braincast sobre a “Economia dos Bicos”, fiquei pensando em algumas coisas que acabaram não sendo abordadas. Eu sei que tem uma porção de coisa legal (e outras nem tanto) mas tem uns aspectos que me fazem pensar no impacto dessa economia para …

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Eu, Produto

Eu posso ser o produto mas sou mais caro que um punhado de likes

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O seu conteúdo está preparado para as duas internets?

Two

Como sobreviver no meio da batalha sem fim entre Google e Facebook

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Precisamos falar sobre métricas de vaidade

Métricas

Mudando a mentalidade do “o meu é maior que o seu”

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A morte lenta da interação na Internet?

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Ou quando a Internet fica parecida com a TV

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Quem está olhando para os apps de Read It Later?

Pocket

Serviços que “bagunc?am” as métricas usadas atualmente

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O mundo mágico dos videocases

Honda

Não existe estratégia perfeita. Ela é no máximo uma estimativa de como as coisas devem acontecer, baseada muitas vezes em histórico, cenário, comportamento e contexto. A estratégia perfeita, na minha opinião, não é aquela que não muda mas sim a que muda e se adapta às mudanças.

Explico: a sua estratégia pode ser perfeita hoje mas uma mudança como a que o governo Collor fez ao reter o dinheiro de todos os brasileiros faz com que a sua estratégia não funcione mais. Se ela conseguir se adaptar a esse novo cenário, contexto e comportamentos que derivam dessa mudança, é um mérito quase tão importante quanto ter pensado e desenvolvido aquela estratégia.

Nos anos 1960, a Honda queria voltar a vender nos EUA e, estudando o cenário e comportamento, identificou que poderia entrar no mercado das motos grandes como Harley-Davidson e da britânica Triumph.

Desenvolveram um produto e colocaram no mercado. O projeto tinha problemas, o custo da manutenção era alto (as motos eram enviadas para o Japão para serem consertadas) e a operação americana estava tomando um prejuízo gigante. Eles tinham também um outro produto que era uma moto menor – as famosas Honda 50 – que eles imaginavam que, como no Japão, seriam mais usadas para entregas por serem mais estreitas e menores que as que os americanos gostavam.

Honda

Uma mudança de estratégia é capaz de recuperar o negócio

A estratégia inicial estava afundando a empresa. Eles não sabiam o que fazer. Os funcionários podiam usar essas motos menores quando quisessem e, um dia, um deles revoltado com a situação toda, pegou uma e foi para Hollywood Hills. Ficou andando de moto por meio de trilhas para descarregar um pouco aquela pressão toda e se divertiu um monte.

A moto respondia bem naquele terreno, fazia curvas rápidas e tal. Na semana seguinte ele chamou uns amigos do trabalho para ir com ele. Em algum tempo, isso começou a se tornar algo que chamava a atenção e as pessoas começaram a perguntar que motos eram essas? O que eram aquelas dirt bikes e onde poderiam compra-las?

A mudança na estratégia veio daí e recuperou o negócio. Claro que tiveram negociações com Walmart, reposicionamento, campanhas e etc, mas o ponto é: a estratégia inicial de vender motos grandes mudou para vender motos, principalmente para um público “não motoqueiro”. É uma coisa que parece simples mas não é. E foi feita.

planning_is_guessing

Tudo foi planejado, funcionou perfeitamente e tivemos esses resultados incríveis. E isso aconteceu em um mundo paralelo.

No livro “Rework”, os caras da 37Signals (ou Basecamp) falam que “Planning is Guessing”. Embora o racional deles tenha um Q de verdade, acho que não dá para ser levado ao pé da letra. O trabalho do planejamento é muito importante e reduzi-lo dessa maneira não é justo.

Só que quando chegamos na publicidade, especificamente nos video cases, notamos que não existe nada que dê errado. Tudo rodou perfeito como se pudéssemos prever e nos programar tanto assim. Se a sua ação inovadora que deu resultado para o cliente e está sendo inscrita em prêmios fluiu tão perfeitamente assim, por que isso não acontece com todas as outras?

Claro, em um vídeocase há a limitação de tempo e o que não é essencial para ação geralmente cai e o papel do videocase é reforçar as coisas boas. Mas quando olhamos os vídeos de projetos do Kickstarter (e até o decorrer dos projetos) notamos que eles focam em falar que estudaram as possibilidades, erraram um monte e chegaram no que achavam ser a melhor opção. Até começar o projeto e perceber que ainda haviam muitas coisas para resolver antes do produto ficar pronto. Olha o nível de trabalho (pré-produção e produção) de um vídeo Demo de um app.

Em 2010, o Gustavo Mini tuítou algo sensacional e nem sei como me lembrei disso mas aqui vai:

E é isso que me incomoda. Tudo foi planejado, funcionou perfeitamente e tivemos esses resultados incríveis. E isso aconteceu em um mundo paralelo. No mundo real, tiveram que fazer ajustes no produto, na campanha, no roteiro original para se adequar às necessidades do cliente sem tirar o brilho criativo.

Agora lembre dos vídeos do OK GO. Independente do planejamento, pense na quantidade de vezes que eles devem ter ensaiado antes de começar a gravar? É o mesmo que achar que todos os filmes podem ser gravados em um take só. Isso é tão raro que quando fazem algo de maneira magistral como fizeram em “True Detective” em um plano sequencia de 6 minutos, de “Festim Diabo?lico” do Hitchcock e até as várias cenas de “Filhos da Esperanc?a”.

Mesmo com muito planejamento sempre tem um erro. As vezes é grande outras não. Pode ser desde o fato de o microfone que aparece toda hora no filme “Os Outros”, o cameraman no reflexo do comercial da Sony, um carro passando no fundo de uma cena do “O Senhor dos Ane?is” e até o produto não funcionar direito no dia e o seu uso ser simulado. São coisas que acontecem e que não foram previstas, e que apenas um olho mais atento notaria. Mas apenas no mundo real. No mundo mágico dos vídeos cases tudo é perfeito.

Acho que os festivais tinham que criar uma categoria Making Of só para mostrar os sufocos de produção e tal. Mas pensando bem, talvez eles caíssem em outro mundo paralelo: o mundo amaldiçoado dos Making Ofs em que todo mundo quer mostrar que superou situações terríveis para montar determinado projeto.

Estamos perdidos.

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Do Analista de Redes Sociais ao Community Manager: Uma história

Internet

Antes de começar a ler, saiba que esse texto é um lembrete do que já passamos em um mercado tão novo e que já estamos repetindo erros do passado ao sobrecarregarmos determinadas funções.

É uma homenagem a galera da primeira geração desse mercado. Pessoas como Alexandre Inagaki, Wagner “Mr Manson” Martins, Gustavo Fortes, Pedro Ivo Resende e mais um monte de gente que acreditou nisso tudo desde cedo e, aprendendo enquanto fazia, errando e acertando muito, ajudou a construir um mercado.

O tom é pessimista justamente por notar erros sendo repetidos. Notar que são poucos os que sabem ouvir o que uma comunidade diz e realmente utilizar essas informações, já que continuamos usando Bradesco e o Pinguim do Ponto Frio como Benchmark de Gestão de Comunidade feita por marcas. Esse tom pessimista é para incomodar. Esse tom pessimista é para vocês mostrarem que há luz no fim do túnel e colocarem bons casos brasileiros nos comentários. Esse tom pessimista é um desafio.

Então chega de blá-blá-blá e vamos ao texto.

Internet

O COMEÇO

É curioso pensarmos em como o cenário nos viciou na idéia de que quem trabalha com Social Media tem que saber de tudo. Tem que saber de conteúdo, de programação, de SEO, de Mídia, de BI e o que mais quiser colocar nesse saco.

Os tais analistas de redes sociais nasceram dessa forma no Brasil. Na primeira geração de pessoas que trabalhavam com redes sociais, e com isso eu quero dizer comunidades do Orkut, blogs e, de vez em quando, fóruns. Na verdade, o termo redes sociais nem era usado ainda, então imagine como podia ser difícil achar pessoas para trabalhar nesse cenário.

Foi então que tiveram que inventar um cargo para o blogueiro: Analista de Redes Sociais

Comprar publieditorial ainda era uma polêmica e muitas coisas que hoje temos como claras e definidas, simplesmente não existiam. Blogueiros pareciam uma opção que fazia sentido para esse trabalho. Quer saber porque? Aqui vai:

Eles começaram fazendo seus blogs porque queriam escrever sobre assuntos que gostavam. As pessoas passaram a gostar do que esses blogs publicavam, e aí o blogueiro ficou curioso para ver o que atraía mais essa galera que vinha do Google. Começou a brincar com títulos diferentes e com mais apelo para ter melhor posição no mecanismo de busca e ser mais visto, mudou o layout da página e para isso teve que aprender noções de HTML e talvez de Photoshop.

Quando notaram que tinha muita gente comentando no blog, resolveram entender melhor quantas pessoas estavam acessando, de onde vinham, como se reproduziam e tal. Com cada vez mais pessoas lendo, escrever no blog tomava muito tempo da vida deles, e a audiência até cobrando posts com mais frequência. Estava então na hora de tentar ganhar algum dinheiro com isso, colocando uns links de afiliados da Amazon, Mercado Livre, Google Ads, e afins.

CM

Quando algumas agências descobriram que essas pessoas comuns as vezes influenciavam mais do que os grandes veículos para determinados públicos, resolveram comprar espaço comercial e editorial nesses blogs. Mas com esse novo mercado que abriu, vieram métricas da mídia online tradicional: pageviews, impressões e etc.

Analisando o parágrafo acima, dá para notar que o tal blogueiro tinha uma porção de funções diferentes. E isso é ótimo para eles, mas não necessariamente para as empresas que os contrataram depois. Seu conhecimento, embora útil em um primeiro momento, acaba sendo superficial. Funciona, mas apenas em um curto prazo.

Há profissionais especializados e que vão cumprir essas funções melhor que blogueiros em boa parte das vezes. E isso não é um demérito. É apenas uma constatação de que os blogueiros, assim como qualquer profissional, vão se dar melhor em algumas funções do que em outras, e o seu gestor deveria notar isso e tentar aproveitar o melhor daquela pessoa. Infelizmente não é isso que acontece. E não foi o que aconteceu por um simples motivo: as agências não estavam preparadas para alguém com aquele perfil.

O blogueiro era um redator, mas não redator publicitário, ele sabia alguma coisa de Analytics mas não tinha a bagagem de estatística, sabia mexer em templates de blog mas não era programador e por aí vai.

Naquele tempo, a maior parte das ~ações~ era no Orkut e em blogs, então esse blogueiro, virou o ~cara do Orkut~ e o que ele fazia era gestão dessas comunidades proprietárias (da marca ou da ação), negociando com os outros blogueiros. Só que as pessoas foram migrando para outras ferramentas como Flickr, Facebook, MySpace, etc, e esse cara continuou tocando essas coisas porque eram mais próximas do seu universo do que o do povo que fazia sites em flash.

Foi então que tiveram que inventar um cargo para esse cara: Analista de Redes Sociais. E aí todo esse conhecimento pela metade que ele tinha virou função do cargo. Claro que isso ia dar errado. E deu. A complexidade do trabalho aumentou muito com a expansão desse ecossistema.

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O INÍCIO DA MUDANÇA

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Vários Analistas de Redes Sociais mais safos começaram a crescer na agência e, com isso, passaram a desprezar o cargo anterior. Vários deles que se destacavam no ambiente de agência, viraram estrategistas digitais, começaram a falar de ecossistema da marca e se aproximar do planejamento.

Outros viram que a área de conteúdo tinha mais a ver com eles e começaram a focar nisso, mas com uma visão de marca que reforçasse o Brand Persona. As coisas pareciam ter melhorado. As agências entenderam melhor o que eram as redes sociais, encergando que conteúdo e comunidade são coisas importantes (e fundamentais) para qualquer marca que quiser se aventurar em social media.

Mas quando começou a guerra por quantidade de fãs e seguidores, e as marcas viram que isso só tornava tudo ainda mais complicado e dava trabalho, eles, os analistas de redes sociais, viraram mais necessários do que nunca. Dessa forma, o termo foi atualizado em boa parte das agências sérias para Community Manager. Resultado: ele já não era mais responsável por tudo.

Agências entenderam que conteúdo e comunidade são fundamentais para qualquer marca que quiser se aventurar em social media

O profissional começou a se especializar em entender como aquela comunidade funcionava, o que gerava mais participação e menos rejeição, começou a detectar padrões entre os comentários, notar quais eram os mais fãs/seguidores mais ativos e por aí vai. E aí vieram os novos problemas: uma herança maldita dos primeiros anos de trabalho em redes sociais, as agências começaram a se perguntar o que essa pessoa fazia. Porque, aparentemente, ela não faz nada além de passar o dia nas redes sociais.

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MUDOU. MAS NÃO MUITO.

O cargo continuava bastante operacional, é claro, e o fato de tratarem esses profissionais apenas como um SAC online só complicou. Com algumas exceções, essa pessoa só era acionada quando havia algum problema. Nunca eram chamados antes da nova campanha ~incrível~ da agência ir para rua. E se os produtos/serviços da marca não eram bem vistos pelo público então, dava até pena dos Community Managers.

O que está acontecendo com os Community Manager é exatamente o que ocorre com o a equipe de Telemarketing: São sempre os últimos a saber

Em várias agências já vemos duplas exclusivas para criação em Redes Sociais. BI se tornou cada vez mais importante tanto para resultados das ações quanto para o planejamento e criação. Mas o Community Manager continua sozinho publicando e agendando posts, sempre alerta para as interações que deve responder. Ele é tratado como um pária.

Outra função do Community Manager que também é ignorada é a curadoria. Por estar sempre atento ao que acontece nos canais sociais da marca, volta e meia ele tem acesso a notícias ainda não divulgadas amplamente, assuntos relacionados aos temas da marca e isso acontece tanto que nem sei como temos tão poucos casos a respeito.

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Por que ninguém divulga esse tipo de informação? É uma maneira de valorizar o trabalho do Community Manager, de mostrar que a sua agência/marca realmente ouve e analisa o que está sendo falado a seu respeito e reage de acordo.

No final das contas, eu acho engraçado que todas as agências e empresas coloquem no seu método que ouvem o que a audiência fala, e que usam isso para alimentar o conteúdo criado. Mas, quando analisamos a fundo, isso não acontece com essa frequência. Tem muita informação ruim nas redes sociais a respeito das marcas. E é difícil conseguir separar o joio do trigo, principalmente quando falamos de uma marca grande. Uma marca deveria estar a par de coisas que acontecem no seu mercado, certo? Pois nem sempre isso acontece.

O papel do curador é exatamente esse. Separar o que é bom do que é ruim e comunicar a todos. Não no relatório semanal ou mensal, mas o quanto antes. Em Social Media o timing é importante. Ter algo novo para divulgar ou uma visão nova a respeito de um assunto pode ajudar a construir a marca.

Mas como avaliar o trabalho e a importância de um Community Manager se o espaço dado a essa pessoa é restrito? É enorme a quantidade de vezes que eu vi insights achados por eles serem ignorados pela Criação e pelo Planejamento. Não adianta continuar a tratar Community Managers “como as pessoas responsa?veis por publicac?a?o de posts” ou como SA.

Que tal envolver essas pessoas no processo todo? O que está acontecendo com os CMs é exatamente o que ocorre com o a equipe de Telemarketing. São os últimos a saber, são apenas operacionais e só são ouvidos quando dá algum problema.

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O CÍRCULO VICIOSO

Até quando? O que acontece hoje é que entramos em uma círculo vicioso. Community Managers que não são ouvidos, começam a não falar mais e apenas fazem o que é mandado, cansam desse tipo de trabalho e vão buscar outra coisa. O turn-over aumenta e acham que o problema é do cargo que é chato e entediante.

Talvez esteja na hora de começarmos a dividir ainda mais as funções e as equipes: SAC, Conversação e Conteúdo

Na verdade, chato é que boa parte das empresas reduzem o cargo apenas a parte operacional. Contratam pessoas formadas, com inglês fluente para ficar olhando post de gente que mal sabe escrever em português.

Ou seja, no cenário atual não estamos criando um olhar estratégico para os Community Managers. Estamos replicando o modelo criado pelas empresas de Telemarketing para atender as dúvidas e reclamações dos clientes e, isso, mesmo sendo feito online, é um serviço diferente. Algo que muitas vezes acaba sendo feitos pelo Community Manager, mas ele tem muito mais coisa para acrescentar para a estratégia da marca.

SERIA A HORA DE UM NOVO REBOOT?

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Então agora releia o primeiro parágrafo desse texto e note que estamos fazendo a mesma coisa com os Community Managers. Eles tem que saber gerenciar a comunidade, analisar tendências, buscar insights dos assuntos relacionados e ainda responder todas as interações nos perfis sociais. Menos, gente. Menos.

Talvez esteja na hora de começarmos a dividir ainda mais as funções e as equipes: SAC, Conversação e Conteúdo.

SAC fica responsável pelas dúvidas e respostas relacionadas ao produto/serviço. Um outro time, focado em Conversação deve analisar tendências, buscar insights e manter contato com as pessoas que publicam algo sobre a marca, mas que não necessariamente exigem uma resposta, tendo também um outro time separado para focar em conteúdo e que seria alimentado de informações pelas outras duas áreas.

E nesse cenário, quem sabe não vale dividir também as empresas responsáveis por essas entregas? Empresas especializadas em SAC Online, empresas especializadas em geração de conteúdo e um ou dois Community Managers trabalhando de dentro do departamento de marketing e não nas agências e que sejam responsáveis por integrar essas outras duas empresas especializadas.

Enfim, são apenas devaneios de um velho nesse mercado, aflito com o cenário atual e que está torcendo para que tudo mude de novo.

/Animação e GIF’s: Onward Internet e Buck

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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Mídias sociais, mídia de massa e marcas

Tenho pensado muito no estado da Social Media hoje. Como contraria parte de tudo o que pensávamos antes – trechos do Clue Train Manifesto e o ideal romântico de que as marcas poderiam falar direto com todos seus consumidores – e o quanto tudo isso mudou quando chegamos a um momento em que as redes sociais tem audiência suficiente para serem realmente comparadas com a mídia de massa.

Muito disso tem a ver com a palestra que eu e o Cris Dias estamos propondo para o SXSW e que dependemos do seu voto, mas eu acho que a proposta é mais resultado dessas ponderações do que o contrário.

Pois bem, vamos lá. O que são marcas? São uma maneira de os produtores começarem a diferenciar os seus produtos no mercado quando começaram a atingir mais pessoas. Até então falar que era um queijo suíço, um vinho francês ou mencionar que era das vilas em que eram fabricados já era o suficiente.

Mas quando os produtos começam a chegar a mais pessoas e quando mais produtores aparecem, essa diferença já não era suficiente e esses produtores tiveram que defender que eles que faziam esses produtos e colocavam o nome da sua região, da sua família e etc para marcar o território e os seus consumidores algo para identificarem seus produtos.

Não dá para ter zilhões de consumidores e manter o mesmo nível de conexão com seus clientes quando a empresa era menor. Começamos a trocar relacionamento por dinheiro.

Isso ficou bem claro na revolução industrial quando a possibilidade de vender para pessoas que vivessem fora da sua cidade/região se tornou mais comum. Então se pararmos para pensar nesse cenário, já dá para notar que esses produtores que antes estavam bem próximos dos seus consumidores começaram a se distanciar do seu público.

Não havia maneira de falar com todas pessoas que consumiam os seus produtos. E isso começou a construir o que conhecemos hoje como padrão no mercado. Ou seja, quando a produção cresce e atende a demanda de mais pessoas é normal que aja uma desconexão do produtor com seu público. Começamos a tratar todo mundo da mesma forma. Seja vendendo carros pretos para todo mundo ou fazendo produtos que sejam bons para todo mundo.

Mas ficou cada vez mais claro que as marcas não conseguiriam ter os dois lados. Não dava para ter zilhões de consumidores e ainda ter o mesmo nível de conexão que tinham com seus clientes quando a empresa era menor. Começamos a trocar relacionamento por dinheiro. E para uma empresa, esse geralmente é o caminho.

De lá para cá tentamos suprir essa distância com pesquisas quanti e quali, atendimento por telefone, CRM e etc mas, mesmo assim, muita coisa se perdia no caminho e as empresas ao crescerem se tornavam entidades cada vez mais complexas.

E nesse cenário, as marcas se acostumaram a serem as únicas a falar. O consumidor não tinha muita voz. Seu protesto era não comprar e só (o que já é bastante). Se algo dava errado, as empresas tinham que correr atrás para ver o que tinha acontecido. Quando as redes sociais apareceram, de repente houve essa impressão de que tudo seria diferente. E de alguma forma foi muito diferente.

Não foi nem do jeito que imaginávamos, nem do jeito que as empresas imaginavam. As empresas que querem conseguem ter mais feedback sobre seus produtos e campanhas quase em tempo real e conseguem ajustar bem mais rápido. Mas a parte de ter uma conexão melhor com seus consumidores não foi bem o que queríamos que acontecesse. Marcas globais com muitos consumidores simplesmente não tinham como responder a todo mundo que citasse a marca nas redes sociais.

Atendimento

Para as marcas grandes, todo dia é dia de aniversário. Tem mais gente falando com você do que você tem tempo e equipe para responder.

Para ter uma ideia de como isso é, pense no dia do seu aniversário em que muita gente comenta e interage com você. E você, de alguma forma, interage com todo mundo. Agora multiplique isso por 364 dias do ano. Agora pense em como você interage com essas pessoas no seu aniversário. Boa parte das pessoas dá apenas um like em todas as mensagens de parabéns e depois fazem um post agradecendo a todo mundo que lembrou de você naquele dia. E tudo bem.
Só que para as marcas grandes, todo dia é dia de aniversário. Tem mais gente falando com você do que você tem tempo e equipe para responder.

Então nós temos expectativas irreais em relação a interação de marcas e pessoas. Nós mal conseguimos fazer isso no dia do nosso aniversário. Porque marcas devem conseguir fazer isso? Ah! porque são empresas que ganham bilhões de dólares e tem milhares de funcionários no mundo todo. Eles tem que conseguir responder todo mundo. Só que não. Porque o volume e muito maior do que as equipes separadas para isso.

Pensem em empresas de telemarketing. Quantas pessoas elas tem para te responder. Quanto tempo você fica esperando ter alguém para te atender. Pense em uma loja lotada. Não dá para atender todo mundo ao mesmo tempo. Então não dá para criticarmos as marcas por não interagirem com todo mundo. Marcas não são pessoas. Essa é uma expectativa nossa.

O que acontece é que elas acabam priorizando com quem vão falar. E, para evitar que falem mal da marca e produtos, a prioridade é o atendimento ao consumidor. O SAC é responsável por boa parte das interações. Algumas empresas ainda conseguem dar uma atenção para vendas e geração de leads em conversações que acontecem envolvendo/citando a marca. Mas isso não é sustentável. Em um cenário de produção e consumo em massa, essa relação 1to1 não se sustenta.

Esse é o ônus e o bônus de ser uma marca grande nas redes sociais. Ao mesmo tempo que você consegue falar com muita gente, tem um alcance gigante mas tem que ter um time grande de SAC e relacionamento para atender a todas as demandas. É o grande paradoxo das redes sociais: quanto maior sua marca for, menos você interagirá com seu público.

E aí como faz para falar com o resto? Conversações são algo bem maior que interações. Por que eu digo isso? Porque conversações não são likes em um comentário. Não são emoticons como resposta ou um script de resposta. Conversações são algo que deve significar algo.

Bem, se a marca não consegue conversar com todo mundo, o que ela deve fazer? Basicamente o que sempre tentou fazer. Ser quem oferece os assuntos e não quem participa dos assuntos. Ou seja, se tornar o assunto das conversações. Nesse momento em que boa parte das pessoas está sempre conectada, que tem uma oferta de conteúdo absurda, que o dia continua com as 24h e que os canais sociais muitas vezes atingem mais gente que os canais tradicionais (Print, TV, Rádio, etc), a qualidade do conteúdo que você faz é, cada vez mais, fundamental.

E o PJ Pereira tem uma frase muito boa para essa era do conteúdo:

“Think like a marketer. Behave like an entertainer. Move like a tech startup”

Pense como alguém de marketing, comporte-se como alguém de entretenimento. Mova-se como uma start-up. Isso é uma mudança bem grande na maneira de funcionar de empresas e agências.

Não é sempre que dá para fazer isso. Mas é algo que devemos ter sempre na cabeça. No final das contas, a pergunta que nunca deve se calar para qualquer pessoa trabalhando com comunicação continua sendo uma só:

A ideia é forte o suficiente para se tornar um assunto comentado?

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Qual o papel da Timeline? (e outras perguntas capciosas)

Pergunta capciosa mesmo. Sem pensar muito dá para responder facilmente que o papel da Timeline é mostrar a sua história em ordem cronológica. E foi assim que o Facebook vendeu a ideia de Timeline para as pessoas. Mas e quando falamos de marcas, qual o papel da Timeline? Contar a história da marca? Sim, claro. Mas se as marcas estão se tornando criadoras e curadoras de conteúdo, o papel da Timeline é ser um arquivo desse conteúdo também, certo?

Pois é, aí é que as coisas começam a ficar estranhas. Como muitos sabem, as pessoas acessam pouco as páginas das marcas no Facebook, os perfis no Twitter idem. A maioria só entra quando quer seguir e pronto. Tudo acontece no Feed.

Legal. Isso faz sentido. É onde as pessoas já estão naturalmente sendo atualizados pelas notícias dos seus amigos e tudo mais. O que me leva novamente a questão de ter um conteúdo de qualidade é importante.

Mas se as marcas estão querendo ser relevantes publicando N vezes por dia e almejando ter um alcance incrível, o que acontece com a Timeline? Fica poluída. E o papel de “Arquivo” da página vai para o espaço porque o que fica lá é uma sequência de posts engraçadinhos ou de auto-ajuda e pouca coisa realmente memorável.

A ideia de fazer com que as pessoas compartilhem o conteúdo da marca é mais forte que tudo. Mas no final do dia, quantas marcas efetivamente as pessoas lembram? Quantos posts elas realmente lembram como eram e de quem eram?

Com o intuito de construir a nossa marca, estamos bombardeando a audiência com informação que muitas vezes é irrelevante

Se parar para pensar as melhores histórias geram mais lembranças. Red Bull Stratos é uma história incrível e foi construída para potencializar isso. E temos vários exemplos de histórias legais. Filmes da Coca-Cola, a ação da Heineken para a final da Champions League e o similar feito para os jogadores do time de basquete de Turquia. São histórias boas. E são essas histórias que as pessoas poderiam procurar na Timeline se ela tivesse a função de arquivo das coisas legais que a marca já fez.

Aí começamos a juntar alguns dados sobre o Facebook e vemos umas coisas que assustam um pouco: Apenas 2% ou 3% dos fãs acessam a sua fanpage e em média, as pessoas tem XX amigos e seguem XX marcas. Ou seja, o conteúdo tem que ser muito legal para que as pessoas lembrem disso depois. E como buscar no Google não vai adiantar porque esse conteúdo não é indexado por ele, chego a segunda parte desse post com outra pergunta capciosa:

Overload

Porque as marcas tem que postar todo dia?

Sério. Por que as marcas tem que publicar algo todo dia? Ah! é para continuar presente na vida das pessoas na Timeline, é para mostrar como somos relevantes e como podemos acrescentar algo a vida das pessoas que consomem nosso produto e que querem saber o que estamos fazendo. Ver marcas atualizando status 10 vezes por dia como se fossem adolescentes com TDAH me deixa nervoso mesmo quando o publico alvo é um adolescente com TDAH.

Se pararmos para pensar, essa história de publicar todo dia não é nova. Quando os blogs eram “obrigatórios” para empresas, esse mesmo discurso apareceu e várias empresas fizeram isso e publicavam todo dia alguma coisa nova até que isso não se sustentou e várias marcas começaram a publicar com menos frequência. Algumas marcas começaram a usar o blog como uma maneira de publicar press-releases para a sua audiência e outros começaram a deixar o seu blog como um espaço sem nenhuma periodicidade definida o que, na minha opinião, também não é o melhor a se fazer.

Mas o que me incomoda hoje é que as marcas estão sendo cobradas por uma criação de conteúdo exatamente como a de um veículo de comunicação. E se isso já não está fácil para os veículos de comunicação, imagina para uma marca que não tenha esse tipo de serviço como seu core business. E, contrário ao que se acredita, essa cobrança não vem da audiência. Ela vem do mercado.

As marcas estão sendo cobradas por uma criação de conteúdo exatamente como a de um veículo de comunicação

Então, tecnicamente, estamos bombardeando nossa audiência de informação que muitas vezes é irrelevante com o intuito de construir a nossa marca mas baseados apenas em uma ferramenta que hoje dita o que mercado deve fazer. As marcas devem ter um conteúdo excelente, com qualidade de print mas com tempo de desenvolvimento mínimo e verba idem. Isso para um conteúdo que se durar um dia é muito.

Quando colocamos uma outra variável que não seja tempo e interesse do receptor em redes sociais, notamos que o sistema está ligeiramente corrompido. As timelines do Twitter, do Instagram, Tumblr e Google+ são totalmente dependentes do tempo e você consome o que assinou ou o que foi compartilhado por seus amigos mas sempre precisa definir até quando você quer ir na sua Timeline.

Overload

Se o que você vai ver é definido por algum algoritmo feito para facilitar a sua vida e pegar as informações do que você interagiu recentemente para definir o que você tem interesse, isso cria um viés e uma câmera de eco brutal. A diversidade morre. O acaso morre. E na boa, se você quer saber o que está acontecendo, olhe os trending topics.

Mas porque não temos um trending topics de amigos em todos os sites até hoje? Apenas o Facebook faz isso hoje ao colocar o que os seus amigos falaram daquele trending topic no topo mas não é isso o ideal. Era para ser ao contrário, ver micro-tendências entre os amigos e seguidores e não ver que eles estão falando das macro-tendências. Talvez isso já aconteça mas eu ainda não vi. E isso seria um bom caminho para ajudar na elaboração de conteúdo mais interessante para a audiência.

Quando começamos a perguntar sobre o porque existem essas regras, todas as respostas que temos são voltadas para um mundo de mídia paga e não proprietária e ganha. Alcance, awareness e engajamento são respostas recorrentes. OK. Somos publicitários, anunciantes e tudo mais. Nós pensamos assim e precisamos dessas métricas. Mas e o publico, como pensa? Ou melhor como se sente? Será que essas regras são boas para o público final? Será que isso não impacta a marca no médio prazo?

Uma vez eu segui o perfil do Guy Kawasaki no Twitter e notei que não era para mim. Eu fico online direto, acesso o Twitter frequentemente e essa conta repete (ou repetia na época) tweets 3 vezes por dia para alcançar as pessoas que têm um perfil diferente do meu. Ou seja, para pessoas normais, seguir a conta dele é ótimo pois a chance de você perder alguma coisa é bem menor. Mas, honestamente, é um saco e eu deixei de seguir. Mas essa foi a maneira de ele lidar com a variável tempo nas redes sociais.

Uma marca não é construída da noite pro dia. Isso demanda tempo e confiança. Atualizar mais vezes nao vai acelerar o processo. Anunciar mais talvez funcione por um tempo mas uma hora vira paisagem como boa parte da publicidade on e offline é hoje.

Mesmo marcas que começaram pequenas na internet e que foram crescendo aos poucos, demoraram anos para serem consideradas realmente boas. Vale lembrar que a maioria das marcas criadas acabam no 1º ano e as marcas picaretas de e-commerce duram até menos mas por serem desenhadas assim.

Oreo

O Camiseteria é um exemplo que gosto porque vi crescer. Ainda é nicho? É mas eles estão fazendo direito ao focar mais na comunidade do que em publicidade. No outro extremo temos a Netshoes que aposta mais na publicidade do que na comunidade e isso também tem funcionado. Eles tem conteúdo? Tem mas o foco é venda. Ambas são marcas relativamente novas e que demoraram anos para serem reconhecidas e para as pessoas notarem e confiarem nelas. Elas podem publicar muito, anunciar muito mas ainda assim precisaram de anos de bons serviços para serem reconhecidas como tal.

Quer outros exemplos? Olha o conteúdo da Patagonia e da InCase. Produtos bons, posicionamento idem e conteúdo relevante para o público principalmente no caso da Patagonia. A InCase mudou um pouco seu conteúdo no último ano mas se você olhar o que foi feito no passado nos seus canais sociais vai ver muito conteúdo legal, atletas legais sendo patrocinados ou criando coleções.

Flow é o conteúdo de dia a dia e que não vai viver muito mesmo. Stock é o conteúdo que pode ser acessado daqui a 3 meses ou 3 anos que ainda terá o seu valor

Quando marcas grandes e reconhecidas começam a correria de publicar todo dia, varias vezes ao dia, é natural que a qualidade do conteúdo caia, é natural que comece a ser considerado inadequado ou visto como spam nas redes sociais. Ainda estamos competindo com a vida das pessoas.

Imaginar que aparecendo mais em um lugar que é para amigos isso as torne mais relevante é uma falácia. E acho que aí está a graça de trabalhar com redes sociais hoje. É testar todas as possibilidades de ter um conteúdo bom e que dure. Porque boa parte do que tem sido feito e publicado em redes sociais segue mais a linha de Flow do que de Stock. Para quem não sabe ainda o que é isso, é bem simples. Flow é o conteúdo de dia a dia e que não vai viver muito mesmo. Stock é o conteúdo que pode ser acessado daqui a 3 meses ou 3 anos que ainda terá o seu valor.

Acho que ainda temos que encontrar o equilíbrio entre Flow e Stock e entre mídia paga e ganha. Não é fácil mas temos que testar e aprender. Não existe verdade absoluta ou regra talhada em pedra. Tudo está escrito em areia e a qualquer momento pode vir uma onda, apagar tudo e você ter que recomeçar. Então não se apegue muito ao modelo que está funcionando hoje. Algo me diz que se a sua audiência não cansar de você, provavelmente algum algoritmo vai.

Entendo que pensar em conteúdo que dure mais em Redes Sociais parece ser um contra-senso. Mas tendo um conceito forte de campanha por trás, é capaz desse conteúdo marcar uma época. Como os Outdoors da Veja marcaram uma época nos anos 90. Oreo é um grande exemplo desse tipo de conteúdo que pode ser visto como Flow para redes sociais mas acaba sendo Stock por mostrar uma época clara da história da comunicação dessa marca. Quantas das marcas que vemos por aí podem falar a mesma coisa?

Então eu pergunto de novo: Porque as marcas tem que postar todo dia?

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Social media não é uma disciplina

Existem algumas perguntas que estou cansado de ouvir: “O Facebook vai acabar? O Twitter ainda é bom? O Google+ vai virar?”. Independente da resposta que eu daria e do fato dessa pergunta ser feita por publicitários e empresários que querem saber onde devem investir o seu dinheiro, essas são perguntas erradas se pensarmos no médio prazo e estão tratando Redes Sociais como um canal apenas e não como um comportamento. Redes sociais não vão acabar.

No futuro, podemos não ter Facebook, Twitter etc mas o comportamento de se conectar com outros continuará como sempre aconteceu. Devemos mudar o foco de canais para assuntos. Sendo assim, temos que mudar a maneira de pensar comunicação nesse cenário. Está ficando cada vez mais claro que o formato que vem sendo usado talvez não seja o melhor.

Há alguns anos eu escrevi um post aqui no B9 em que perguntava onde, em uma agência de publicidade, a área de Social Media deveria ficar. Na época o debate ficou ao redor de Planejamento, Criação ou uma área separada. Acho que hoje eu tenho uma noção melhor de onde a área de Social Media deveria ficar em uma agência de publicidade e a resposta é simples: Em todo lugar.

Explico. Talvez tenha chegado a hora que Social Media não deva mais ser vista como uma disciplina ou departamento. Social Media, na minha opinião, deve ser vista como uma maneira de pensar. É uma maneira de pensar em que tudo pode ser assunto, em que todo formato é válido se gerar conversas e em que toda interação é uma oportunidade de gerar um assunto novo.

Talvez tenha chegado a hora que Social Media não deva mais ser vista como uma disciplina ou departamento

Talvez tenhamos que sair da fase em que tudo é anúncio e entrarmos em que tudo é assunto. Em que o mais importante é ter um assunto bom, que gere conversas em qualquer rede social. E por rede social entenda qualquer ambiente que junte um grupo de pessoas com algum interesse em comum e isso pode acontecer no clube, futebol das terças feiras, na praia e claro, no Facebook, Twitter, Google+ e Whatsapp. Por que no final das contas, redes sociais sem comunidade e conteúdo/assunto não existem.

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E com certeza, temos que evoluir da fase em que “tudo é curto prazo”. Seja corrida por fãs, corrida por likes, corrida por acessos e por aí vai. Do jeito que as coisas estão indo, falar em crescimento orgânico é quase um palavrão. Tudo é apenas aquisição. Somos todos colonizadores. Chegamos numa terra nova e saqueamos as riquezas desse local até esgota-las. Somos uma nuvem de gafanhotos e destruímos tudo que vimos pela frente. Raramente vemos uma estratégia baseada em branding, marca ou relacionamento. Médio ou longo prazo são termos usados quase sempre em situações ruins. Ninguém tem tempo para esperar.

Nesse cenário de pensar Social Media como disciplina, tudo muda. As vezes eu tenho a impressão que Social Media nas agências é exatamente o que Digital era 10 anos atrás quando comparado com Offline. Há um desinteresse generalizado para fazer esse tipo de trabalho. O que é curioso é notar que muitas vezes, quem tem a postura de resistência são as pessoas de digital e que sofreram isso no passado. Agora para e pensa se a mesma coisa também não acontece com o “pessoal de Mobile”. É amigo, não está fácil para ninguém.

Não há nada extremamente técnico nas entregas de Social Media que não possa ser entregue pelas áreas que já existem na agência

Naquela época, quem era de áreas offline, não se metia em online. E tinha essa divisão muito clara. “Ele é de online” vs “Ele é de offline”. Ao invés de pensar a comunicação como um todo, pensávamos em nichos e isso acabava gerando buracos na estratégia e na execução. Online era apenas o apêndice das campanhas. E aí hoje eu vejo isso acontecendo com Social Media. “Fulano é de Social” e, por ser de Social, essa pessoa tem a obrigação de saber fazer tudo relacionado a esse mundo.

Primeiro por que isso não existe, cada pessoa terá a sua especialidade e segundo por que o grande motivo de “Fulano é de Social” e tem que fazer tudo é um argumento bem próximo do que acontecia 10 anos atrás nas agências tradicionais: preguiça e medo de ter que aprender algo novo. E por causa disso, ainda acontece algo que até hoje eu vejo em agências maiores. Já vi isso acontecer em planejamento que é falar que o trabalho feito por tal planner é nível de offline. Isso só aconteceu porque não estão pensando na comunicação mas sim em disciplinas e quem entrega o que.

Na minha opinião, a maneira de combater isso é não tratar Social Media como uma disciplina mas sim como uma maneira de pensar. Ou seja, se pensarmos como disciplina, a única coisa que teremos é uma agência dentro de outra agência e isso dificilmente vai ser rentável principalmente por conta da sobreposição de funções e tarefas.

Se pensarmos nas áreas de uma agência, vemos que quase todas as funções existentes numa agência tradicional já poderiam ter capacidade de entregar qualquer job de digital, social media ou o que quiser. Basta ter profissionais para isso dispostos a sair da zona de conforto, se adaptar e aprender algo novo. E isso serve para os dois lados. Tanto para quem originalmente veio de offline quanto para quem originalmente veio de Digital/Social Media.

Basicamente, se as áreas da agência começarem a pensar em como aquele briefing poderá se tornar um assunto que as pessoas irão falar a respeito e não em que espaços ele deve preencher, tudo muda e podemos passar para a próxima fase.

E o que precisamos, e vou repetir o que escrevi antes, é ter profissionais dispostos a sair da zona de conforto, se adaptar e aprender algo novo. E aí é onde está a grande barreira hoje. A zona de conforto é tão… confortável.

Mas se a agência tem um departamento de Social Media a função que não está em nenhum lugar da agência e que as vezes acham que é o que define Social Media é a parte de interações e gestão da comunidade (ou Community Manager). Nesse cenário, vemos de novo que o SAC não deve estar na agência e que a função de Community Manager deixa de ser operacional e passa a ser estratégica e tática.

É detectar padrões e alimentar BI, Planejamento e Criação com insights sobre o que está acontecendo na comunidade numa versão mais Qualitativa e a Mídia sobre o que está funcionando e que merece investimento para amplificar o alcance daquele conteúdo. Ou seja, o Community Manager acaba funcionando também como um consultor para as áreas da agência que ele se relaciona. Mas acho que isso merece um post só sobre o assunto.

Claro que ainda vão existir as agências especializadas em Digital, em Social Media e etc. E a entrega delas será completa com todas as áreas pensando apenas nesse prisma e focado no que deve ser feito em canais digitais e Social media. O que quero dizer é que não há nada extremamente técnico nas entregas de Social Media que não possa ser entregue pelas áreas que já existem na agência.

Para confirmar o que estou falando, pense em uma agência de conteúdo. A entrega dela é baseada nos melhores canais em que aquele conteúdo deve estar. Uma parte na TV, outra parte na internet, outra em print, rádio, etc. Claro que existem restrições de orçamento, relacionamento com outras agências e etc. Mas deixar um conteúdo solitário numa mídia só pode ser uma miopia sem tamanho no negócio delas.

Então, para finalizar, o que quero dizer é o seguinte: estamos falando de comunicação. Temos que pensar em soluções de comunicação e não de quem entrega o que e onde. Falar hoje de comunicação 360º, Transmídia e etc nunca foi tão verdadeiro.

O momento que vivemos é claro: ou soma ou some.

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Corrida por cliques: O risco de se criar conteúdo com engajamento artificial

Semana passada o Yassuda escreveu um post incrível aqui no B9 sobre como a nova ~tendência~ nas redes sociais são chamadas no estilo Upworthy ou listas como o BuzzFeed. Logo depois o Passamani escreveu a sua visão sobre o tema em outro post ótimo. Eu acho muito bom quando posts geram a vontade de debater esses assuntos e que isso extrapola os comentários no blog e viram posts em outros blogs. É isso que a internet e as redes sociais vêm fazendo há anos.

Aí eu resolvi escrever algo a respeito disso. É capaz que eu não consiga acrescentar nada de novo já que, como o Passamani bem colocou no post dele, tudo está mudando sempre. Mas vamos lá.

Tem um trecho do post do Yassuda que eu acho que vale repetir:

“O mais importante de tudo é que o bom conteúdo persiste. Upworthy e BuzzFeed são fenômenos relativamente novos, mas grandes blogs estão aí até hoje. Alguém lança uma nova maneira de burlar Facebook e Google, mas quem fica no fim é aquele que entregava conteúdo efetivamente bom.”

Existem duas maneiras de ler essa trecho.

BuzzFeed

Uma delas é algo que já venho dizendo há algum tempo: Trabalhar com Social Media (e conteúdo também) não tem atalho e dá trabalho mesmo. Então faça um conteúdo bom, persista que seu conteúdo uma hora poderá chamar a atenção e o seu trabalho será recompensado. O lance é exatamente esse. Todo mundo quer atalho. Todo mundo quer viver de renda. Todo mundo quer trabalhar pouco e ganhar uma fortuna. Afinal de contas, todo mundo tem mais o que fazer além de ficar trabalhando, né? Errado.

É esse pensamento que nos trouxe até esse ponto que estamos. Gente, trabalho não é palavrão. Trabalhar criando conteúdo para blogs, canais do YouTube e etc não é ruim e é um trabalho como qualquer outro. O lance é que muita gente acha que criar um blog, copiar conteúdo, colocar chamadas de efeito, caprichar no SEO e colocar links de afiliados é o que vai te dar todas essas possibilidades. Isso é uma falácia. Isso dura algum tempo e com a inclusão digital, parece que nunca vai parar porque continua funcionando.

Agora adivinha o que também continua funcionando? SPAM. É e mesmo assim isso não é uma coisa boa. É, novamente, alguém tentando um atalho. E como todo atalho, ele vicia. E a pessoa fica achando que só assim funciona. Já passamos por muitas fases nas Redes Sociais e em conteúdo. Já passamos pela parte do Seeding (com personagens falsos enganando as pessoas), pela polêmica do post pago, pelo Curte e Compartilha, agora estamos na fase das listas e chamadas malandras. O engraçado é que isso sempre continua até ninguém aguentar mais, aí para e começa a ser motivo de chacota.

Um erro baseado na câmara de eco que nossos feeds causam é a falsa sensação de que todo mundo está falando sobre o mesmo assunto

O BuzzFeed mesmo usando listas (e agora testes) como seu carro chefe tem também uma parte sua de editorial mais sério e ~tradicional~ com matérias políticas que furam a CNN e tudo. Então, acho que quando usamos o BuzzFeed como exemplo acaba sendo o que as pessoas compartilham mas não a qualidade do seu conteúdo como um todo. É um erro baseado na câmara de eco que nossos feeds causam. Uma falsa sensação de que todo mundo está falando sobre isso.

Mas se pararmos para pensar, os grandes responsáveis por essa corrida atrás do próprio rabo somos nós, publicitários, brand managers, gerentes de marketing e etc. Nós estamos querendo acelerar as coisas. Para mostrar competência. Para bater metas. Para mostrar que esse é um canal importante. Mas o grande problema é que estamos usando as métricas erradas. Redes Sociais são ideais para o relacionamento. E como todos nós sabemos, relacionamentos é baseado em confiança. E confiança é baseada em empatia para dar o primeiro passo. É assim com qualquer relacionamento. Entre pessoas e entre marcas e pessoas.

Você não pensa em comprar algo diferente só para testar. Alguma coisa fez com que você considerasse isso, certo? Você não começa a flertar com qualquer um mas sim com quem você acha que tem empatia e que combina com você. Só que ao tentarmos acelerar isso, seja com a corrida por popularidade de ter mais fãs/seguidores, seja por quem tem uma ~taxa de engajamento~ maior, na minha opinião acabamos errando. Ao invés de usarmos os dados que temos das pessoas que já se relacionam conosco para entender melhor como cada conteúdo mexe o ponteiro de awareness e compras, na maioria das vezes só queremos mais, mais e mais.

É uma herança da Revolução Industrial mas que não se aplica tanto em um mundo com tantos nichos. Talvez a métrica certa não seja essa. Talvez seja conexão real. Mas, bem, isso dá trabalho então acho que não deve ser muito rentável, né?

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A segunda maneira de ler o trecho é pensar que essa pode ser uma maneira de tentar quebrar a hegemonia de blogs antigos e que se mantém na ativa até hoje e são bastante populares. Mais ou menos como alguns desenvolvedores estavam fazendo na Appstore para ficar entre os Top Grossing apps. Eles começavam com um preço bem alto. Algo como US$ 999. Os próprios desenvolvedores compravam esse app para furar a fila e já tirar dá frente 1000 downloads dos apps padrão.

Ter um ranking tão facilmente manipulável premia quem burla o sistema

Depois de um período eles baixam para US$ 99 e vão baixando aos poucos até chegar nos US$0.99. O sistema é foda. Então eles simplesmente burlavam o sistema e pagavam a Apple para ter essa exposição. Pagavam à Apple porque 30% do valor da venda vai para ela e o resto vai para o desenvolvedor.

Isso, de alguma forma, pode ser visto como investimento de mídia. É de uma maneira legal? Juridicamente sim mas é moralmente questionável. Eles estão jogando com as zonas cinzas do sistema. Mas, de qualquer maneira, conseguiram quebrar um vício desse ranking Top Grossing apps. Porque na real, o que eles estavam fazendo é deixar com que nós preenchêssemos as lacunas.

“Se um app de US$0.99 está entre os que mais lucraram então ele deve ser muito bom e muita gente deve ter baixado. Vou comprar também”.

É um golpe. É um atalho (olha ele aí de novo) e dá o resultado que todo mundo quer. Nem todos os atalhos são golpes, mas atalho, por princípio, é uma maneira de encurtar um caminho ou, segundo o Aulete é um “Método alternativo pelo qual se busca atingir certo objetivo em menos tempo ou com menos esforço”. Não sei o que a Apple está fazendo a respeito, mas ter um ranking tão facilmente manipulável não me parece um bom caminho pois premia quem burla o sistema.

Apps

Se tem uma coisa que podemos aprender com essa história é que o nosso conteúdo tem que deixar algumas lacunas para que as pessoas possam preencher. Esse talvez seja uma coisa que, nós publicitários (clientes ou agência), tenhamos que aprender novamente. É um risco. As pessoas podem não entender mas é uma maneira de mostrar para essas pessoas que não estamos apenas mandando eles fazerem alguma coisa. Estamos induzindo-os a pensar. Talvez seja por isso que algumas séries de posts como as do Oreo ou aquela do LEGO sobre cultura pop tenham encantado tanto.

Corremos o risco de fazer com que o conteúdo da internet seja todo orientado a cliques, com um engajamento falso e superficial

Mas voltando aos posts, o Status Quo incomoda. E muitas pessoas querem mudá-lo logo. A única coisa que as ferramentas estão fazendo é disponibilizando maneiras de tentar acelerar o processo de mudar o seu status. Seja comprando fãs e seguidores ou mostrando o conteúdo para mais gente através de formato de mídia. Mas, adivinha o que acontece com esse formato ao longo do tempo? Ele começa a perder a eficiência. E aí, os dependentes dos atalhos começam a procurar outras maneiras de atingir aquele mesmo resultado. E começam a procurar zonas cinzas nas regras para que possam burlar e serem chamados de inteligentes. Gênios da mídia e etc.

Agora, quem quer manter o status quo muitas vezes continua fazendo o seu trabalho e faz algumas mudanças cosméticas para se adequar ao que chama a atenção e não mudam o resto. É nesse momento que estamos. Com chamadas de veículos tradicionais copiando as chamadas dos sites que fazem sucesso nos índices de compartilhamento para aumentar o número de acessos. E isso é legal. Só não dá para reduzir o seu conteúdo para apenas o que gera clique.

Devemos achar um equilíbrio entre o que a marca quer falar e o que o consumidor quer ouvir. O ideal é ficar na interseção e nos assuntos que o consumidor quer. Caso o contrário, voltamos para o tradicional anúncio de revista que apenas comunica e não gera conversa. Corremos o risco de fazer com que o conteúdo da internet seja como um TMZ ou um Ego potencializado. Tudo orientado a cliques e um engajamento falso e superficial.

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Outra coisa que eu noto é que poucas marcas realmente criam conteúdo por plataforma. Geralmente o tweet vira um post no Facebook, uma foto no Instagram vira um tweet com imagem e um pin no Pinterest. Ou seja, estão partindo do pressuposto que agimos exatamente igual em todas as redes.

Qualquer pessoa que tenha lido a introdução do livro “A Representação do Eu na Vida Cotidiana” na faculdade consegue fazer o paralelo com como agimos em cada rede social. Se as pessoas funcionam diferente em cada rede social, porque continuamos tratando o conteúdo como se uma pessoa agisse da mesma forma na academia e no botequim? Isso porque nem falei do objetivo de cada rede porque isso é feito pelas pessoas que usam aquele serviço.

Se as pessoas funcionam diferente em cada rede social, porque continuamos tratando o conteúdo como se uma pessoa agisse da mesma forma na academia e no botequim?

Gostaria que me indicassem marcas incríveis que foram construídas da noite para o dia. Que tenham nascido da noite para o dia e se mantido bem. Na minha opinião, isso não existe. Eu gosto de citar dois exemplos: o Camiseteria por que eles apostam na força da sua comunidade. Já a Netshoes faz bastante mídia segmentada e isso funciona para eles.

Mas quer saber o que é legal em ambas? É que elas prezam por um serviço/produto/atendimento bom. Uma experiência boa. Claro que tem gente que vai falar mal, que vai ter (ou teve) problemas e tal. Faz parte do jogo. Mas a maioria teve experiências boas com ambas as marcas. Mas de novo, isso não foi conquistado da noite por dia. Isso foi conquistado a duras penas por anos a fio de bons serviços. Se falarmos de marcas antigas então, isso fica bem mais claro.

Então quando vêm me perguntar qual a solução para um conteúdo que dependa menos de mídia, a única resposta que me vem a mente é: esqueça os atalhos. Foque no conteúdo e não pense em curto prazo. Confiança precisa de tempo. E é essa confiança, que a sua comunidade que cresceu organicamente tem por você, que vai fazer com que a sua marca seja divulgada por essas pessoas e que o boca a boca funcione.

É engraçado, antigamente, falar em ter mídia paga em Redes Sociais era um palavrão. Hoje, falar em crescimento orgânico é que soa como algo feio e ineficiente. Mas para mim é o seguinte: conteúdo bom, promovido com inteligência, privilegiando a comunidade ao redor e que não pensa na pressa dos resultados que vêm de atalhos ainda é o melhor caminho.

Calma, gente. É uma maratona, e não 100 metros rasos.

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Respeitem as hashtags

Saber usar hashtags em campanhas é uma arte e poucos souberam usar até hoje. E isso em qualquer lugar no Brasil, no exterior, tanto faz. Criar uma hashtag que pegue na veia e que motive as pessoas a usarem é algo tão difícil e importante que, parafraseando aquela máxima futebolística do Neném Prancha “Penalti é uma coisa tão importante, que quem devia bater é o presidente do clube”.

Pois é, hashtag é algo que deveria ser levado mais a sério. Não precisa ser o presidente da agência mas só de ter o Planejamento, a Criação e um Community Manager pensando nisso já mudaria bastante as coisas. Claro que o cliente teria que ajudar e aprovar mas o ponto aqui é dar mais peso para as hashtags. Algo que ainda não está acontecendo como deveria.

As hashtags originalmente foram usadas no mIRC e em algum momento alguém teve a idéia de usar no Twitter

No Super Bowl desse ano pela primeira vez tivemos mais filmes com hashtags (44) do que com URLs (39). Mas para se ter uma idéia de como esse negócio de criar hashtag é complicado, a maior parte dessas hashtags apareciam apenas no rabicho do filme meio que como um “vamos colocar uma hashtag para mostrar que somos descolados” ou seja, hashtags vazias e sem propósito. Uma das que se destacou foi a de uma campanha da Esurance que daria US$ 1.5 milhão num sorteio.

Só que eles fizeram de uma maneira ~malandra~, o filme foi para o ar logo após o fim do jogo e com isso eles economizaram o dinheiro que foi revertido para a promoção. Eles cresceram de 8.900 seguidores para 204 mil até agora. Se pararmos para pensar, o custo por seguidor foi bem alto mas o buzz que eles conseguiram não tanto. Mais de 1 milhão de tweets na primeira hora está bom para você? Mas peraí, a hashtag foi a responsável por isso tudo? Claro que não mas ela fez parte da estratégia.

Na minha opinião, uma hashtag proposta e usada por uma marca deve ser um convite a participação mas aí caímos novamente naquele velho dilema de boa parte dos clientes “…mas eles podem usar isso para falar mal da gente…” Todo mundo sabe que já estão falando e não vou repetir o discurso de 2005 pela milionésima vez.

Explorar hashtags na segunda tela já está sendo usado por muita gente da indústria de entretenimento

Quando uma marca decide criar uma hashtag do zero, ela está correndo o risco de fazer algo vazio e que não faz o menor sentido para a comunidade. Nesse caso a melhor coisa é pensar que existem assuntos que são interessantes para a marca, assuntos interessantes para a comunidade e há a interseção desses dois, assuntos que são “bons para ambas as partes”. Já vi marcas usando apenas assuntos que são interessantes para elas como hashtag e o resultado foi exatamente o esperado. Nada aconteceu.

Quando marcas usam hashtags já existentes e tentam se apropriar de algo criado pelas pessoas também já vi dar errado e notar pessoas parando de usar aquela hashtag para não fazer propaganda para essas marcas. Nesse caso a marca ~matou~ uma hashtag. As vezes ela volta desvinculada da marca mas na maioria das vezes o estrago já está feito e aquela hashtag vira uma gíria velha. Dá até vergonha alheia ao ver alguém usando. Um exemplo legal de uso de hashtag existente para uma campanha foi a #firstworldproblems com pessoas de países em desenvolvimento lendo aqueles tweets.

Outro caso interessante é o sentido contrário. Uma hashtag que começa a ser usada pelo público mas que na verdade é um slogan de alguma campanha. O que costuma acontecer é que há uma dissonância cognitiva sobre quem é o dono dessa hashtag. A marca é dona do slogan mas quando as pessoas usam como hashtag nas redes sociais, de quem é aquele post (tweet/foto/etc)? Na minha opinião, é da pessoa mas sempre vai remeter a marca. O que pode ser bom ou não. Nesse caso, se a marca resolver usar esses posts sem permissão do seu autor, pode acabar tendo problemas legais.

Agora quando vemos algo emocional e que usa a hashtag como call to action para a campanha o jogo muda. Se essa campanha começa dos meios de massa e vai para a internet acaba funcionando bem também. Itaú e Nextel já fizeram isso com #IssoMudaoMundo e #AceitaLaura. Campanhas de TV, emocionais e que quase demandam uma reação do público via segunda tela.

Trending Topics é o objetivo de qualquer marca que invente uma campanha usando hashtags. Elas querem ser a campanha que todo mundo está falando.

E esse lance de explorar hashtags na segunda tela já está sendo usado por muita gente da indústria de entretenimento. Séries de TV já vem com a hashtag a ser usada pela audiência para comentar o episódio e basta assistir um final de novela, um clássico local de campeonato de futebol (ou curling feminino) ou final de reality show para notar que as pessoas naturalmente comentam usando as hashtags.

As hashtags originalmente foram usadas no mIRC e em algum momento alguém teve a idéia de usar no Twitter, a moda pegou e elas viraram uma forma de dar um contexto para o que está sendo falado e poder indexar e agrupar tudo sobre aquele assunto. Como isso virou referência de uso público, as ferramentas que não tinham a funcionalidade de buscar hashtags foram, uma a uma, se adaptando para poder fazer parte das discussões em tempo real. E as pessoas gostam de estar junto de zilhões de pessoas que estão dividindo aquele momento, assunto ou interesse e se expressando.

Me lembro quando assisti o final de “Lost” em streaming e a sensação que eu tinha era que TODO MUNDO estava falando sobre isso. É uma sensação estranha fazer parte de algo global mas é, ao mesmo tempo incrível. Hashtags em eventos também é muito bom tanto para quem está lá quanto para quem não está presente. É uma maneira de participar mesmo sem estar lá presencialmente. #Claro #que #quem #abusa #das #hashtags #não #entendeu #nada.

E aí chegamos no resultado direto das hashtags: os Trending Topics. Assuntos que estão sendo comentados por muitas pessoas viram isso. E esse é o objetivo de qualquer marca que invente uma campanha usando hashtags. Elas querem ser a campanha que todo mundo está falando. Algo com a campanha de outdoors de Veja foi nos anos 90, como a campanha de Bombril, da Brastemp, de Dreher e tantas outras que caíram na boca do povo.

“Don’t #spam #with #hashtags. Don’t over-tag a single Tweet.” – Manual do Twitter

Hoje são poucas marcas que conseguem aproveitar bem os Trending Topics e as hashtags. A persona do Pinguim do Ponto Frio e a quantidade de produtos que a marca tem permitem que, com criatividade, ele entre em quase qualquer assunto em voga na internet com humor e senso de oportunidade. Isso vai da trama da novela das nove até a o último meme da semana. Mas não lembro de ter visto eles inventando alguma hashtag que tenha virado. Se alguém lembrar, por favor coloque nos comentários.

Voltando as Hashtags para marcas. Quem vai fazer com que essa realidade mude? Queria ver uma campanha com hashtag sair da Internet e ir para a mídia de massa. Queria ver uma campanha de marca com hashtag própria que tenha uma nova vida assim como #nãotempreço da MasterCard que, mesmo não sendo nada da campanha atual, é algo que remete totalmente a marca. Queria ver uma marca abraçar uma hashtag parodiando uma campanha sua e ver no que ia dar.

O lance é continuar tentando. Mas sem deixar a hashtag ser a última coisa da campanha. Não seria legal se ela fosse a estrela da campanha e que tudo rodasse a partir dela? Existe algo mais focado nas pessoas e em Redes Sociais do que isso? Agora, qual será a marca que vai realmente tentar e conseguir executar isso com sucesso?

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Afogados em números: CRM e Social Media

Todo mundo já falou de usar inteligência de Marketing Direto aplicada a Social Media. Até eu falei um pouco sobre isso no Social Media Week em São Paulo desse ano. É óbvio. Faz todo sentido. Mas dá muito trabalho. Mesmo dando resultado no médio prazo, muitas empresas optam por não fazer nada a respeito. E sim, pode ser chamado de Social CRM. Essa é uma maneira de ver isso mas acho que o termo tenha hype demais e poucas marcas realmente fazendo isso. E o lance é que muitas delas não fazem isso nem quando estão fazendo relacionamento com blogueiros/formadores de opinião.

Um banco de dados com todos os contatos com eles? Duvido. Muitas vezes esse racional fica muito entre os diretores das empresas mas o pessoal que poderia fazer isso acontecer não consegue enxergar tão estrategicamente. E quando fazem, continuam pensando em algo como “flights de relacionamento” por mais bizarro que isso possa ser. Relacionamento é algo constante e não pontual. Fazendo uma analogia tosca, você tem um relacionamento com alguém que só fala duas vezes por ano? E não, fuck-buddies não contam. Estranho, né?

Então vamos lá. Hoje boa parte das empresas têm duas bases de dados: Uma transacional (compras feitas, serviços contratados, etc) e outra de Social Media (Fãs e Followers nas redes sociais) e as vezes esses mesmos fãs e seguidores seguem uma marca apenas pelo aspecto aspiracional e não por serem consumidores dela. Até agora eu não falei nada de novo. Mas como as marcas estão consolidando essas duas bases de dados? Até hoje eu só vi uma ou duas empresas/agências com uma estratégia sólida para aproveitar esses dados disponíveis nas redes sociais.

Gerenciar os dados daquela pessoa que realmente compra o seu produto ou utiliza o seu serviço é básico. Saber que a pessoa comprou um produto 3 vezes nos últimos 6 meses é legal, associar isso a informações de produtos que outras pessoas compraram quando compraram esse mesmo produto também pode ser legal e vemos a Amazon fazer isso direto. Mas e os dados que circulam pelas redes sociais? Qual a política da sua marca nas redes sociais? É seguir todo mundo que te segue? Legal mas o que a sua marca faz com essas informações todas? Quando alguém fala com a sua marca na sua Fanpage, o que você faz? Responde, tira a dúvida da pessoa e pronto? Você não acha que esses dados também são importantes?

Pois é mas em boa parte dos casos, o tal do SAC 2.0 é totalmente subutilizado. Ao invés de aproveitar esses contatos para unir os bancos de dados, os dados de respostas nos canais sociais é esquecido e um monte de informação é perdido, assim como a oportunidade de surpreender as pessoas que seguem/consomem a sua marca. Nesse cenário, o SAC 2.0 é onde o matchcode vai para morrer.

Matchcode? É isso mesmo. É aquela chave que vai cruzar os dados das duas bases de dados que você tem. O Facebook, por exemplo, usa como identificador principalmente dois dados: Email e Telefone Celular. Se você fizer uma ação que gere cadastros em uma base de dados fora do Facebook e cruze essa base com a base transacional, ou a que você usa para o seu CRM, o cenário muda completamente de figura. Porque você consegue saber que aquela pessoa que é fã da sua marca no Facebook também já comprou os produtos X e Y com a frequência Z e que é seu cliente desde 1999. E em B2B, será que dá para chegar no Gerente de Compras pelos seus perfis em redes sociais? Será que funciona? Será que vale a pena ou tem um tom certo de fazer isso? Esse é o meu dia a dia na agência mas não é a rotina de muitas outras.

Pense o PontoFrio.com que é uma operação que parece ter isso mais organizado (baseado na minha experiência de consumidor com eles), se cada contato de dúvida de entrega com o Pinguim via Twitter, eles acrescentarem esse dado no CRM deles e monitorarem o que essa pessoa falou da marca/produto que comprou ou do proprio PontoFrio.com nos dias após qualquer compra, eles já vão ter dados interessantes. Se olharem a Bio dessa pessoa também pode pegar informações interessantes que podem dar detalhes de comportamento.

Isso é ter uma plataforma conectada. Todas as informações em diversos pontos de contato sendo monitoradas e alimentando uma única base de dados que contém dados transacionais e de redes sociais. É saber que a pessoa X tem um carro (ou um celular, computador ou plano de celular terminando período de fidelidade) e que tem postado reclamações sobre o produto/serviço no Twitter e sabemos que essa pessoa já entrou no site da marca e viu algumas opções de novos modelos e pacotes, ter esse nível de conhecimento muda o jogo de uma maneira inacreditável. Me diga quantas marcas estão fazendo isso hoje? Eu conheço poucas fazendo e algumas querendo fazer.

Um dia vi uma palestra online do Gary Vaynerchuk, autor do livro “The Thank You Economy”, em que ele conta (e esse é um trecho de um post meu aqui no B9 publicado 2 anos atrás) o caso de um cliente dele que comprou 20 mil dólares em vinhos da loja dele em dois pedidos e ele sabe, por meio do perfil do Twitter desse cara, que o comprador é fã de um determinado jogador, não seria legal enviar relacionado a isso para o cliente? Pois é. Ele fez.

Melhor que um cupom de frete grátis na próxima compra, né? Dá muito trabalho mas é focar no seu consumidor de alto valor para a marca. Fazer isso em larga escala é bem mais complicado e seria interessante ver essa operação mesmo colocando uma linha de corte de acordo com o perfil do consumidor. Mas e se essa escolha fosse randomica? Será que geraria mais buzz?

Então, em bom português, não adianta ter zilhões de fãs e não saber quem eles são. Você precisa ter controle dos dados do cliente e isso vai ditar as regras de um novo jogo em que Data pode melhorar seu relacionamento com os clientes, vai ajudar a definir o ROI da sua campanha e vai ajudar a melhorar o conteúdo da sua marca. Desse jeito, é possível que comecemos a usar melhor gatilhos de comportamento e localização (para falar alguns) e abordar os seus fãs (e esses são fãs de verdade) em momentos interessantes e relevantes para ele.

Mas aí temos o outro lado da moeda e nessa hora, nada melhor do que parafrasear Tio Ben:

“Com grande poder vem uma grande responsabilidade”

A marca não pode abusar desse poder e transformar algo incrível em algo assustador. Eu lembro do caso em que o pai soube que a filha adolescente estava grávida por conta dos catálogos da Target que ela recebeu falando apenas sobre o universo de novas mães. Isso aconteceu baseado na inteligência de hábitos de compra da base de dados deles. Mulheres que compram loções sem cheiro provavelmente estão no início do segundo trimestre de gravidez, assim como a compra de suplementos vitamínicos nas 20 primeiras semanas de gravidez e, desse jeito eles montaram um índice para prever se a mulher está grávida.

Tudo isso é muito legal mas sem uma estratégia de conteúdo clara, essas informações não adiantariam de muita coisa. No caso da Target, eles notaram que as pessoas ficavam incomodadas ao notar que uma marca sabia tanto da vida deles e aí eles tomaram uma decisão de enviar um catálogo com muitas outras coisas para que os anúncios sobre gravidez parecessem aleatórios e que as marcas não estivessem monitorando o seu comportamento de compras. É uma manobra curiosa de aumentar a taxa de uso de cupons mas ao mesmo tempo beira uma questão moral e ética que pode danificar a marca se descoberta.

Quando essa inteligência é usada para alimentar as possibilidades criativas de conteúdo e segmentação, Social media se torna algo muito mais poderoso. Você conhece profundamente o seu público e sabe os assuntos que vão interessar o seu público. Usando essas informações com responsabilidade e inteligência a sua marca pode não só vender mais produtos como pode também prestar serviços realmente úteis para o seu público. E é usar essa inteligência de Data somada a uma plataforma conectada e a um conteúdo matador e segmentado que vai ditar o caminho que devemos seguir. As possibilidades são infinitas e conseguir fazer isso é uma maneira incrível de otimizar custos de campanhas.

Agora, a pergunta que não quer calar é: você, a sua marca ou a sua agência estão preparados para essas possibilidades?

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Os Brasileiros que querem palestrar no SXSW 2014

Vou ser honesto, não sei quem começou isso mas eu só me liguei que era possível quando o Cris Dias conseguiu que a palestra dele (e outras pessoas da JWT) fosse confirmada no SXSW. Era uma palestra direcionada para gringos mas que tinha um apelo interessante principalmente lembrando que o grande evento dos próximos anos é o Brasil por conta da Copa e das Olimpíadas. Bacana ver um brasileiro que conheço falando em um evento como esse e tal. E aí esse ano, 2013, eu fui no SXSW e fiquei impressionado em como o evento é incrível. Sério. É algo que todo mundo que trabalha com comunicação deveria ir pelo menos uma vez. E não é só por conta das palestras e das festas, a impressão que dá é que estamos numa bolha em que tudo que acontece e que vai acontecer na internet nos próximos meses e anos está ali dentro.

Aí pensei,

“Poxa, seria legal palestrar aqui. Mas seria mais legal se conseguisse falar sobre algo que não fosse apenas sobre o Brasil. Algo que todo mundo que trabalha em agência e social media pudesse se relacionar e tal.”

É ousado, eu sei e é capaz de esse tema reduzir minhas chances de ser aprovado mas, de alguma maneira, eu achei que poderia ser viável e legal.

Então enviei a minha proposta de tema para lá e agora preciso da ajuda de vocês. Depois descobri que há outros brasileiros, de outras agências, que também mandaram suas propostas.

Então, em um jabá sem precedentes no B9, venho aqui pedir humildemente pelo voto de vocês, essa galera linda que lê o blog.

Frictionless sharing Vs The World – Essa é a minha proposta de palestra. Me juntei com a Sharon Panelo, uma amiga americana da McCann NY que trabalhou comigo e o tema é basicamente sobre o que venho falando aqui no B9 há algum tempo. Que a internet foi construída baseada no compartilhamento legítimo e que nesse mundo em que tudo é compartilhado automaticamente e ninguém mais sabe realmente o que é uma indicação, um endosso legítimo.

Aí, aproveita que você já está lá e fez o registro rápido (rápido mesmo, não dura nem 2 minutos) e vota nos outros temas de brasileiros.

Na real, esses votos são apenas 30% do fator de escolha mas acho que pode ser interessante mostrarmos o que estamos pensando por aqui.

Fueling Social Movements via Social do Tiago Ritter da W3Haus e
David Slayden da BDW
Protests in Brazil: When Social Media Gets Real do Douglas Rodrigues
The Giant has Awakened: Building Brands in Brazil do Will Palley da JWT
Brazil: Come to the Streets, the Giant Awoke do Marcelo Sant’Iago da SapientNitro
Brazilian Social Way of Life: Olympics + World Cup da Luciana Bazanella da AG2 Publicis Modem
Beer and Timesheet, How to Bring These 2 Together do Felipe Gomide e Guilherme Gomide Agência Casa/JWT
How to Create Low Budget Interactive Music Videos do Steve ePonto
The biggest collaborative street art gallery da Marina Bortoluzzi e Marcelo Pimentel do Instagrafite

Obrigado a todos e, caso tenham mais palestras propostas por brasileiros, avisem nos comentários com links que eu acrescento no post. É isso.

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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Eu acredito em conteúdo

É verdade. Eu acredito mesmo. Acho que um bom conteúdo é a grande estratégia para muitas das marcas não só na internet. De revistas customizadas a posts em redes sociais e blogs, um conteúdo bom e bem contextualizado é fundamental.

Em um tempo em que parte do conteúdo que vemos nas redes sociais é basicamente para ser consumido rapidamente, as vezes uma imagem, uma atualização de status, etc., agora começam a aparecer sites, aplicativos e etc focados em textos longos e muitas vezes bons. O Medium é um desses sites que buscam trazer algo novo, o Narratively também traz histórias incríveis.

No SXSW desse ano fui em duas palestras sobre conteúdo bem interessantes. Uma delas foi a “Sustainable Stories from ‘Disposable’ Content” em que um conteúdo interessante era criado de maneira simples. Nessa palestra eu ouvi histórias sobre o Same Hill Different Day com fotos de um mesmo local em dias diferentes (duh!) e sobre o 1 in 8 million feito pelo NYTimes em que é feito um perfil de um personagem de Nova Iorque de maneira simples como a história de Ed Grajales, o homem que conserta Dictaphones.

São coisas simples e realizações simples também mas que fazem um bom conteúdo e a base disso são histórias boas.

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E é por isso que eu acredito em conteúdo. Quando ele é de boa qualidade, em algum momento ele vai achar o seu espaço. E não. Em nenhum momento eu critiquei formatos de conteúdo. Acho que fotos boas no Instagram, Tweets e Status Updates podem ser bons conteúdos. Existem vários exemplos de conteúdos bons feitos em formatos que, teoricamente, não são os ideais para isso. O importante, para mim, é ele passar alguma coisa e fazer sentido para o que a pessoa (ou marca) quer transmitir.

E por falar em histórias boas, vale a pena ver Snow Fall, a história publicada em Novembro pelo New York Times (eles de novo) que inovou na maneira e abrangência de mostrar uma história verídica de snowboarders, esquiadores e uma avalanche. Embora recentemente essa história tenha voltado a tona por conta da polêmica envolvendo o Scrollkit e o post no Medium sobre esse caso, quando você lê Snow Fall, vê os vídeos complementares, gráficos e simulações, além de notar o potencial de se contar uma história usando todos esses recursos, o que está por trás disso tudo é uma história que é muito boa e que emociona.

É um texto bem longo e detalhado e que poderia ter sido resolvido com um mini-documentário mas que os editores optaram por contar de uma maneira super completa com todos os recursos possíveis. Mas o grande lance é que esse é um conteúdo que é para ser consumido com atenção. Não é um tweet, uma atualização de status ou um vídeo de 60 segundos contando um filme inteiro. Até poderia ser mas esse não era o formato ideal para a história que eles queriam contar. Claro que isso só acontece com histórias boas e relevantes. O que me leva a segunda palestra do SXSW que eu vi e que tinha insights interessantes: “Whoah Nellie: Content Strategy for Slow Experiences”.

Um desses exemplos é que conteúdo pode mudar a percepção de uma experiência. Pense em uma fila em um parque de diversões que já vai te preparando para a experiência passa mais rápido do que as filas normais. Alguns brinquedos na Disney ou na Universal são assim. Essa preparação te deixa mais imerso naquele ambiente e faz com que o tempo desagradável que se passa em filas passe mais rápido.

Isso pode ser desde visitar a redação do Clarim Diário na entrada do brinquedo do “Homem-Aranha” até a fila de um brinquedo fazer parte da experiência como no “Exterminador do Futuro”. As pessoas estão descobrindo mais sobre aquele universo através do conteúdo. Umas absorvendo mais, outras menos, mas cada uma no seu tempo e isso acontece porque havia conteúdo suficiente ali para deixar que as pessoas possam se aprofundar.

Quem trabalha com jornalismo já conhece o conceito mas aqui vai para quem não conhece. Podemos considerar que existem dois tipos de conteúdo. Flow e Stock. O primeiro é aquele conteúdo do dia a dia que tem que sair rápido e que geralmente aparece nos feeds de Twitter e outras redes sociais. Já o Stock é aquele conteúdo que pode reaparecer em 2 meses ou 2 anos após ter sido publicado por que seu conteúdo é quase timeless.

Dá até para pensar que o Flow pode ser feito de Stock até porque tem muito mais conteúdo sendo curado e compartilhado do que produzido. Mas entendendo isso já dá para identificar qual a maior parte do conteúdo publicado nas redes sociais, né? O que é basicamente o que falei antes sobre conteúdo produzido e curado. Mas o lance é que muito do conteúdo produzido (e não curado) é apenas Flow. É necessário? É, mas talvez não seja suficiente para fazer com que as pessoas queiram acompanhar o que você produz. Pode funcionar por um tempo mas depois cansa.

Acho que isso pode ser um resultado que vem da noção de que a frequência vai fazer com que seu público lembre de você e que isso basta. A frequência alta de conteúdo ruim é simplesmente isso: muito conteúdo ruim. Shit IN/Shit OUT. Agora se tivermos como parar e produzir conteúdo com uma boa qualidade com uma frequência não tão alta, será que não seria melhor? Será que isso não pode fazer com que você seja visto de outra maneira?

Eu já falei isso algumas vezes aqui no B9, as marcas nunca falaram tanto com seus consumidores quanto agora. Claro que tem o contexto de termos diversas ferramentas para fazer isso e tal mas não é só isso. O fato de o custo de publicação ter caído bastante com a internet é digno de nota mas se esquecermos do custo da produção desse conteúdo, pouco adianta falar muito. Isso vira apenas ruído.

O Buzzfeed começou a produzir conteúdo diferente de apenas listas de celebridades e fotos de gatos. Eles começaram a dar furos jornalísticos e começaram a ser mais respeitados entre os jornalistas e como um veículo. O Jonah Peretti tem uma metáfora bem interessante sobre conteúdo variado que é mais ou menos assim:

Imagine um Café em Paris. Você vai lá, com o jornal Le Monde embaixo do braço e um livro de filosofia. Assim você lerá um pouco de filosofia e as notícias do dia enquanto bebe seu café. Como você está em Paris, sempre tem um cachorro na mesa do lado e você acaba brincando um pouco com ele também e ao olhar para a mesa do lado tem uma mulher bonita e você acaba flertando um pouco também. E assim são as pessoas. O fato de você brincar com o cachorro e flertar não quer dizer que você é idiota e não entende o livro de filosofia.

E é mais ou menos isso que temos que lembrar. A variedade do conteúdo não quer dizer que ele é bom ou ruim. O que vai fazer isso são outras coisas. Claro que quando estamos falando da presença online de marcas, as vezes temos limitações de tema, brand persona e etc mas não somos todos assim? O conteúdo tem que fazer sentido para o que a marca representa/quer representar para o seu público.

Quem sabe quando começarmos a prestar mais atenção na qualidade do conteúdo produzido, começaremos a ver mais conteúdo de boa qualidade numa frequência consumível? Temos interesse em várias coisas. Isso é legal mas será que tudo merece virar conteúdo produzido e compartilhado?

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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Salvem o Compartilhamento

Esse texto é um apelo para que não deixem que a importância do Share, compartilhamento, reblog ou o nome que você quiser dar não morra nos próximos anos. A internet foi construída a partir disso (e comentários) e não podemos deixar que o ato de compartilhar se torne algo tão vulgar quanto inócuo. O conceito de frictionless sharing é focado no curto prazo e isso acaba por canibalizar o que desejamos tanto: que as pessoas nos ajudem a disseminar o nosso conteúdo. Claro que conteúdo bom acaba furando esse ciclo e é compartilhado espontâneamente. As vezes até sem ter um botão de compartilhar. É a força do conteúdo que emociona, que cria memórias e histórias que vai fazer com que ele seja disseminado.

Vejam o que aconteceu com o botão de Like/Love/Approve/etc. Ele deixou de ser algo na linha de Thumbs-Up para se tornar algo do tipo do “legal”, “ok, eu li/vi o seu post” e, no caso de mensagens de feliz aniversário, “obrigado”.
E, na minha opinião, o ato de compartilhar não merece o mesmo destino. Quando compartilhamos algo, estamos endossando algo, dando a nossa cara a tapa e falando para o mundo “eu concordo com esse ponto de vista”, “tenho que avisar aos meus amigos sobre isso” e etc. E o que noto hoje é uma coletânea de posts mais focados em construir uma persona do que em ajudar as pessoas. E acho que aí pode estar o problema.

Você é o que você compartilha

Já há estudos sobre pessoas arrependidas em terem compartilhado algo(em PDF) e os motivos vão de publicar algo sob a influência de álcool, drogas, ou sobre algum tópico polemico e por aí vai. Claro que algumas dessas situações tem repercussões imediatas como perder o emprego, acabar um relacionamento e abalar amizades. Mas o que me chamou a atenção foi que algumas pessoas querem ser percebidas de uma maneira favorável. Ou seja, querem ser bem vistas. Se tratarmos o ato de compartilhar como o novo Curtir, o valor do compartilhar vai cair porque nunca vai querer dizer exatamente o quem você é ou o que gosta. Sua opinião passa a não valer tanto, sua influência idem.

Porque nós achamos que podemos compartilhar a esmo? No fim do dia é basicamente isso que estamos fazendo e poluindo o feed e timeline dos seus amigos no caminho.

Você é o que você compartilha. Antes da internet se tornar quase onipresente na nossa vida, as pessoas indicavam as coisas que achavam que eram importantes para as outras. Era uma dica de um livro, de um artigo, de um programa de TV, discos/CDs/Músicas, receita de bolo e até fofocas. E a frequência com que você indicava e para quem vc indicava o que eram as coisas que definia como você seria percebido pelas outras pessoas. Compartilhar/indicar algo para alguém era a sua moeda social. Era algo delicado e que você escolhia a dedo para quem falar o que.

Muitos se vendem como sabe-tudo mas acabam não sabendo muito nem do que compartilham ou compartilham após lerem apenas a chamada

O livro “O Ponto da Virada” – ou do desequilíbrio dependendo da edição – (The Tipping Point, no original), do Malcolm Gladwell fala um pouco sobre isso. Se você está com preguiça de ler o livro, tem um bom resumo na Wikipedia em inglês. Mas vale a pena ler. Preste atenção na parte sobre Mavens que é bem o que estou tentando defender aqui. Sei que nem todos têm essa característica mas agir como um de vez em quando faria um mundo melhor. Pelo menos nas redes sociais.

Se levarmos em conta o número de Dunbar em que você consegue manter um relacionamento social em média com até 150 pessoas e hoje no Facebook temos bem mais ~amigos~ que isso, é só pensar no que isso gera na nossa cabeça.

As vezes eu acho que indicar algo deveria doer. Só assim teríamos um pouco de bom-senso na hora de compartilhar algo. E note que não estou falando em nenhum momento que deveríamos ser mais egoístas ou que devemos parar de compartilhar. Compartilhar algo é tão importante quanto para quem compartilhamos. Se quer agradar todo mundo, compartilhe apenas para as pessoas que têm algum interesse nisso, não nas pessoas que, quem sabe, podem ter algum interesse nesse assunto.

E antes que alguém fale que as pessoas gostam de muitas coisas completamente diferentes e isso talvez tenha algum efeito no que é compartilhado por elas, pode ser um motivo. O fato de estarmos vivendo em um mundo que glorifica o sabe-tudo também pode ser outro motivo mas entender o que importa para quem também deve ser levado em conta. É como contar uma história sobre uma batalha épica para meninas de 6 anos que só brincam de bonecas. Aquela história não vai ser tão interessante assim para elas. Por mais sexista que essa frase soe.

Share

Somando tudo isso ao fato que várias pessoas mudam o seu estilo e o que publicam e compartilham para gerarem mais interações para, teoricamente, serem mais relevantes para toda a sua audiência, que personalidade está sendo construída nas redes sociais? A sua ou aquela que você acha que vai agradar mais as pessoas que te seguem?

Muitos se vendem como sabe-tudo mas acabam não sabendo muito nem do que compartilham ou compartilham após lerem apenas a chamada. É uma pena. E tome conteúdo de auto-ajuda e matérias com uma boa chamada e pouco conteúdo.

As pessoas que conhecemos e confiamos nos influenciam mais do que imaginamos.

As pessoas que conhecemos e confiamos nos influenciam mais do que imaginamos. Se estamos compartilhando qualquer coisa, a quem estamos influenciando? E qual a diferença da pessoa que age dessa maneira e de um spammer que compra base de emails e manda para todo mundo? Em termos de comportamento, acho que pouco.

O mais engraçado é ver que essas pessoas geralmente te perguntam:

“Viu o que eu compartilhei no ________?”

E ficam decepcionadas se você diz que não viu. Assim como aquela sua tia que manda mensagens em arquivos .pps fica quando você diz que não abriu o email dela.

Salvem o compartilhamento e notem como o mundo vai mudar. Se não mudar, pelo menos a timeline das suas redes sociais vai 😉

E, de propósito, vou colocar nos últimos parágrafos para ver se alguém realmente leu o texto todo antes de comentar. Eu concordo que as atrocidades cometidas contra pessoas, animais, meio ambiente e etc devem acabar. Infelizmente, esse tipo de compartilhamento também é muito popular e acho que não tem como impedi-lo ou reduzi-lo.

Quer que esse tipo de coisa acabe? Denuncie o conteúdo para a polícia e para os administradores da rede que você está. Isso sim pode gerar alguma mudança. Se compartilhar é inevitável, compartilhe com quem tem alguma relação com a causa para ver se essas pessoas param de apenas compartilhar os links e começam a doar para essas causas como a excelente campanha da Unicef que avisa que curtidas no Facebook não compram vacinas.

Em tempo: Semana que vem, na terça feira, 07/05/2013, estarei no Social Web Day em São José do Rio Preto/SP.

Em tempo 2: A imagem desse post foi tirada daqui.

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Brainstormr App

Há duas semanas eu lancei, apenas para amigos pelo meu Facebook e Twitter o Brainstormr, um app gratuito para iOS cujo intuito é servir de inspiração, checklist ou o que algum novo uso que não foi previsto para sessões de brainstorm. Curiosamente, esse app não tem nenhuma relação com esse o B9. Mas tudo bem. Você pode baixar aqui e se gostar curtir a página no Facebook.

A idéia desse post é fazer a mesma coisa que eu fiz quando lancei o moovee.me, contar um pouco de como isso foi feito, o que eu aprendi nessa história e as escolhas que tive que fazer no meio do caminho.

A IDEIA

Já faz um tempo que eu queria fazer um app para iPhone. Antes era para o moovee.me (tenham fé, ainda vai sair) e depois para outras idéias. Cheguei a orçar e estudar a viabilidade dessas outras idéias mas notei que algumas delas tinham limitação de hardware e outras eram simplesmente proibitivas em questão de custo. Eu sempre gostei dessa história de simular cenários, inclusive meu trabalho de conclusão de curso na faculdade foi um jogo de tabuleiro que simulava cenários do mercado publicitário. Na minha carreira toda, eu sempre me vi em situações em que tinha que explicar algo relacionado a comunidades online, social media para pessoas que, as vezes tinham um histórico mais old school, e outras vezes para pessoas que queriam aprender um pouco sobre isso. Aí, trabalhando com o Cavallini e conversando muito com ele, notei que talvez pudesse fazer um aplicativo que justamente faria algumas perguntas que eu fazia para as pessoas que me apresentavam ideias para Social Media.

Pensei em fazer algo na linha do Oblique Strategies, o famoso baralho que o Brian Eno usou na produção de um tal de David Bowie nos anos 70. A mecânica deles era simples: quando estiver em um bloqueio criativo, tire uma carta. A carta pode mostrar uma frase desde “coloque os fones de ouvido” até “não tema os clichês”. Achei que seria legal usar esse mesmo mecanismo mas focado em um determinado assunto. No meu caso, faria um focado em Social Media e Estratégia Digital com frases que poderiam funcionar para as pessoas que estivessem no momento de um brainstorm ou que quisessem usar quase como um checklist para ver se as idéias pensadas poderiam ter mais alguns desdobramentos.

A intenção nunca foi querer ensinar as pessoas a planejar algo mas sim ajudar no processo criativo e começar a mostrar que as vezes deixamos passar boas oportunidades criativas simplesmente porque não lembramos de alguma coisa.

O ECOSSISTEMA APP+SITE

Sempre quis que esse projeto fosse um ecossistema composto por um site e um aplicativo mobile. Eles deveriam funcionar em conjunto e deveriam fazer com que a própria comunidade pudesse participar com as suas frases, dessa forma poderia identificar as pessoas que mais se destacam em determinadas áreas e tudo mais. Também era uma maneira de ajudar as novas gerações de pessoas que vão trabalhar com Social Media e novos estrategistas digitais.

O APP

Então beleza, a idéia é fazer um app que mostrasse frases para ajudar no Brainstorm. Mas quem faria essas frases? Bom, para começar, eu mas depois queria que a comunidade continuasse a fazer e compartilhasse seu conhecimento. É ousado, eu sei, mas eu acho que sempre levo em consideração a comunidade que pode existir ao redor de uma idéia e essa não é diferente.

Para essas pessoas poderem participar, seria legal que não dependesse de updates do app(via appstore) para funcionar. Eu queria que as novas frases pudessem ser baixadas direto pelo app, como se fossem in-app purchases só que sem ter que comprar nada. Para isso, era importante que as pessoas pudessem baixar as atualizações das frases pelo app, as frases deveriam dar crédito aos seus autores e por aí vai para manter essa comunidade rodando.

Nessa fase, foi fundamental conversar com pessoas de UX. No meu caso, eu tive a sorte de contar com a participação do Murilo Lima, que além de ser um UX excelente ele também é um grande amigo e fazia as perguntas certas para mim quando estávamos começando a pensar o app e no site. Nessa época, eu e o Murilo trabalhávamos um do lado do outro na agência e isso ajudou muito na hora de especificar o projeto. Volta e meia, do nada, ele perguntava alguma coisa do app no meio de um outro papo e era aquela coisa de apenas nós dois entendíamos o que era.

App_mindmap_B9

O SITE

A idéia era ter uma versão para desktop também. Era para ser um site super clean como o a série de sites derivados do What The Fuck should I make for dinner com algumas coisas a mais como a parte em que as pessoas poderiam enviar suas mensagens para serem incorporadas no app e compartilhar nas redes sociais as frases que mais gostavam. Acabou não ficando bem assim mas quem quiser sugerir um layout clean, que funcione para o site e conseguir implementar em PHP, é só mandar para o meu email.

No site, além de ver as frases já existentes, você pode enviar as suas também. No app não tem essa funcionalidade.

POR QUE NÃO FIZ UMA VERSÃO PARA ANDROID

Nada contra a plataforma e seus milhões de usuários mas a verdade é que eu sempre usei iPhone e preferi uma plataforma que eu conhecesse bem e também não podia esquecer que o meu público-alvo é formado por publicitários e muitos deles têm iPhone. Eu fiz pensando no iPhone mas é claro que ele roda no iPod Touch e roda com aquele 2x no iPad. Não é o ideal mas também funciona.

A PRODUÇÃO

A idéia começou a andar quando o meu amigo André Pontual me mostrou um site chamado Elance.com onde você poderia contratar empresas no mundo todo para fazer vários serviços para você. O site faz todo o intermédio do negócio e só repassa para dinheiro para o fornecedor quando você dá OK. Achei o sistema bom e resolvi usa-lo. Fiz um anúncio especificando um pouco o projeto e buscando fornecedores. Alguns vieram falar comigo, inclusive um que o próprio André Pontual usou e gostou. Acabei apostando neles. Tinham boas reviews no desenvolvimento de aplicativos e achei que era uma boa. Eu achava que estava tudo tão definido e era para ser tão simples e minimalista que não tinha como errar. Ledo engano. Sempre pode dar algo errado.

O primeiro erro foi meu ao não checar o portifolio dessa empresa. Apostei tudo nos reviews dos outros e notei isso quando recebi o primeiro layout. Mas tirando isso, que acho que se deve um pouco as minhas expectativas serem mais altas que a média até por trabalhar com comunicação e tal, as coisas correram bem. Inclusive, acho que o processo todo teve mais erros meus do que deles.

No começo tudo andou super rápido até que eu acomodei e fiz quase tudo que reclamo dos meus clientes. Demorei para aprovar uma parte das coisas, o app estava pago mas não dava sinal de vida, tinha uma comunicação demorada com eles. E isso teve um impacto e, infelizmente, um custo a mais no projeto. Eu demorei tanto para lançar o projeto que quando ele ficou pronto, a Apple tinha lançado o iOS6 e o app que estava pronto, foi negado pela Apple e tive que desembolsar mais uma grana para deixa-lo compatível com o novo sistema operacional e aproveitei para fazer outros ajustes também.

DESIGN

Como falei antes, minha expectativa era mais alta em relação ao layout, mas além de não ter sido explícito em relação a isso com o fornecedor, eu também achava que dava para ser simples mesmo e pronto. Na primeira versão que recebi já ficou claro que não aconteceria. Achei o layout pobre e começou aquela história que comigo sempre acontece de pensar

“PQP vai dar tudo errado. Isso está um lixo, etc…”

Primeiro tentei salvar as coisas tentando mudar a paleta de cores mas não era isso. Era para parar e realmente fazer algo decente. Chamei dois amigos meus para me ajudar nessa missão. O que acabou sendo um erro, do ponto de vista da identidade visual. Chamei um para fazer o ícone e outro para fazer as telas. Só gente boa e que eu confio mas um não sabia o que o outro estava fazendo. Na ânsia de não sobrecarregar os caras de tarefas, já que eu pedi na amizade mesmo (eu sei, uma vergonha, mas o dinheiro tinha acabado nessa hora).

Quem fez o ícone foi o Weno, um puta ilustrador e UX que na época estava na Suécia fazendo um curso na Hyper Island e quem fez as telas foi o Pedro Einloft, um puta designer que já fez capas de disco do Caetano Veloso entre outras paradas foda e que é meu amigo de longa data. Os dois fizeram trabalhos animais sob a minha aprovação mas, olhando bem, não fazem muito sentido junto. E a responsa disso é total minha.

Rascunho do ícone feito pelo Weno

Rascunho do ícone feito pelo Weno

O CONTEÚDO

Boa parte do conteúdo foi feito por mim mas sem a ajuda e curadoria de diversos amigos, nada aconteceria. São profissionais que eu respeito, amigos que confio e por aí vai. A primeira pessoa que viu o conteúdo que eu queria fazer foi a MaWá. Na época ela estava morando com o Weno na Suécia enquanto ele fazia Hyper island (Sim. Eu pedi ajuda para o casal ;) ). Algumas das frases são dela e o primeiro filtro também foi feito por ela. O orgulho que eu tenho da MaWá é incrível. Ela foi minha estagiária, depois foi minha funcionária e hoje, honestamente, acho que ela é melhor que eu em alguns aspectos. Foi ótimo te-la no projeto comigo mesmo a distância. Se tudo tivesse corrido no tempo certo, eu queria que o app a ajudasse a arrumar um emprego em alguma agência por lá. Acabou que o timing não ajudou e eles voltaram para o Brasil. O que é ótimo também.

O segundo filtro das frases foi feito por um time foda: Rafael Ziggy, Mark Cardoso, Fabio Rex, Keid Sammour e Vinicius Theodoro. Todos super profissionais de agências diferentes, com backgrounds e funções diferentes nas agências que trabalham mas com uma visão e um foco invejável. Profissionais que realmente admiro por vários motivos. Como eles fizeram essa curadoria? Simples. Montei uma tabela com as frases e eles só tinham que marcar as frases que deveriam ser excluídas. As que tinham muitos votos eram excluídas e as que tinham um racional de porque deveria cair também.

Além disso, ainda chamei um amigo inglês que conheci no TEDxTransmedia, Paul Burke, para corrigir os erros de inglês. Já que não sou nativo, achei melhor ter algo mais que o corretor automático do computador. E o Paul revisou todas as frases em inglês que foram propostas.

INVENTOU? AGORA REVISA

E na hora de verificar tudo no site e no App, sobrou para mim. Algumas coisas estão sendo descobertas aos poucos, outras tive ajuda dos amigos de grupos no Facebook que já baixaram e acharam alguns bugs da versão 1.0 e que já foram corrigidos na versão 1.1 que já está disponível. Tenho pequenos ajustes para fazer para a versão 1.2 mas estou contando com vocês para essa ajuda. Quem achar um bug pode entrar em contato comigo para dizer o que rolou que eu já ponho na fila para correção.

VIDA DE BABACA É ATRIBULADA

E é mesmo. Não pode dar mole. Está tudo muito rápido e qualquer hora alguém pode lançar uma outra versão do seu projeto, a Apple pode lançar um novo OS e várias outras coisas. Ponha o seu projeto na rua logo e vai consertando no vôo. A versão 1.0 do Brainstormr tinha uns bugs para se conectar no Twitter, Já estamos na versão 1.1 em que esse e outros pequenos bugs já foram corrigidos e já estou com outras coisas para ajustar e a versão 1.2 já está para ser feita. Então a dica é não seja babaca e fique vacilando com o projeto quase pronto. Como uma das frases do app já diz: O bom é inimigo do ótimo.

MAS COMO GANHAR DINHEIRO COM ISSO?

A intenção inicial era montar algo que pudesse ser usado por qualquer pessoa e empresa. O Brainstormr é mais uma prova de conceito. Esse mesmo modelo é aplicável a qualquer área de conhecimento e também pode ser personalizado para o processo de cada empresa.

As opiniões que recebi até agora a respeito do Brainstormr têm sido muito boas e as críticas são sempre para melhorar o produto. Então a história é simples: Corre atrás do que você acredita e sai fazendo. Eu não tinha tempo para aprender a programar mas guardei dinheiro e consegui colocar a idéia na rua. E o Elance é um bom caminho para fazer isso.

Espero que o Brainstormr seja útil para vocês e gostaria muito de ver as frases de vocês no site e no aplicativo.

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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Dark Social e a importância do conteúdo compartilhável

Recentemente eu me deparei com um texto sobre Dark Social. O termo, embora seja novo, é algo que muita gente desconfiava (e via) que acontecia mas ninguém havia parado para analisar direito.

Dark Social, nada mais é que todos os referrals que são derivados de um comportamento social mas que não necessariamente vêm do Twitter, Facebook ou Google Plus (mas esse só eu e Cris Dias usamos). São aqueles links compartilhados por emails, Instant Messages, listas de discussão e etc.

Segundo o artigo, o que acontece é: se descartarmos os referrals que vem sites de social media e que hoje são responsáveis por boa parte do tráfego dos sites, começamos a ver que vem muito tráfego de outras fontes que somadas acabam sendo maior que o tráfego vindo do facebook e adjacências e que sua origem também é de compartilhamento.

A grande sacada, na minha opinião, foi que o pessoal da Chartbeat, a empresa que ajudou Alexis Madrigal na obtenção dos dados que não fossem apenas do seu site, simplesmente dividiu esses referrals que não tem uma origem definida em dois grupos:

– Os que vão direto para a homepage de um site ou para uma categoria determinada
– Os que vão para a página de um artigo que geralmente tem uma URL grande demais para ser digitada.

Além de fazer total sentido, o que eu mais gostei foi que essa mudança na leitura dos dados tem muito de comportamento humano. Realmente, ninguém vai ditar uma URL podendo mandar apenas um link por qualquer meio (email, IM, celular, etc) mas aí fiquei pensando, e as URLs encurtadas, como elas são tratadas? Segundo o pessoal da Chartbeat, URLs encurtadas não são tratadas como fonte mas sim o o destino delas é o que conta. Mas aí eu fiquei com a pulga atrás da orelha. Muitas URLs encurtadas podem ser ditadas para outras pessoas e, embora isso não seja comum, já vi acontecer. Poderia distorcer um pouco do resultado mas não muito. Isso na verdade apenas mostra e confirma que existe também uma cauda longa nos acessos a sites.

Mas a parte mais legal disso tudo é a importância do conteúdo. Ele tem que ser compartilhável. Porque sendo compartilhável, ele é a força que vai mover as pessoas a envia-lo para os seus amigos. Não adianta ser um conteúdo mais do mesmo. Ele tem que ser diferente, tem que envolver e comover as pessoas. Tem que fazer com que as pessoas se mexam. Tem que fazer com que as pessoas queiram ganhar alguns pontos com seus amigos mostrando algo novo com o famoso “Viu isso?” ou “Vi esse texto e lembrei de você”. É isso que vai fazer com que ele se espalhe com mais facilidade. É isso que temos que entender sempre. Por mais que seu site esteja otimizado para as redes sociais, quem manda ainda é o conteúdo e você saber o que faz com que a sua comunidade se movimente.

Eu juntei uma série de posts do Henry Jenkins sobre conteúdo compartilhável (Spreadable Media no original) em um ebook para quem quiser se aprofundar no assunto. Tem versão para Kindle e iPad.

E realmente recomendo a leitura dos textos sobre Dark Social no The Atlantic e no Buzzfeed para complementar e ter mais pontos de vista sobre o tema. Ambos são em inglês.

Mas na minha opinião, embora essa nova classificação seja interessante e útil, o que realmente vale lembrar é que conteúdo é importante, porra!

Brainstorm9Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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